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Capítulo 3 COMPOSTOS BIOATIVOS, PERFIL FENÓLICO E

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

3.3.2 Proantocianidinas e ácido elágico

As proantocianidinas além de contribuírem, significativamente, para a ingestão de polifenóis totais na dieta ocidental, devido à sua ampla distribuição entre as diferentes espécies de vegetais (SANTOS-BUELGA & SCALBERT, 2000), exercem influência no sabor e apresentam efeitos benéficos a saúde (JIMENEZ-GARCIA et al., 2013; LIU et al., 2014). No entanto, os dados qualitativos e quantitativos destes compostos ainda são escassos na literatura científica, principalmente por causa da imprecisão da maioria dos métodos de caracterização (ALEZANDRO et al., 2012 ).

Os resultados apresentados na Tabela 3.3 permitem observar que teores de proantocianidinas foram detectados nas duas variedades da pitanga, sendo a pitanga roxa detentora das maiores concentrações desse composto (p<0,05). Não se tem conhecimento, sobre outros relatos do teor de proantocianidinas em pitangas roxas, resultado que revela mais uma faceta do potencial bioativo dessa fruta tropical ainda subaproveitada do ponto de vista tecnológico e como fonte de bioativos.

Em geral, os pós liofilizados das duas variedades de pitanga não mostraram diferenças significativas no teor de proantocinidinas em relação as polpas frescas (p<0,05), ao passo que os teores obtidos nos pós atomizados foram menores (P<0,05)

Kátia Cristina Borges - Tese de doutorado – UFRN/PPGEQ

em relação as polpas frescas e aos pós obtidos por liofilização. Tendência semelhante verificada por Fujita et al. (2013) e Azêvedo et al. (2014) em pós obtidos da polpa e resíduo de camu-camu, respectivamente. Além disso, houve uma preservação gradual do conteúdo de proantocianidinas com adição da goma arábica. Semelhança observado por Fujita et al. (2013) em polpa de camu-camu desidratada, utilizando maltodextrina como agente carreador. De acordo com as autoras, as proantocianidinas por serem constituídas de uma gama de classe de polifenóis, variam em tamanho de monômero para polímeros de 20 ou mais unidades. As frutas apresentam naturalmente em sua composição tipos e tamanhos variados desse composto, refletindo em maior ou maior grau de polimerização durante o processo de secagem.

É sabido que a concentração de ácido elágico livre em frutas é significativamente baixa, contudo, quantidades substancialmente mais elevadas são detectadas após a hidrólise ácida, como resultados da dissociação dos elagitaninos (BEATTIE et al. 2005; GONÇALVES et al., 2010; LANDETE, 2011). Pinto et al. (2008) ao analisarem sete cultivares de morango, relataram que as amostras com os maiores teores de ácido elágico livre foram as que apresentaram maiores teores de ácido elágico total, indicando que a maior parte desse composto nas frutas encontram- se sob a forma de elagitaninos. Da mesma maneira, Gulçin et al. (2011) verificaram teores elevados de ácido elágico após a hidrólise ácida em cultivares de framboesa com valores variando entre 25,01 a 56,35 mg /100 g .

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Tabela 3.3: Teores de proantocianidinas e ácido elágico total quantificados nas polpas frescas e desidratadas por atomização e liofilização das pitangas vermelha e roxa.

Pitanga vermelha Pitanga roxa

Proantocianidinas (mg TQ/g BS) PV5 10,92 ± 0,13aA PR5 64,81 ± 0,31bA PV10 11,87 ± 0,41aB PR10 65,76 ± 0,45bB PV15 11,99 ± 0,12aB PR15 65,87 ± 0,91bB PV20 12,01 ± 0,11aB PR20 65,23 ± 0,71bB PVL 23,41 ± 0,28aC PRL 87,76 ± 1,12bA PVF 23,92 ± 0,32aC PRF 88,01 ± 1,21bA

Àcido elágico total (mg /100g BS) PV5 13,18 ± 0,13aA PR5 39,09 ± 0,14bA PV10 13.93 ± 0.32aA PR10 39,12 ± 0,36bA PV15 13,73 ± 0,13aA PR15 39,48 ± 0,19bA PV20 13.43 ± 0,44aA PR20 39,56 ± 0,27bA PVL 17,48 ± 0,13aB PRL 40,94 ± 0,16bB PVF 23,48 ± 0,23aC PRF 41,05 ± 0,23bC Resultados expressos como média ± desvio padrão (N = 6); a-d: Letras diferentes sobrescritas na mesma linha indicam diferença significativa pelo Teste de Tukey (P<0,05); A-C: Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativapelo Teste de Tukey (P <0,05). PV5, PV10, PV15 e PV20 = Pitanga vermelha; PR5; PR10; PR15; PR20 = Pitanga roxa, desidratadas a 130 ºC e contendo 5%, 10%, 15% e 20% de goma arábica, respectivamente; PVL= pitanga vermelha liofilizada e PRL= pitanga roxa liofilizada; PRF=pitanga roxa fresca.

Os resultados do presente estudo mostram concentrações expressivas de ácido elágico total nas duas variedades da pitanga (Tabela 3.3), destacando a pitanga roxa por apresentar cerca de 3 vezez teores mais elevados, quando comparados à pitanga vermelha (p < 0,05). O teor elevado de ácido elágico observado em todos os grupos

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estudados se aproximam dos valores encontrados por Pinto et al. (2008), os quais encontraram valores variando entre 19 e 42 mg/100g em cultivares de morango e com Abe et al., (2012) que relataram concentrações substanciais de ácido elágico em outras frutas da família Myrtaceae, como grumixama, goiaba branca, goiaba vermelha e cambuci.

3.3.3 Atividade antioxidante

As metodologias empregadas para determinar a capacidade antioxidante são numerosas e podem variar de acordo com interferentes, estrutura química do composto, tipo de solvente e métodos de extração utilizados, além de basearem-se em fundamentos distintos (PÉREZ-JIMÉNES et al., 2006; SU et al., 2007; HUANG et al., 2005). Assim, preconiza-se a utilização de mais de uma técnica, uma vez que nenhum ensaio usado isoladamente irá refletir com exatidão a capacidade antioxidante de uma amostra (PRIOR et al., 2005).

A Tabela 3.4 permite observar que a capacidade antioxidante determinada pelo método DPPH foi significativamente maior do que as avaliadas pelo método FRAP (p < 0,05). Os resultados concordam com os obtidos por Bagetti et al. (2011) em polpas de pitangas roxas (37,0 e 8,2 mmol TE/100g), vermelhas (41,0 e 4,4 mmol TE/100g) e alaranjada (41,0 e 4,2 mmol TE/100g) pelos métodos DPPH e FRAP, respectivamente. Apesar de ambos os métodos envolverem substâncias cromógenas de natureza radicalar que simulam as espécies reativas de oxigênio, onde o desaparecimento da cor ocorre de forma proporcional à concentração de antioxidantes (ARENA et al., 2001), o ensaio pelo método DPPH mede a capacidade dos antioxidantes para eliminar o radical DPPH, enquanto o método FRAP mede a capacidade da redução de íons férricos antioxidantes (BAGETTI et al. 2011).

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Tabela 3.4: Atividade antioxidante determinada pelos métodos DPPH e FRAP nas polpas frescas e desidratadas por atomização e liofilização das pitangas vermelha e roxa.

Pitanga vermelha Pitanga roxa

DPPH (μmol TE/g BS) PV5 9,08 ± 0,12aA PR5 16,07 ± 1,14bA PV10 10,08 ± 0,12aB PR10 17,29 ± 0,82bB PV15 11,28 ± 0,18aC PR15 20,64 ± 0,21bC PV20 11,98 ± 0,17aD PR20 20,82 ± 0,19bC PVL 15,42 ± 0,81aE PRL 26,65 ± 0,71bD PVF 18,59 ± 0,42aF PRF 29,12 ± 1,31bE FRAP (μmol TE/g BS) PV5 8,08 ± 0,12aA PR5 14,96 ± 1,14bA PV10 9,08 ± 0,12aB PR10 15,19 ±0,82bB PV15 10,36 ± 0,18aC PR15 17,41 ± 0,11bC PV20 10,76 ± 0,19aC PR20 17,81 ± 0,14bC PVL 11,97 ± 0,41aD PRL 23,42 ± 0,71bD PVF 13,62 ±1,12aE PRF 24,30 ± 1,31bE

Resultados expressos como média ± desvio padrão (N = 6); a-b: Letras diferentes sobrescritas na mesma linha indicam diferença significativa pelo Teste de Tukey (P<0,05); A-F: Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativapelo Teste de Tukey (P<0,05). PV5, PV10, PV15 e PV20 = Pitanga vermelha; PR5, PR10, PR15, PR20 = Pitanga roxa, desidratadas a 130 ºC e contendo 5%, 10%, 15% e 20% de goma arábica, respectivamente; PVL= pitanga vermelha liofilizada e PRL = pitanga roxa liofilizada.

Paz et al. (2015), ao determinaram a atividade antioxidante em frutas exóticas e tropicais, encontraram capacidade antioxidante significativamente maior pelos métodos DPPH em relação ao FRAP. As frutas possuem em sua composição, compostos com diferentes capacidades de sequestro de radicais livres e variações no

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perfil fenólico que podem resultar em distintas respostas antioxidantes (RUFINO et al., 2010; ALMEIDA et al., 2011).

Os pós liofilizados mostraram capacidade antioxidante mais elevada em relação aos pós atomizados (Tabela 3.4). Este comportamento pode ser explicado pelas menores perdas de fenólicos totais, ácido ascórbico (Tabelas 2.5.7 e 2.5.8), flavonóides, ácidos fenólicos e proantocianidinas (Tabelas 3.2 e 3.3) causadas pelos processos de secagem. De modo geral, apesar das perdas inerentes ao processo de secagem, as polpas desidratadas da pitanga vermelha e roxa revelaram capacidades antioxidantes significativas e dentro da faixa de valores relatadas para outras frutas tropicais e exóticas (GONÇALVES et al., 2010; ALMEIDA et al., 2011), destacando-se as polpas da pitanga roxa por exibirem valores mais expressivos em relação as polpas da pitanga vermelha (p<0,05).

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