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Parte II – Enquadramento Empírico

1. Problemática da investigação

Ao falarmos de educação inclusiva estamos a referir-nos a um novo paradigma em termos educativos, ou seja, a uma nova conceção de escola.

Contudo, enquanto agentes educativos, constatamos que ainda permanecem nas nossas escolas algumas lacunas entre o que é estabelecido na legislação, as teorias educacionais, os princípios curriculares que incluem as adaptações curriculares e as práticas quotidianas da escola. Isto é, sentimos que há um descompasso claro entre o que consta na lei, o que se considera “ideal” e o que de facto ocorre no processo: o “real” das nossas escolas face às múltiplas dificuldades para cumprir na íntegra as propostas de uma “educação para todos”, em especial, de alunos com DID nos 2º e 3ºciclos do sistema de ensino regular. Após revisão da literatura sobre esta temática, verificamos que é consensual entre vários autores que as atitudes e práticas dos professores são fatores primordiais para que a inclusão de alunos com DID nas escolas de ensino regular se efetive com sucesso.

Com o nosso trabalho pretendemos percecionar os constrangimentos dos professores dos 2º e 3º ciclos no atendimento educativo de alunos com DID.

1.1 FORMULAÇÃO DA QUESTÃO DE PARTIDA

A formulação e delimitação da problemática de pesquisa e a definição dos objetivos de pesquisa são “passos” essenciais para a fundamentação da investigação e para a clarificação do enquadramento conceptual em que se desenvolve.

Tem-se generalizado a ideia de construir a pergunta de partida ou, como entendemos, questão de partida, que Quivy traduz como forma de explicitar o que se procura saber, elucidar, compreender melhor, advertindo, todavia que «traduzir um projeto de investigação sob a forma de uma pergunta de partida só será útil se essa pergunta for corretamente formulada. Isto não é necessariamente fácil, pois uma boa pergunta de partida deve preencher várias condições» (QUIVY, Raymond,1992: 34).

Assim, a questão geral a partir da qual se foi delineando a nossa pesquisa é a seguinte:

- Quais os principais constrangimentos dos professores dos 2º e 3º ciclos no

acompanhamento educativo de alunos com DID?

1.2 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

O objetivo geral que norteia a concretização do presente estudo prende- se com o conhecimento dos principais constrangimentos dos professores noatendimentoeducativode alunos com DID nas escolas dos 2º e 3º ciclo do sistema de ensino regular.

A partir deste objetivo geral, propomo-nos orientar esta investigação no alcance de outros objetivos mais específicos, a saber:

1) Identificar as perceções dos professores de ensino regular face à inclusão de alunos com necessidades educativas especiais na escola; 2) Conhecer as práticas dos professores do ensino regular para a

construção de uma escola mais inclusiva;

3) Identificar os obstáculos com que os professores se deparam no seu atendimento a alunos com DID;

1.3 HIPÓTESES DE PARTIDA

Comummente, a hipótese pode ser definida como uma proposição suscetível de ser declarada como verdadeira ou falsa. Verma e Beard (1981), citados por Judith Bell (1997:35) definem hipótese como:

"uma proposição hipotética que será sujeita a verificação ao longo da investigação subsequente. Pode também ser vista como um guia para o investigador, na medida em que representa e descreve o método a ser seguido no estudo do problema. Em muitos casos, as hipóteses são palpites que o investigador possui sobre a existência de relações entre variáveis."

Hipótese 1: Os professores dos 2º e 3ºciclos do ensino regular manifestam atitudes favoráveis à inclusão de alunos com DID.

Hipótese 2: Os professores dos 2º e 3ºciclos do ensino regular revelam atitudes resistentes à inclusão de alunos com DID.

Hipótese 3: Os professores dos 2º e 3ºciclos do ensino regular implementam práticas pedagógicas adequadas ao atendimento de alunos com DID.

No final do estudo, através da análise dos resultados obtidos, aferiremos se as hipóteses colocadas anteriormente serão confirmadas ou refutadas.

1.4 METODOLOGIA

Segundo Carmo e Ferreira, a investigação quantitativa é aquela cujo “ objetivo é a generalização dos resultados a uma determinada população em estudo a partir de uma amostra particular” (1998:178). Assim, este tipo de estudo por se basear em dados sólidos, repetíveis e quantificáveis é passível de generalização desde que os resultados sejam significativos.

Neste sentido para o nosso trabalho de investigação optámos pelo método quantitativo através do qual procurámos proceder à análise de um grupo restrito de população, nomeadamente de um grupo de quarenta professores do 2º e 3º Ciclo, mais concretamente, vinte de cada ciclo, que se encontram, por todo o país, a exercer funções docentes em salas de aula de escolas públicas do ensino regular.

No que respeita ao género, faixa etária, categoria profissional, área de formação disciplinar, experiência profissional, entre outros, a amostra selecionada abrange, igualmente, uma diversidade considerável de professores em exercício de funções docentes, facto que consideramos pertinente para um estudo que pretende investigar a realidade atual das escolas portuguesas.

1.5 INSTRUMENTOS

Como instrumento metodológico de recolha de dados optámos pelo inquérito por questionário, pela importância deste na "facilidade com que se interroga um elevado número de pessoas, num curto espaço de tempo" (Reis, 2010:91) e ainda pelas possibilidades que o questionário concede para o tratamento quantitativo da informação. “O principal interesse dos inquéritos extensivos quantitativos reside no facto de recolherem e tratarem a informação de forma estandardizada, com vista a assegurar a comparabilidade dos elementos apurados” (QUIVY, Raymond, CAMPENHOUDT Luc Van, 1992: 23). Todavia, conscientes de que a aplicação de um questionário apresenta sempre algumas limitações no que se refere ao estudo, procurámos ser rigorosos e precisos na formulação das perguntas, visando como tal a máxima objetividade. Deste modo, a construção do questionário foi efetuada a partir da definição do problema e no quadro teórico de referência, sendo tidos em consideração aspetos como: construção de blocos temáticos obedecendo a uma ordem lógica na elaboração das perguntas; redação de questões feita numa linguagem compreensível e acessível ao inquirido, evitando qualquer interpretação dúbia, sugestão ou indução da resposta; e focalização de apenas uma questão, por cada pergunta, a ser examinada pelo inquirido.

1.6 PARTICIPANTES

"No planejamento de um experimento, é necessário determinar com grande precisão a população a ser estudada. Para isso devem ser consideradas as características que são relevantes para a clara e precisa definição da população" (Gil, 2002:98).

Neste sentido, a população inquirida para a realização deste estudo de investigação são os professores dos 2º e 3º ciclos em exercício de funções docentes nas escolas do ensino regular.

1.7 RECOLHA E TRATAMENTO DE DADOS

O conjunto de dados recolhidos foi obtido através de um inquérito por questionário através da plataforma digital Google Docs e sujeito a um tratamento quantitativo.

Primeiramente, procedemos à identificação de determinados elementos, tais como, sexo, idade, tempo de serviço, áreas de formação disciplinar, experiência com alunos com NEE e, mais especificamente, com alunos com DID, bem como o tipo de formação de professores recebida nestas áreas.

De seguida e de forma lógica, dispusemos de vários itens no intuito de avaliar as atitudes e práticas docentes. Para a sua análise, considerámos pertinente agrupar os referidos itens em quatro domínios relevantes, nomeadamente, perceção de educação inclusiva, atitudes e práticas, necessidades de formação e modelos de atendimento.

Ao longo do questionário, foram ainda contempladas duas questões semi- abertas e uma aberta.

Após o apuramento de dados, procederemos ao seu tratamento recorrendo ao programa informático Excell 2013 para elaboração de tabelas, quadros de percentagem de frequência, bem como gráficos variados por forma a favorecer uma melhor perceção e visualização das percentagens decorrentes do respetivo processo de análise, o qual, por sua vez, será de cariz quantitativo.

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