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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.7 Problemas de salinização no solo e seus efeitos nas plantas

O conteúdo de sódio na crosta terrestre é de aproximadamente 2,8%, enquanto o de potássio é de 2,65%. Em regiões temperadas, a concentração de Na+ na solução do solo é, em média, 0,1-1mol m-3 e quando em altas concentrações, assemelha-se à concentração de K+. Em regiões áridas e semi-áridas, particularmente sob irrigação, concentrações de 50 a 100 mol m-3 de Na+ (predominantemente na forma de NaCl) são típicas e têm um efeito marcante no crescimento das plantas (MARSCHNER, 1995).

O efeito da salinidade sobre o crescimento e o desenvolvimento das plantas é discutido por pesquisadores, principalmente dos países que apresentam regiões áridas e semi-áridas, em função dos problemas socioeconômicos por ela causados. No Brasil, esse

assunto tem maior importância na região nordeste, onde a evapotranspiração supera as chuvas e, por conseqüência, impossibilita a percolação da água através do perfil e a lixiviação dos sais do solo (LIMA, 1997). Há diversos experimentos que comprovam o efeito negativo do NaCl sobre o crescimento de diversas plantas (BENNETT, 1994; SWEBY, HUCKETT e WALT,1994; LOCY et al., 1996; FERNANDES et al., 1998).

Diversos trabalhos têm evidenciado o efeito negativo dos íons que contribuem para a salinidade do solo (principalmente Na e Cl) sobre processos fisiológicos importantes para o crescimento das plantas (YAHYA, 1998; BETHKE e DREW, 1992). Os efeitos desses íons estão relacionados ao efeito osmótico, que induz condição de estresse hídrico às plantas e ao efeito tóxico direto, principalmente sobre os sistemas enzimáticos e de membranas.

O papel do cálcio na adaptação vegetal ao estresse salino é complexo e não bem definido. Efeitos positivos desse nutriente amenizando estresses salinos foram observados por Cramer, Läuchli e Polito (1985), Cachorro, Ortiz e Cerda (1994) e Davenport, Reid e Smith (1997), enquanto os efeitos de K e Mg são pouco estudados, apesar de Hu, Oertli e Schmidhalter (1997), em experimento com trigo, verificarem que a tolerância vegetal à salinidade aumenta com o incremento da concentração de íons na solução nutritiva.

A salinização do solo pode ter origem natural ou pode ser induzida por interferência humana. Os processos naturais estão associados diretamente a pedogênese, os quais são responsáveis pela maior partes da área salinizada do mundo (TANJI, 1994).

Indiretamente, o menor crescimento das plantas, devido à salinidade, também tem sido atribuído à redução na absorção de alguns dos principais nutrientes, estando o Ca e o K entre os mais bem documentados (RENGEL, 1992; LACERDA, 2000). Trabalhando com plantas jovens de goiabeira, Ferreira et al., (2001), por exemplo, verificaram redução na concentração de K nos tecidos da planta (raízes, caule e folhas), como conseqüência do estresse salino.

Segundo Santos e Muraoka (1997), as propriedades químicas e físicas dos solos salinizados restringem a disponibilidade de nutrientes para as plantas, requerendo a adoção de práticas de manejo baseadas na interação salinidade – fertilidade, para tornar viável economicamente uma exploração agrícola.

Plantas muito sensíveis à salinidade absorvem água do solo, juntamente com os sais, possibilitando a toxidez pelo excesso de sal absorvido. Tal excesso promove desbalanços no citoplasma, fazendo com que os danos apareçam principalmente nas bordas e nos ápices das folhas, regiões onde ocorre o acúmulo dos sais absorvidos (LIMA, 1997).

Desequilíbrios pode ser o resultado do efeito da salinidade de nutriente acima do exigido, dentro da planta ou pode ser causado por inativação fisiológico de um determinado nutriente essencial em um aumento na exigência interna da planta para aquele elemento de essencial (GRATTAN et al., 1996).

Em uma curva de resposta de rendimentos em função de doses de nutrientes, existe um ponto a partir do qual a produção máxima é atingida e mantida em um patamar, até que seja alcançada uma concentração iônica na solução na qual a produção começa a reduzir. Esse intervalo, entre condições de deficiência nutricional e toxidez, depende particularmente do nutriente e das condições de salinidade do solo (GRATTAN e GRIEVE, 1994).

Bernstein et al., (1974) divergem de Mass (1977), afirmando que ocorre uma interação entre a salinidade e a fertilidade dos solos, enquanto que Mass (1977) afirma que o fator que pode interferir nos rendimentos é o fator mais limitante.

Essa menor absorção de K tem sido atribuída à maior competição entre o Na e o K pelos sítios de absorção ou a um maior fluxo de K das raízes (MARSCHNER, 1997). Redução na concentração de K, sob estresse salino, é um complicador adicional para o crescimento das plantas visto que, em algumas situações, esse elemento é o principal nutriente a contribuir para o decréscimo do potencial osmótico, uma estratégia necessária à absorção de água nessas circunstâncias (MARSCHNER, 1995).

Em relação ao cálcio, tem sido demonstrado que o aumento da salinidade pode induzir deficiência desse nutriente (LACERDA, 2000; HO e ADAMS, 1994). A redução na absorção de Ca2+ pode levar à perda da integridade da membrana plasmática, com conseqüente perda da capacidade de absorção de alguns íons, principalmente o K+ (RENGEL, 1992; CACHORRO et al., 1994). Variedades tolerantes tendem a apresentar maiores taxas de transferência de K+ e apenas leve redução na transferência de Ca+2 para a parte aérea, visando manter uma relação positiva entre esses nutrientes e os íons Na+ e Cl- (NIU et al., 1995).

De acordo com Marschner (1997), a alta salinidade de alguns fertilizantes, principalmente o KCl compromete o crescimento e distribuição das raízes assim como a absorção de água e nutrientes.

Persaud et al., (1977) encontraram efeito salino devido à aplicação de N e K, em faixas, abaixo da linha de gotejo, em solos arenosos da Flórida. Conseqüentemente, as raízes principais tiveram grande ramificação, com o aumento do número de raízes laterais, principalmente na aplicação dos níveis médios e altos dos nutrientes (202 e 303 kg ha-1 para N, aplicado como uréia e 222 e 333 kg ha-1 para K, aplicado como KNO3). Embora o efeito

dos fertilizantes tivesse efeito sobre a divisão das raízes, não foi observada, na época da frutificação, influência na concentração de nutrientes pelas plantas de pimentão.

Um problema que invariavelmente ocorrerá em solos cultivados em ambiente protegido é a salinização, ou seja, o acúmulo no solo de sais presentes nos fertilizantes. Esse problema tende a se agravar ao longo do tempo com maior ou menor rapidez, conforme as práticas adotadas.

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