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CAPÍTULO IV DESCRIÇÃO E REFLEXÃO DAS ATIVIDADES

4.2. Descrição das atividades desenvolvidas no 1.º Ciclo do Ensino Básico

4.2.2. Problemas Reais!

A atividade Problemas Reais! surgiu na segunda semana de intervenção, onde foi necessário a realização de revisões para as fichas de avaliação.

Esta atividade tinha como principal objetivo recordar os conteúdos Matemáticos integrantes da ficha de avaliação e colmatar as dificuldades existentes. Como referido anteriormente no ponto 3.3.2.4. Caracterização da turma, aquando da caracterização da turma, os alunos exibiam algumas dificuldades na área da Matemática, principalmente em conteúdos como a divisão, as operações com frações e a resolução de problemas. Assim sendo, pretendíamos com esta atividade de revisões diminuir as dúvidas, recorrendo a exercícios contextualizados na realidade da turma.

Constituíam-se como objetivos para os alunos, serem capazes de adicionar, subtrair, multiplicar, dividir números inteiros e racionais não negativos e resolver problemas.

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Neste seguimento, as revisões dos conteúdos Matemáticos foram realizadas de forma integrada com temas do Estudo do Meio, para que os problemas Matemáticos obtivessem significado e aplicabilidade. Na opinião de Beane (2003, p. 95) “quanto mais um acontecimento é, significativo, mais profunda ou elaboradamente processado, mais situado em contexto, e mais enraizado num conhecimento cultural, de fundo, metacognitivo e pessoal, mais rapidamente é compreendido, aprendido e recordado.”.

Nestes termos e com vista a tornar o conhecimento significativo, foi criada uma “Caixa Sorteio” com vários cartões numerados e representativos dos temas que eram necessários recordar para a ficha de avaliação. Após o sorteio do cartão foi feita a projeção dos exercícios correspondentes. A estratégia da utilização da projeção decorreu do facto de esta ser uma forma dinâmica e entusiástica para os alunos, captando assim a sua atenção. Relativamente à resolução de problemas, os seus enunciados foram criados de forma a terem uma contextualização real, no sentido espicaçar a curiosidade dos alunos para a sua resolução. Segundo Borges (2015, p. 87), “o modo como os problemas são apresentados aos alunos influencia de sobremaneira a forma como estes os encaram e como procuram estratégias de resolução”, ou seja, se o problema não apresentar qualquer conexão com a realidade dos alunos e não provocar o seu interesse sobre a resolução do mesmo, então não haverá motivação e consequentemente não- aprendizagem perdurável. As crianças irão resolver o problema por obrigação. No entanto, se a situação for inversa, o entusiasmo gerado será promotor de aprendizagem autónoma, uma vez que a curiosidade levará ao desafio e à resolução do problema.

Assim, para tal, utilizaram-se temáticas trabalhadas recentemente em Estudo do Meio: Os Rios de Portugal e o Ciclo da Água. A utilização dos temas referentes ao Estudo do Meio também permitiu consolidar o conhecimento construído nesta área, promovendo a aprendizagem tanto dos conteúdos Matemáticos como do Estudo do Meio.

Os problemas apresentavam um contexto real, como as vinhas do rio Douro, a evaporação da água de uma piscina, entre outras. Este facto levou ao entusiasmo e à concentração dos alunos, pois eram questões que relatavam a realidade e, por isso, espicaçavam a sua curiosidade pela solução. É também de salientar que a utilização de temas do Estudo do Meio, lecionados recentemente, levou a um maior interesse, pois eram questões que levavam à descoberta de mais informação sobre essas temáticas.

A partir desta atividade os alunos adquiriram ferramentas Matemáticas que os auxiliaram na compreensão dos temas desenvolvidos em Estudo do Meio. Isto é, através desta

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atividade os alunos aprenderam, por exemplo, como é possível saber a quantidade de água evaporada de uma piscina, utilizando conteúdos Matemáticos. No entanto, também através desta articulação entre as áreas, os alunos conseguiram ter um enquadramento de para que serve “aquele” conteúdo de Matemática, percebendo a sua utilidade no quotidiano. Este processo de ensino-aprendizagem é uma mais-valia, já tendo sido debatida a sua importância aquando da revisão da bibliografia (secção 2.3. O elo para as aprendizagens significativas: o processo de ensino-aprendizagem promotor da integração curricular entre a Matemática e o Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio). É também com base nesta secção que a pertinência da resolução de problemas surge, através da sua associação a um enunciado ou uma problemática relativa à realidade próxima dos alunos. De acordo com os autores Boavida, Paiva, Cebola, Vale e Pimentel (2008), a resolução de problemas é fulcral visto que proporciona o desenvolvimento de conteúdos Matemáticos, mas também auxilia na compreensão de questões que advém da própria resolução. Dinis, Rebelo e Silva (2013, p. 142), concluem que

a análise e resolução de situações problemáticas do dia a dia permite, ao mesmo tempo, desenvolver habilidades direcionadas à construção de conhecimento científico, as quais podem ser transferidas para situações quotidianas. Os problemas e a sua resolução devem ser alvo de constante questionamento e reflexão, desde a proposição, a obtenção de informações, a resolução e a apresentação dos resultados.

Recorrendo ainda ao enquadramento teórico, mas referentemente ao Capítulo I, é verificável que o papel do professor do século XXI, como mediador do processo de aprendizagem, é indiscutivelmente importante. O profissional da Educação ao agir como mediador reflexivo leva os seus alunos a refletirem e interligarem os conhecimentos aprendidos das diferentes áreas, auxiliando-os na descodificação do seu significado útil para o dia-a-dia. Não fosse este o papel do professor, de impulsionador e criador de estratégias e ambientes promissores ao desenvolvimento de conhecimentos nos seus alunos, sendo que as aprendizagens só se tornam significativas quando estes se conseguem apropriar delas (Roldão, 2007).

Quanto à análise global desta atividade, consideramos que esta teve grande sucesso entre a turma, uma vez que o entusiasmo demonstrado pela atividade foi notório. Os alunos mostraram-se muito participativos e concentrados na resolução dos exercícios, motivados pela descoberta de questões relativas a temas do Estudo do Meio, esquecendo-se, por vezes, das questões Matemáticas inerentes à resolução dos problemas. Desta forma, foi anulada a carga negativa associada à Matemática, fomentando-se o gosto pela mesma.

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Reportagem fotográfica:

Figura 11 – Desenvolvimento da atividade “Problemas Reais!”.