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Problemas de Transição para uma Economia de Mercado Numa economia centralizada os meios de produção são propriedade do estado, estado

3.1.4 Considerações Finais

3.2.4 Problemas de Transição para uma Economia de Mercado Numa economia centralizada os meios de produção são propriedade do estado, estado

esse que domina e controla a economia. Em contraste numa economia de mercado** os meios de produção são de propriedade maioritariamente privada e o estado “apenas” cria o suporte legal que devem orientar as empresas que operam nesse mercado, devendo a economia não responder aos “apetites do estado como na economia centralizada mas responder sim às forças de mercado.

Depois do colapso do regime comunista e do seu domínio sobre os países da Europa Central e Oriental, estes embarcaram numa árdua transição ideológica e prática entre dois conceitos de economia muito distintos.

Tal transição teve importantes consequências para a contabilidade desta parte da Europa. A contabilidade deixou de ser um instrumento de administração pública da economia para passar a ser um instrumento à disposição não só de governos mas também de empresas, investidores e utilizadores de informação contabilística e financeira.

Os progressos na transição variam de país para país, relatórios sobre estes progressos estão disponíveis no Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento. Estes relatórios medem 6 pontos-chave:

Reforma estrutural, Controle da inflação, Privatização, Crescimento económico, Limitação da corrupção, Democracia,

Segundo Aslund (2002, citado por Nobes e Parker, 2006) os países que lideram o pelotão são a Estónia e a Hungria.

26 A natureza da contabilidade da economia centralizada teve sérias consequências (negativas) no processo de transição para uma economia de mercado e para um sistema de práticas e princípios contabilísticos pós-comunista. Debaixo do regime comunista a contabilidade e auditoria não tiveram oportunidade de se desenvolver, pelo contrário regrediram em relação à contabilidade e auditoria pré-comunista.

Por exemplo na Hungria durante o regime comunista os contabilistas eram encarados como técnicos de baixas qualificações. Por consequência estas profissões perderam a sua reputação durante o regime comunista e consequentemente tornaram-se incapazes de atrair pessoas com talento o que levou a uma séria carência de profissionais neste sector (tanto em quantidade como em qualidade), profissionais que auxiliassem a transição destes países para uma nova economia e para uma nova visão da contabilidade.

No processo de transição de uma economia centralizada para uma economia de mercado levado a cabo pelos países da Europa Central e Oriental e que teve inicio no final da década de 80 e inícios de 90, verificou-se uma séria escassez de capital humano qualificado, isto é, escassez de auditores e contabilistas o que se traduziu numa classe profissional incapaz de se afirmar como fonte de práticas e regulamentos inovadores que suportassem a transição. Em vez disso este papel teve que ser assumido pelos “desacreditados” governos. Os Ministérios das Finanças ganharam nestas regiões da Europa uma posição dominante na reforma e reformulação das práticas contabilísticas. Este facto pode ser considerado um obstáculo adicional à harmonização europeia, uma vez que estes ministérios agora responsáveis por reformular os seus sistemas e legislação contabilística de acordo com as directivas da UE, carregam consigo toda uma herança fiscal e de controlo económico, características de uma economia centralizada, herança essa que têm que conciliar com as novas exigências do mercado e nomeadamente da UE e das suas directivas.

Durante este processo de transição cada país teve a oportunidade de conjugar a sua experiência contabilística com as práticas contabilísticas dos países da Europa Ocidental e com as orientações da UE e IASB.

A quantidade de nova informação proveniente da Europa Ocidental não facilitou a transição da Europa Central e Oriental, a diversidade de práticas contabilísticas e o facto de as NIC terem uma origem ideológica mais de natureza Anglo-Saxónica do que Europeia representaram os dois maiores problemas de transição.

Diferentes países ex-comunistas fizeram diferentes escolhas, escolhas essas influenciadas tanto por factores políticos como por factores técnicos. A transição contabilística foi mais lenta na Rússia, onde existe um mercado negro de generosas dimensões, muita corrupção, poucas exigências na consolidação de demonstrações financeiras para investidores externos, e inexistência de auditorias independentes externas.

Apesar de a Rússia não ser um país membro da UE, é importante a sua menção, uma vez que também está em processo de transição para o uso da NIC / IAS e o facto de ter dominado politica e economicamente toda a Europa Central e Oriental durante cerca de meio século torna importante a sua menção para se poder enquadrar com maior precisão o estudo dos países desta parte da Europa que se tornaram membros da UE, no caso deste trabalho a Polónia.

A transição da Rússia para uma economia capitalista e democrática ocorreu mais lentamente do que o esperado e fez-se acompanhar de uma quantidade significativa de caos politico e económico. Por este motivo a transição contabilística não pode ser imediata e radical.

Na Rússia a transição para um sistema Anglo-Americano não é encarada como a melhor opção de reforma do sistema de práticas e princípios contabilísticos nacional (em vigor). Certas características “enraizadas” no sistema dificilmente serão mudadas. Características como a contabilidade centrada no controlo do estado, a imposição de um quadro nacional de contas e as detalhadas instruções e regulamentos elaborados pelo Ministério das Finanças Russo, assim como o “desprezo” pelos profissionais de contabilidade e a consequente fragilidade desta profissão.

Todavia registaram-se importantes mudanças uma vez que o governo russo decidiu começar a transição do seu sistema de práticas e princípios contabilísticos para a utilização das as IFRS/IAS/NIC. Muitas das empresas cotadas em bolsas de valores já implementaram as IAS ou os US GAAP.

Ainda que a contabilidade para a maioria das empresas russas esteja ainda limitada (na prática) à utilização de um quadro de contas “uniformizado” imposto pelo governo, as demonstrações financeiras de empresas cotadas em bolsas de valores devem desde 2005, ser consolidadas segundo as NIC, como acontece no resto da Europa mostrando um certo grau de harmonização mesmo em países que não aderiram à UE e que mostram ter intenções de o fazer.

28 Um dos principais obstáculos da implementação das NIC em economias que se encontram no processo de transição de uma economia centralizada para uma economia de mercado é a excessiva ligação entre relato financeiro e relato fiscal. Um bom exemplo na resolução deste dilema foi surpreendentemente dado pela Rússia, através da realização de uma séria modificação no seu sistema de práticas e princípios contabilísticos/financeiro que consistiu na remodelação da legislação fiscal e na utilização de “contabilidades” separadas para o relato fiscal e para o relato financeiro.