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Para a análise dos dados originados das reuniões, foi utilizada a análise temática de conteúdo, conforme Bardin (2011). Esta análise envolveu o recorte das falas durante os encontros, que posteriormente foram ordenadas e classificadas em categorias já definidas a priori e suas unidades de significação. Os dados foram tratados descritivamente com indicação de frequência absoluta às unidades de registro que compõem cada categoria, possibilitando sua análise.

Para Bardin (2011) a análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise de comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não).

O método de análise de conteúdo envolve algumas etapas como: a organização da análise contempla a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos e interpretações; a codificação, envolvendo as unidades de registro e de contexto, regras de enumeração e análise quantitativa e análise qualitativa; a categorização; e a inferência (BARDIN, 2011).

Conforme Bardin (2011), as diferentes fases da organização da análise de conteúdo ocorrem em torno de três polos cronológicos que seguem relacionados:

a) pré-análise, que corresponde à fase da organização. Tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise. Esta primeira fase possui três missões: a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentam a interpretação final;

b) exploração do material, que é a fase de análise, é a aplicação sistemática das decisões tomadas. Esta fase é longa e fastidiosa, consiste, essencialmente, em operações de codificação, decomposição ou enumeração, em função de regras previamente formuladas;

c) tratamento dos resultados obtidos e interpretação, onde os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos e válidos. Operações estatísticas simples (percentagens), ou mais complexas (análise fatorial), permitem estabelecer quadros de resultados, diagramas, figuras e modelos, os quais condensam e põem em relevo as informações fornecidas pela análise. O analista, tendo à sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas.

A codificação é o tratamento do material. Corresponde à uma transformação, efetuada segundo regras precisas, dos dados brutos do texto, que por recorte, agregação ou enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo ou da expressão; suscetível de esclarecer o analista acerca das características do texto, que podem servir de índices. Compreende três escolhas: o recorte (escolha das unidades); a enumeração (escolha das regras de contagem) e a classificação e a agregação (escolha das categorias) (BARDIN, 2011).

A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto de diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão das características comuns destes elementos. O critério de categorização pode ser semântico (categorias temáticas), sintático (os verbos, os adjetivos), léxico (classificação das palavras segundo o seu sentido, com emparelhamento dos sinônimos e dos sentidos próximos) e expressivo (categorias que classificam as diversas perturbações de linguagem) (BARDIN, 2011). A inferência é a dedução de maneira lógica, é o fornecimento de informações suplementares ao leitor crítico de uma mensagem, que deseja distanciar-se da sua leitura aderente, para saber mais sobre esse texto. Designa indução a partir dos fatos. A análise de conteúdo constitui um bom instrumento de indução para se investigar as causas (variáveis inferidas), a partir dos efeitos (variáveis de inferência ou indicadores referencias no texto) (BARDIN, 2011). Para a autora (2011), o desenvolvimento de uma análise passa por uma pré-análise, através de uma leitura flutuante que gerará a formulação das hipóteses e dos objetivos, seguido de exploração do material e tratamento dos resultados e interpretações que envolvem operações estatísticas, síntese e seleção dos resultados, inferências e interpretações com outras orientações para uma nova análise ou a utilização dos resultados de análise com fins teóricos ou pragmáticos.

4 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da UNISINOS para avaliação, sendo aprovado com número de parecer 1.322.560. A pesquisa foi realizada em março e abril de 2016.

A pesquisadora enviou uma carta de anuência, conforme (Anexo II) para a instituição cenário da pesquisa, endereçada ao representante legal. Após autorização do Comitê de Ética em Pesquisa, os dados foram coletados.

Os enfermeiros que concordaram em participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), (APÊNDICE B). O TCLE foi assinado em duas vias, ficando uma em poder do participante da pesquisa e outra com a pesquisadora responsável pelo estudo. Foi garantido anonimato, sendo os enfermeiros identificados com números arábicos, bem como preservada a confidencialidade das informações obtidas. A pesquisa apresentou riscos mínimos aos participantes tais como: a preocupação ou constrangimento em se manifestar durante as discussões mediante o estudo contemplar integrantes que desempenham função de liderança sob outros que também integraram o grupo. Em decorrência disso, na abertura do estudo a pesquisadora esclareceu às participantes que em se tratando de uma pesquisa seria necessário trazer para as discussões diferentes pontos de vistas e contrapontos para assim enriquecer os resultados, salientou a necessidade do grupo se sentir a vontade em participar das discussões trazendo sua

visão e percepção dos temas abordados e reforçou o exposto no TCLE de que os enfermeiros poderiam desistir de participar do estudo a qualquer momento, sem que isto trouxesse prejuízo a eles. Os dados audiogravados nas sessões grupais serão guardados por cinco anos, em posse da pesquisadora e depois deletados, conforme resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, pois esta pesquisa, por envolver seres humanos, irá atender às exigências éticas e científicas fundamentais como a autonomia, a beneficência, a não maleficência, a justiça e a equidade (BRASIL, 2013).

4.1 DIVULGAÇÃO

Os resultados serão utilizados para publicações em revistas, educação continuada e congressos de enfermagem e apresentados à instituição de referência do estudo para que estratégias voltadas para a gestão possam ser desenvolvidas no Serviço de Enfermagem.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A construção coletiva do planejamento estratégico do serviço de enfermagem foi realizada por meio de reuniões agendadas e planejadas a priori, seguindo o percurso metodológico proposto neste estudo.

As reuniões foram realizadas pela pesquisadora, que procedeu ao desenvolvimento da metodologia JAD (Joint Application Design), com a construção ativa da proposta do estudo pelas participantes na condição de coautores. O recurso auxilia na promoção do trabalho em grupo, produzindo soluções sinérgicas, bem como uma forte confiança no sucesso da implementação do trabalho e o comprometimento com o resultado (AUGUST, 1993). A proposta foi desenvolvida em sete encontros, com duração de, aproximadamente, duas horas para cada reunião. As principais evidências de cada encontro estão descritas no Quadro 6.

Quadro 6 - Reuniões e principais evidências da construção do planejamento estratégico (continua)

DATA DE

REALIZAÇÃO PROPOSTA ATIVIDADE PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS DO RELATÓRIO DE CAMPO

Reunião 1 13/4/16 Apresentação da proposta de trabalho e combinações gerais com o grupo.

Após o entendimento da proposta de trabalho, ciência e assinatura dos termos de consentimento,

livre e esclarecido, e esclarecimento de dúvidas gerais, estabeleceram-se as combinações dos encontros, como: local, dia da semana, horário e

Reunião 2 20/4/16 Definição da missão, visão e valores do Serviço de Enfermagem do Hospital.

A priori foram definidas as categorias desta etapa do trabalho.

A partir de discussões, as participantes definiram a missão, visão e valores do

serviço de enfermagem do hospital. Devido à possibilidade do tempo programado,

foi iniciado o levantamento da matriz SWOT.

Reunião

3 27/4/16 Matriz SWOT Construção

A priori foram definidas as categorias desta etapa do trabalho. Construção da matriz SWOT do

serviço de enfermagem.

Combinações para o próximo encontro e para o envio, pela pesquisadora, de referencial teórico relacionado à construção do mapa estratégico,

mediante metodologia BSC. Reunião 4 04/5/16 Análise da Matriz SWOT e construção do mapa estratégico

A priori foram definidas as categorias desta etapa do trabalho.

Definição de objetivos estratégicos para cada perspectiva, alinhados aos objetivos

estratégicos institucionais. A pesquisadora estabeleceu, com as

participantes, as combinações para a próxima reunião.

A pesquisadora solicitou às participantes de cada área assistencial que trouxessem os indicadores

já construídos para proceder à definição dos indicadores a partir da descrição do negócio.

Reunião

5 11/5/16

Descrição de Negócios das

Áreas

A priori foram definidas as categorias desta etapa do trabalho.

Mediante divisão de subgrupos entre as participantes para a realização da descrição de

negócio de sua área, utilizando o modelo de Falconi (2004), foi descrito o negócio das seguintes áreas: unidades de internação adulto e

materno infantil; UTI’s adulto, neonatal e pediátrica; bloco cirúrgico; centro obstétrico;

emergência e diagnósticos por imagem. Combinações para o próximo encontro.

Reunião 6 17/5/16 Construção do plano de ações mediante ferramenta 5W2H.

O grupo entendeu que o plano poderia começar, sendo descrito a partir da análise de cada objetivo

estratégico, assim, procederam-se às discussões para as ações propostas. O encontro foi encerrado, devido ao tempo proposto que foi alcançado, porém como o plano não foi finalizado, o grupo concordou em agendar

a data 20/5 para finalização do trabalho.

Reunião 7 20/5/16 Finalização da construção do plano de ações mediante ferramenta 5W2H.

Finalização do plano de ações.

A pesquisadora se comprometeu a organizar as ações e completar dados na ferramenta. Foi combinado que o material seria encaminhado às participantes, para fazerem a análise final e dar

retorno, até dia 30/5/16, por e-mail, à pesquisadora, caso identificassem a

necessidade de algum ajuste. * Fonte: Elaborado pela autora (2016).

* Os retornos foram passados e o trabalho foi concluído.

Após a degravação das falas das participantes e submissão à análise de conteúdo, proposto por Bardin (2011), evidenciaram-se unidades de significação, tendo as categorias definidas a priori (com exceção da etapa de construção do plano de ação) conforme o material disparador utilizado nas reuniões de grupo, as quais seguem relacionadas de acordo com cada etapa desenvolvida. Identificou-se que a pesquisadora apresentou às participantes, os pontos disparadores que embasam o serviço de enfermagem e os tópicos para a construção do planejamento estratégico deste, conforme a sequência de realização.

Para chegar às unidades de significação que sustentam e fundamentam o serviço de enfermagem, o grupo se embasou em referenciais teóricos relacionados aos temas propostos e ao alinhamento do planejamento estratégico institucional. As discussões promoveram análises e ponderações de diferentes enfoques, porém elegeram-se pontos de concordância entre o grupo para assim chegar às definições propostas.

5.1 DEFINIÇÃO DE MISSÃO, VISÃO E VALORES DO SERVIÇO DE