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Mesossistema: Relação família-escola

Fase 7: Realização dos Grupos Focais

3.5. Procedimento de análise dos dados

A análise dos dados parte subsidiado pela Teoria das relações proposto por Hinde (1987). Metodologicamente, este autor propôs que para o entendimento de como as relações interpessoais estão estabelecidas deve-se atentar, dentre outros aspectos, para o conteúdo, a qualidade e a freqüência destas relações, conforme já foi explicitado no referencial teórico deste estudo. Partindo-se para a descrição das relações estabelecidas pelos professores e os pais, a análise dos dados propôs-se a atentar para estas três dimensões relacionais, buscando-se descrever e analisar o que pais e professores desenvolvem enquanto tarefas compartilhadas (conteúdo), atentando-se para

2ª Fase Escolha e contato c/ a escola 3ª Fase Inserção ecológica 4ª Fase Contato as famílias 5ª Fase Entrevista c/ as professoras 6ª Fase Entrevista c/ os pais 7ª Fase Realização dos grupos focais

a maneira ou forma como desenvolvem tais atividades (qualidade), e com que freqüências o fazem.

Para o mapeamento destas dimensões, Hinde (1987; 1997) descreve a existência de ferramentas importantes para estudo das relações. Para tal, pode-se atentar para um elemento imprescindível, onde nos fala acerca das percepções que as pessoas têm uma das outras. A percepção interpessoal trata-se de uma dimensão que envolve habilidades e capacidades cognitivas de consideração de pontos de vista diferentes, além de envolver a capacidade de entendimento mútuo. A relação envolve um jogo de percepções e autopercepções, empatia e capacidade de colocar-se no lugar do outro; saber como cada um se vê e é visto pelo outro; como se percebe entendido/compreendido pelo outro e como cada um quer ser percebido pelo outro. Deve-se ressaltar que Hinde descreve estas percepções para o estudo das relações entre pessoas, mas que pode ser aplicado entre sistemas distintos como a família, que neste estudo, é representada pelos pais, e pela escola, representada pelas professoras. Dessa forma, enfatiza-se que a percepção dos participantes foi a ferramenta utilizada nesta análise.

Objetivando uma descrição e análise mais aprofundada destas três dimensões relacionais, buscou-se descrevê-las em termos mais específicos, transformando-as em subcategorias de análise. Utilizou-se para isso, a proposta metodológica de análise de conteúdo proposto por Bardin (1979) que permite analisar um vasto campo de comunicações, facilitando a tentativa exploratória e enriquecendo as interpretações. Neste sentido, a análise de conteúdo permite a categorização dos elementos constitutivos de um conjunto de dados, onde se diferencia os elementos,

reaproximando-os de acordo com os critérios previamente definidos. A autora esclarece que para a análise do conteúdo são propostas três fases: a pré-análise, o recorte do texto ou fase de exploração e a interpretação dos resultados.

Na pré-análise dos dados deste estudo todas as entrevistas ou falas dos participantes, assim como as observações registradas nos diários de campo foram cautelosamente examinadas para que pudessem ser retiradas subcategorias de análise para serem utilizadas na fase de exploração dos dados. De acordo com Bardin, a importância desta fase reside no fato de fazer o pesquisador ler os seus dados, deixando- se tomar por impressões e orientações que surjam do material.

O próximo passo realizado nas análises consistiu na exploração e aproximação dos recortes feitos durante a pré-análise. O objetivo deste procedimento foi reorganizar as categorias iniciais transformando-as em categorias intermediárias para serem codificadas nas categorias finais de análise. O último passo da análise consistiu na interpretação das categorias surgidas nas fases anteriores.

Inspirada nas orientações teórico-metodológicas propostas pela análise de conteúdo, a seguir serão descritas as etapas de análise que foram adotadas nesta investigação.

Após a transcrição das gravações realizadas durante o grupo focal, entrevistas e observações, iniciou-se a análise do conteúdo dos dados, sendo esta dividida nas seguintes etapas:

Na primeira foi processado o recorte de conteúdos, em que os relatos foram decompostos e, em seguida, recompostos em categorias gerais constituídos por subtemas, como, por exemplo: a percepção sobre relação família e escola. Este recorte possibilitou visualizar, compreender e expressar melhor os significados do discurso das

díades. Esses fragmentos dos discursos (recortes de conteúdo), manifestos em palavras, expressões ou idéias, compuseram os eixos de análise.

Na segunda etapa, as categorias de análise foram organizadas utilizando-se a reaproximação dos temas, pois eles não foram fixados no início, mas durante o curso da análise. Na terceira etapa, considerando os objetivos da pesquisa, foi processada a reorganização dos eixos, de tal maneira que uma análise mais detalhada dos recortes fosse possível.

Tendo em vista uma leitura mais geral do fenômeno em estudo, após a leitura dos dados do grupo focal, das entrevistas e das observações, foi possível apresentar os eixos de análise incorporados em três eixos principais: a qualidade, o conteúdo e a freqüência da relação existente entre professoras e pais.

As categorias de análise foram comuns para os participantes, porém ressalta-se que além das semelhanças encontradas nos dados, estes também apresentaram diferenças nas percepções dos participantes.

A figura abaixo mostra as etapas utilizadas para a análise do conteúdo dos dados de acordo com Bardin (1979):

Figura 3: Procedimento de análise de conteúdo. Pré-análise Análise das Entrevistas, Grupos Focais e Diários de campo Recorte do texto Aproximação e exploração dos recortes Categorias

Interpretação e análise das categorias Qualidade Frequencia C Conteúdo Q F

CAPÍTULO III

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