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A observação dos comportamentos constituintes da classe geral de comportamentos do terapeuta na interação com o cliente foi realizada por meio de um procedimento constituído por 11 etapas. Tal procedimento foi baseado nos procedimentos descritos em diferentes obras, entre elas: De Luca, 2008; Kienen, 2008; Viecili, 2008, Luiz, 2008; Garcia, 2009, entre outras. O procedimento proposto por esses autores foi em grande parte reproduzido e adaptado de acordo com as características desta pesquisa.

As categorias de observação de comportamentos descritas na tese de Zamignani são apresentadas na Tabela 2.1. Essas categorias foram o ponto de partida para a realização do procedimento de observação, identificação e derivação dos comportamentos constituintes da interação entre terapeuta e cliente.

TABELA 2.1

Apresentação das categorias para observação de comportamentos da interação terapêutica entre terapeuta e cliente

descritas na tese de Zamignani (2007)

Categorias de observação de comportamentos referentes à interação terapêutica encontrados na tese de Zamignani (2007):

1. Terapeuta solicita relato: solicitação de relato contempla verbalizações do terapeuta nas quais ele solicita ao cliente descrições a respeito de ações, eventos, sentimentos ou pensamentos. Ocorre tipicamente em situações relacionadas a coleta de dados e levantamento de informações ao longo de qualquer etapa do processo terapêutico.

2. Terapeuta facilita o relato do cliente: Facilitação é caracterizada por verbalizações curtas ou expressões paralingüísticas que ocorrem durante a fala do cliente. Tipicamente, estas verbalizações indicam atenção ao relato do cliente e sugerem a sua continuidade.

3. Terapeuta demonstra empatia: Empatia contempla ações ou verbalizações do terapeuta que sugerem acolhimento, aceitação, cuidado, entendimento, validação da experiência ou sentimento do cliente. Diferentemente da categoria Aprovação, que se refere a uma avaliação sobre ações ou características específicas do cliente, a Empatia tem um caráter inespecífico, informando essencialmente que o cliente é aceito, “bem vindo”, sem implicar em avaliação ou julgamento (“eu entendo você e aceito como você é”). Essa classe de verbalizações tem sido associada tipicamente à criação de um ambiente terapêutico amistoso, seguro e não-

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punitivo, para que o cliente se sinta à vontade para verbalizar eventos que, em outros contextos, poderiam ser alvo de punição.

4. Terapeuta fornece informações: Informação contempla verbalizações nas quais o terapeuta relata eventos ou informa o cliente sobre eventos (que não o comportamento do cliente ou de terceiros), estabelecendo ou não relações causais ou explicativas entre eles. Essa classe de verbalizações é tipicamente associada a intervenções “psicoeducacionais” e ao “enquadre” ou contrato terapêutico.

5. Terapeuta solicita reflexão: Solicitação de reflexão contempla verbalizações nas quais o terapeuta solicita ao cliente qualificações, explicações, interpretações, análises ou previsões a respeito de qualquer tipo de evento. Diferentemente de Solicitação de relato, na qual o terapeuta pede que o cliente apenas relate a ocorrência de eventos, sentimentos ou pensamentos, nesse caso o terapeuta solicita que o cliente analise ou estabeleça relações entre os eventos em discussão. Em sessões de terapia analítico-comportamental, essa classe de verbalizações ocorre tipicamente quando o terapeuta busca facilitar o estabelecimento de relações funcionais e a formação de auto-regras.

6. Terapeuta recomenda ou solicita a execução de ações, tarefas ou técnicas: Recomendação contempla verbalizações nas quais o terapeuta sugere alternativas de ação ao cliente ou solicita o seu engajamento em ações ou tarefas. Deve ser utilizada quando o terapeuta especifica a resposta a ser (ou não) emitida pelo cliente. A literatura refere-se a essa categoria também como aconselhamento, orientação, comando, ordem. 7. Terapeuta interpreta: Interpretação contempla verbalizações nas quais o terapeuta descreve, supõe ou infere relações causais e/ou explicativas (funcionais, correlacionais, ou de contigüidade) a respeito do comportamento do cliente ou de terceiros, ou identifica padrões de interação do cliente e/ou de terceiros. Este critério diferencia esta categoria de Informação que, por sua vez, contém explicações a respeito de outros eventos que não o comportamento do cliente e/ou de terceiros. Na literatura clínica analítico-comportamental, a análise de contingências ou análise funcional apresentada pelo terapeuta envolve, em parte, essa classe de verbalizações.

8. Terapeuta aprova ou concorda com ações ou avaliações do cliente: Aprovação contempla verbalizações do terapeuta que sugerem avaliação ou julgamento favoráveis a respeito de ações, pensamentos, características ou avaliações do cliente. Verbalizações de Aprovação dirigem-se a ações ou características específicas do cliente e pressupõem o terapeuta como alguém que pode selecionar e fortalecer aspectos de seu comportamento que seriam mais ou menos apropriados. Isso difere da categoria Empatia, que tem um caráter inespecífico e não envolve avaliação ou julgamento.

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9. Terapeuta reprova ou discorda de ações ou avaliações do cliente: Reprovação contempla verbalizações do terapeuta que sugerem avaliação ou julgamento desfavoráveis a respeito de ações, pensamentos, características ou avaliações do cliente. Assim como Aprovação, verbalizações de Reprovação dirigem-se a ações ou características específicas do cliente e pressupõem o terapeuta como alguém que pode selecionar aspectos de seu comportamento que seriam mais ou menos apropriados. Reprovação tem sido freqüentemente associada, na literatura clínica, a interações aversivas em psicoterapia, que podem ameaçar a manutenção da relação terapêutica.

10. Outras verbalizações do terapeuta: Verbalizações do terapeuta não classificáveis nas categorias anteriores.

11. Terapeuta permanece em silêncio.

12. Respostas não-vocais de facilitação/concordância: Terapeuta contempla respostas motoras, gestos ou expressões faciais do terapeuta que ocorrerem na ausência de qualquer verbalização deste, cujo significado é compartilhado pela cultura como relacionado a concordância, aprovação, compreensão com relação à fala do interlocutor e que ocorrerem nitidamente como signos da interação terapeuta-cliente.

13. Respostas não-vocais de discordância: Terapeuta contempla respostas motoras, gestos ou expressões faciais do terapeuta que ocorrem na ausência de qualquer verbalização, cujo significado é compartilhado pela cultura como relacionado a oposição, discordância, descrença ou reprovação com relação a uma verbalização ou ação do interlocutor e que ocorrem nitidamente como signos da interação terapeuta-cliente.

14. Respostas não-vocais de pedido/ordem/comando/incentivo: Terapeuta compreende respostas motoras, gestos ou expressões faciais do terapeuta que ocorrem na ausência de qualquer verbalização, cujo significado é compartilhado pela cultura como relacionado a pedido, ordem ou incentivo ou que sugerem algum tipo de contenção do cliente, ordenação ou organização do ambiente da sessão. Devem ocorrer nitidamente como signos da interação terapeuta-cliente.

5. Da identificação das classes de comportamentos constituintes da

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