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Após a autorização do hospital, a pesquisadora teve acesso livre ao mesmo, bem como, ao mapa cirúrgico da instituição em questão, ou seja, à programação das cirurgias, em forma de tabela, na qual constavam nome e idade do paciente, tipo de cirurgia e convênio pelo qual seria realizada. Assim, as cirurgias com data e horário marcados indicaram à pesquisadora os períodos e horários em que deveria estar no hospital.

Antes da coleta de dados, o responsável pela instituição oficializou uma autorização, para a realização da pesquisa no local, por meio de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 6).

A coleta de dados foi realizada em três etapas, uma antes da preparação pré-cirúrgica, outra após a aplicação do programa de preparação, e ainda outra, após a realização da cirurgia. A explanação do procedimento, com suas respectivas atividades, segue abaixo.

4.5.1 Primeira etapa – antes da preparação pré-cirúrgica

a) Rapport: Trata-se de uma interação prévia com a criança e com sua mãe para o estabelecimento de uma relação de confiança com a pesquisadora. Conforme Ocampo (1979) rapport é o contato inicial que se faz com a criança por ocasião do atendimento clínico, que pode ser utilizado em outras situações como a de pesquisa com crianças. Neste momento, no quarto do hospital na maioria das vezes, as crianças fizeram seu primeiro contato com a pesquisadora e foram convidadas a participar da pesquisa, visto que foi explicado o estudo

tanto para a criança como para o acompanhante. Mediante a demonstração de interesse de ambos em participar, foi pedido ao responsável para assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 7). O rapport foi realizado por meio do desenho livre, no dia que antecedeu a cirurgia. A criança recebeu folhas de papel-ofício branco, canetas, lápis de cor, giz de cera, canetas coloridas, lápis e borracha para tal atividade. Neste momento não foi fornecida nenhuma informação específica para a criança, visto que o intuito desta atividade foi que a criança pudesse se expressar livremente, e ficasse mais a vontade, de forma a se tornar mais colaborativa com a pesquisa.

b) Entrevista com a mãe: Neste momento, enquanto as crianças puderam continuar desenhando como forma de se distrair, as mães responderam a primeira entrevista, para que pudessem contar à pesquisadora sobre as informações dadas a seus filhos.

c) Depois de feito o rapport e a entrevista com a mãe, as crianças preencheram a Escala de Stress Infantil, com lápis coloridos, como forma de motivá-las para esta atividade. A aplicação se deu de forma individual, e na maioria das vezes na sala de recreação do hospital, ou no próprio leito do quarto, considerando-se as condições básicas para a aplicação da escala, como, estar em local iluminado, arejado, e desprovido de ruídos externos. Em algumas aplicações tornou-se difícil evitar interrupções, de forma que a pesquisadora não prejudicasse ou atrasasse a atuação das enfermeiras.

d) Desenhos-histórias: Após o preenchimento da ESI, a pesquisadora informou à criança que a mesma faria outras atividades no momento que se seguiria. Deste modo, a criança receberia a seguinte instrução: “Eu vou contar pra você uma história que se chama O Elefantinho no Hospital. Preste bastante atenção na história porque depois vou pedir para

que desenhe a história do elefantinho, mas, antes, preste muita atenção para gravar a história”. Dada esta instrução, a história foi contada, e a pesquisadora solicitou à criança que

desenhasse a história do elefantinho. Assim que a criança terminava o desenho, a pesquisadora perguntava sobre o que a criança havia desenhado, e acrescentava, quando necessário, perguntas simples para esclarecer os comentários da criança.

e) Preparação psicológica pré-cirúrgica: Neste momento, as crianças foram divididas em dois grupos aleatoriamente.

1º grupo: 15 crianças, as quais receberam informações verbais, individualmente, sobre o tipo de cirurgia que realizariam, após ter passado por todas as etapas citadas anteriormente. As informações consistiram em contar para a criança todas as etapas pelas quais ela passaria em sua intervenção cirúrgica, incluindo anestesia (cheirinho), tubo de respiração, corte da

amígdala ou da hérnia, ou ainda, raspagem da adenóide, curativo e retorno ao quarto. Este procedimento ocorreu em no máximo 30 minutos (Protocolo de preparação pré-cirúrgica I no Apêndice 8).

2º grupo: 15 crianças, as quais foram submetidas a um programa de preparação pré-cirúrgica, individualmente, elaborado pela pesquisadora. Através de materiais hospitalares, a criança poderia manusear e utilizá-los, para torná-la mais próxima da realidade a que seria submetida. Deste modo, as informações foram dadas à criança na medida em que ela ia brincando com o boneco. Este programa também foi aplicado após todas as etapas citadas anteriormente, e também teve duração de no máximo 30 minutos (Protocolo de preparação pré-cirúrgica II no Apêndice 9).

Todas as atividades citadas foram realizadas no dia anterior à cirurgia.

4.5.2 Segunda etapa – após a preparação pré-cirúrgica

No dia da cirurgia, no período que antecedia a mesma, deu-se a segunda etapa da coleta de dados, a qual segue abaixo.

a) Entrevista com a mãe: Neste momento, as mães responderam à segunda entrevista, ou no quarto, ou na sala de recreação.

b) As crianças preencheram novamente a ESI, com lápis coloridos, como forma de motivá-las para esta atividade. A aplicação se deu de forma individual, e na maioria das vezes na sala de recreação, considerando-se as condições básicas para a aplicação da escala, como, estar em local arejado, iluminado e desprovido de ruídos externos. Como a segunda aplicação ocorreu pela manhã, foi mais difícil a ocorrência de interrupções, visto que as crianças já haviam tomado banho e estavam apenas esperando a hora da cirurgia.

c) Desenhos-histórias: Novamente a criança recebeu uma instrução: “Eu vou

contar pra você novamente uma história que se chama O Elefantinho no Hospital no pós-

cirúrgico. A história é um pouco diferente da primeira que você já ouviu. Preste bastante

atenção na história porque depois vou pedir de novo para que você desenhe a segunda história do elefantinho, mas, antes, preste muita atenção para gravar a história”. Dada esta

instrução, a história foi contada, e a pesquisadora solicitou à criança que desenhasse a história do elefantinho. Assim que a criança terminasse o desenho, a pesquisadora perguntava sobre o

que a criança havia desenhado, e acrescentava, quando necessário, perguntas simples para esclarecer os comentários da criança.

4.5.3 Terceira etapa – após a cirurgia

Após a realização da cirurgia, deu-se a terceira etapa da coleta de dados, na qual foi realizada a terceira entrevista com a mãe, com o intuito de obter informações sobre as reações da criança após a cirurgia.