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Procedimento de recolha e tratamento de dados

Capítulo 1. Papel das autarquias locais na promoção da internacionalização das

2.4. Procedimento de recolha e tratamento de dados

O levantamento de dados primários deste trabalho foi subdividido em três fases. Numa primeira fase, a aplicação de um inquérito aos 308 municípios actualmente existentes em Portugal, para apurar se realizam actividades de apoio ao desenvolvimento económico local e de apoio à internacionalização das empresas locais (partindo do pressuposto que as primeiras potenciam as segundas). Numa segunda fase, a solicitação, a alguns municípios que encetam tais actividades, de uma enumeração e descrição dessas iniciativas e do contacto de empresas que tenham participado nas mesmas. Finalmente, numa terceira fase, a realização de um inquérito às empresas indicadas pelas autarquias locais seleccionadas na fase anterior, de forma a averiguar o seu grau de satisfação para com as medidas/políticas de apoio às empresas levadas a cabo pelo município onde se inserem geograficamente e, consequentemente, se, na sua perspectiva, as autarquias locais se deveriam afirmar como uma escala de actuação fundamental para uma política de promoção das suas empresas locais no mercado global.

2.4.1. O inquérito ministrado às Câmaras Municipais

O questionário aplicado aos municípios portugueses foi preenchido por pessoas que, devido à sua posição e às suas funções na Câmara M unicipal, teriam conhecimento das actividades que a instituição leva a cabo no âmbito de apoio ao desenvolvimento económico/à internacionalização das empresas locais.

Este inquérito (cf. Anexo I) é composto por três secções: o primeiro grupo de questões direcciona-se para a sensibilidade dos municípios quanto a apoio ao desenvolvimento económico/à internacionalização de empresas e permite apurar se existe uma estrutura (formal ou informal) no município afecta a este tipo de acções, a sua dimensão (número de elementos), o nível de habilitações dos funcionários envolvidos e a sua capacidade de autonomia; a segunda secção direcciona-se para a intervenção dos municípios na área em estudo e permite aferir de que forma as Câmaras M unicipais se relacionam com as empresas locais (e, existindo esse contacto, conhecer a sua natureza); o último grupo de questões foca a proactividade dos municípios no âmbito em causa e foca a realização de actividades do carácter que se pretende analisar, permitindo apurar quais os factores

inerentes que influenciam, positiva ou negativamente, o seu envolvimento nessas acções.

A primeira fase do estudo aplicado teve início a 23 de Fevereiro de 2011, tendo-se enviado o inquérito em questão por correio electrónico a 303 municípios portugueses e por fax aos restantes 5 (porque, por motivos informáticos alheios à autora, não foi possível o envio da mensagem por correio electrónico). Nesse primeiro contacto, endereçado aos respectivos Presidentes, apresentou-se o estudo em causa e os seus objectivos, tendo-se solicitado a colaboração das Câmaras M unicipais através do preenchimento do inquérito elaborado para o efeito. Inicialmente, a data estipulada para a recepção deste elemento foi até 7 de M arço de 2011. No entanto, tendo-se verificado vários constrangimentos por parte das Câmaras M unicipais em cumprirem esse prazo, a recepção de inquéritos preenchidos apenas foi fechada a 1 de Abril de 2011,9 o que perfaz um total de 27 dias úteis para a recolha de dados, nesta primeira fase do estudo. Durante esse período, recorreu-se por diversas vezes a subsequentes mensagens de correio electrónico e telefonemas, com o objectivo de manter o assunto presente e de tentar agilizar o processo de resposta.

De uma população de 308 municípios portugueses, obteve-se um total de 144 respostas, ou seja, uma taxa de resposta de 46.8%, sendo que os municípios do Norte e os municípios da Região Autónoma da M adeira se evidenciaram, como os mais e os menos receptivos a este estudo, com uma taxa de resposta de 55.8% e de 27.3%, respectivamente (cf. Quadro 3).

Quadro 3. Câmaras Municipais respondentes, por região geográfica Sub-regiões estatísticas (NUTS II) População: Nº de municípios [% total] Amostra : Nº de respostas [% total] Representa tividade no estudo: tax a de resposta (%) Norte 86 [27.9] 48 [33.3] 55.8 Centro 100 [32.5] 44 [30.6] 44.0 Lisboa 18 [5.8] 7 [4.9] 38.9 Alentejo 58 [18.8] 26 [18.1] 44.8 Algarve 16 [5.2] 6 [4.2] 37.5 Açores 19 [6.2] 10 [6.9] 52.6 Madeira 11 [3.6] 3 [2.1] 27.3 Total 308 [100] 144 [100] 46.8

Fonte: Elaboração da autora, com base nas respostas obtidas ao inquérito efectuado às Câmaras Municipais.

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Até 7 de M arço foram obtidas 49 respostas po r correio electróni co; até 11 d e Março fo ram recepcionad as mais 36 respostas; até 1 de Abril foram remetidas 55 respostas adicion ais; foram recebidas 4 respostas por fax.

Tendo em conta o carácter não compulsório do inquérito, a taxa de resposta global e por NUTS II foi (com a excepção da Região Autónoma da M adeira) bastante aceitável (Bóia, 2003). Assim, excluindo o caso da Região Autónoma da M adeira, a amostra obtida é representativa da população em estudo (cf. Figura 3), permitindo uma análise estatística rigorosa, com a possibilidade de se extrapolar os resultados para a população.

Figura 4. Representatividade dos municípios respondentes, por NUTS II

Fonte: Elaboração da autora, com base nas respostas obtidas ao inquérito efectuado às Câmaras Municipais.

2.4.2. Selecção de casos de estudo

Com base na entrevista realizada às Câmaras M unicipais que declararam encetar actividades de apoio ao desenvolvimento económico/à internacionalização das empresas locais, obteve-se informação sobre as empresas que participaram nessas mesmas actividades.

Os primeiros contactos para a segunda fase do estudo foram iniciados a 14 de M arço de 2011, tendo sido solicitada, a partir dessa data, a colaboração de 19 autarquias locais.10 Pretendeu-se obter uma enumeração e descrição das actividades levadas a cabo por essas autarquias locais no âmbito de desenvolvimento económico local e de apoio à internacionalização de empresas e o contacto de empresas que tivessem participado

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Procurou-se um a rep resent ação g eográfica (por NUTS II) que permitisse uma análise mais pormenorizada, pelo qu e fo ram sel eccion adas p reliminarmente 4 aut arquias do Norte, 5 do C entro, 3 de Lisboa, 3 do Alent ejo, 3 do Algarve e 1 da Região Autónoma dos Açores (n enhuma d as aut arquias respondentes da NUTS II da Região Autónoma da Madeira afirmou realizar actividades do âmbito em estudo).

nessas iniciativas. Do total das autarquias locais contactadas nesta fase, 8 ficaram excluídas (3 por opção própria e 5 por se verificar que não se enquadravam nos objectivos pretendidos para esta fase)11 e 4 não deram resposta. Foi possível, portanto, apurar 7 casos de estudo (3 do Norte, 1 do Centro, 2 do Alentejo e 1 do Algarve).

2.4.3. O inquérito ministrado às empresas

A partir dos casos de estudo anteriormente apurados, foi possível prosseguir para a terceira fase da metodologia deste estudo, ou seja, a aplicação de um inquérito às referidas empresas, o qual foi preenchido por pessoas que, devido à posição e às responsabilidades na empresa, teriam conhecimento do conjunto de elementos em torno da participação dessa em actividades de apoio à internacionalização organizadas por Câmaras M unicipais.

Este último inquérito (cf. Anexo II) é composto por cinco secções: o primeiro grupo de questões permite caracterizar a empresa em termos de actividade económica, número de trabalhadores e componente exportadora; a segunda secção pretende caracterizar a regularidade dos contactos estabelecidos e a sua origem; a terceira secção visa caracterizar a participação da empresa em actividades de apoio à internacionalização organizadas por Câmaras M unicipais; o quarto grupo de questões avalia o contributo da participação nessas actividades para a empresa e o seu grau de satisfação com a Câmara M unicipal quanto à realização das mesmas; finalmente, a última questão opõe a centralização destas acções à sua descentralização, permitindo averiguar se as empresas percepcionam as autarquias locais como uma mais-valia para o seu potencial processo de internacionalização.

Para esta última fase, foram contactadas, a partir de 21 de M arço de 2011, e através de mensagem de correio electrónico, 94 empresas (44 do Norte, 7 do Centro, 41 do Alentejo e 2 do Algarve), apuradas pelas autarquias locais seleccionadas na fase anterior. Neste contacto, endereçado aos respectivos Administradores e Presidentes do Conselho de Administração, apresentou-se o estudo em causa e os seus objectivos, tendo-se solicitado a colaboração das empresas através do preenchimento do inquérito elaborado para o efeito. Dependendo do dia do primeiro contacto, estipulou-se um prazo

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Por exemplo, por referirem, a posteriori, como actividades realizad as a cri ação de b rochu ras a publicitar as empresas locais, visitas às empresas locais e medidas de isenção d e derrama, entre outras, as quais diferem daquilo que se pretende aqui estudar.

médio de duas semanas e meia para a recepção dos inquéritos respondidos. A recepção de inquéritos preenchidos foi, assim, fechada a 20 de M aio de 2011, o que perfaz um total de 43 dias úteis para a recolha de dados, nesta última fase do estudo. Durante esse período, recorreu-se por diversas vezes a subsequentes mensagens de correio electrónico e telefonemas, com o objectivo de manter o assunto presente e de tentar agilizar o processo de resposta.

Responderam um total de 30 empresas, das 94 apuradas, o que corresponde a uma taxa de resposta de 31.9% (cf. Quadro 4).

Quadro 4. Empresas respondentes, por região geográfica Sub-regiões estatísticas (NUTS II) ‘População’: Nº de empresas [% total] Amostra : Nº de respostas [% total] Tax a de resposta (%) Norte 44 [46.8] 15 [50.0] 34.1 Centro 7 [7.4] 4 [13.3] 57.1 Alentejo 41 [43.6] 11 [36.7] 26.8 Algarve 2 [2.1] 0 [0.0] 0.0 Total 94 [100] 30 [100] 31.9

Fonte: Elaboração da autora, com base nas respostas obtidas ao inquérito efectuado às Câmaras Municipais.

É importante recordar que se inquiriu as empresas, apuradas através de contacto com Câmaras M unicipais, com base no pressuposto de que teriam participado em alguma iniciativa organizada por essas últimas. No entanto, das 30 empresas respondentes, apenas 22 confirmaram ter participado em actividades organizadas pela autarquia local, pelo que as restantes respostas deverão ser consideradas inválidas para o estudo em causa. Assim, e apesar de a taxa de resposta apresentar um valor razoável (Bóia, 2003), o número de observações não permite uma análise de causalidade (recorrendo a técnicas econométricas), pelo que se irá proceder meramente a uma análise descritiva dos resultados.

A baixa adesão das empresas ao estudo em questão pode ser explicada pelo facto de considerarem que este não é do seu interesse, mais especificamente, que não encaram as autarquias locais como um agente com um papel a desempenhar na sua actividade. Por outro lado, houve mesmo empresas que referiram que a Câmara M unicipal fugiu à verdade quando as referenciou como tendo participado numa actividade organizada por essa instituição, já que tal nunca teria ocorrido.

Uma conclusão prévia a retirar desta ocorrência é precisamente o facto de que existe um enorme desfasamento entre aquilo que as autarquias locais e as empresas afirmam. Tal sustenta a opção preliminar de subdividir o presente estudo nas perspectivas destes dois agentes distintos e demonstra que, de facto, a visão das autarquias locais não corresponde à visão das empresas e, portanto, as respostas obtidas na primeira fase do estudo poderiam estar enviesadas.

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