• Nenhum resultado encontrado

11. CALIBRAÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO

11.3 PROCEDIMENTO GERAL DE CALIBRAÇÃO

A calibração de sistemas de medição é um trabalho especializado e exige amplos conhecimentos de metrologia, total domínio sobre os princípios e o funcionamento do sistema de medição a calibrar (SMC), muita atenção e cuidados na sua execução e uma elevada dose de bom senso. Envolve o uso de equipamento sofisticado e de alto custo.

Recomenda-se sempre usar um procedimento de calibração documentado, segundo exigências de normas NBR/ISO. Quando tais procedimentos de calibração não existirem, devem ser elaborados com base em informações obtidas de normas técnicas, recomendações de fabricantes e informações do usuário do SM em questão, complementados com a observância das regras básicas da metrologia e no bom senso. A seguir, apresenta-se uma proposta de roteiro geral a ser seguido para a calibração de um SM qualquer. Esta proposta deve ser entendida como orientativa apenas, devendo ser analisado caso a caso a conveniência de adotar, modificar ou acrescentar as recomendações sugeridas.

Quando trata-se de um trabalho não rotineiro, de cunho técnico-científico, e muitas vezes de alta responsabilidade, é fundamental que sejam registrados todos os eventos associados com o desenrolar da atividade, na forma de um memorial de calibração.

Esta proposta de roteiro genérico de uma calibração está estruturada em oito etapas:

Etapa 1- Definição dos objetivos:

Deve-se definir claramente o destino das informações geradas. A calibração poderá ser realizada com diferentes níveis de abrangência dependendo do destino dos resultados. Por exemplo:

dados para ajustes e regulagens: o estudo se restringirá a apenas alguns poucos pontos da faixa de medição do SMC;

 levantamento da curva de erros para futura correção: definidas as condições de operação, deve-se programar uma calibração com grande número de pontos de medição dentro da faixa de medição do SMC, bem como, realizar grande número de ciclos para reduzir a incerteza nos valores da tendência ou da correção;

 dados para verificação: o volume de dados a levantar tem uma intensidade intermediária,orientada por normas e recomendações específicas da metrologia legal;

 avaliação completa do SMC: compreende, na verdade, diversas operações de calibração em diferentes condições operacionais (ex: influência da temperatura, tensão da rede, campos eletromagnéticos, vibrações, etc);

Técnico em Móveis - Metrologia 89

Etapa 2 - Identificação do Sistema de Medição a Calibrar (SMC)

É fundamental um estudo aprofundado do SMC: manuais, catálogos, normas e literatura complementar, visando:

identificar as características metrológicas e operacionais esperadas. Deve-se procurar identificar todas as características possíveis, seja do sistema como um todo ou seja dos módulos independentes;

conhecer o modo de operação do SMC: na calibração é necessário que se utilize o sistema corretamente e para isso é necessário conhecer todas as recomendações dadas pelo fabricante. Operar o sistema apenas com base na tentativa pode levar a resultados desastrosos;

 documentar o SMC: a calibração será válida exclusivamente para o instrumento analisado, sendo portanto necessário caracteriza-lo perfeitamente (número de fabricação, série, modelo, etc);

Etapa 3 - Seleção do Sistema de Medição Padrão (SMP)

Com base nos dados levantados na etapa anterior, selecionar, dentre os disponíveis, o SMP apropriado, considerando:

 a incerteza do SMP nas condições de calibração idealmente não deve ser superior a um décimo da incerteza esperada para o SMC. É importante observar que se estas estão expressas em termos percentuais, é necessário que ambas tenham o mesmo valor de referência, ou que seja efetuada as devidas compensações;

 faixa de medição: o SMP deve cobrir a faixa de medição do SMC. Vários SMP's podem ser empregados se necessário;

Etapa 4 - Preparação do Experimento

Recomenda-se efetuar o planejamento minucioso do experimento de calibração e das operações complementares, com a finalidade de reduzir os tempos e custos envolvidos e de se evitar que medições tenham que ser repetidas porque se “esqueceu” um aspecto importante do ensaio. O planejamento e a preparação do ensaio envolvem:

executar a calibração adotando procedimento de calibração segundo documentado em normas específicas;

 quando o procedimento documentado não existir, realizar estudo de normas e manuais operativos, recomendações técnicas, de fabricantes e ou laboratórios de calibração;

estudo do SMP: para o correto uso e a garantia da confiabilidade dos resultados, é necessário que o executor conheça perfeitamente o modo de operação e funcionamento do SMP;

Técnico em Móveis - Metrologia 90 esquematização do ensaio: especificação da montagem a ser realizada, dos instrumentos auxiliares a serem envolvidos (medidores de temperatura, tensão da rede, umidade relativa, etc) e da sequência de operações a serem seguidas;

 preparação das planilhas de coleta de dados: destinadas a facilitar a tomada dos dados, reduzindo a probabilidade de erros e esquecimentos na busca de informações;

 montagem do experimento, que deve ser efetuada com conhecimento técnico e máximo cuidado;

Etapa 5 - Execução do Ensaio

Deve seguir o roteiro fixado no procedimento de calibração. É importante não esquecer de verificar e registrar as condições de ensaio (ambientais, operacionais, etc). Qualquer anomalia constatada na execução dos trabalhos deve ser anotada no memorial de calibração, com identificação cronológica associada com o desenrolar do experimento. Estas informações podem ser úteis para identificar a provável causa de algum efeito inesperado que possa ocorrer.

Etapa 6 - Processamento e Documentação dos Dados:

Todos os cálculo realizados devem ser explicitados no memorial. A documentação dos dados e resultados de forma clara, seja como tabelas ou gráficos, é fundamental.

Etapa 7 - Análise dos Resultados

A partir da curva de erros, e dos diversos valores calculados para a faixa de medição, determinam-se, quando for o caso, os parâmetros reduzidos correspondentes às características metrológicas e operacionais. Estes valores são comparados às especificações do fabricante, usuário, normas, e dão lugar a um parecer final. Este parecer pode ou não atestar a conformidade do SMC com uma norma ou recomendação técnica, apresentar instruções de como e restrições das condições em que o SMC pode ser utilizado, etc.

Etapa 8 - Certificado de Calibração

A partir do memorial, gera-se o Certificado de Calibração, que é o documento final que será fornecido ao requisitante, no qual constam as condições e os meios de calibração, bem como os resultados e os pareceres. A norma NBR ISO 10 012-1 "Requisitos da Garantia da Qualidade para Equipamentos de Medição" prevê que os resultados das calibrações devem ser registrados com detalhes suficientes de modo que a rastreabilidade de todas as medições efetuadas com o SM calibrado possam ser demonstradas, e qualquer medição possa ser reproduzida sob condições semelhantes às condições originais.

Técnico em Móveis - Metrologia 91

As seguintes informações são recomendadas para constar no Certificado de Calibração: a) descrição e identificação individual do SM a calibrar;

b) data da calibração;

c) os resultados da calibração obtidos após, e quando relevante, os obtidos antes dos ajustes efetuados;

d) identificação do(s) procedimento(s) de calibração utilizado(s);

e) identificação do SM padrão utilizado, com data e entidade executora da sua calibração, bem como sua incerteza;

f) as condições ambientais relevantes e orientações expressas sobre quaisquer correções necessárias ao SM a calibrar;

g) uma declaração das incertezas envolvidas na calibração e seus efeitos cumulativos;

h) detalhes sobre quaisquer manutenções, ajustes, regulagens, reparos e modificações realizadas; i) qualquer limitação de uso (ex: faixa de medição restrita);

j) identificação e assinaturas da(s) pessoa(s) responsável(eis) pela calibração bem como do gerente técnico do laboratório;

k) identificação individual do certificado, com número de série ou equivalente.

Para garantir a rastreabilidade das medições até os padrões primários internacionais, é necessário que o usuário defina, em função das condições de uso específicas do SM, os intervalos de calibração. Estes devem ser reajustados com base nos dados históricos das calibrações anteriores realizadas.

Nos casos em que os dados históricos das calibrações anteriores não estiverem disponíveis, e outras informações do usuário do SM não forem suficientes para definir os intervalos de calibração, são recomendados a seguir alguns intervalos iniciais que podem ser usados. Todavia reajustes nestes intervalos deverão ser efetuados, com base nos resultados das calibrações subsequentes.

Técnico em Móveis - Metrologia 92 RECOMENDAÇÕES PARA INTERVALOS INICIAIS DE CALIBRAÇÃO

(ÁREA DIMENSIONAL)

INSTRUMENTOS

INTERVALO DE CALIBRAÇÃO

(MESES) Blocos Padrão (Padrão de referência) - angulares/paralelos (Novos)

Calibradores (tampão/anel) lisos, de rosca, cilíndricos e cônicos Desempenos

Escalas Mecânicas Esquadros

Instrumentos Ópticos

Máquinas de Medir - (ABBE, Peças Longas, etc.) Medidores de Deslocamento Eletro/Eletrônico Medidores de Deslocamento Mecânicos (relógios comparadores/apalpadores)

Medidores de Deslocamento Pneumáticos Medidores de Espessura de Camada Micrômetros

Microscópios

Níveis de Bolha e Eletrônico Paquímetros

Planos e Paralelos Ópticos Réguas (Aço ou granito)

Rugosímetro e Medidor de Forma Transferidores Trenas 12 3 a 6 6 a 12 12 6 a 9 6 12 6 a 12 12/3 a 6 6 a 12 6 a 12 3 / 6 12 6 6 12 6 a 12 12 6 6

OUTRAS GRANDEZAS FÍSICAS

INSTRUMENTO/PADRÃO INTERVALOS DE CALIBRAÇÃO

(MESES) 1. MASSA, VOLUME, DENSIDADE

Massas padrão Balanças Balanças Padrão Hidrômetros Densímetros 24 12 a 36 12 36 12 a 24 2. PRESSÃO Manômetros

Máquinas de Peso Morto Barômetros Vacuômetros Transdutores de Pressão 6 a 12 24 a 36 6 a 12 6 a 12 12 3. FORÇA

Transdutores de Força (Células de Carga) Anéis Dinamométricos

Máquinas de Tração-Compressão (Hidráulicas) Máquina de Peso Morto

12 a 24 24 12 a 24 24 a 60 4. TORQUE Torquímetro 12

Técnico em Móveis - Metrologia 93 MODELO DE CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO

Técnico em Móveis - Metrologia 95

REFERÊNCIAS

Adaptado de JUNIOR, Armando Albertazzi Gonçalves. Metrologia. Universidade Federal de Santa Catarina - SC, 2002.

Adaptado de TELECURSO 2000. Apostilas telecurso 2000 - Metrologia. 2012. Disponível em: http://www.acervotecnico.com.br/2010/03/video-aulas-apostilas-telecurso-2000.html

Adaptado de Apostila SENAI - SC. Metrologia. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SC, 2009.

Poesia de Thomaz Lopes Música de Alberto Nepomuceno Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que tua glória conta!

Terra, o teu nome a fama aos céus remonta Em clarão que seduz!

Nome que brilha esplêndido luzeiro Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos...

Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão.

Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada!

Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano,

Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios

E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal!

Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas! Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade

Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade,

Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada,

Idolatrada, Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada,

Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida,

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida",

"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada,

Idolatrada, Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada,

Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

Documentos relacionados