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CAPÍTULO II – Metodologia do estudo de caso

2- Procedimento

A criança participou em seis sessões gravadas em vídeo, sendo a primeira sessão a de treino para a utilização do método de verbalização dos seus processos cognitivos, assim como aferição das suas competências matemáticas, e as duas últimas sessões foram de retenção, em dois momentos distintos, para que se pudesse analisar as competências que a criança verdadeiramente interiorizou e poderão vir a ser aplicados em situações do quotidiano. Cada sessão teve a duração de, aproximadamente, 45 minutos, e foram aplicadas ao longo de nove meses. O espaço onde foram realizadas decorreu entre a casa da criança e a sala de apoio da escola, sempre que não se pôde realizar a sessão em casa.

Houve, num momento prévio, a aferição do nível cognitivo lógico-matemático da criança, aplicando um conjunto de exercícios escritos, do tipo formal, para diagnóstico

vida, havendo uma interação muito positiva entre ambas, quer pelo número de sessões semanais que têm, permitindo que estas aplicações não interferissem com o normal desenrolar das tarefas que a Técnica desejava desenvolver em cada sessão.

No início de cada sessão, foi explicado à criança a tarefa que ia desempenhar e foi pedido que ela verbalizasse tudo o que estivesse a pensar, enquanto ia realizando os exercícios. Este é um processo de elevada dificuldade, tendo havido uma grande simbiose entre a Técnica e a criança, para que esta conseguisse transmitir os raciocínios que foi elaborando ao longo de cada sessão gravada.

2.1- Baterias de exercícios:

Os exercícios propostos foram organizados de acordo com as propostas curriculares do ano de escolaridade da criança, com a orientação da Professora e da Técnica de EER. A primeira bateria de exercícios foi a reprodução do primeiro momento de avaliação sumativa que a Professora tinha realizado em sala de aula, após o qual se desenvolveu um conjunto de exercícios cujo principal objetivo era abordar conteúdos essenciais para o desenvolvimento logico-matemático da criança. Estes exercícios abordam a ordenação numérica, crescente, decrescente, de dois em dois e de dez em dez, a cardinalidade e as operações da adição e da subtração.

Ao longo das aplicações, o enunciado sofreu pequenas alterações, de forma avaliar a capacidade de abstração da criança, quando perante enunciados com conteúdos já trabalhados, mas sob formas diferentes de elaborar as questões e/ou com questões de maior complexidade. Após a terceira sessão e, novamente, três meses depois, houve duas sessões de retenção, onde foi apresentada a primeira bateria de exercícios cujo objetivo foi avaliar a capacidade de retenção da F., quanto aos conteúdos propostos. As folhas de resposta de todas as baterias de exercícios estão apresentadas nos anexos de II a VI.

A escolha destes conteúdos teve como principais critérios a relação entre o Programa de Matemática para o Ensino Básico (Anexo VII), homologado em 2013 e incidindo sobre o primeiro ano de escolaridade, com as suas respetivas Metas Curriculares (Anexo VIII), e a sua relevância quando aplicado num contexto diário e no quotidiano.

A identificação e reconhecimento do número é essencial para a sua própria utilização em toda e qualquer situação. Já a ordenação, permite perceber se a criança consegue distinguir números e definir o “antes” e o “depois”, associando a cada distinção uma lógica de “menor” e “maior”. A operação da adição é a operação-mãe de toda a operacionalidade matemática, centrando-se na mesma todas as relações matemáticas

que no futuro a criança poderá vir a necessitar. Na última bateria de exercício introduziu- se a operação da subtração. A utilização de imagens de peças de dominó nos exercícios de operação matemática foi uma opção baseada no trabalho desenvolvido pela Técnica, desde o pré-escolar, assim como a aplicação do subitizing como forma automática de reconhecimento da quantidade.

De acordo com a revisão bibliográfica apresentada, e considerando a maturidade cognitiva e as características da criança, prevê-se que esta resolva questões bem estruturados que apenas impliquem a utilização direta de regras pré-estabelecidas e que são inflexíveis na sua aplicação. Em relação à resolução de problemas menos estruturados, e que necessitem de adaptações às regras aprendidas, prevê-se um nível de sucesso menor.

2.2- Notas de campo

Durante todo o processo investigativo acompanhei a Técnica nas suas sessões semanais ao domicílio, não me cingindo aos momentos das sessões de ensino- aprendizagem previstas. Este acompanhamento permitiu-me conhecer melhor a criança, a Técnica, a relação entre ambas e a forma como o processo de apoio, independentemente da área curricular envolvida, se processava. Permitiu, igualmente, que a criança percecionasse a minha presença como algo natural e não intromissiva, nos momentos da realização e gravação das sessões. Ao longo destas observações semanais, houve o registo escrito das atitudes e reações que foram ocorrendo ao longo dos meses.

Assim, apresento, como anexo IX, alguns exemplos desses apontamentos, que considero mais pertinentes para melhor perceção da forma como as sessões se desenrolavam. Esta observação iniciou-se a 20 de novembro de 2013 e, para esta investigação, teve a sua última sessão a 3 de outubro de 2014, com a gravação da segunda sessão de ensino-aprendizagem de retenção.

2.3- Consentimento informado, livre e esclarecido

De acordo com as Diretrizes Éticas Internacionais para a Investigação Envolvendo Seres Humanos (Council for International Organizations of Medical Sciences, em colaboração com a Organização Mundial da Saúde, Genebra, 1993) e a Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e da Dignidade do Ser Humano face às

elaboração de estudos científicos que envolvam a participação de seres humanos (FMH, 2013).

“O princípio de participação em qualquer tipo de investigação deve assentar numa decisão informada, livre e esclarecida sobre a natureza, implicações e riscos dessa participação. A decisão deve ser manifestada de forma escrita, datada e assinada por todas as pessoas capazes de o fazer, ou representante legal em caso de impossibilidade do próprio. O consentimento oral pode ser excecionalmente aceite, no caso de incapacidade para escrever, desde que na presença de pelo menos uma testemunha e de acordo com a legislação em vigor” (http://www.fmh.utl.pt/pt/instituicao/conselho-de-etica/faq-s, 2013).

Também foi solicitado o consentimento informado, livre e esclarecido a todos os agentes intervenientes no processo investigativo, nomeadamente à Professora de ensino regular e à Técnica de EER. Uma vez que as sessões decorreram, na sua maioria, na casa da criança, não foi considerado pertinente solicitar a autorização formal à Diretora da escola. No entanto, esta foi informada informalmente e disponibilizou todos os meios necessários para o bom desenvolvimento da atividade investigativa, sem comprometer o bom funcionamento das atividades escolares e protegendo os direitos e bem-estar dos restantes alunos da escola. Esta disponibilidade foi reforçada no momento da utilização, pontual, da escola para a gravação de algumas aplicações das baterias de exercícios, cujas datas coincidiam com apoios em escola. Uma vez que eu tinha a autorização maternal para a realização da investigação e a gravação não envolvia nenhum outro elemento da comunidade educativa, a Diretora da Escola não considerou relevante a formalização de mais nenhuma autorização, tendo apenas que garantir que a identidade de nenhum elemento externo ao estudo seria exposto durante estas gravações, o que foi totalmente garantido.

Os consentimentos informados, livres e esclarecidos da criança, através da autorização maternal, da Professora e da Técnica de EER apresentam-se como anexo X.

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