Equação 4 Tensão de ruptura
2.6 ADERÊNCIA DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS EM CONSTRUÇÃO
3.3.3 Procedimentos
Neste item serão descritos os ensaios que delinearam este trabalho realizados com as diferentes argamassas, os quais são: ensaio de consistência, ensaio de resistência mecânica, ensaio de capilaridade e ensaio de resistência à tração simples. Todos os ensaios foram realizados seguindo as descrições das normas brasileiras ABNT, a Tabela 7 demonstra os ensaios, suas respectivas normas e os tempos para sua realização.
Tabela 7 - Ensaios realizados.
Ensaio Norma
Tempo de espera após a mistura e/ou moldagem para realização do ensaio
Consistência NBR 13276/2006 7 e 28 dias Resistência a
tração na flexão BNR 13279/2005 7 e 28 dias Resistência a
compressão NBR 13279/2005 7 e 28 dias Capilaridade NBR 15259/2005 28 dias
Aderência NBR 14081/2012 28 dias
Fonte: Autoria Própria.
3.3.3.1 Determinação do índice de consistência
Seguindo as prescrições da NBR 13276 (ABNT, 2006), realizaram-se os ensaios em laboratório a uma temperatura ambiente de 23±2 °C e umidade relativa do ar em 60 ± 5%. Para a realização dos mesmos utilizou-se tais equipamentos: misturador mecânico com cuba de aço (também utilizada para o preparo das argamassas), mesa de índice de consistência
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padrão (flow table), molde troncônico, soquete metálico, régua metálica e paquímetro, conforme mostra as Figuras 7 e 8 a seguir.
Figura 7 - Misturador mecânico.
Fonte: Autoria Própria.
Figura 8 - Equipamentos Ensaio de Consistência.
Fonte: Autoria Própria.
Primeiramente realizou-se o ensaio com a argamassa industrializada, seguindo as orientações do fabricante para a quantidade de água adicionada, a fim de utilizar a consistência encontrada para realizar a proporção dos materiais da argamassa tradicional, com o intuito de que as duas resultassem no mesmo índice de consistência.
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Steel Frame.
A argamassa industrializada foi preparada seguindo as prescrições da norma NBR 14081- 2 (ABNT, 2012). Posteriormente a mistura posicionou-se o molde troncônico no centro da mesa de consistência para em seguida realizar o enchimento, sendo que o molde permanecia imóvel durante este processo. O enchimento do molde foi realizado em três camadas de alturas iguais, seguidas de 15, 10 e 5 golpes, respectivamente, utilizando o soquete metálico, com o intuito de resultar na homogeneização do material. Em seguida, com o uso da régua metálica fez-se o rasamento da argamassa restante, rente à borda do molde.
Logo após retirou-se o molde metálico e manuseou-se a mesa de forma que ela subisse e descesse 30 vezes em 30 segundos, de maneira uniforme. Imediatamente após este processo, mediu-se com um paquímetro digital, em 3 seções diferentes, o espalhamento da argamassa conforme mostra a Figura 9.
Figura 9 - Índice de consistência argamassa industrializada.
Fonte: Autoria Própria.
Para a obtenção do resultado final do índice de consistência, fez-se a média das 3 leituras registradas.
Em relação à argamassa tradicional utilizou-se um traço de 1:1:4, Yazigi (2009) informa que este traço é indicado para emboço externo. Com o intuito de facilitar e aumentar a precisão no processo de dosagem optou-se pela transformação desse traço de volume para massa, sendo que de acordo com Bourscheid e Souza (2010) realizando-se uma dosagem em massa não resultará em grandes diferenças de resultados, uma vez que a dosagem em volume não se faz tão precisa.
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DCEENG/UNIJUÍ, 2019. 3.3.3.2 Preparo das argamassas
Executou-se de acordo com as especificações impostas pelas normas. Para a industrializada utilizou-se a NBR 14081- 2 (ABNT, 2012), e para a tradicional NBR 7215 (ABNT, 1996).
Para este processo utilizou-se o misturador mecânico com cuba de aço inoxidável e uma pá metálica, conforme mostra a figura 7 (item 3.3.2.1), o mesmo operava em velocidade lenta.
A sequência do preparo da argamassa industrializada ocorreu da seguinte maneira: 1. Pesar a quantidade de material adotada, juntamente com a massa de água de
amassamento, conforme as indicações descritas pelo fabricante; 2. Colocar a água no recipiente, seguida da adição do material; 3. Misturar por 30 segundos e desligar o equipamento;
4. Raspar a superfície do recipiente e da pá metálica em um período de 60 segundos; 5. Misturar novamente por mais 60 segundos e desligar o aparelho;
6. Deixar em maturação coberto com pano úmido, pelo tempo indicado pelo fabricante; 7. Por fim, ligar o misturador por mais 15 segundos.
Já para a argamassa tradicional, seguiram-se os seguintes processos: 1. Pesar a quantidade de material para o traço adotado;
2. Colocar na cuba a quantidade de água, cimento e cal, misturar por 30 segundos;
3. Sem paralisar o procedimento, colocar a areia no tempo de 30 segundos e desligar o equipamento;
4. Limpar o material aderido às bordas da cuba e na pá metálica; 5. Por fim, homogeneizar por mais 60 segundos.
3.3.3.3 Moldagem dos corpos de provas
As argamassas para a moldagem dos corpos de provas foram realizadas conforme consta no item 3.3.2.2. Após a finalização das misturas, iniciou-se o preenchimento dos moldes, seguindo as prescrições definidas pela NBR 13279 (ABNT, 2005), sendo que foram realizados ensaios para 7 e 28 dias de idade. Para a realização do enchimento, buscou-se
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calcular certa quantidade de material, a fim de preencher as 3 formas com a mesma mistura, com a finalidade de otimizar os resultados.
As formas para a moldagem dos corpos de prova tinham dimensões de 4x4x16cm, comportando no máximo 3 unidades. Antes do enchimento, as formas foram untadas com óleo mineral em suas faces internas, para posterior desmoldagem, também foram firmemente apertadas de forma que a argamassa permanecesse estanque durante a cura.
O processo de enchimento dos corpos de prova de acordo com a NBR 13279 (ABNT, 2005), dava-se através da aplicação de 3 camadas uniformes, com 30 golpes cada uma, sendo que utilizava-se a Flow table para realizar as quedas de adensamento. Por fim rasou-se o excesso de material com uma régua metálica. A figura 10 mostra os corpos de provas já moldados.
Figura 10 - Corpos de provas.
Fonte: Autoria Própria.
A desmoldagem ocorreu aproximadamente 24 horas depois da moldagem dos corpos de prova, os mesmos foram submetidos à cura normal e foram estocados sob uma das bancadas do LEC. A Figura 11 apresenta os corpos de provas já desmoldados.
Figura 11 - Corpos de prova em processo de cura ambiente.
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DCEENG/UNIJUÍ, 2019. 3.3.3.4 Resistência à tração na flexão
Para a realização deste ensaio, destinou-se a moldagem de corpos de prova para 7 e 28 dias de idade. Seguiu-se o procedimento descrito pela norma NBR 13279 (ABNT, 2005), o qual indica posicionar o corpo de prova no equipamento de maneira que a face rasada não fique em contato com os dispositivos de apoio e nem de carga, logo em seguida aplica-se a carga até a ruptura do corpo de prova.
Utilizou-se como equipamento de ruptura a prensa hidráulica disponível no LEC da UNIJUÍ, como mostra a Figura 12.
Figura 12 - Prensa Hidráulica.
Fonte: Autoria Própria.
A Figura 13 mostra o corpo de prova já rompido logo após a aplicação da carga, teve-se o cuidado de que a face rasada ficasse sempre voltada para cima.
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Steel Frame.
Figura 13 - Rompimento do corpo de prova.
Fonte: Autoria Própria.
Após o rompimento, registrava-se a carga suportada pelo corpo de prova para posteriormente calcular a resistência a tração na flexão através da formula:
Equação 1 - Resistência à tração na flexão.
3 40 . . 5 , 1 Ff L Rf Fonte: ABNT, 2005 Onde:
Rf: resistência à tração na flexão (MPa) Ff: carga aplicada (N)
L: distância entre os suportes (mm)
3.3.3.5 Resistência à compressão
Para este ensaio utilizou-se a prensa hidráulica apresentada no item anterior, sendo que o mesmo foi realizado utilizando as partes dos corpos de prova já rompidos no ensaio de tração na flexão, seguindo as indicações descritas na norma NBR 13279 (ABNT, 2005). A Figura 14 apresenta o ensaio de compressão.
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Figura 14 - Ensaio de compressão.
Fonte: Autoria Própria.
O resultado final da resistência de compressão para cada idade dos corpos de prova foi resultante da média aritmética dos valores, sendo que utilizou-se a seguinte formula:
Equação 2 - Resistência à compressão.
1600 Fc Rc
Fonte: ABNT, 2005
Onde:
Rc: resistência à compressão (Mpa); Fc: carga máxima aplicada (N)
3.3.3.6 Capilaridade
De acordo com Miranda e Silva (2014) define-se como absorção por capilaridade a propriedade a qual avalia o desempenho de sucção dos poros e capilares da argamassa. Para este ensaio utilizou-se a norma NBR 15259 (ABNT, 2005). Destinou-se 3 corpos de prova de cada tipo de argamassa para a realização deste ensaio.
Primeiramente mediu-se a massa de cada corpo de prova para posteriormente levá-los para a estufa a uma temperatura de 110°C para a sua estabilização. Utilizou-se uma forma quadrada para a imersão dos corpos de prova de maneira que apenas 5 ± 1 mm da face inferior dos corpos de prova ficassem em contato com a água, para tal procedimento lixou-se
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uma das bases dos corpos de prova e utilizou-se suportes de madeira, como mostra a Figura 15.
Figura 15 - Ensaio de capilaridade.
Fonte: Autoria Própria.
Realizaram-se leituras do peso dos corpos de prova, primeiramente aos 10 minutos e por fim aos 90 minutos. A formula a seguir foi utilizada para calcular a absorção por capilaridade dos corpos de prova:
Equação 3 - Absorção da água por capilaridade.
16 0 m m At t Fonte: ABNT, 2005 Onde:
At: absorção de água por capilaridade para cada tempo; mt: massa do corpo de prova em cada tempo em gramas; m0: massa inicial do corpo de prova (g);
t: tempo de 10 min e 90 min; 16: área do corpo de prova (cm²)
3.3.3.7 Ensaio de resistência de aderência à tração simples
O ensaio proposto pela norma brasileira sugere a metodologia para determinação da resistência de aderência, medida através de arrancamento por tração de placas cerâmicas assentadas com argamassa colante sobre substratos padronizados, conforme a NBR 14081-4 (ABNT, 2012).
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O substrato padrão mencionado pela norma refere-se a uma placa de concreto. Em relação a este conjunto há varias diretrizes de estudo e pesquisas desenvolvidas. Porém existem poucos estudos referentes à aplicação da argamassa colante em outras superfícies e que foram revestidas com placas cerâmicas, como é o caso dos fechamentos de construções a seco, estudadas nesta pesquisa.
A metodologia do presente ensaio foi dividida conforme as etapas de execução e de acordo com os preceitos estabelecidos nas normas brasileiras NBR 14081-4 (ABNT, 2012), NBR 14081-2 (ABNT, 2012) e NBR 14081-1 (ABNT, 2012), a mesma foi dividida nos seguintes itens:
A)Obtenção e corte das cerâmicas
As cerâmicas foram cortadas na empresa 2K2 Engenharia e Arquitetura, de modo à diminuir a seção das mesmas, garantindo melhor acabamento e medidas padronizadas em atendimento a norma brasileira.
Para cada substrato foram assentadas as cerâmicas com os dois tipos diferentes de argamassas, sendo que para a argamassa tradicional fez-se uma camada de chapisco aditivado a fim de proporcionar melhor aderência aos componentes. De acordo com a norma é necessário assentar 10 placas cerâmicas em cada substrato, deste modo foram oito substratos, com 10 cerâmicas cada, totalizando 80 cerâmicas.
B) Aplicação do chapisco rolado para argamassa tradicional
O chapisco rolado foi executado seguindo as prescrições descritas na embalagem, sendo que para 20Kg é necessário 5,1L de água. Para a proporção do aditivo utilizou-se o traço apresentado na embalagem, sendo ele 1:2 (bianco:água), ou seja, 1/3 da quantidade calculada de água foi substituída por bianco.
Após a mistura o chapisco foi aplicado com rolo de rugosidade média para textura acrílica em direção vertical, sendo que os substratos foram limpos com um pincel, a fim de retirar todas as impurezas presentes. A Figura 16 apresenta os substratos já chapiscados.
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Figura 16 - Chapiscamento dos substratos.
Fonte: Autoria Própria.
Para a aplicação da argamassa aguardou-se um período mínimo de 4 dias de cura ambiente para o chapisco, sendo que as placas ficaram estocadas na posição vertical sob as bancadas do LEC.
C) Aplicação da argamassa e colagem das cerâmicas
Posteriormente a mistura das argamassas conforme apresentado em 3.3.2.2, realizou- se sua aplicação na direção longitudinal sobre o substrato, sendo que o intervalo mínimo para a aplicação é de 15 minutos a contar do término da mistura, estende-se com o lado liso da desempenadeira, com movimentos de vaivém, apoiando firmemente na superfície. Colocou-se novas porções de argamassa sobre o substrato de modo a formar uma camada uniforme, com espessura suficiente para formação dos cordões.
Com o lado dentado da desempenadeira apoiou-se firmemente sobre o substrato, em um único movimento, para formar os cordões com altura de (5 ± 0,5)mm no sentido longitudinal, em seguida verificou-se a altura dos cordões, com a ajuda do paquímetro.
Transcorrido 5 minutos da aplicação da argamassa, posicionou-se as placas cerâmicas sobre quatro cordões de argamassa, de modo que existisse uma separação de 50mm entre elas e no mínimo 25mm entre suas arestas e a borda mais próxima. É necessário deixar aproximadamente um cm de cordão ao redor da cerâmica e retirar os excessos. A Figura 17 apresenta as pastilhas já assentadas nos substratos.
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Figura 17 - Assentamento das pastilhas cerâmicas.
Fonte: Autoria Própria.
D)Ensaio de arrancamento
O ensaio de arrancamento das placas cerâmicas resume-se na aplicação de uma força até que haja ruptura de adesão entre a placa cerâmica e o substrato. Baixas aderências ocasionam prejuízos financeiros com manutenção, devido ao desprendimento de placas e possíveis patologias, com a infiltração de umidade no substrato.
Os conjuntos argamassas/substratos foram submetidos a uma cura normal de 28 dias, em condição ambiente de laboratório para posterior realizar o ensaio. Cerca de 72 horas antes da data do arrancamento colou-se em cada placa uma peça metálica de arrancamento, utilizando cola adesiva de base epóxi bicomponente, esta está apresentada na Figura 18, e a Figura 19 mostra as pastilhas metálicas já coladas nas pelas cerâmicas.
Figura 18 - Cola adesiva.
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Figura 19 - Colagem das pastilhas metálicas.
Fonte: Autoria Própria.
Posteriormente a colagem, executou-se o processo de arrancamento por tração manual, aplicando a carga até a ruptura. A Figura 20 apresenta o equipamento utilizado para o ensaio.
Figura 20 - Equipamento de arrancamento.
Fonte: Autoria Própria.
Em seguida registrou-se a força máxima aplicada (T) e observou-se o tipo de ruptura que ocorreu ao final de cada ensaio. As possíveis formas de rompimento descritas pela NBR 14081-4 (ABNT, 2012) são apresentadas na Figura 21 e descritas abaixo:
a. Ruptura do substrato (S);
b. Ruptura na interface argamassa e substrato (S/A); c. Ruptura da camada de argamassa colante (A);
d. Ruptura na interface argamassa e placa cerâmica (A/P); e. Ruptura da placa cerâmica (P);
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Figura 21 - Tipos de ruptura.
Fonte: ABNT, 2012. Legenda: 1 - Pastilha metálica 2 - Placa cerâmica 3 - Argamassa colante 4 - Substrato
Vale ressaltar que as argamassas utilizadas foram a argamassa industrializada do tipo AC- III e a argamassa tradicional de cimento Portland, esta com a aplicação de chapisco aditivado.
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Steel Frame. E) Cálculo da resistência de aderência à tração
De acordo com a NBR 14081- 4 (ABNT, 2012) a formula para calcular a tensão de ruptura (ft) de cada peça cerâmica será apresentada a seguir:
Equação 4 - Tensão de ruptura.
Fonte: ABNT, 2012.
(1)
Onde:
ft: tensão de ruptura, arredondada à segunda decimal (MPa); T: força de ruptura (N);
A: área da placa cerâmica (mm²).
Por fim, calculou-se a tensão média de ruptura por tração das placas correspondente a cada série assentada.
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4 RESULTADOS
Neste capitulo será discutido os resultados dos ensaios experimentais, os quais embasaram este trabalho, os mesmos foram descritos anteriormente, no capitulo 3.