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PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA A ANÁLISE DOS DADOS

2. CAMPO DE PESQUISA

2.4 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA A ANÁLISE DOS DADOS

A fim de empreender a análise dos dados, inicialmente realizei a leitura compreensiva e exploratória do material coletado durante as entrevistas com as docentes participantes da pesquisa, por meio do qual tive uma maior percepção da complexidade de elementos que circundam essas profissionais.

Isso porque o fato de a seleção das colaboradoras ter obedecido à série de critérios já expostos, em especial o de possuírem distintos tempos de atuação profissional, possibilitou a cada uma delas trazer informações que representam uma dinâmica da realidade em torno do processo da educação na infância e das crianças. Tais informações, por sua vez, indicam suas compreensões em relação aos alunos, à função da educação infantil e principalmente sobre práticas e concepções subjacentes ao corpo.

A análise dos resultados se deu tanto a partir da reflexão sobre o diálogo com as colaboradoras quanto pelas observações complementares ou contraditórias efetuadas durante a entrevista, e com as quais pude reconhecer as muitas dimensões da corporeidade. Dentre elas, destaco: os sentimentos, a expressão, a comunicação, a criação e os significados subjetivos adotados pelas colaboradoras para a construção de uma perspectiva de trabalho docente e

educativo, tendo em vista que o corpo do professor é um referencial para o aluno e um meio de comunicação entre eles.

Com vistas a apresentar a análise de forma inter-relacionada às discussões empreendidas ao longo do trabalho, descrevi as opiniões das colaboradoras da maneira mais fiel possível, como se os dados falassem por si próprios. Contudo, cumprindo o papel da pesquisa, também foi realizada na análise a exploração das concepções subjacentes às respostas das entrevistadas. A interpretação atribuída às suas falas se deu no paralelo estabelecido entre as questões da pesquisa, os resultados obtidos a partir da análise dos dados coletados, as inferências realizadas e as perspectivas teóricas adotadas.

De modo a sistematizar os dados coletados, foram elaborados blocos temáticos a partir dos objetivos delineados e centrados em quatro pontos. São eles:

• Olhar sobre a concepção de criança e a finalidade da educação a elas destinada; • Olhar sobre a concepção de corpo;

• Olhar sobre as práticas da educadora infantil no tocante ao lugar que atribui ao corpo a partir da concepção que tem dele;

• Olhar sobre o que as concepções e corporeidade revelam acerca dos modos de ser e estar no mundo e na escola.

Cada um dos blocos temáticos analisa de forma aprofundada um aspecto importante envolvido no estudo. Em seu interior também são trazidas algumas situações relatadas e vivenciadas pelas docentes e que contribuíram (ou ainda contribuem) para o modo como concebem os temas destacados na entrevista.

Dada a relevância de determinados trechos das entrevistas para a compreensão das questões levantadas por essa pesquisa, optei por transcrevê-los no corpo do texto. Algumas palavras desses excertos foram grafadas em negrito por opção desta pesquisadora de modo a dar destaque a informações importantes que merecem maior aprofundamento na discussão. Já as palavras grafadas em letra MAIÚSCULA são ênfases das próprias docentes evidenciadas pela mudança na entonação da voz durante as entrevistas. É importante ressaltar ainda que, a fim de garantir o anonimato das colaboradoras deste trabalho de pesquisa, as mesmas estão identificadas respectivamente como P1, P2, P3:

P1, 55 anos de idade. Sua formação para o magistério contempla o Curso Normal Superior realizado no município de São Carlos e concluído no ano de 1988, Licenciatura em Pedagogia concluída no ano de 1998 e Especialização em Educação Infantil no ano de 2005, todos cursados em períodos diferentes e instituições particulares de ensino. É professora concursada na Rede Estadual de Ensino de São Paulo onde atua nas séries iniciais do Ensino Fundamental há aproximadamente 25 anos. É também professora concursada na Rede Municipal de Ensino da cidade de São Carlos, onde trabalha há 22 anos com Educação Infantil. Aproxima-se da aposentadoria. No presente ano, leciona com crianças nas faixas etárias de 5 anos na Educação Infantil e jovens de 13 anos no quinto ano do Ensino Fundamental, ambos em instituições localizadas na zona leste da cidade.

P2

P2, 29 anos de idade. Possui formação em Curso Normal Superior realizado e concluído na cidade de São Carlos no ano de 2004 e Licenciatura em Pedagogia por uma Universidade Estadual de São Paulo localizada na cidade de Araraquara-SP, no ano de 2012. Iniciou a carreira docente concomitantemente à Licenciatura e seu tempo de trabalho é de aproximadamente 10 anos, trabalhando, desde o início, com Educação Infantil. Atualmente leciona na Rede Municipal de São Carlos e também em escola particular deste mesmo município. Em ambas as instituições atua com crianças de 2 a 3 anos.

P3

P3, 27 anos de idade. Obteve sua formação em Curso Normal Superior no ano de 2003 na cidade Rio de Janeiro. No ano de 2009, licenciou-se em Pedagogia pela Universidade Federal do munícipio de São Carlos no Estado de São Paulo. É professora em fase inicial de carreira, haja vista que atua há aproximadamente 4 anos. Inicialmente trabalhou na Rede Municipal de Ensino do município de Itirapina-SP lecionando para o primeiro ano do Ensino Fundamental; há três anos atua como professora I na Educação Infantil da cidade de São Carlos-SP. No presente ano tem como função ser professora apoio, revezando-se entre as faixas etárias de 4 a 6 anos atendidas por CEMEI localizado na zona oeste da cidade.

Sendo assim, no limiar desta trajetória abordo questões relativas às relações educativas estabelecidas na Educação Infantil, às concepções de corpo, de criança e de educação a elas

destinada e, sobretudo, sobre como estes modos de ser e estar das profissionais revelam suas corporeidades e atuam sobre e sob o corpo das crianças.

Espera-se que este estudo possa contribuir para o campo de estudos da corporeidade, para a reflexão das docentes participantes da pesquisa acerca da própria prática, para sua (re)elaboração sobre corporeidade assim como para o campo da Educação Infantil e formação de professores.

3. ANÁLISES

Nesta seção, apresento a análise dos dados coletados em situação de entrevista. Com vistas a responder as questões norteadoras desta pesquisa, estabeleço um paralelo entre as verbalizações das três professoras com as concepções teóricas referentes à Educação Infantil e ao corpo. Ressalto que a análise dos resultados primou tanto pela reflexão sobre o diálogo com as colaboradoras quanto pelas observações complementares ou contraditórias efetuadas durante a entrevista, e com as quais pude reconhecer as muitas dimensões da corporeidade.

Como já exposto, os dados coletados foram organizados em blocos temáticos centrados em quatro pontos, de modo a viabilizar uma melhor compreensão de suas nuances.

São eles:

• Olhar sobre a concepção de criança, relações e a finalidade da educação a elas destinada;

• Olhar sobre a concepção de corpo;

• Olhar sobre as práticas da educadora infantil no tocante ao lugar que atribui ao corpo a partir da concepção que tem dele;

• Olhar sobre o que as concepções e corporeidade revelam acerca dos modos de ser e estar no mundo e na escola.

Dada a relevância de algumas definições para um maior entendimento das concepções e elaborações tecidas pelas professoras nas entrevistas, destaco que a palavra concepção é compreendida pelo presente estudo tal como se encontra disposta no dicionário Aurélio, (1988, p.166), a saber: “4. Noção, ideia, conceito, compreensão. 5. Modo de ver, ponto de vista; opinião, conceito”; por sua vez, a palavra conceito, segundo o mesmo dicionário, é definida como: “2. Ação de formular uma ideia por meio de palavras; definição, caracterização. 3. Pensamento, ideia, opinião. 4. Noção, ideia, concepção. 5. Apreciação, julgamento, avaliação, opinião”.

Nesse sentido, as análises que seguem advém dos exames sobre as imagens que cada docente expressou sobre crianças bem como mediante o entendimento destas profissionais acerca de seu fazer docente, evidenciando o tipo de educação e relação que elas destinam aos menores de cinco anos.

3.1 OLHAR SOBRE A CONCEPÇÃO DE CRIANÇA, RELAÇÕES E A FINALIDADE