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4 METODOLOGIA

4.8 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA ANÁLISE DOS DADOS E

Qualitativamente, os dados foram tratados através da proposta da Modalidade Convergente-Assistencial de Trentini e Paim (1999; 2004). De acordo com essas autoras, a análise de informações colhidas durante a Consulta de Enfermagem deverá ocorrer simultaneamente com a coleta de dados. Assim, o pesquisador não correrá o risco de encontrar falhas no processo de cuidado no término da pesquisa, das quais não possam ser modificadas. Essa recomendação foi adotada como premissa nesse estudo, para que pudéssemos avançar no cuidado desenvolvido com as cuidadoras, por permitir adentrar nas informações obtidas, refletir, e poder avaliar o que necessitaria ser modificado no cuidado desenvolvido, no sentido de obter-se resultados favoráveis às cuidadoras, na busca de um viver mais saudável. Mesmo com esse cuidado, tornou-se uma das etapas mais complexas da PCA, pela diversidade de dados coletados. Segundo Boyd (apud TRENTINI; PAIM, 1999, p. 102) “na pesquisa convergente-assistencial, entende-se que a situação em estudo não se mantém estável durante o período do estudo; nesse caso, o pesquisador intervém, a pesquisa

por si intervém [...]”. Nesta compreensão, o cuidado sempre foi praticado, mesmo que o enfoque da pesquisa seja entender ou descrever a experiência dos participantes.

Assim, para o sucesso desse estudo, procurou-se inteirar das etapas para análise dos dados da PCA sugeridos por Trentini e Paim (1999, p. 102), que sao: “ apreensão, síntese, teorização e recontextualização, que ocorrem de maneira mais ou menos seqüencial.” A seguir descrevem-se os quatro processos genéricos utilizados para a análise geral dos dados.

a) Processo de apreensão

A primeira análise do processo de cuidado deu-se a partir da organização dos relatos obtidos em cada consulta de enfermagem com data e codinome da participante cuidadora. Nesse momento foi necessária a organização dos dados coletados através das seguintes anotações: Os dados subjetivos ou notas de observação (tom de voz, expressão do olhar, gestos), notas teóricas (que constituíram minhas reflexões do cuidado prestado e do referencial teórico adotado), notas metodológicas (revisão dos métodos empregados na consulta), notas de cuidado (a forma de cuidado prestado em cada consulta) e, por último, as impressões, os receios, as dúvidas, as angústias e também as conquistas do profissional.

b) Processo de síntese

Essa etapa da análise se deu após várias leituras dos relatos das cuidadoras correlacionando-os à teoria do cuidado transdimensional e a pergunta da pesquisa: Como o processo de cuidado transdimensional desenvolvido para e com a familiar cuidadora de pessoa com Doenca de Alzheimer pode contribuir para o seu viver mais saudável? Assim, nesse momento de análise, foi necessário agrupar as informações coletadas sobre o cotidiano das cuidadoras na tentativa de encontrar expressões, gestos, sentimentos, pensamentos, emoções ou outros relatos que foram mais fortes e significativos e que poderiam ser tanto pontos fortes, contribuindo para um viver mais saudável, quanto pontos fracos que necessitassem talvez de alguns ajustes no processo de cuidar.

Dessa forma, após essa etapa minuciosa, foi possível formular um mapa de dados em relação aos resultados, tanto positivo quanto menos positivo do cuidado desenvolvido, discutindo, assim, os principais resultados da aplicação do Cuidado Transdimensional na Consulta de Enfermagem para cuidadora familiar de idosos com D.A., ou seja, o que mudou no contexto dessas cuidadoras? Quais os sinais dessa mudança? Houve mudança no estilo de vida? Quais foram as percepções de seus familiares/pessoas que conviveram ao seu redor, a partir desse estudo? A partir de então, promoveram-se as interpretações a respeito dos

objetivos da pesquisa e da questão de pesquisa. c) Processo de Teorização

Nesse momento, há uma complexidade de informações (mapa dos resultados do desenvolvimento do cuidado transdimensional). Foi necessário fixar ainda mais os olhos na teoria para que se conseguisse definir os pontos-chave, emergindo, assim, as categorias e as subcategorias em que os conteúdos serão discutidos sob o ponto de vista de valores contidos nas informações, dos quais novas compreensões e novos questionamentos surgirão. Nesse ponto, as concepções já determinadas no projeto de pesquisa podem ser questionadas, assim como novas categorias poderão emergir da prática.

d) Processo de Transferência

De acordo com Trentini e Paim (2004, p. 96), essa etapa consiste:

na possibilidade de dar significado a determinados achados ou descobertas e procurar contextualizá-los em situações similares, sem que esse processo venha a ser entendido como poder de generalização. Pelo contrário, a intenção da transferência é de socialização de resultados singulares, e até mesmo nessa busca, arriscar a justificação de adaptações que venham a ser feitas.

Então, foi possível evidenciar as descobertas realizadas pelo desenvolvimento do cuidado transdimensional junto a familiar cuidadora de pessoas com Alzheimer através da consulta de enfermagem. É claro que não se pretende com esses resultados obtidos tomar como generalização no processo de cuidar, mas, sobretudo, oportunizar a socialização desses dados, bem como justificar a necessidade da diversidade da utilização dos padrões de expressão estética ou não. Também, nessa etapa, devem constar as sugestões e/ou recomendações para profissionais da saúde (na sua vivência profissional, no ensino e na formação do Curso de Enfermagem) que desejam utilizar o referencial do Cuidado Transdimensional e seus padrões de expressão estética, na construção do conhecimento e/ou aperfeiçoamento, do processo de cuidar, e/ou produzir uma mudança na realidade em que estão inseridos. A apresentação dos resultados conquistados com o desenvolvimento do cuidado transdimensional e a análise e discussão dessa experiência é realizada nos capítulos que seguem.