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Para analisar aspectos argumentativos da obra em questão consideram-se as reflexões de Charaudeau (2010b) sobre o tema. A esse respeito, algumas ressalvas são necessárias, especificamente por causa das possíveis incompatibilidades teóricas que uma abor- dagem argumentativa poderia acarretar para uma análise baseada na AD.

Charaudeau (2010b) analisa os modos de organização dos textos. Segundo o autor, esses modos de organização constituem- -se por “princípios de organização da materialidade linguística”, ou seja, por procedimentos de utilização de categorias linguísticas selecionadas e combinadas em função das finalidades discursivas de um texto. Cada um dos modos apresenta uma lógica de orga- nização do mundo e uma organização de sua encenação, esta úl- tima compreendida pelo autor como um componente em que se especifica:

a) a identidade tanto do sujeito falante (enquanto ser social e psicológico externo à enunciação) quanto do sujeito enun- ciador (enquanto protagonista da enunciação, interno ao ato de linguagem);

b) a imagem que se tem do sujeito receptor (correspondente ao sujeito falante) e do sujeito destinatário (correspondente ao sujeito enunciador) e

c) a imagem do que está sendo dito.

Desse modo, há o modo de organização narrativo, o descritivo e o argumentativo. Embora os textos combinem diferentemente os variados modos de organização, há, em geral, a predominância de um modo sobre os outros.

Essa predominância é determinada, segundo o ponto de vista assumido neste livro, por um modo de enunciação típico ou carac- terístico de uma dada formação discursiva e não por uma finali- dade comunicativa, o que implicaria uma concepção de sujeito tal como pressuposta, por exemplo, na Pragmática, incompatível com a perspectiva discursiva aqui adotada. Assim, são as restrições enunciativas de um discurso que delimitam os traços pertinentes para a organização discursiva dos textos (e para sua encenação) em diferentes modos ou tipologias textuais.

Pelo exposto, entende-se que a argumentação não é identificada como um processo individual de escolha por um sujeito enunciador sobre as categorias linguísticas referentes à argumentatividade de um

texto, mas um modo de organização discursivo (ou textual) delimi- tado pelos traços típicos do modo de enunciação de um determinado posicionamento discursivo ou de uma cena de enunciação legítima para esse posicionamento. Assim, pretende-se analisar como o modo de organização preponderantemente argumentativo relaciona-se a um modo específico de enunciação que, por sua vez, produz conse- quências para a análise da cenografia e do ethos do enunciador.

Sobre o modo de organização argumentativo, destacam-se as seguintes considerações de Charaudeau (2010b) para a análise do ethos e da cenografia: os elementos de base da argumentação, os componentes da encenação argumentativa, os escopos do valor de verdade da argumentação, seus tipos de configuração da argumen- tação e os procedimentos semânticos (domínios semânticos de ava- liação) e discursivos (mais propriamente textuais) da encenação argumentativa.

Sobre o modo argumentativo, Charaudeau (2010b) trata seus componentes organizando-os em função da lógica argumentativa e da encenação argumentativa. No que concerne à organização da ló- gica argumentativa, seus elementos de base são: a asserção de par- tida, a asserção de chegada e a asserção de passagem. Em relação à primeira, trata-se de um dado dizer sobre o mundo de modo que por meio dele se dê a existência de seres, a atribuição de suas carac- terísticas e a descrição de suas ações ou feitos. Em outras palavras, refere-se a determinada proposta sobre o mundo. Charaudeau (2010b) identifica a asserção de partida como o dado ou a premissa a ser questionada e justificada pela argumentação.

A asserção de chegada, por outro lado, indica aquilo “que deve ser aceito em decorrência da asserção de partida (A1) em decor- rência da relação que une uma à outra”. Ou seja, trata-se da afir- mação que deve ser aceita como verdade, válida ou legítima pelo outro a quem se dirige o sujeito que argumenta.

As asserções de passagens são formadas por enunciados que justificam a relação das asserções de partida e de chegada e, se- gundo Charaudeau (2010b), formam “um universo de crença sobre a maneira como os fatos se determinam mutuamente na expe-

riência ou no conhecimento de mundo”. Esse universo de crença é determinado, segundo uma perspectiva discursiva, pelas forma- ções discursivas às quais os sujeitos se identificam e às formações ideológicas que as sustentam. Essas asserções de passagem são as provas, as inferências ou os argumentos que informam sobre as re- lações de causalidade entre as duas primeiras asserções.

Os escopos do valor de verdade das asserções podem ser dife- renciados como genéricos (válidos para inúmeros casos em que ocorre a relação da asserção de partida com a asserção de chegada),

particulares (a relação entre as asserções de partida e de chegada li-

mitam-se a situações específicas) ou hipotéticos (a relação entre as asserções depende do grau de existência da asserção de partida).

Como elementos que compõem o dispositivo argumentativo básico (o contrato de fala pressuposto nesse modo de organização discursiva), estão uma proposta (uma tese), uma proposição (refe- rente à tomada de posição do sujeito sobre a proposta de mundo colocada em questionamento: acordo ou desacordo com a tese questionada ou ainda uma neutralidade em relação a esta, ponde- rando os seus prós e os contras) e um ato de persuasão (consiste na justificativa, refutação ou ponderação do ponto de vista em questão).

Charaudeau (2010b) especifica, ainda, os diversos tipos de configuração de um processo argumentativo: os que se referem à situação de troca monologal ou à situação de troca dialogal. Na si- tuação de troca monologal, um mesmo sujeito oferece uma pro- posta a ser questionada, constrói a proposição que sustenta seu ponto de vista sobre a tese em questão e desenvolve os processos de persuasão. Na situação de troca dialogal, são as réplicas da troca linguageira que desenvolvem os componentes da proposta, propo- sição e persuasão do texto.

Por fim, Charaudeau (2010b) classifica os procedimentos se- mânticos e discursivos que contribuem na produção de argu- mentos. No caso dos procedimentos semânticos, eles “consistem em utilizar um argumento que se fundamenta num consenso social pelo fato de que os membros de um grupo sociocultural comparti-

lham determinados valores, em determinados domínios de ava- liação”. Esse consenso de formações sociais é proporcionado pela identificação dos sujeitos às formações discursivas que reúnem os valores sociais por eles partilhados. Os domínios de avaliação dos argumentos que agrupam critérios e valores para sua legitimação são: o da verdade (refere-se ao domínio que identifica, em termos de verdadeiro ou falso, a existência de seres, sua autenticidade e sua unicidade e o âmbito de saber como princípio de explicação dos fenô menos do mundo), o do estético (a avaliação dos seres, suas repre sentações ou seus objetos ocorre em termos de belo e feio), o do ético (os comportamentos humanos são definidos em termos de bem ou mal em relação a uma moral determinada pelas regras do consenso social ou em relação a uma moral determinada pelas regras de conduta do próprio indivíduo), o do hedônico (que identi- fica os sentidos dos sujeitos em relação aos projetos e ações como agradável ou desagradável) e o do pragmático (que avalia, mediante um cálculo, a utilidade ou não de projetos e ações humanas).

Os procedimentos discursivos, por outro lado, identificam-se pelos usos sistemáticos de certas categorias linguísticas para a pro- dução dos efeitos de persuasão dos textos. Charaudeau (2010b) destaca os seguintes: a definição, a comparação, a citação, a descrição

narrativa e o questionamento.

A definição tem como objetivo a descrição de traços semân- ticos que caracterizam seres, objetos, ações, palavras, emoções, entre outros. Embora também seja um procedimento linguístico utilizado para a construção do modo de organização descritivo, é o uso estratégico que a identifica como um procedimento argumenta- tivo. A definição com fins argumentativos auxilia na produção de efeitos de evidência e de saber para o indivíduo que a utiliza em sua argumentação. Ela é subdividida por Charaudeau (2010b) em dois tipos principais: a definição de um ser (por meio de distinções de sentido em torno de uma noção, de recurso à propriedade dos termos ou de falsa tautologia) e a definição de comportamentos.

A comparação focaliza a relação de similaridade e de diferença entre as entidades envolvidas (na comparação qualitativa) ou foca-

liza a relação de quantidade ou de gradualidade de propriedades entre elas (na comparação quantitativa). Segundo o autor, o recurso à comparação visa reforçar uma evidência, produzindo um efeito pedagógico ao buscar melhorar o processo de compreensão de um dado fenômeno.

A descrição narrativa refere-se ao processo de descrever fatos para reforçar provas ou produzi-las. Como efeito, ela funciona como exemplificação dos argumentos selecionados.

Outro procedimento discursivo analisado por Charaudeau (2010b) é a citação. Como fenômeno do que se denomina de dis- curso relatado, a citação relaciona-se à referência mais fiel possível aos dizeres de outros sujeitos para conferir à argumentação traços de autenticidade. A citação visa ser a fonte de verdade, o teste- munho de um dizer (destaca as próprias declarações de outra fonte para constatar ou comprovar algo), de uma experiência (destaca o que alguém declara sobre o que vivenciou ou experienciou) ou de um saber (destaca o que se conhece em um determinado quadro científico ou o que diz uma voz de autoridade).

O último procedimento discursivo de argumentação descrito por Charaudeau (2010b) é o questionamento, que busca produzir validação de uma hipótese. O questionamento, como procedimento argumentativo, exerce as seguintes funções: de incitação a fazer (solicita uma solução para uma lacuna a ser preenchida da tese colo- cada em discussão), de proposta de uma escolha (solicita a decisão do interlocutor sobre uma oferta que lhe é feita), de verificação do saber (mostra o que o sujeito argumentante sabe e assegura a sua superioridade, em relação a um quadro de conhecimento, sobre aquele a que se dirige o questionamento), de provocação (revela uma apreciação do sujeito argumentante sobre o questionado, colo cando em causa o estatuto deste, forçando-o a uma resposta) e de denegação (propõe um argumento que já será rejeitado, ao co- locá-lo sob a forma como é apresentada a questão).

A obra em análise apresenta-se organizada em cem capítulos e cada um deles indica um dos passos que o enunciador propõe para a superação, pelos adolescentes, dos momentos de estresse de suas

vidas. Não se trata, nessa obra, de especificar dicas ou modos de enfrentamento dos dilemas que são próprios aos adolescentes, os problemas específicos dessa fase da vida, embora seja a eles dire- cionada. A enunciação é fundamentalmente argumentativa, já que o enunciador apresenta seus enunciados de forma a tentar con- vencer o seu jovem leitor da utilidade e da validade das sugestões mencionadas no alcance de uma vida mais tranquila.

Cada capítulo parte da premissa de que a adoção de cada su- gestão do enunciador será válida para o enfrentamento de mo- mentos de estresse. Ou seja, a asserção de partida de cada capítulo é a de que adotar determinada conduta evita o estresse. As asser- ções de transição que compõem os argumentos do texto eviden- ciam ou definem os benefícios de comportamentos associados à asserção de partida ou indicam os malefícios da adoção de compor- tamentos contrários às sugestões propostas nos capítulos. A as- serção de chegada implica a necessidade ou a obrigatoriedade da adoção das sugestões mencionadas pelo enunciador para a reso- lução de situações de estresse pelos adolescentes, descartando ou- tros tipos de conduta que poderiam agravá-las.

Os argumentos pelos quais o enunciador justifica suas dicas ressaltam as implicações psicológicas e sociais dos comportamentos mencionados, sejam eles os que o enunciador considera adequados, sejam os que ele considera inadequados, inapropriados. Esses com- portamentos também são avaliados, principalmente, conside- rando-se a utilidade ou inutilidade, ou seja, as consequências ou resultados que trazem para a vida do adolescente, no domínio semân tico pragmático (o tipo mais recorrente na obra); conside- rando-se a obediência ou não às regras de conduta oriundas de um consenso social, ou seja, no domínio semântico do ético e conside- rando-se as sensações de bem-estar ou mal-estar acarretadas por tais comportamentos, ou seja, no domínio semântico do hedônico.

O enunciador também simula, enunciativamente, uma si- tuação de troca dialogal, em que expressa pontos de vista distintos dos seus, que poderiam ser argumentos dos adolescentes contrários às suas afirmações, encenando, desse modo, um diálogo com seu

público leitor. O contrato de comunicação estabelecido na enun- ciação é explícito: as sugestões do enunciador constituem as pro- postas da argumentação, seus argumentos favoráveis a sua adoção compõem a proposição e os procedimentos discursivos de justi- ficação dos argumentos favoráveis e de refutação dos argumentos contrários, o quadro de persuasão.

Como já observado, portanto, em relação às propostas, o sujei to enunciador será sempre favorável e adotará um posicio- namento engajado na defesa ou no julgamento dos argumentos colo cados em causa a favor das dicas e sugestões que propõe aos adolescentes sobre como controlar suas emoções em momentos de estresse. A validade das dicas e sugestões do enunciador ou o es- copo de seu valor de verdade é, na grande maioria dos casos, gené- rica, ou seja, os passos para uma vida tranquila para os adolescentes aplicam-se a inúmeras situações da vida, em relação a inúmeros rela- cionamentos que estabelecem ao longo da adolescência, a diversos setores de sua vida.

Em relação ao processo de persuasão do público adolescente, o enunciador apresenta, entre os procedimentos discursivos mais recorrentes, as definições de comportamento, comparações qualita- tivas, citações de experiência e os questionamentos de denegação.

Na obra em análise, essencialmente orientada para a condução de atitudes que os jovens devem adotar para enfrentar as situações de estresse do cotidiano, as definições de comportamentos são o prin- cipal recurso argumentativo. Através das qualificações das conse- quências dos comportamentos definidos (o que já implica a adoção de um dado ponto de vista associado à formação discursiva da auto ajuda), o enunciador conduz o enunciatário para a avaliação do que é adequado ou não para as situações de estresse que o atingem. Especificamente, as condutas relacionadas aos passos sugeridos pelo enunciador apresentam definições de comportamentos e lis tam suas vantagens. Outros comportamentos que não se relacionam a essas dicas são considerados maléficos ao indivíduo, tanto em termos psicológicos quanto emocionais e sociais. Como exemplos dessas definições, seguem-se estes enunciados:

(34) “Sempre que você toma uma decisão ética, oferece seu apoio, opta pela honestidade ou estende a mão para alguém, você faz a diferença. Sempre que é educado, que recolhe o lixo, ou manda um cartão de agradecimento para alguém, você faz a diferença.” (Carlson, 2001, p.29.)

(35) “Costumo definir a angústia do trabalho completo como uma tendência a não completar as coisas, provavelmente por provo car uma certa angústia ou desconforto. É uma maneira de ‘quase’ terminar as coisas, mas não chegar ao fim […].” (Ibidem, p.159.)

(36) “Uma das coisas mais fáceis do mundo é ser um descobridor de erros. Como o nome sugere, essa é a tendência quase uni- versal de estar sempre alerta, pensando nisso e constante- mente apontando as falhas e imperfeições dos outros, da sociedade, do mundo e as suas também.” (Ibidem, p.61.) No que diz respeito às comparações, o que se verifica é o uso de comparações qualitativas, que enfocam especialmente seme- lhanças e diferenças entre comportamentos em diferentes situações de estresse ou semelhanças entre estes e comportamentos outros do cotidiano. No primeiro tipo, comparam-se as vantagens dos com- portamentos não agressivos às desvantagens dos comportamentos agressivos em situação de nervosismo. Tais comparações valem como modelos de condutas que os adolescentes devem seguir em momentos de estresse considerando-se outros fatos do mundo. Para exemplificar esse procedimento, apresentam-se as seguintes ocorrências:

(37) “Não vomite nos seus amigos! […] No entanto, é interessante considerar o que muitos de nós são tentados a fazer quando têm o equivalente emocional da indisposição estomacal – quando estamos desnorteados, caímos em depressão e fi- camos perdidos emocionalmente. Em vez de manter distância para não contagiar os outros, como certamente fazemos quando estamos doentes, às vezes agredimos as pessoas que

conhecemos – amigos, nossos pais e outros – com nossas lamen tações.” (Carlson, 2001, p.23.)

(38) “Você é o carpinteiro. Cada dia você martela um prego, prende uma tábua, ou levanta uma parede. As suas atitudes e as escolhas que você faz hoje constroem a “casa” na qual você vai morar amanhã.” (Ibidem, p.224.)

(39) “Se o seu objetivo é criar um monte de estresse em sua vida, sugiro que queime quantas pontes puder pelo caminho. Queimar pontes significa interagir com as pessoas de modo a garantir que elas nunca mais possam gostar de você e nunca mais queiram ter alguma coisa que ver com você. É como fe- char uma porta para sempre. Uma ponte representa a ligação entre você e o outro lado. Se queimasse uma ponte, estaria eli- minando um meio de atravessar. Da mesma forma, quando você queima uma ‘ponte humana’, está destruindo a sua ligação com outra pessoa, muitas vezes para sempre.” (Ibidem, p.247.)

Outro tipo de procedimento argumentativo encontrado, as citações (que visam atribuir um efeito de autenticidade aos argu- mentos do próprio enunciador) apresentam-se na obra em duas formas: citação de dizer e citação de experiência (Charaudeau, 2010b, p.240). A primeira forma tem como objetivo, segundo Cha- raudeau (2010b), “provar a veracidade de alguma coisa, para cons- tatá-la, ou para destacar sua exatidão”. Porém ela é muito menos frequente que a citação de experiência, que destaca testemunhos dos pacientes do autor da obra sobre a adoção dos comportamentos propostos por ele nas terapias que realizavam. O enunciador, a ins- tância enunciativa interna ao ato de linguagem, cita experiências de pacientes a fim de comprovar as consequências positivas de suas sugestões, muito embora as citações não sejam exatamente por meio de depoimentos em discurso direto e sim análises do enun- ciador sobre os testemunhos desses pacientes, o que pode acarretar um direcionamento do enunciador para determinados pontos,

uma “interferência” deste na interpretação do enunciatário sobre o que de fato foi experienciado pelos pacientes. Tais testemunhos, que reafirmam as fórmulas do enunciador, tratam das consequên- cias e das utilidades dessas orientações para as vidas desses pa- cientes. A seguir estão exemplos dessas ocorrências.

(40 “Segundo a opinião das duas, essa única mudança na comuni- cação entre elas teve um papel determinante no relaciona- mento. Estimulou-as a ouvir o que a outra dizia com atenção e a aprender uma com a outra.” (Carlson, 2001, p.40.)

(41) “Adolescentes de todo mundo me escreveram me dizendo que essa ideia foi muito útil para eles. […] Vários disseram que escrever livrou-os de uma fossa ou de um mau humor. Quase todos afirmaram que essa prática se transformou numa parte bem-vinda e constante da vida deles, que fez com que sen- tissem melhor praticamente o tempo todo.” (Ibidem, p.119.) (42) “Fiquei muito impressionado com um grupo de adolescentes

que conheci no Alabama. Pedi que me contassem como ha- viam expressado sua generosidade. Vários responderam que era divertido e fácil, além de tremendamente gratificante, ajudar alguém com o dever de casa, ou um exercício, ensi- nando alguma coisa, ou ajudar alguém a sair de uma enras- cada – todas ótimas ideias.” (Ibidem, p.128.)

Assim como as citações de experiência, descrições narrativas encontradas na obra também têm papel argumentativo. Segundo Charaudeau (2010b), tal procedimento produz efeito de exemplifi- cação aos argumentos utilizados, reforçando ou produzindo uma prova. Seja para ressaltar um comportamento tido como benéfico pelo enunciador, seja para descrever consequências maléficas de comportamentos contrários aos propostos pelo enunciador, tais narrativas são sempre comentadas pela ótica do enunciador, refor- çando o traço persuasivo desse mecanismo. O enunciador descreve fatos em que indica tanto atitudes consideradas nocivas aos adoles-