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Primeiramente procedeu-se o contato com duas escolas públicas de Ribeirão Preto, uma de ensino médio regular e outra de ensino médio técnico, para apresentação do projeto a partir de uma carta de apresentação (Apêndice B), com a finalidade de obtenção da autorização para coleta de dados com seus alunos. Cabe ressaltar que se pretendia realizar o estudo em três tipos de escola de nível médio, a saber, uma técnica, uma pública e uma particular. Contudo, após o contato com quatro escolas particulares, verificou-se nas escolas contatadas dificuldade para a realização da coleta de dados. Em duas dessas escolas foi negada a autorização, em uma escola a diretora afirmou que os dados só poderiam ser coletados quando algum professor faltasse, o que poderia estender o período de coleta e inviabilizá-la; em outra escola a coleta seria possível somente no contraturno, horários de atividades extras, as quais contavam com poucos alunos presentes, comprometendo a padronização dos procedimentos de coleta em relação às escolas pública e técnica (que seria realizada em sala de aula), o que, possivelmente, geraria vieses nos resultados. Assim, decidiu-se por realizar o estudo somente com as escolas públicas de nível médio regular e técnico, que foram selecionadas em função de receberem alunos de vários bairros da cidade de Ribeirão Preto, o que pode possibilitar relativas generalizações.

Os devidos cuidados éticos foram tomados para a realização do estudo. Assim, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, sendo aprovado em 19 de maio de 2011 de acordo com o Processo CEP-FFCLRP nº 572/2011 – 2011.1.1169.59.1 (Anexo C). Após a aprovação do projeto pelo referido Comitê de Ética, foi realizado um estudo piloto que permitiu avaliar a compreensão de um grupo de jovens sobre o Questionário de Educação para a Carreira (QEC), assim como medir o tempo gasto na aplicação do instrumento. O questionário foi aplicado em 33 clientes do Serviço de Orientação Profissional da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, mediante prévia autorização assinada por eles e pelos pais, no caso de menores de 18 anos de idade.

O QEC foi aplicado por estagiários que coordenavam três grupos de Orientação Profissional, e que foram devidamente instruídos em relação à aplicação dos instrumentos. Decidiu-se que a aplicação seria realizada pelos estagiários e não pela pesquisadora para não intervir no andamento dos grupos e na formação dos vínculos entre integrantes e estagiários.

O momento de administrar o questionário foi decidido pelos estagiários e pela supervisora das intervenções grupais (orientadora desta dissertação) de acordo com as etapas do processo de orientação profissional em que cada grupo se encontrava. As aplicações do QEC duraram em média 25 minutos. A outra técnica utilizada na pesquisa, o BBT-Br, não foi incluída no projeto piloto, pois se trata de um instrumento que já vem sendo largamente utilizado pelo grupo de pesquisa e intervenção em Orientação Profissional e de Carreira e, portanto, já é de conhecimento dos pesquisadores que os respondentes compreendem as instruções, assim como o tempo médio de resposta.

Em seguida, iniciou-se o contato com os alunos das duas escolas aprovadas. Tais contatos foram nas salas de aula, mediante a autorização dos professores que estavam ministrando as aulas. Os estudantes receberam uma explicação detalhada dos objetivos, procedimentos e considerações éticas da pesquisa e puderam formalizar sua participação por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE- Apêndice C) e também pelos pais, nos casos de menores de 18 anos de idade (os alunos puderam levar o TCLE para a casa e posteriormente entregar para a coordenadora da escola). O TCLE foi entregue aos alunos junto à Ficha de identificação e o Critério de Classificação Econômica Brasil (ABEP, 2012). Cabe ressaltar que a participação dos alunos foi voluntária e houve confirmação do sigilo das informações. Nos casos em que os alunos não quiseram participar da pesquisa, foi respeitada a vontade e a motivação dos mesmos, sem a ocorrência de qualquer ônus.

Com relação ao agendamento para as aplicações dos instrumentos, no ensino regular foi verificado o quadro de horários das aulas e a coordenação da escola indicou os professores com maior carga horária semanal, para que fossem agendados os horários. No ensino técnico, o coordenador verificou os quadros de horários dos cursos e indicou as salas para a coleta de dados. Cabe destacar que a grande maioria dos professores colaborou, cooperando com a realização e bom andamento da pesquisa.

Devido às duas formas do BBT-Br (masculina e feminina) e buscando otimizar a coleta dos dados, procurou-se obter dois cursos/salas por vez, para que fossem separados os alunos do sexo masculino e os do sexo feminino, conforme instruções de Achtnich (1991), Jacquemin (2000) e Jacquemin et al. (2006). Portanto, as sessões ocorreram concomitantemente (homens e mulheres) nas salas de aula ou anfiteatros das instituições, cada sessão de aplicação foi realizada por duas psicólogas. Na obtenção dos dados, a pesquisadora contou com a colaboração de cinco psicólogas e uma estudante de Psicologia no último ano do curso, de acordo com sua disponibilidade de horários em cada sessão de coleta. Cabe ressaltar que a pesquisadora e uma outra psicóloga (e um projeto associado) estavam sempre

presentes (uma no masculino e outra no feminino), alternando somente a participação das duas outras colaboradoras. Todas as aplicadoras tinham conhecimento das técnicas e foram treinadas por meio de simulações de aplicação.

Em cada sessão de coleta dos dados os objetivos da pesquisa foram retomados e então foi iniciada a aplicação do BBT-Br, a partir da leitura das instruções e apresentação das fotos em slides, com tempo programado de projeção de 10 a 15 segundos para cada foto, em tela específica para esta função. A partir de cada projeção o participante deveria efetuar uma escolha em que marcaria, no protocolo de respostas, o sinal + (se a atividade o agrada) o sinal – (se a atividade o desagrada) ou o sinal 0 (se a atividade o deixa indiferente ou indeciso). Decidiu-se por ser esta a primeira técnica a ser aplicada por seu caráter projetivo. As técnicas projetivas são caracterizadas por uma tarefa não-estruturada e “espera-se que os materiais do teste sirvam como uma tela, na qual o sujeito ‘projeta’ suas agressões, seus conflitos, seus medos, suas necessidades e seus processos característicos de pensamento” (Anastasi, 1908/1977). Dessa maneira, sendo esta a primeira tarefa dos respondentes, procurou-se evitar que o tema suscitado pelo outro instrumento (QEC, uma técnica objetiva) influenciasse no processo projetivo no BBT-Br. Posteriormente foi aplicado o QEC, com tempo de aplicação em média de 25 minutos, de acordo com as instruções contidas no próprio instrumento. Cabe ressaltar que a coleta dos dados ocorreu no período de agosto a outubro de 2011.

Como contrapartida pela colaboração voluntária dos participantes, foram fornecidos aos mesmos os resultados individuais relativos ao BBT-Br, pois ele possui normas para essa população e está aprovado pelo SATEPSI/CFP. Esses resultados foram apresentados em folhas que continham a estrutura de inclinação do participante e uma breve explicação sobre cada radical de inclinação. As psicólogas apresentaram os resultados em sala de aula, dispondo-se a resolver possíveis dúvidas com relação aos mesmos e, ainda ofereceram a possibilidade de agendar um horário com a pesquisadora e a de ter atendimento no Serviço de Orientação Profissional da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - FFCLRP/USP, porém esse serviço não foi solicitado por nenhum voluntário. Os participantes fizeram uso do tempo na escola para sanarem dúvidas com os pesquisadores a respeito de seus resultados individuais.

Além disso, foram oferecidos ao coordenador pedagógico da escola técnica, a seu pedido, os dados sociodemográficos de seus alunos para que pudessem ser apresentados em reuniões e fornecer diretrizes para a política pedagógica da escola. Vale salientar que os dados foram fornecidos em termos globais respeitando-se o sigilo em relação às informações particulares dos participantes.

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