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a) Escolha dos sujeitos

Foram escolhidos como sujeitos todos os colaboradores que trabalhavam com vínculo permanente na unidade de abrigo, nos diferentes turnos de trabalho. Esses colaboradores ocupavam diferentes cargos e estavam há pelo menos seis meses fazendo parte do quadro de funcionários da instituição. Essas informações foram coletadas junto aos dirigentes do abrigo.

Também foi escolhido um grupo de crianças levando em consideração a quantidade de internos durante o mês de iniciação da coleta de dados. Dois critérios fizeram parte da seleção do grupo de crianças: idade (superior a seis anos) e tempo de permanência na instituição de abrigo (superior a um mês). A idade escolhida foi a de seis anos, pois nessa idade, geralmente a capacidade de expressão verbal está mais bem articulada. Nesse caso, nem todas as crianças e jovens tiveram igual oportunidade de fazer parte da amostra escolhida, pois havia crianças que estavam abrigadas por um período inferior a um mês e de idade inferior a seis anos. A quantidade de crianças abrigadas foi identificada por meio das fichas de controle, onde são registradas informações gerais sobre as crianças e jovens institucionalizados. Foi feito um levantamento das características dos sujeitos (idade, sexo e tempo de permanência no abrigo), conhecidas com base nesses documentos. Essas características foram agrupadas de forma a permitir determinar a proporção em relação à quantidade total de crianças que atendiam os critérios de faixa etária, sexo e tempo de permanência, que compõe o conjunto da população. Em seguida, foi escolhido 50 % das crianças, por meio de um sorteio, respeitando a proporcionalidade do tamanho de cada sub- grupo, de onde foi formado o grupo final de sujeitos da amostra.

b) Elaboração do roteiro de entrevista

Os roteiros de entrevistas foram elaborados com base na análise das variáveis envolvidas no fenômeno estudado, com o objetivo de obter informações que permitissem produzir conhecimento sobre o problema investigado. Quando há o exame de um problema

de pesquisa, é importante verificar a multiplicidade de variáveis envolvidas. Essas variáveis, após serem identificadas permitem uma maior visibilidade sobre o fenômeno investigado. Além de identificar as variáveis em seus aspectos principais, uma decomposição foi feita, descrevendo os componentes de um conjunto de variáveis (Anexo10) atingindo partes cada vez mais específicas, até chegar a uma unidade de análise satisfatória. As variáveis delimitadas em qualquer investigação, fazem parte das escolhas do pesquisador e não esgotam todo o conhecimento possível de ser produzido.

Antes da coleta final de dados por meio das entrevistas foram realizadas entrevistas testes que auxiliaram na reformulação de questões, com a finalidade de aprimorar os instrumentos e torná-los simples e precisos. Foram elaborados três roteiros de entrevista: um roteiro para os dirigentes da instituição (Anexos 4 e 5), um roteiro para os colaboradores (Anexos 6 e 7) e um roteiro para entrevistar o grupo de crianças e jovens abrigados (Anexo8).

c) Elaboração do roteiro de observação por meio de documentos

O roteiro de observação por meio de documentos também foi elaborado com base na identificação e descrição das variáveis envolvidas no fenômeno estudado (Anexo 2).

d) Elaboração do roteiro de observação direta

A partir das variáveis delimitadas foram selecionadas as que poderiam ser observadas diretamente. Assim, a elaboração do protocolo de observação direta (Anexo 3) teve como objetivo identificar as condições habitacionais que fazem parte da estrutura física da unidade de abrigo onde vivem crianças e jovens.

e) Contato com os sujeitos

A pesquisadora foi pessoalmente conversar com os dirigentes responsáveis pela instituição de abrigo. Nessa ocasião, identificou-se, informou a instituição a qual está filiada e apresentou o projeto de pesquisa a ser realizado. Também informou os

procedimentos éticos (não identificação dos participantes, autorização por escrito de participação voluntária) adotados para assegurar os direitos e deveres de todos os envolvidos. Após a autorização por parte dos dirigentes, os colaboradores da instituição foram encontrados em seu local de trabalho. No primeiro contato com esses sujeitos, a pesquisadora seguiu os mesmos procedimentos de apresentação, levando em consideração nesse momento, a disposição do sujeito para participar da pesquisa. Foi informada a duração média e o sigilo absoluto da autoria de cada entrevista. Os sujeitos que concordaram em participar das entrevistas, nos dias e locais marcados, assinaram um documento que comprova sua participação voluntária e define outros procedimentos éticos, como, por exemplo, o sigilo das informações registradas.

Em relação ao grupo de crianças e jovens, já no primeiro contato, foram realizadas as apresentações e explicada a razão pelas quais foram selecionadas a participarem da pesquisa. A pesquisadora fez primeiramente a sua apresentação e informou sobre a necessidade de conhecê-los melhor. Para isso, disse ao grupo de crianças e jovens que precisava realizar uma série de perguntas e algumas atividades. Além disso, informou que nenhuma resposta seria divulgada contendo a sua identificação. O termo de aceitação da participação do grupo de crianças e jovens foi firmado com a pessoa responsável pela guarda das crianças abrigadas, nesse caso, a diretora presidente da instituição de abrigo.

f) Realização das entrevistas com dirigentes e colaboradores do abrigo

A entrevista foi realizada com base nos roteiros elaborados a partir da identificação e descrição das variáveis. As perguntas das entrevistas foram feitas na ordem em que aparecem no roteiro. Porém, primeiro a pesquisadora fazia a pergunta do roteiro estruturado e logo em seguida, completava, quando necessário, com questões do roteiro aberto. Quando surgiram aspectos de interesse para a problemática investigada e não constava em nenhuma pergunta do roteiro, essas respostas foram registradas e sua relevância foi avaliada posteriormente. As entrevistas com os dirigentes ocorreram primeiro e logo em seguida com os colaboradores do abrigo. Essas aconteceram em um único encontro, individualmente. Foi escolhido um local onde a pesquisadora e os entrevistados estivessem preservados de interrupções. Durante as entrevistas, sujeito e pesquisadora ficaram sentados

frente a frente para a aplicação do instrumento. As entrevistas foram registradas em folhas de papel ofício no momento em que as respostas eram dadas.

g) Realização de entrevistas com o grupo de crianças e jovens

As entrevistas com as crianças e jovens foram realizadas também com base no roteiro elaborado a partir da identificação e descrição das variáveis. As entrevistas aconteceram individualmente com cada criança ou jovem em dois encontros. Antes de a pesquisadora iniciar a realização das entrevistas, foi proposto primeiramente aos dirigentes e depois às crianças, no período de uma semana, encontros diários com duração aproximada de uma hora, para que elas pudessem familiarizar-se e para que pudessem estabelecer um bom relacionamento com a entrevistadora. Além disso, aos poucos, puderam compreender melhor sua participação na pesquisa. Para esses encontros foram realizadas atividades programadas para o grupo como jogos infantis, leituras, e outras. Durante esses encontros, a pesquisadora também reuniu dados que a informaram a respeito da linguagem e do nível de compreensão dos informantes. Assim, pôde ser feita a reformulação das questões do roteiro de entrevista. Para o registro da entrevista, em folhas de papel ofício, foi respeitada a seqüência em que aparecem as perguntas.

h) Observação por meio dos documentos

Foram coletadas as informações impressas que constavam no roteiro de observação em anexo (Anexo 1). Para isso, a pesquisadora reuniu os documentos selecionados que estavam à disposição na instituição (fichas de controle, relatórios sociais e estatuto da entidade de abrigo) e escolheu o que continha maior quantidade de informações a respeito das variáveis investigadas. Foi feito o registro por escrito, separadamente, em folhas de papel ofício, após a leitura de cada documento. Esses documentos foram as primeiras fontes de informação coletadas.

i) Observação direta das condições habitacionais

No primeiro momento, a pesquisadora fez uma visita acompanhada de uma colaboradora da instituição a todos os ambientes que fazem parte do abrigo. No dia seguinte, a pesquisadora visitou sem acompanhantes, em horário pré-estabelecido pela presidente da unidade de abrigo, cada local onde era necessário coletar informações (sala, cozinha, banheiros, quartos, lavanderia, recepção), realizando o registro de acordo com as definições dos valores das variáveis, por escrito, em folhas de papel ofício, no protocolo de observação das condições habitacionais. As primeiras informações coletadas das condições habitacionais foram feitas em dois dias, no turno da manhã e caracterizavam o estado de conservação de cada móvel, equipamento e outros objetos que faziam parte de cada ambiente do abrigo. Essas informações foram coletadas após a observação feita nos documentos.

As demais informações do protocolo caracterizavam o estado de higiene dos objetos presentes em cada ambiente. Essas informações, registradas também de acordo com as categorias de definição elaboradas, em um primeiro momento foram realizadas em três dias alternados, em horários antes e depois da limpeza. Os horários da limpeza foram obtidos diretamente com os colaboradores responsáveis, a partir de um roteiro construído com essa finalidade (Anexo 9). Ao realizar a organização e a análise dos dados foi possível perceber que não ocorriam diferenças significativas na coleta de dados em horários antes e depois da limpeza. Sendo assim, a pesquisadora então, realizou a observação em dias e turnos diferentes: manhã, tarde e noite. Os horários escolhidos variaram, porém os resultados também não mostravam diferenças significativas quando comparados. Desse modo, os resultados apresentados no capítulo 4 caracterizam o estado geral de higiene dos objetos observados.

j) Organização e análise de dados

Os dados coletados foram organizados primeiramente em Tabelas gerais, por unidades de interesse para realizar o exame que auxiliou na primeira visualização das informações coletadas. Essa organização criou a primeira condição necessária para decidir o tipo de

tratamento mais apropriado aos dados. Parte dos dados foram tratados por porcentagem e parte em proporção. Após essa etapa, foi realizada a análise dos dados, representados por meio de tabelas e figuras, destacando as distribuições das variáveis consideradas importantes para responder aos objetivos da pesquisa. Para as questões que permitiam tipos de respostas livres, essas respostas foram agrupadas em categorias com propriedades comuns. Seguindo a análise dos dados, foi possível descrever os dados coletados, destacando aspectos importantes e que são fundamentais para apoiar a interpretação de dados. Durante a interpretação foram feitas relações entre as variáveis, quando pertinentes. Por exemplo, quantidade de crianças versus quantidade de cômodos, versus tipo de imóvel. Algumas informações fornecidas pelas crianças, colaboradores e dirigentes também foram comparadas entre si.

CARACTERIZAÇÃO GERAL DAS CRIANÇAS E JOVENS QUE VIVEM EM UMA UNIDADE DE ABRIGO

A análise das características gerais de crianças e jovens que vivem em unidades de abrigo fornecem informações importantes sobre as condições de vida e sobre as necessidades decorrentes das características gerais da população atendida nessas instituições. A análise das características gerais dessa clientela pode contribuir para derivar os comportamentos dos agentes que administram essas instituições e que são necessários para o gerenciamento eficaz. Os profissionais envolvidos com o trabalho em Unidades de Abrigo, mesmo que não conheçam ou não possuam condições suficientes para desenvolver projetos de atendimento que possam ir ao encontro das reais necessidades dessa população, precisam criar um tipo de gestão no qual haja clareza sobre suas funções. Quando a gestão de uma instituição ocorre de forma fragmentada, por meio de comportamentos de rotina, práticas e atividades institucionais, pode conduzir seus colaboradores a apenas executarem suas atividades sem que ocorra um projeto integrado de interesses comuns (Botomé, 1996). Cada indivíduo inserido na instituição realiza suas atividades, sem saber de que modo elas estão relacionadas a outras. Sendo assim, não conseguem reconhecer a importância de suas ações e entender seus significados.

As unidades de abrigo são instituições sociais criadas com o objetivo atribuído pela sociedade que é o de realizar o planejamento e execução de programas de proteção e programas sócio-educativos destinados às crianças e adolescentes (ECA, 1990). Esses objetivos servem para orientar as pessoas envolvidas com o trabalho em unidades de abrigo. Assim, possui um objetivo final delimitado, mas, de que forma estão acontecendo as ações que compõem as atividades-meio? Há clareza a respeito dessas atividades? Possuem essas instituições uma estrutura capaz de produzir os resultados esperados pela comunidade social? A rede de comportamentos de cada pessoa inserida na instituição

auxilia na realização das atividades-meio e, conseqüentemente, na consecução dos objetivos da instituição. A relação entre a ação humana, a situação onde ela acontece e suas conseqüências, coincide com o conceito de comportamento definido por Botomé (2001). Para esse autor o conceito de comportamento é compreendido como o conjunto de relações ou micro relações, entre o que um organismo faz (resposta ou ação) e o ambiente (meios físicos e sociais) e ainda, o que antecedem essas ações e os conseqüentes das mesmas. O conceito de comportamento constitui um recurso para compreender de que forma as pessoas responsáveis estão agindo em relação aos cuidados dispensados às crianças. O que acontece com as classes de respostas que apresentam? Essas classes possuem relações eficazes com o meio que constitui seu ambiente de trabalho? Botomé (2001) descreve que o meio, para efeito de compreensão do comportamento, é entendido sob duas perspectivas: o meio é o que acontece junto ou antes da ação de um organismo e o que acontece depois dessa ação. O conceito de meio não é algo estático ou fixo, mas sim, algo em constante mudança provocada pela ação de um organismo que age em relação ao meio.

As informações disponíveis na unidade de abrigo, como as características de sua população, são importantes fontes para os profissionais que ali trabalham aprenderem a atuar de forma eficaz em relação às situações problemas existentes. Dessa forma, as chances de produzir resultados positivos aumentam, pois suas ações acontecem de forma contextualizada no sentido de saber quais ações precisam realizar para garantir um equilíbrio entre as necessidades básicas das crianças e o ambiente que lhes é oferecido. São apresentadas nesse capítulo, as características da população atendida na unidade de abrigo investigada, tais como, faixa etária, gênero, fluxo de crianças (ingressos e egressos) motivo e destino dos encaminhamentos. Essas variáveis revelam quem é a população atendida nessas instituições e quais as decorrências dessas descobertas para as instituições, para os profissionais que trabalham nas unidades de abrigo e para as crianças e jovens que possuem temporariamente suas circunstâncias de vida ligadas a instituições desse tipo.

1. Características da faixa etária e gênero das crianças e jovens abrigados

As Tabelas 3.1 e 3.2 apresentam a distribuição da quantidade e da porcentagem de crianças e adolescentes abrigados de janeiro a abril de 2003, segundo a faixa de idade e o gênero.

Tabela 3.1

Distribuição da quantidade de crianças e adolescentes abrigados de janeiro a abril de 2003, segundo a faixa de idade e o gênero*

Faixa de idade e gênero Mês do ano 0 a 3 M F 4 a 6 M F 7 a 9 M F 10 a 12 M F 13 a 16 M F Sem registro M F Total M F Total Janeiro de 2003 Fevereiro de 2003 Março de 2003 Abril de 2003 4 6 3 6 4 6 7 6 3 0 2 1 2 1 2 1 2 5 5 1 5 1 3 4 5 4 5 5 5 5 6 4 0 2 1 3 2 3 0 2 0 0 0 0 3 1 0 0 14 17 16 16 21 17 18 17 31 32 38 35 Total 18 24 9 3 15 11 21 18 3 10 3 1 69 67 136

Nota: Os dados dos meses anteriores a janeiro de 2003 não foram apresentados em função da falta desses registros nos documentos da instituição de abrigo.

Tabela 3.2

Distribuição da percentagem de crianças e adolescentes que passaram pelo abrigo em cada mês, segundo a faixa de idade e o gênero.

Faixa de idade e gênero Mês do ano 2003 0 a 3 M F 4 a 6 M F 7 a 9 M F 10 a 12 M F 13 a 16 M F Total M F Total Janeiro Fevereiro Março Abril 12,9 9,4 11,8 20,0 19,3 18,7 17,7 17,1 9,7 6,2 5,9 5,8 -- 3,2 2,9 2,8 6,4 15,6 14,7 8,6 16,2 3,2 2,9 11,4 16,2 15,6 14,7 17,1 12,9 15,6 14,7 11,4 -- 3,1 5,9 -- 6,4 9,4 8,8 5,8 45,2 50,0 52,9 51,4 54,8 50,0 47,1 48,6 100,0 100,0 100,0 100,0 Total 13,6 18,4 6,8 2,1 11,4 8,2 16,0 13,6 2,2 7,6 50,0 50,0 100,0

Nota: Somente foram considerados na Tabela 3.2 a quantidade de crianças e adolescentes com o registro da idade nos documentos. Foram observadas a falta do registro da idade de quatro crianças, três meninos e uma menina.

Foram abrigadas nesse período, 136 crianças e adolescentes, dos quais 69 são do gênero masculino e 67 do gênero feminino. O número de crianças e adolescentes abrigados varia progressivamente, embora ocorra um decréscimo no mês de abril de 2003. Os dados mostram também que a quantidade de meninos abrigados cresce no decorrer dos meses até março de 2003, enquanto que a quantidade de meninas mantém-se igual em todos os meses, com exceção do mês de fevereiro de 2003. Quanto à variação por faixa etária, a distribuição é heterogênea. No entanto, há uma predominância em todos os meses de crianças e adolescentes nas faixas etárias do zero aos três anos e dos 10 aos 12 sobre as demais faixas analisadas.

As crianças com idade do zero aos três (n= 42) correspondem a 32% do total de crianças que possuem o registro da idade nos documentos abrigadas no período (n= 132). Em seguida, aparece a faixa etária dos 10 aos 12 anos (n= 39), 21 meninos e 18 meninas, que corresponde a 29,6%. A faixa dos sete aos nove anos (n= 26), 15 meninos e 11 meninas, representa 19,6 % do total e a faixa dos 13 aos 16 (n=13), dos quais, três são meninos e 10 meninas, representa 9,8 %. Dos quatro aos seis anos são 12 abrigados e em relação ao total de crianças abrigadas no período representam 8,9 %, sendo nove meninos e 3 meninas. No mês de março de 2003 não há o registro completo nos documentos da instituição da idade de quatro crianças, todas do gênero masculino, o que não acontece nos meses de janeiro, fevereiro e abril de 2003.

Do total de 31 internos (100%) em janeiro de 2003, dez crianças (32,2%) têm entre zero e três anos de idade. Em fevereiro, do total de 32 internos (100%), dez crianças (31,2%) têm entre 10 a 12 anos. No mês de março há 34 crianças (100%), considerando somente as crianças com o registro da idade, das quais 10 crianças (29,5%) têm entre zero e três anos, e dez (29,5%) entre 10 a 12 anos. Já em abril, 13 crianças (37,1%) têm de zero a três anos, do total de 35 abrigados (100%). As demais faixas etárias possuem menor concentração de crianças e adolescentes, como é possível observar na Figura 3.1.

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Janeiro Fevereiro Março Abril

Meses do ano de 2003 Quantidade de

crianças

0 a 3 4 a 6 7 a 9 10 a 12 13 a 16 sem registro

Figura 3.1. Variação da quantidade de crianças e adolescentes abrigados ao longo dos meses.

Enquanto as Tabelas 3.1 e 3.2 apresentam os dados com maior detalhamento de variáveis, a visibilidade dada pela Figura 3.1 revela melhor a variabilidade das faixas etárias ao longo dos meses. A Figura 3.1 mostra a evolução da quantidade de crianças e adolescentes abrigados ao longo dos meses, segundo a faixa etária. O gráfico evidencia que as faixas etárias do zero aos três anos e dos 10 aos 12 aparecem com maior concentração de crianças e adolescentes ao longo dos meses que as demais faixas analisadas.

A faixa de idade que compreende dos sete aos nove anos mantém-se praticamente com a mesma quantidade de crianças ao longo dos meses. É o que acontece também com a quantidade de crianças que têm entre quatro e seis anos de idade. Em relação à quantidade de adolescentes com idade entre 13 a 16 anos, há um aumento nos meses de fevereiro e março quando comparado aos meses de janeiro e abril. Essa é a faixa etária com maior variação ao longo dos meses da quantidade de crianças abrigadas.

a) Decorrências para as unidades de abrigo de haver uma distribuição heterogênea quanto à variação por faixa etária

Por meio dos dados coletados é possível verificar que as Tabelas 3.1 e 3.2 mostram que existe uma distribuição heterogênea quanto à variação por faixa etária e que a quantidade de meninos e meninas abrigadas nesse período é próxima (69 são do gênero masculino e 67 do feminino). Essas características da população abrigada revelam que a instituição de abrigo precisa possuir condições habitacionais para atender de forma apropriada à variação existente na quantidade de meninos e meninas em diferentes faixas etárias. Assim, a forma como são distribuídos os espaços disponíveis, os móveis e equipamentos, a programação de atividades e a quantidade de profissionais com capacidades específicas à disposição do abrigo, deveriam levar em consideração as características de gênero e faixa etária das crianças e adolescentes abrigados.

Há exigências que são impostas nas diferentes fases e ritmos de desenvolvimento de crianças e jovens. A última linha da Tabela 3.2 mostra que a faixa de idade do zero aos três anos compreende 32,0% do total de crianças abrigadas no período analisado que possuem o registro da idade nos documentos. As crianças nessa idade necessitam de cuidados diferenciados. Crianças menores são acentuadamente dependentes de atendimentos prestados pelos adultos e esses por sua vez, precisam estar atentos as manifestações de seu comportamento para poder atribuir um significado, satisfazendo assim, suas necessidades. São muitas as necessidades das crianças nessa fase, e essas incluem desde necessidades biológicas como as de alimentação, sono, eliminação, banho, até as que envolvem aspectos

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