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O presente trabalho se desenvolveu em três etapas relacionadas entre si. A primeira se constituiu na construção do referencial teórico-metodológico, por meio do qual buscamos em livros, artigos e demais trabalhos acadêmicos assuntos pertinentes ao objeto da pesquisa, promovendo o aprofundamento teórico sobre o tema e adquirindo dados e informações necessárias ao tratamento e análise dos dados obtidos durante a pesquisa. Esta etapa mostrou-se contínua, ocorrendo concomitantemente as demais etapas do trabalho.

A segunda etapa se constituiu na construção dos dados, a qual visou à análise minuciosa das fontes que serviram de suporte para a investigação proposta. Considerando os objetivos do estudo, realizamos inicialmente um levantamento sobre a evasão nos cursos de licenciatura no Brasil, dando ênfase aos cursos de

Licenciatura em Química. Em seguida, buscamos dados referentes à evasão especificamente no curso de Licenciatura em Química da UTFPR, câmpus Campo Mourão, foco de nosso estudo. A obtenção desses dados foi possível mediante análise documental e dados do Relatório Analítico de Gestão (RAG), disponibilizados pela própria instituição.

Apesar de ser ainda muito pouco explorada, a análise documental representa uma importante ferramenta na aquisição de dados para estudos de cunho qualitativo. Este modo de análise visa à identificação de informações contidas em documentos, sendo estes quaisquer materiais escritos que possam ser utilizados como fontes de informação (como leis, regulamentos, normas, diários pessoais, planilhas, jornais, revistas, livros, questionários e etc.), a partir de questões ou hipóteses de interesse do pesquisador (LÜDKE; ANDRÉ, 2014).

Além disso, a análise documental apresenta muitas vantagens para a coleta de dados, uma vez que se apresenta como uma fonte rica e estável que persiste ao longo do tempo, podendo ser consultados diversas vezes como base para outros estudos. Os documentos também são fontes de evidências que fundamentam afirmações e declarações do pesquisador por um custo relativamente baixo: requer apenas investimento de tempo e atenção por parte do pesquisador para que se possam retirar as informações relevantes para seu estudo (LÜDKE; ANDRÉ, 2014).

De posse desses dados, partimos para a elaboração e aplicação de um questionário semiaberto (Apêndice A) com os alunos que desistiram do curso nos últimos cinco anos, tendo em vista analisar os possíveis fatores desencadeadores de sua evasão acadêmica.

Segundo Gil (2002), várias técnicas podem ser adotadas para a construção de dados de determinado estudo, sendo uma das mais utilizadas o questionário, o qual permite ao pesquisador a análise de grande número de elementos. Para este autor, o questionário configura-se como um importante instrumento de construção e análise de dados pelo fato de ter como base respostas fornecidas por um grupo representativo da população e perguntas coerentes e estruturadas de acordo com o objeto de pesquisa.

Marconi e Lakatos (2010) definem o questionário como um importante instrumento de coleta de dados que se constitui por uma série de perguntas. Estas devem ser respondidas por escrito e sem a presença do pesquisador, no intuito de evitar que se influencie nas respostas.

O questionário aplicado aos estudantes que desistiram do curso, composto por perguntas discursivas e objetivas, continha questões referentes à sua escolaridade, carreira profissional e condições socioeconômicas – pessoal e familiar. Este material foi baseado no questionário socioeconômico disponível pelo ENEM do ano de 20096. O link do questionário, disponibilizado virtualmente por meio da ferramenta de formulários do Google®, foi enviado ao endereço eletrônico que os alunos disponibilizaram no momento de seu ingresso na instituição. Ao clicar no link, o participante era direcionado ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B), no qual eram explicitados aos participantes os objetivos do estudo e a importância de sua participação, bem como os aspectos éticos da pesquisa, deixando claro o caráter sigiloso do conteúdo informado por eles no momento de sua participação. Os participantes só tiveram acesso ao questionário semiaberto depois de aceitarem esse Termo, indicando que conheciam os objetivos da pesquisa e seus aspectos éticos.

Essa prática, além de exigida por comitês de ética em pesquisa com seres humanos, vai ao encontro do que propõem os estudos sobre metodologia de pesquisa. Marconi e Lakatos (2010) defendem que junto ao questionário deve-se enviar uma nota explicativa, na qual sejam definidos a natureza da pesquisa, bem como sua importância e necessidades de obter as respostas para o questionário. Além de esclarecer ao participante o objetivo e importância da pesquisa, esta nota visa chamar a atenção do mesmo para que responda ao questionário dentro de prazo razoável.

Foram considerados participantes deste estudo os estudantes que desistiram do curso de Licenciatura em Química da UTFPR-CM entre o primeiro semestre de 2011 (período em que o curso foi iniciado) e o primeiro semestre de 2016, período correspondente aos cinco primeiros anos do curso, tempo necessário para que quatro turmas o concluíssem (turmas 1/2011; 2/2011; 1/2012; 2/2012, respectivamente). Por meio do contato com o Departamento de Educação da instituição, foram obtidos 220 endereços eletrônicos (e-mails), dos quais seis eram duplicados - correspondentes a alunos que se matricularam e desistiram do curso

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Questionário sócio econômico do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), 2009. Disponível em: http://download.uol.com.br/educacao/enem2009/quest_socioec_enem2009.pdf. Acesso em: 16 de janeiro de 2016.

duas vezes. Assim, ao final, foram totalizados 214 participantes, sendo esse o quantitativo de e-mails enviados.

A primeira tentativa de contato ocorreu no dia 23 de fevereiro de 2017, a partir da qual, num período de 29 dias, foram recebidas 35 participações. Na segunda tentativa, ocorrida no dia 24 de março de 2017, foram recebidas mais 15 participações - num intervalo de 26 dias. A terceira e última tentativa ocorreu no dia 19 de abril de 2017, a partir da qual foram obtidas mais nove participações. Assim, no total, obtivemos 59 participações, o que corresponde a um percentual de 27% em relação ao total de e-mails constatados. Segundo Marconi e Lakatos (2010) os questionários expedidos pelo pesquisador alcançam, em geral, 25% de devolução. A partir desse dado, e considerando as dificuldades que envolvem o contato com pessoas afastadas da universidade7, podemos considerar que obtivemos uma quantidade razoável – porém significativa - de respostas para o prosseguimento de nosso estudo. As respostas obtidas por meio do questionário se mostraram bastante diversas, o que permitiu o apontamento de caminhos para a triangulação dos dados e para a criação de algumas categorias de análise.