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Percurso Metodológico

4.6. Procedimentos da pesquisa

A pesquisa de campo foi realizada durante os meses de março e abril de 2006, através de um acompanhamento diário e sistemático das atividades desenvolvidas na escola dentro e fora de suas instalações.

O trabalho de pesquisa, neste período, incluiu inúmeras atividades: reunião de coordenação; passeio ao circo; lanches; observação de momento solene; entradas em sala de aula para observação da dinâmica pedagógica e da interação da professora com os alunos e dos alunos entre si; dinâmicas conversacionais com as professoras, com os alunos, com a diretora, com outros membros da direção da escola e com os demais integrantes deste ambiente escolar; análise de documentos;

completamento de frases e respostas a um questionário pelas professoras; resposta observação da hora do recreio; observação da hora de escovar os dentes; observação do momento em que os alunos fazem a fila e no qual costumam receber avisos das professoras e realizar suas orações; observação da relação entre as professoras; visita da arquiteta que está fazendo a planta da “nova” escola; diversos momentos em que a escola recebeu visitas de estudantes, “padrinhos”, entre outros; momentos informais que permitiram à pesquisadora interagir melhor com o grupo, criando um ambiente de confiança mútua que nos permitiu ter acesso ao ambiente escolar com todas as suas singularidades.

Acompanhamos as professoras em vários momentos da escola, mas cabe ressaltar que nosso foco de pesquisa eram as professoras em sua ação pedagógica. Desta forma, as informações obtidas em outros momentos, nos permitiram compreender a escola como contexto onde se inseria o trabalho pedagógico delas.

Durante nosso estudo a interagimos com todos aqueles que estiveram no ambiente escolar, tendo tido acesso livre a todas as instalações e sendo recebida pelos integrantes da escola de forma acolhedora por parte dos alunos, das professoras, e também da direção, e isto fez com que nos sentíssemos parte daquele universo escolar.

Ao longo da pesquisa foram feitas 30 visitas à escola, o tempo mínimo de permanência no ambiente escolar foi de três horas e o máximo de 7 horas. Acompanhamos, no curso de nossa incursão empírica as aulas no turno matutino, tivemos encontros com a direção da escola no turno vespertino e também estivemos envolvidos com atividades da escola em quatro sábados. Considerando as horas dedicadas ao trabalho de campo, totalizamos 127 horas de acompanhamento do trabalho escolar.

Como nosso foco de estudo era identificar como se expressa a criatividade dos professores que atuam com alunos com necessidades educacionais especiais em suas turmas, procuramos focar nosso estudo nas observações da dinâmica pedagógica existente em sala de aula e nas interações dos professores com os alunos, especialmente com aqueles que apresentam alguma necessidade educacional especial.

Como já apontamos anteriormente, utilizamos um gravador digital a fim de registrar os momentos de interação que ocorreram na escola. As professoras, a Direção e os alunos sabiam do uso do equipamento e não se opuseram a ele, o gravador por ser pequeno, estava sempre no bolso da calça da pesquisadora não aparecendo de forma ostensiva, mas estando claro, para todos, a sua presença. Outra forma de sistematizar nossos registros foi o uso de um diário de campo.

Todos sabiam o motivo pelo qual estávamos na escola, mesmo assim, ocorreram situações em que tivemos que agir como a professora da turma a fim de auxiliar a “tia15” em momentos específicos. Como exemplo, podemos citar um dia que a professora da primeira série teve que sair da sala com um aluno com paralisia cerebral que se movimenta com o auxílio de um andador, para acompanhá-lo até o banheiro perto do horário da saída e com isso, o sinal bateu, todas as crianças guardaram seus materiais e ficaram esperando. Como a professora não chegava e eles nos contaram que eram os primeiros a entrarem no ônibus, os orientamos à organizarem a fila para que pudessem se dirigir ao ônibus.

Em outro momento a pesquisadora também auxiliamos a professora de outra turma a organizar a fila e levar as crianças para escovar os dentes16 acompanhando-as enquanto aguardavam o retorno da professora. Esta turma foi encaminhada por nós para a realização da higiene bucal três vezes ao longo do tempo que ela estivemos acompanhando as atividades desta turma e sendo sempre a pedido da professora.

Também ajudamos a professora da terceira série rodando trabalhos no mimeógrafo para que ela pudesse responder ao questionário e ao completamento de frases.

É importante salientarmos um momento em que auxiliamos a direção da escola e as professoras na organização e no acompanhamento das crianças do momento em que chegaram ao circo até a sua partida após o espetáculo.

Desta forma, não nos furtamos de participar das atividades quando era necessário ou nos momentos em que isso foi solicitado mas, na maioria das vezes, optamos por não interferir na interação dos professores com os alunos. Nos

15 Tia é a forma carinhosa como os alunos chamam as professoras e que também foi utilizada pelos alunos

quando se dirigiam à nós.

exemplos citados, fica claro que os professores, embora soubessem do nosso papel, não fizeram diferença entre eles e nós na dinâmica da escola. Desta forma, interagimos com todos os atores do ambiente escolar, procurando não perder o foco de nossa pesquisa.

A análise dos documentos foi realizada através das informações fornecidas pela direção da escola e da análise dos trabalhos elaborados pelas professoras, considerando o tipo de atividade proposta aos alunos e se estas apresentaram características novas e diferenciadas.

As dinâmicas conversacionais ocorreram nas interações com as professoras. Nem sempre o tema dos diálogos eram sobre o nosso objeto de estudo. Quando o assunto se voltava para nosso interesse de pesquisa buscavámos fazer algumas considerações, aproveitávamos para esclarecer dúvidas da ação da professora em relação aos alunos, questionávamos a docente quanto a sua atuação em alguns momentos, enfim estávamos em buscas de informações sobre nosso interesse de estudo.

CAPÍTULO 5