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5 CAMINHOS METODOLÓGICOS

5.7 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

Segundo Moraes e Galiazzi (2007, p. 7), a Análise Textual Discursiva (ATD) é “uma metodologia de análise de dados e informações de natureza qualitativa, com a finalidade de produzir novas compreensões sobre os fenômenos e discursos”. Ou seja, a ATD permite ao pesquisador a compreensão e a construção de análises a partir das informações coletadas.

Neste sentido, ressalta-se que as fontes de evidências foram submetidas à desfragmentação ou desconstrução dos textos21. Segundo Moraes e Galiazzi (2007, p. 124):

Todo o processo da análise textual discursiva, e de modo especial a unitarização, constitui exercício de produção de novos sentidos, processo no qual, pela interação com outras vozes o pesquisador atualiza sentidos expressos. A desconstrução total nunca é atingida, exigindo constantes decisões sobre o encaminhamento do processo.

Das fontes de evidências emergem a categorização dos significados que serão apresentados a seguir. Desta forma, a partir da “desconstrução dos textos” são estabelecidas as relações, ou seja, as categorizações.

21 Segundo Moraes e Galiazzi (2007, p. 11), “implica examinar os textos em seus detalhes,

A categorização é um processo de comparação constante entre as unidades definidas no processo inicial de análise, levando a agrupamentos de elementos semelhantes. Os conjuntos de elementos de significados próximos constituem as categorias. (MOARES; GALIAZZI, 2007, p. 197).

Moraes (2003, pp. 197-198) orienta que nesse “processo as categorias vão sendo aperfeiçoadas e delineadas cada vez com mais rigor e precisão”, exigindo do pesquisador atenção na definição das categorias emergentes, pois “são construções teóricas que o pesquisador elabora a partir das informações do corpus.” Essas categorias exigem atenção e necessitam três propriedades: validação, pertinência, homogeneidade e não exclusão mútua. E podem ser produzidas pelo método dedutivo22, método indutivo23 e o método intuitivo24.

Quanto à dedução das categorias, optou-se pelo método indutivo, em que as categorias são construídas a partir do corpus da pesquisa. “É um processo essencialmente indutivo, de caminhar do particular ao geral, resultando no que se denomina de categorias emergentes.” (MORAES, 2003, p. 197).

Descrever e apresentar as categorias requer fundamentar e validar essas descrições a partir das interlocuções empíricas ou ancoragem dos argumentos em informação retirada dos textos. Uma descrição densa, recheada de citações dos textos analisados, sempre selecionados com perspicácia, é capaz de dar aos leitores uma imagem fiel dos fenômenos. Essa é uma forma de validação (MORAES, 2003, p. 203) que requer, porém, atenção do pesquisador para que as categorias apontadas consigam trazer nitidez necessária ao objetivo proposto.

A partir das categorias de análise emergiram textos em que estão expressos significados referentes ao tema. Estes, por sua vez, compuseram as subcategorias, resultando das categorias e das compreensões atingidas. O primeiro foco temático contempla as discussões quanto à gestão e as discussões que permeiam a educação integram duas categorias: a) contexto situado, aproximações e distanciamentos; e b) cultura profissional: posicionamentos dos gestores diante da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

22 Segundo Moraes e Galiazzi (2007, p. 197), é o “um movimento do geral para o particular, implica

construir categorias antes mesmo de examinar o corpus de textos.”

23 “[...] implica construir as categorias com base nas informações contidas no corpus” (MORAES;

GALIAZZI, 2007, p.197).

24 Este método chega “a um conjunto de categorias por meio da intuição exige integrar-se num

processo de auto-organização em que, a partir de um conjunto complexo de elementos de partida, emerge uma nova ordem.” (MORAES; GALIAZZI, 2007, p. 198).

Já o segundo foco temático contempla as questões relacionadas à interpretação das políticas educacionais na perspectiva da inclusão no contexto da prática. Compõe-se de duas categorias: a) Contextos materiais: gestão dos Programas Escola Acessível e Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais; e b) Contexto Externo: atuação do gestor diante das políticas educacionais na perspectiva da inclusão

Os focos temáticos, as categorias e as subcategorias estão organizados no Quadro 5, a seguir, permitindo a compreensão quanto à organização do próximo capítulo, no qual são detalhados cada um dos tópicos.

Quadro 5. Focos temáticos, categorias e subcategorias

Foco temático Categoria Subcategorias

6.1 A gestão escolar e as discussões que permeiam a educação pública 6.1.1 Contextos situados: aproximações e distanciamentos 6.1.1.1 O contexto situado da Escola A 6.1.1.2 O contexto situado da Escola B 6.1.2 Cultura profissional: posicionamentos dos gestores diante da Educação Especial na perspectiva da Inclusão

6.1.2.2. A concepção de

educação especial dos gestores

6.1.2.3 O papel das escolas especiais a partir da concepção dos gestores. 6.2 Interpretação das políticas educacionais na perspectiva da inclusão no contexto da prática

6.2.1 Contextos Materiais: Gestão dos Programas Escola Acessível e implantação da Salas de Recursos Multifuncionais

6.2.1.1 O Programa Sala de Recursos Multifuncionais e seu “lugar” na escola

6.2.1.2 A visibilidade do Programa Escola Acessível

6.2.2 Contexto Externo: atuação do gestor diante das políticas

educacionais na perspectiva da inclusão

6.2.2.1 Os estudantes público- alvo da Educação Especial nas escolas públicas e democráticas

5.2.2.2 Educação inclusiva, mantenedora e gestores.

Fonte: elaboração própria (2018).

Os produtos da análise expressos no Quadro 5 serão discutidos no capítulo a seguir. A segunda etapa consiste na captação do novo emergente (ou na construção de um metatexto), que deve resultar em:

[...] processos intuitivos e auto-organizados. A compreensão emerge, tal como em sistemas complexos, constituindo-se em muito mais do que uma soma de categorias. Dentro dessa perspectiva, um metatexto, mais do que apresentar as categorias construídas na análise, deve constituir-se a partir de algo importante que o pesquisador tem a dizer sobre o fenômeno que investigou, um argumento aglutinador ou tese que foi construído a partir da impregnação com o fenômeno e que representa o elemento central da criação do pesquisador. Todo texto necessita ter algo importante a dizer e defender e deveria expressá-lo com o máximo de clareza e rigor. (MORAES; GALIAZZI; 2007, p. 207).

O capítulo que segue visa expressar com o “máximo de clareza e rigor” as evidências encontradas a respeito da forma como os gestores interpretam as políticas educacionais na perspectiva da Educação Inclusiva.

6 O GESTOR DA ESCOLA PÚBLICA E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NA