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Enquadramento Teórico

3. Centrada no aluno (os alunos interagem com a ferramenta e utilizam-na para resolver problemas e como forma de promover a sua aprendizagem, o professor

3.3. A experiência de ensino e a recolha de dados

3.3.2. Procedimentos de recolha de dados

Numa investigação de carácter qualitativo é importante obter informações de diversas fontes, sendo necessário confrontá-los para tornar coerente a sua interpretação, através de um processo de “triangulação” (Erickson, 1986). Os dados provenientes de

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diversas fontes permitem uma abordagem a partir de diferentes perspectivas, podendo ser utilizados também para se complementarem.

Neste estudo, foram recolhidos e analisados os trabalhos produzidos pelos alunos (registos escritos, ficheiros elaborados no GeoGebra com possibilidade de acesso ao “protocolo de construção” que permite analisar “passo a passo” os procedimentos realizados pelos alunos), o registo diário das aulas (diário do investigador), as informações registadas em áudio e vídeo (e respectiva transcrição) e as entrevistas (Bogdan e Biklen, 1994).

Neste trabalho foi realizada uma entrevista ao aluno caso. A entrevista é a técnica mais utilizada no processo de recolha de dados em estudos qualitativos, pois permite que o investigador tenha acesso ao pensamento do entrevistado e a outro tipo de informação fornecida pelos gestos, expressões, etc.

Os dados objectivos podem ser obtidos através de outras fontes, já os dados subjectivos só poderão ser obtidos através da entrevista, pois relacionam-se com as opiniões dos sujeitos entrevistados. Estes dados têm um interesse fundamental, na medida em que podem fornecer ao investigador informações sobre o raciocínio usado pelos alunos aquando da resolução de um problema, sobre a explicação dos métodos e tentativas implementados no percurso e não apenas a resposta final. Nesta situação, o investigador tem possibilidade de compreender e analisar, não apenas o resultado final, mas sim como é que o aluno pensou, que estratégias utilizou e porquê.

A entrevista tem como vantagem a sua elasticidade quanto à duração, permitindo uma cobertura mais profunda sobre determinados assuntos. Além disso, a interacção entre o entrevistador e o entrevistado favorece as respostas espontâneas, o que pode ser útil para a investigação.

No entanto, esta é uma técnica muito exigente para o investigador, que deve ter um guião bem preparado, com questões curtas e directas, o enunciado das questões deve ser claro e perceptível para o entrevistado e deve-se evitar as perguntas orientadas. Quase todos os autores reconhecem que a entrevista ultrapassa os limites da técnica, dependendo em grande parte das qualidades e habilidades do entrevistador, tais como uma boa capacidade de comunicação verbal, aliada a uma boa dose de paciência para ouvir atentamente (Ludke & Andre, 1996). Numa entrevista é necessário começar por criar um clima em que o entrevistado se sinta à vontade e com tempo para responder e criar um clima de cumplicidade.

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Há toda uma gama de gestos, expressões, entoações, sinais não verbais, hesitações, alterações de ritmo, enfim, toda uma comunicação não verbal cuja captação é muito importante para a compreensão e a validação do que foi efectivamente dito (Ludke & Andre, p.36).

Além destes aspectos a entrevista, pela sua própria natureza, supõe uma interacção entre entrevistado e entrevistador, o que pode levantar a questão de influência da personalidade do entrevistador no decorrer do processo e na objectividade dos resultados.

As entrevistas podem fornecer indicadores significativos sobre as dificuldades dos alunos na realização de tarefas, recorrendo, por exemplo, à resolução efectuada pelo aluno na aula e colocando questões sobre a mesma e/ou colocando novas questões. Assim, pode conseguir-se um melhor conhecimento sobre as formas de pensar do aluno. Neste estudo optei por realizar uma entrevista semi-estruturada, na medida em que esta permite alterar a sequência inicial das questões e, eventualmente, colocar questões não planeadas motivadas pelas intervenções dos entrevistados (Guimarães, 2003).

Após a realização da sequência de tarefas em sala de aula, foi realizada, uma entrevista semi-estruturada a Pedro, com a duração aproximada de 60 minutos, com a intenção de compreender o raciocínio do aluno, as dificuldades que sentiu e as estratégias a que recorreu. Nesta entrevista foram apresentadas duas questões ao aluno para resolver e explicar as várias etapas do processo de resolução escolhido.

A entrevista realizada teve por base um guião (Anexo 10) e era composta por duas partes distintas. Na primeira parte foram colocadas várias questões com o objectivo de conhecer a relação do aluno com a disciplina de Matemática, o seu percurso escolar e algumas questões relacionadas com a utilização do computador na aula de Matemática. Na segunda parte foi proposta uma tarefa ao aluno, com o objectivo de identificar estratégias privilegiadas e as principais dificuldades surgidas durante a resolução de problemas que envolvem funções lineares, descrever o modo como estas estratégias são aplicadas e a utilização dada ao GeoGebra nesse processo.

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Na entrevista tive em conta a análise feita aos trabalhos produzidos pelo aluno a partir da recolha documental e da observação participante, o que ilustra o carácter dinâmico deste estudo. A entrevista foi áudio-gravada e, posteriormente, transcrita na íntegra.

Na sala de aula assumi o papel de observadora participante, procurei adaptar-me ao meio observado, encarando-o como uma fonte de informação, mas também como fonte de aprendizagem e ter uma postura reflexiva perante o observado, tomei notas, registando toda a informação que me pareceu relevante.

Por não ser a professora da turma, embora circulasse pela sala e interagisse com os alunos, tive mais liberdade para tomar notas e filmar excertos das aulas.

Para registar todos os momentos importantes da actividade dos alunos, a gravação em áudio do trabalho realizado por este par de alunos e a sua posterior transcrição, constituiu uma importante fonte de dados. De modo a complementar a informação recolhida através da gravação áudio, filmei alguns excertos das aulas e tentei permanecer na proximidade deste par para ouvir os diálogos destes alunos e de outros pares com quem interagiam procurando perceber o seu raciocínio, as estratégias usadas, as dificuldades surgidas e formas de as ultrapassarem, ao modo como utilizavam o GeoGebra na construção dos modelos matemáticos e na resposta às questões colocadas.