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CAPÍTULO 2. Descrição das Ferramentas

3.4. Procedimentos de transformação dos dados.

Nas sessões iniciais deste capítulo procuramos dar base para o trabalho de construir uma ferramenta de representação do conjunto de tratados ao descrever os pormenores da construção do banco de dados sob tutela da ONU e a dinamicidade dos atores envolvidos. Essa descrição tem o objetivo de tornar explícitos os fatores que influenciarão a construção do banco de dados paralelo e sua posterior representação, fatores estes que possivelmente limitam a confiança na utilização da ferramenta. Se tomarmos como exemplo uma representação visual dos tratados do Brasil da década de 1970, os dados representados refletirão um entendimento do que significa o termo tratado, refletirão as regras para registro da ONU, refletirão os critérios de codificação dos tratados em temas, refletirão o fato de o Brasil ser Membro da ONU nesta época, e refletirão os atores presentes no sistema. Se pudermos explicitar todos os fatores relevantes na formação dos dados e da representação, poderemos saber qual a real capacidade e confiabilidade da ferramenta de representar os processos políticos que queremos colocar em evidência.

De acordo com as características descritas para os tratados e para os atores presentes no banco de dados da OLA, e de acordo com as necessidades da ferramenta de visualização apresentada no último capítulo, construímos um banco de dados paralelo. É importante enfatizar que o banco de dados criado para ser manipulado pela ferramenta de visualização é distinto do banco de dados criado pelo Secretariado da ONU. O banco de dados paralelo é baseado quase que exclusivamente no banco de dados da ONU, mas

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República Democrática Popular do Iêmen (conhecido como Iêmen do Sul), e República Árabe do Iêmen (conhecido como Iêmen do Norte).

contém conjunto de informações distintas, normalmente uma seleção específica do segundo, que são, quando necessário, transformadas e organizadas de acordo com as necessidades da visualização. Esta sessão tem justamente o objetivo de descrever as diferenças entre as duas, bem como os procedimentos usados para criar o banco de dados paralelo baseado em informações do banco de dados da ONU.

3.4.1. Compilação de tratados

Mantivemos a maioria das informações indexais de cada tratado na compilação do UNTC. São elas: a) datas de assinatura, ratificação, entrada em vigor e término; b) lateralidade; c) atores participantes; d) assunto(s) relativo ao tratado; e) informações indexais (nome do tratado, volume e página da publicação no UNTS).

Datas: a data mais importante é sem dúvida a de entrada em vigor, que é

critério para registro dos tratados38. Assim, exceto por motivos de erro, todos os tratados tem pelo menos esta data, a data de registro e a data de assinatura, que por vezes é a mesma de entrada em vigor. Quando aplicável a data de ratificação também é adicionada. A data de extinção do tratado é mais difícil de ser localizada e organizada, pois é registrada como uma ação subseqüente àquele tratado, sendo necessário que se faça uma pesquisa entre todas as ações subseqüentes para encontrar as extinções e manualmente ligar estas aos tratados referentes.

Nos casos de erros e omissões39 aplicamos o seguinte procedimento: fizemos uma média para cada ano da distância entre o período de entrada em vigor e de registro e aplicamos para estes casos. A média foi feita tomando três anos antes e três anos depois do ano base.

Lateralidade: os tratados mantêm a lateralidade dada pelo UNTC: multilaterais

e bilaterais. Excluímos do nosso banco de dados os tratados unilaterais, pela dificuldade de representá-los nas ferramentas propostas e por serem em número estatisticamente irrelevante. Os dados multilaterais foram usados somente na ferramenta geradora de relatórios, onde pode-se comparar a quantidade de tratados multilaterais por ator com a quantidade de bilaterais por estarem representadas no mesmo gráfico.

38 Como visto, com exceção dos tratados multilaterais que tem o Secretariado como depositário. 39

Estes representam aproximadamente menos de 5% dos casos, ou seja casos onde não haviam informações sobre uma das datas ou estas estavam incompletas.

Participantes: todo tratado com ao menos dois participantes no banco de dados

da ONU são compilados da mesma maneira para o banco de dados paralelo. Uma lista histórica de participantes foi criada contendo as mudanças dentro deste conjunto de atores (veja detalhes na sessão 3.2). A lista de todos os atores presentes nos bancos de dados utilizados são dadas nos Anexos I e III, que trazem também a quantidade total de tratados de cada um deles.

Assunto: a coleção online oferece para cada tratado um ou mais assuntos

relativos cuja lista está disponível no Anexo II, que mostra também as quantidades de tratados para cada tópico. Os dados do World Treaty Index também relaciona cada tratado com um assunto, isto é feito com critérios disponíveis publicamente e estão descritas no Anexo IV. Nota-se que esta compilação somente adiciona um assunto por tratado o que pode ser muitas vezes problemático visto que muitos tratados podem ser relacionados a mais de um assunto com facilidade.

Informações Indexais: O nome do tratado, as referências de volume e página da

publicação do tratado no UNTS, a data de registro, o código dado ao tratado pela OLA.

3.4.2. Compilação de atores

Os atores são diferenciados conforme seu tipo: Estados Nação Membros da ONU, Estados não-Membros da ONU, Organizações Internacionais, Organizações Sub- nacionais. O critério para fazer esta organização é simples, seguindo a lista de Estados Membros da ONU, de não-membros, e separando, com base em diversas fontes, as Organizações Internacionais conforme seu caráter supra-nacional ou sub-nacional. As Organizações Internacionais foram ainda divididas em dois grupos, as que tinham um caráter universalista e aquelas que tinham um caráter regionalista. Em outras palavras, entre aquelas que por sua definição teoricamente aceitariam qualquer Estado como membro e aquelas que por definição têm uma amplitude possível de Estados como membros (ex: União Africana).

As datas de entrada na ONU são marcadas para os Estados Membros e com elas a ferramenta representa através de diferentes cores e transparências seu pertencimento ou não em dado período. Por exemplo, se no uso da ferramenta radial o usuário escolhe representar os tratados da década de 1950, os países que não existiam como entidades

soberanas nesta época, ou seja, os que não poderiam fazer tratados, serão destacadas. Isso não impede que estes atores sejam parte de tratados e que sejam representados nas ferramentas, somente faz a distinção daqueles que são obrigados ou não pelo Artigo 102 da Carta.

Por meio das categorias usadas pelo United Nations Statistical Division os Estados Membros são agrupados em continentes. Vale lembrar que desta maneira as colônias e protetorados manterão sua localização geográfica na ferramenta radial, por exemplo, Angola, mesmo enquanto colônia ultramarina de Portugal, e cujos tratados são feitos sob os auspícios deste, estará representado no continente africano. Os mapas gerados serão montados de acordo com as fronteiras atuais, neste caso se o tratados for registrado como angolano no UNTS será representado no mapa de Angola sem distinguir se este foi feito sob soberania portuguesa antes de 1975.