As manobras dinâmicas que foram realizadas, assentam em quatro tipos de procedimentos diferentes. Um procedimento que tem por base uma modificação postural, dois protocolos que reduzem a perfusão (por alteração da postura, ou por oclusão arterial). Finalmente, um protocolo de administração de Oxigénio a 100%.
Todos estes protocolos estão baseados em 3 momentos de avaliação: - Fase I: Registo basal
- Fase II: Provocação
- Fase III: Retoma ao registo basal
Os protocolos só se iniciam quando os valores de todas as variáveis estiverem estabilizados.
3.1. Alteração da postura
Neste procedimento, os voluntários serão sujeitos a uma modificação de postura, com o objectivo de colocar em evidência as várias dependências hemodinâmicas.
O procedimento inicia-se com o voluntário sentado (Figura 2.10). Fase I: Registo basal de todas as variáveis durante 10 minutos.
Fase II: Modificação postural consistindo na elevação de um dos membros inferiores, fazendo um ângulo de 90º com a posição anterior. O membro será mantido nesta posição de forma passiva durante 10 minutos.
Fase III: Retoma à postura inicial com manutenção nessa posição durante mais 10 minutos. O procedimento é sequencial, o que determina que as variáveis analisadas são registadas em contínuo durante os 30 minutos que dura o procedimento experimental.
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Figura 2.10 - Esquema do procedimento adoptado no procedimento de alteração da postura.
O voluntário inicia a experiência sentado, mantendo-se nesta posição durante 10 min. Após esse período eleva o membro inferior mantendo-se nessa posição durante 10 min. No final o
voluntário volta à posição inicial.
Oº
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3.2. Baixa perfusão
3.2.1. Por alteração da postura
Neste procedimento, verifica-se uma modificação da postura, o que origina modificações hemodinâmicas mais drásticas. O objectivo deste protocolo é reduzir temporariamente a perfusão, produzindo-se seguidamente uma hiperémia reactiva.
O procedimento inicia-se com o voluntário em decubito (Figura 2.11). Fase I: Registo basal de todas as variáveis durante 10 minutos.
Fase II: Modificação postural consistindo na elevação de um dos membros inferiores, fazendo um ângulo de 45º com a posição anterior. O membro será também aqui mantido de forma passiva durante 10 minutos. Este procedimento induz uma redução significativa da perfusão do membro inferior. O membro será mantido nesta posição durante 10 minutos.
Fase III: Retoma à postura inicial com manutenção nessa posição durante mais 10 minutos. A retoma a esta posição induz uma hiperémia reactiva no membro. A medição será realizada durante 10 minutos.
O procedimento é sequencial, o que determina que as variáveis analisadas são registadas em contínuo durante os 30 minutos que dura o procedimento experimental.
Figura 2.11 - Esquema do procedimento adoptado no procedimento de redução da perfusão
por alteração da postura. O voluntário inicia a experiência em decubito, mantendo-se nesta posição durante 10 min. Após esse período eleva passivamente o membro inferior a 45º mantendo-se nessa posição durante 10 min. No final o voluntário volta à posição inicial.
Oº
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3.2.2. Por redução da perfusão (hiperémia reactiva)
Neste procedimento, pretende-se a indução de uma hiperémia reactiva significativa, de forma a observar como o fluxo de sangue e o Oxigénio podem chegar ao tecido.
O procedimento inicia-se com o voluntário sentado (Figura 2.12). Fase I: Registo basal de todas as variáveis durante 10 minutos.
Fase II: Oclusão suprasistólica (aproximadamente a 200 mmHg) realizada ao nível do tornozelo com uma manga de pressão. Esta alteração provoca a oclusão das artérias tibial posterior e anterior e da artéria peroneal, que fazem a perfusão do pé. Provoca-se assim um período reduzido de isquémia que permite calcular o tempo de consumo do Oxigénio. A medição será realizada durante 10 minutos.
Fase III: Abertura da manga de pressão com a consequente indução da hiperémia reactiva e retoma da perfusão do membro a valores normais. O desaparecimento da isquémia permite também calcular o tempo de redistribuição do Oxigénio. A medição será realizada durante 10 minutos.
Figura 2.12 - Esquema do procedimento adoptado no procedimento de redução da perfusão
por oclusão suprasistólica. O voluntário inicia a experiência sentado, mantendo-se nesta posição durante 10 min. Após esse período provoca-se a oclusão arteria com uma manga de
pressão. A oclusão mantém-se durante 10 min. No final abre-se a manga provocando uma hiperémia reactiva.
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3.3. Alteração do consumo de Oxigénio
Neste procedimento, pretende-se confirmar a viabilidade metabolica do tecido, através da capacidade de captar este gás, quando se respira uma atmosfera de 100% de Oxigénio.
O procedimento inicia-se com o voluntário sentado (Figura 2.13). Fase I: Registo basal de todas as variáveis durante 10 minutos.
Fase II: Os voluntários inspiram uma atmosfera saturada de Oxigénio (100%) durante 10 minutos. Para garantir este nível de Oxigénio utiliza-se uma máscara própria (AGA MedControl 45 Bar Oxygen Demand Valve), que impede a entrada de ar não proveniente da botija. Este processo satura a hemoglobina, garantindo que a biodisponibilidade do Oxigénio no tecido é máxima. Qualquer alteração do nível de Oxigénio é proveniente da capacidade de distribuição do mesmo no tecido, sendo, por isso, função da viabilidade do tecido. A medição será realizada durante 10 minutos.
Fase III: Paragem da inspiração da atmosfera saturada de Oxigénio. A medição será realizada durante 10 minutos.
Figura 2.13 - Esquema do procedimento adoptado no procedimento de alteração do consumo
de Oxigénio. O voluntário inicia a experiência sentado, mantendo-se nesta posição durante 10 min. Após esse período inicia a ventilação numa atmosfera de Oxigénio 100% durante 10 min.
No final o voluntário volta a respirar uma atmosfera normal.
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