• Nenhum resultado encontrado

Procedimentos, Instrumentos de Pesquisa e Recolha de Dados

No documento View/Open (páginas 97-100)

PARTE II – INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

4. Procedimentos, Instrumentos de Pesquisa e Recolha de Dados

Visto que “a complementaridade permite […] efectuar um trabalho de investigação aprofundado, que, quando conduzido com a lucidez […], apresenta um grau de validade satisfatório” (Quivy, 2005:200), dada a complexidade do objecto do nosso estudo, a investigação empírica foi complementada com a aplicação de três instrumentos: a EBP (Anexo 1), escala de bem-estar psicológico, construída por José Sánchez-Cánovas (2007), da Universidade de Valência; a PHCSCS-2, Piers-Harris Children’s Self- Concept Scale (Piers & Hertzberg, 2002), Uma nova versão da escala de auto-conceito, (Anexo 2) adaptada ao contexto português por Feliciano H. Veiga; e um sociograma (Anexo 3), por nós elaborado.

A aplicação das provas centrou-se, pois, em alguns princípios primordiais, começando “pela definição do que se vai avaliar, para que se vai avaliar e junto de quem vai decorrer tal avaliação” (Almeida e Freire, 2007:137). As provas seleccionadas regularam-se, como convém, na óptica de Almeida e Freire (2007:135), pela “definição dos seguintes parâmetros: âmbito e objectivos do instrumento […]; população a que se destina a prova ou contexto de observação; característica ou dimensão a avaliar (constructo); e aspectos comportamentais a integrar e que explicam o constructo”.

Relativamente ao nosso primeiro instrumento de avaliação, a Escala de Bem-Estar Psicológico, esta é passível de ser subdividida em quatro subescalas: a subescala de bem-estar psicológico subjectivo; a subescala de bem-estar material; a subescala de bem-estar laboral e a subescala de relacionamento com o conjugue, conforme refere Sánchez-Cánovas (2007:7/8/9),

“se han diferenciado 4 subescalas: Bienestar Psicológico Subjetivo, Bienestar Material, Bienestar Laboral y Relaciones com la Pareja […]. La escala que hemos denominado “Bienestar Psicológico” se refiere a la felicidad, mientras que la rotulada “afecto” incluye la afectividad positiva y negativa […]; los cuestionarios de bienestar Material se basan, generalmente, en los ingresos económicos […] e otros índices semejantes […], el bienestar laboral […] es un componente importante de la satisfacción general y esta lo es de la salud en su sentido global y completo […]; la mayor parte de estúdios consideran que las relaciones

satisfactorias entre los miembros de una pareja son un de los componentes importantes del bienestar general, de la felicidad”.

Na totalidade, a prova contém 30 itens relativos ao bem-estar psicológico subjectivo; 10 itens referentes ao bem-estar material; 10 itens atinentes ao bem-estar laboral e 15 itens alusivos ao relacionamento com o cônjuge.

Tendo em conta o público-alvo, bem como o objectivo do nosso estudo e as condições de realização da prova, decidimos aplicar apenas as três primeiras subescalas, ou seja, a escala de bem-estar subjectivo, de cariz essencialmente afectivo ou emocional, permitindo destacar aspectos relacionados com a socialização, com a realização pessoal e com o grau de positivismo com que o inquirido percepciona a sua vida; a escala de bem-estar material, no caso concreto, relacionada com a estabilidade económica, propícia à satisfação das necessidades básicas e materiais de sobrevivência; a escala de bem-estar laboral, especificamente, referente à situação académica do indivíduo, nomeadamente, no domínio dos estímulos e interesses que a escola lhe proporciona, do relacionamento entre pares, da afectividade.

Procedemos, ainda, à tradução das escalas, para português, bem como a eventuais, mas pertinentes alterações, nas mesmas, adequando-se determinado vocabulário à situação a indagar. Por fim, há a referir que (Ibidem, 2007:11), embora “los cuestionarios no tienen tiempo limitado […] la duración de la prueba puede oscilar entre 20 y 25 minutos dependiendo del nível educativo de las personas a quienes se administra”, a aplicação da EBP teve, sensivelmente, a duração de vinte minutos. As respostas a cada item foram valorizadas de um a cinco pontos, tipo scale likert, variando entre o “Nunca ou quase nunca”, o “Algumas vezes”, o “Bastantes vezes”, o “Quase Sempre” e o “Sempre”, apenas se invertendo a pontuação nos itens 5 e 8, na subescala de Bem-Estar Laboral.

Quanto à PHCSCS-2, Piers-Harris Children’s Self- Concept Scale (Piers & Hertzberg, 2002), Uma nova versão da escala de autoconceito, adaptada ao contexto português por Feliciano H. Veiga, esta versão reduzida consta de 60 itens, aglomerando seis factores: “aspecto comportamental (AC), estatuto intelectual (EI), aparência física (AF), ansiedade (NA), popularidade (PO),

satisfação e felicidade (SF)” (Veiga, 2006:41). Saliente-se, ainda que, a PHCSCS-2 “é um instrumento de avaliação recomendado por vários autores e frequentemente utilizado na investigação científica, internacional e nacional […] de carácter dicotómico dos itens” (Ibidem, 2006:43).

De forma a determinar a pontuação dos inquiridos, a pontuação oscila entre um ou zero pontos, consoante a resposta revele, respectivamente, uma atitude positiva ou negativa, face a si mesmo. Porém, Veiga (2006) considera que, talvez, seja importante repensar a passagem de carácter dicotómico dos itens para uma escala tipo Likert, o que contribuiria para uma recolha de informação mais abrangente e específica, melhorando, substancialmente, as qualidades psicométricas da mesma, o que, de facto, também nos parece pertinente, tendo em conta a análise efectuada.

Quanto à duração da aplicação da mesma, esta não excedeu, na globalidade, os dez minutos, havendo, contudo e pontualmente, a salientar uma certa dificuldade, por parte dos inquiridos, em responder afirmativa ou negativamente, pois consideravam poder haver uma terceira hipótese que apontaria para um “por vezes”, daí que algumas respostas tenham sido anuladas, pois, apesar de avisados, colocaram a cruz entre o “sim” e o “não”.

Finalmente, optámos, conjuntamente, pela aplicação de um sociograma, como um dos instrumentos de pesquisa, pois, conforme salienta Bastin (1980:212/214), “é o instrumento sociométrico ideal, para o estudo das estruturas do grupo e dos fenómenos grupais […] graças a esses sociogramas aparecem, sob diversos ângulos de visão, as polarizações, as redes de comunicação, […] isolamentos, exclusões, ….”. Aliás, Fachada (2010:175), salienta que “através deles é possível clarificar a estrutura sócio-afectiva dos grupos e estudar a sua dinâmica […]. O seu tempo de aplicação varia entre 10 a 20 minutos, sendo necessário que, durante a sua realização, as pessoas não comuniquem entre si”.

Ainda que (Ibidem, 2010:161), “o teste sociométrico dê apenas uma perspectiva estática, um momento bem preciso da vida do grupo”, o objectivo do mesmo deve ser “conhecer o grupo para melhor o dinamizar e facilitar o seu

trabalho […] detectar possíveis tensões no seio do grupo e eliminá-las” (Ibidem, 2010:178).

Neste âmbito, elaborámos, conforme a sugestão da autora referida, um questionário que abrangia quatro perguntas, incidindo, respectivamente, sobre a escolha recíproca, sobre a zona de rejeições, e, finalmente, duas perguntas relacionadas com a percepção sociométrica, ou seja, visando perceber se o indivíduo tinha verdadeira consciência da sua aceitação/rejeição pelos pares. Há a realçar que o referido questionário foi transmitido, oralmente, pelo investigador, aos inquiridos, e que estes apenas escreveram, numa folha em branco, as respostas.

A recolha de dados decorreu nas salas de aula, dispensando os professores, para o efeito, a parte inicial do seu tempo lectivo. Previamente, foi pedida uma autorização ao Conselho Directivo da escola (Anexo 4), para que os inquéritos pudessem ser realizados. Seguidamente, os estudantes foram informados dos objectivos do estudo, entregaram as autorizações dos Encarregados de Educação, (Anexo 5), para o efeito (antecipadamente distribuídas), sendo garantida a confidencialidade dos dados por eles fornecidos.

Finalmente, procedemos à análise dos dados que, pela sua extensão, não se averiguou tarefa fácil.

No documento View/Open (páginas 97-100)