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Procedimentos intrínsecos à estadia de um animal no CRO

s Avaliação clínica Registo Desparasitação interna e externa Identificação eletrónica Sinais Clínicos de Doença Tratamento Encaminhamento para CAMV Vacinação polivalente quando adequado Registo no alojamento do animal Diagnóstico Confirmação para Laboratório Externo Admissão

- 25 - De acordo com o Decreto-Lei n.º 315/2003 de 17 de Dezembro (com republicação no Decreto-Lei n.º 276/2001 de 17 de Outubro), o MVM é responsável pelo CRO (canil e gatil municipal) e assim tem de elaborar e executar programas e ações que visem o bem-estar animal, orientar os funcionários que cuidam dos animais e assegurar que todos os animais são alvo de avaliação diária. Quando necessário, devem ser de imediato prestados os primeiros cuidados aos que tiverem sinais que levem a suspeitar de doença, lesões ou alterações comportamentais.8

Assim, todos os dias, as atividades do MV iniciam-se pela visita ao canil e gatil, de forma a fazer uma avaliação geral dos animais e respetivos alojamentos. Tem de ser assegurado que estes têm água e alimento ao seu dispor, uma cama confortável, limpa e seca e a jaula deverá estar livre de fezes e urina (no entanto se estiverem presentes devem ser avaliadas, quanto à consistência, cor e presença de parasitas). A condição corporal dos animais também deve ser avaliada neste momento, pois por vezes há tendência pelo funcionário responsável pela alimentação e higiene dos animais, em limitar ou exceder a dose diária de alimentação recomendada. Estes funcionários, antes de procederem à higienização do alojamento, devem preencher uma ficha por cada animal que cuidam, registando as caraterísticas gerais das fezes e urina. No momento da inspeção realizada pelo MV, estas fichas são verificadas e se for necessário algum tratamento, este deverá ser realizado logo pela manhã para que o animal possa ser acompanhado ao longo do dia. Durante o estágio, foi acompanhado o MV na visita matinal. Desde o início do estágio foi oferecida uma recompensa a todos os canídeos, de forma a habituá-los à presença de uma nova pessoa. Neste momento também é possível verificar quais os animais que necessitam de um tratamento estético para melhorar o seu conforto, como corte de unhas, banho e tosquia (assim foi feito o corte de unhas a seis canídeos, dado banho a cinco canídeos e oito felídeos, e tosquiados sete canídeos).

Sempre que necessário é realizado um EEG aos animais. Foram realizados 647 EEG, dos quais 354 foram realizados a canídeos, 289 a felídeos, três a tartarugas e um EEG a um pombo.

A tabela 4 apresenta a casuística de todos os tratamentos efetuados por animal e não o número de tratamentos que foram realizados a cada um deles. Pela observação da tabela é possível verificar que o tratamento mais efetuado (80%) foi a realização de

- 26 - pensos de vários tipos devido a várias lesões como feridas de decúbito, suturas pós- cirúrgicas e cortes de orelha. Com menos frequência, foi realizado o tratamento da dirofilariose, dermatite acral por lambedura, queimadura e fratura com 0,5%, correspondente a um indivíduo cada.

Tabela 4 - Distribuição da casuística de tratamentos realizados. (n=249; Fip – frequência

absoluta por família/grupo; Fi – Frequência absoluta; fr (%) – frequência relativa).

Tratamento Fip Fi fr (%) Canídeos Felídeos Pensos 161 38 199 80 Fisioterapia Membros posteriores 17 0 17 7 Oftalmologia Conjuntivite 11 2 13 5

Otorrinolaringologia Otite externa 6 0 6 2

Doença Infeciosa Parvovirose 5 0 5 2

Doença parasitária Leishmaniose 3 0 3 1 Dirofilariose 1 0 1 0,5 Hemorragia pós-traumática 2 0 2 1 Dermatologia Dermatite acral por lambedura 1 0 1 0,5 Queimadura 0 1 1 0,5 Fratura Rádio 1 0 1 0,5 Total 208 41 249 100

- 27 - Foi realizado um tratamento de Dirofilaria immitis a um canídeo, fêmea, de um ano de idade e com elevado nível de exercício diário. O animal só pode ser adotado e abandonar o CRO após o tratamento ter terminado.

A Dirofilariose é uma doença causada por um nematode do género Dirofilaria, da ordem Spirurida e da família Onchocercidae. A doença é transmitida através do hospedeiro intermediário – culicídeo do género: Aedes, Anopheles e Culex. Os canídeos são os hospedeiros definitivos, no entanto os felídeos e o ser humano podem surgir como hospedeiros acidentais. Os parasitas adultos da Dirofilaria immitis alojam-se na artéria pulmonar e no ventrículo direito.9

Nestes tratamentos o controlo da atividade física é muito importante para que o tratamento da infeção por Dirofilaria immitis, em pacientes assintomáticos ou que exibem poucos sinais clínicos, se desenvolva sem quaisquer problemas. Pela relação parasita-hospedeiro, o número de parasitas tem um efeito direto na gravidade da infeção, no entanto o nível de atividade física tem uma importância igual ou superior.10

O objetivo do tratamento é eliminar todas as formas larvares, com o mínimo de complicações possíveis. As formas larvares vivas podem causar vários problemas, como endoarterites e hipertrofia muscular das paredes das arteríolas, especialmente nas artérias pulmonares caudais. No entanto, os parasitas mortos podem causar uma parte significativa das lesões que são observadas nos animais que se apresentam sintomáticos, por haver uma diminuição do fluxo sanguíneo devido aos fragmentos que migram para as arteríolas e capilares dos lobos diafragmáticos do pulmão. Esses fragmentos irão causar uma inflamação e agregação plaquetária, que pode dar origem a um tromboembolismo.10

Nos períodos em que há um aumento de atividade física, irá haver um aumento do fluxo sanguíneo para os vasos que estão obstruídos, o que pode causar uma rutura e fibrose dos mesmos. Isso provocará um aumento da resistência pulmonar e possivelmente poderá originar insuficiência cardíaca direita, demonstrando a correlação direta entre severidade da doença e a atividade física.10

O tratamento inicia-se após ser obtido o resultado positivo ao teste de antigénio ou ao teste de microfilárias circulantes. É muito importante que seja feita uma restrição da atividade física desde o início do tratamento e quanto mais severos os sinais clínicos,

- 28 - maior deve ser essa restrição. A prednisona está indicada na dose de 0,5 mg/kg duas vezes ao dia na primeira semana, uma vez ao dia na segunda semana, e em dias alternados na terceira e quarta semanas.10

No primeiro dia de tratamento deve ser administrada uma lactona macrocíclica (como por exemplo a ivermectina), no entanto se forem detetadas microfilárias circulantes, deve ser instituído um pré-tratamento com anti-histamínico e corticosteroide, se não tiver sido administrada prednisona, para reduzir o risco de choque anafilático. O animal deve ser objeto de observação durante as oito horas seguintes, por poder haver alguma reação adversa. Desde o primeiro dia de tratamento até ao vigésimo oitavo dia, deve ser administrada doxiciclina 10 mg/kg duas vezes ao dia, durante quatro semanas. A doxiciclina irá reduzir os riscos associados aos parasitas mortos e interromper a transmissão da dirofilariose.10

No trigésimo dia de tratamento, deve ser administrada a lactona macrocíclica. Ao sexagésimo dia, deve ser aplicado novamente a lactona macrocíclica e também melarsomina 2,5 mg/kg intramuscular. A prednisona volta a ser prescrita como referido anteriormente. Nesta fase o nível de atividade física deve ser mais restringido, e também o espaço que o animal tem acesso deve ser mais controlado (quando o animal estiver em espaços grandes deve ser utilizada uma trela para evitar que este efetue exercício de maior intensidade).10

Ao nonagésimo dia deve ser administrado a lactona macrocíclica e melarsomina 2,5 mg/kg intramuscular. Ao nonagésimo primeiro dia deve ser administrado melarsomina 2,5 mg/kg intramuscular. E é novamente prescrito a prednisolona da mesma forma que referido anteriormente. A restrição dos exercícios físicos deve continuar por mais seis a oito semanas após a injeção de melarsomina.10

No dia 120 deve ser feita a pesquisa de microfilárias circulantes. Se for positivo, é necessário fazer o tratamento com microfilaricida e voltar a fazer o teste após quatro semanas. Ao dia 271 deve ser feito o teste de antígeno circulante e o teste para microfilárias.10

É muito importante instituir o estabelecimento da prevenção contra a dirofilariose, durante todo o ano.10

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4.2 - Medicina Preventiva

São várias as medidas de prevenção de doenças no ambiente de um CRO, pois existe uma constante entrada de animais e muitas vezes não se sabe a sua proveniência e o estatuto sanitário dos mesmos. Os atos de medicina preventiva ligados diretamente aos animais incluem a vacinação e a desparasitação interna e externa. Dos atos que não estão diretamente ligados aos animais, salienta-se a importância de realizar uma boa triagem quanto ao local de alojamento; todos os funcionários devem respeitar o sentido do circuito limpo-sujo e as medidas de proteção individual, nomeadamente vestuário e calçado de proteção; deve ser dada formação aos funcionários quanto às regras internas do CRO e como proceder à higienização dos canis, gatis, equipamento móvel, áreas exteriores de exercício, jaulas, posto de vacinação, sala de cirurgia e fómites. Todos os atos de prevenção constituem uma fatia muito importante da atividade num abrigo pois previnem algumas doenças, incluindo zoonoses. Assim, contribuem de forma importante quer para a saúde pública quer para a saúde animal.

Na tabela 5 estão destacados os atos de vacinação e desparasitação, por serem estes realizados exclusivamente pelo MV. O ato mais frequente foi a desparasitação interna, com uma fr de 51% (n=307). A desparasitação externa está na posição abaixo, com 32% (n=195). Por último está a vacinação (exceto a vacinação antirrábica, pois esta irá ser abordada noutro capítulo do relatório por enquadrar o PNLVERAZ que deve ser levado a cabo pelo MVM), com 17% (n=102). A larga maioria dos procedimentos foi efetuada em canídeos.

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Tabela 5 - Distribuição da casuística de medicina preventiva por procedimento em

canídeos e felídeos (n=604; Fip – frequência absoluta por família/grupo; Fi – Frequência absoluta; fr (%) – frequência relativa).

Procedimento Fip Fi fr (%) Canídeos Felídeos Desparasitação interna 240 67 307 51 Desparasitação externa 153 42 195 32 Vacinação 69 33 102 17 Total 462 142 604 100

As vacinas na natureza são classificadas como vivas (infeciosas) ou mortas (não infeciosas; inativadas). As vacinas vivas contêm organismos vivos viáveis, no entanto, atenuados. Ou seja, com baixa virulência. De um modo geral, têm uma imunogenicidade superior às vacinas mortas. As vacinas mortas são constituídas por organismos mortos ou parte deles, antigénios naturais ou sintéticos, ou porções de ácido desoxirribonucleico que codifiquem esses mesmos antigénios. Estas têm um menor potencial imunogénico, por isso necessitam da adição de adjuvantes e da administração de reforços.11

O Vaccination Guidelines Group da World Small Animal Veterinary Association estabelece diretrizes de vacinação para animais acolhidos em abrigos. São recomendações essenciais para reduzir ou eliminar, quando possível, o risco de um surto de doenças infeciosas. O termo "abrigo" pode englobar locais que vão desde santuários com uma população canina estável, até instalações que acolhem dezenas de animais novos todos os dias.11

Os animais alojados em abrigos apresentam um alto risco de exposição a doenças infeciosas, devido a fatores como a densidade populacional, a ventilação, o saneamento e o pessoal sem formação na área. Também, com os poucos recursos disponíveis é necessário fazer um uso racional das vacinas, no entanto, as circunstâncias

- 31 - de cada abrigo são variáveis e tornam impraticável fornecer recomendações universalmente aplicáveis.11

As vacinas são classificadas em vacinas fundamentais (core), não fundamentais (non-core) e não recomendadas. As vacinas fundamentais são aquelas que devem ser administradas a todos os canídeos e felídeos, conferindo-lhes imunidade contra doenças infeciosas de importância global. No momento da chegada de um canídeo adulto ao abrigo, devem ser administradas as vacinas de forma a conferir proteção para infeções causadas pelo vírus da esgana (canine distemper virus – CDV), parvovírus canino tipo 2 (canine parvovirus type 2; CPV-2), adenovírus canino tipo 2 (canine adenovirus type 2; CAV-2) e agentes da laringotraqueíte infeciosa canina (canine parainfluenza virus, CPiV e Bordetella bronchiseptica). A administração destas vacinas deve ser feita em dose única no momento da chegada ao abrigo e repetida duas semanas depois. Também é recomendado que todos os canídeos sejam vacinados com a vacina antirrábica, antes de darem entrada no abrigo. Esta vacina deve ser administrada numa zona do corpo diferente de onde foram administradas as restantes, numa dose única no momento da admissão do animal no abrigo. Idealmente as vacinas administradas na mesma altura, devem ser dadas em diferentes locais anatómicos para que os antígenos sejam transportados para diferentes linfonodos e assim seja estimulada a imunidade adaptativa em dois locais distintos.11

Relativamente aos felídeos adultos, as vacinas fundamentais são as que conferem proteção para infeções causadas pelo parvovírus felino (feline panleukopenia virus; FPV), herpesvírus felino do tipo 1 (feline herpesvirus type 1; FHV-1) e o calicivírus felino (feline calicivirus; FCV), devendo estas ser administradas no momento da entrada do animal no abrigo, sendo repetida a dose no intervalo de duas semanas. A vacina antirrábica também é fundamental, devendo ser administrada uma única dose no momento da chegada.11

A vacina da gripe canina (canine influenza virus; CIV) é considerada uma vacina non-core, ou seja, deve ser ou não administrada aos canídeos em função de fatores como a localização geográfica, o custo-benefício associado e o estilo de vida do animal. No entanto, em abrigos localizados em comunidades endémicas ou em abrigos que transportem canídeos para/ou de comunidades endémicas, deve ser administrada a

- 32 - vacina contra a gripe canina. Esta é uma vacina que precisa de duas doses e devem ser dadas, pelo menos, com duas semanas de intervalo. A imunidade é esperada em uma semana, após a segunda dose. Portanto, mesmo em abrigos localizados dentro de comunidades endémicas, o benefício desta vacina será limitado se a exposição não puder ser prevenida antes do início da proteção.12

As vacinas não recomendadas são as que não possuem justificação científica para que sejam aplicadas.11

O protocolo vacinal em vigor no CRO de Cascais inicia-se no 16º dia após a entrada do animal no CRO. No caso de ser um:

- Canídeo: será vacinado de forma a estar protegido para infeções causadas pelo CDV, CAV-2, coronavírus, CPiV, CPV-2, Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola. A vacina será repetida no intervalo de duas a três semanas. O animal também é vacinado com a vacina antirrábica.

- Felídeo: será imunizado para conferir proteção dos agentes da rinotraqueíte infeciosa felina (FHV-1 e FCV) e proteção do FPV. O animal é vacinado e duas a três semanas depois será repetida a vacina.

O CRO só está encarregue por canídeos e felídeos adultos, ou seja, com mais de um ano de idade pois existe um protocolo com a ASFA – Cascais que aloja os animais mais novos por possuir instalações mais adequadas a essa faixa etária. Ao contrário do que é aconselhado pela World Small Animal Veterinary Association, a primeira vacina só é administrada após terem passado os primeiros quinze dias, devido aos custos financeiros que implicaria vacinar todos os animais que entrassem no CRO.

4.3 - Clínica Cirúrgica

Os canídeos e felídeos, após o décimo sexto dia no CRO, aguardam a esterilização logo que seja possível, de forma a dar cumprimento à Lei n.º 27/2016 de 23 de Agosto. Esta lei visa privilegiar a esterilização em detrimento do abate, como forma de controlo da população. O principal objetivo do CRO na área cirúrgica é fazer a

- 33 - esterilização de todos os animais. No entanto, se o animal necessitar e se for possível, também são realizadas outras cirurgias no momento da esterilização, de forma a gerir os recursos humanos e materiais. As cirurgias foram realizadas pela Dr.ª Rosa Pradas, com auxílio do estagiário em medicina veterinária, durante todas as etapas.

Pela observação da tabela 6, as únicas espécies sujeitas a cirurgia foram os canídeos e felídeos. A clínica cirúrgica totalizou 53 cirurgias, sendo todas de tecidos moles. A cirurgia mais frequente foi a orquiectomia, tanto em canídeos como felídeos, com 62%. A que se seguiu com mais frequência foi a ovariohisterectomia, com 24%.

Tabela 6 - Distribuição da casuística da clínica cirúrgica (n=53; Fip – frequência absoluta por

família/grupo; Fi – Frequência absoluta; fr (%) – frequência relativa).

Clínica cirúrgica Fip Fi fr (%)

Canídeos Felídeos Orquiectomia 18 15 33 62 Ovariohisterectomia 4 9 13 24 Herniorrafia 3 1 4 8 Mastectomia regional 0 2 2 4 Nodulectomia 0 1 1 2 Total 25 28 53 100

A técnica cirúrgica utilizada para a orquiectomia dos canídeos foi a orquiectomia pré-escrotal aberta. Nesta técnica o paciente é colocado em decúbito dorsal, começando por se verificar a presença de ambos os testículos no escroto. É feita a tricotomia e preparação de forma assética, da região do abdómen caudal e porção medial das coxas. São colocados os panos de campo sobre a zona preparada (escroto está excluído do campo). É aplicada pressão moderada no escroto, sobre um dos testículos para que avance o mais possível na área pré-escrotal. É feita uma incisão na pele e tecidos subcutâneos, ao longo da linha mediana, sobre o testículo deslocado. Esta incisão deve ser continuada para a fáscia espermática, de forma a exteriorizar o testículo. Faz-se uma incisão na túnica vaginal parietal sobre o testículo, a túnica albugínea não deve ser incidida, pois iria expor o parênquima testicular. Deve ser colocada uma pinça

- 34 - hemostática pela túnica vaginal, fixando-se ao epidídimo. Separa-se digitalmente o ligamento da cauda do epidídimo a partir da túnica. Exterioriza-se o testículo mediante aplicação de força na região caudal e para fora. Identificam-se as estruturas do cordão espermático. Fazem-se duas ligaduras em volta do ducto deferente e duas em volta do cordão vascular e seguidamente uma ligadura envolvendo ambos, utilizando material de sutura absorvível, 2-0 ou 3-0 de acordo com o tamanho do canídeo. Corta-se o ducto deferente e o cordão vascular acima das ligaduras. Inspeciona-se o cordão para ver se há hemorragia, e se não houver, volta-se a colocar dentro da túnica. Envolve-se o músculo cremáster e a túnica com uma ligadura. Avança-se o segundo testículo até a incisão, incide-se a cobertura fascial e efetua-se a orquiectomia, como detalhado anteriormente. Aproxima-se a fáscia densa incidida em cada lado do pénis, com sutura interrompida. Sutura-se o tecido subcutâneo com um padrão contínuo e aproxima-se a pele com um padrão de sutura interrompida simples.13

No caso dos felídeos, a técnica cirúrgica consiste em colocar o animal em decúbito dorsal ou lateral, sendo realizada a tricotomia e preparação assética da região do escroto. Aplica-se pressão na base do escroto, com dedo indicador e o polegar. Faz- se uma incisão com um centímetro no escroto, sobre cada testículo, em direção crânio- caudal. Incide-se a túnica vaginal parietal sobre o testículo, de forma a exteriorizá-lo. Separa-se digitalmente as inserções do ligamento, desde a cauda do epidídimo até à túnica vaginal (separar o ducto deferente do plexo pampiniforme). Faz-se um nó em oito (o cordão espermático é atado só com a ajuda de uma pinça hemostática, o mais proximal possível do testículo e depois ajusta-se manualmente). Corta-se o cordão e o testículo e verifica-se se há hemorragia e recoloca-se dentro da túnica. Repete-se o procedimento para o segundo testículo de forma similar e remove-se qualquer massa de tecido que esteja na zona exterior do escroto. A incisão escrotal é deixada cicatrizar por segunda intenção.13

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4.4 - Programa Nacional de Luta e Vigilância Epidemiológica da Raiva Animal e Outras Zoonoses

A raiva é uma doença causada por um vírus que provoca uma infeção aguda do sistema nervoso central e atinge mamíferos domésticos e selvagens. Trata-se de uma zoonose, ou seja, uma doença que se transmite dos animais para os seres humanos através do contacto direto com a saliva. Assim, é uma doença de declaração obrigatória a nível nacional e internacional, e como tal, a informação deve ser transmitida à União Europeia e à Organização Mundial de Saúde Animal.14

Atualmente, o enquadramento legal da doença tem o objetivo de manter o estatuto de indemnidade de Portugal. Esta visa ser mantida através da prevenção, da vigilância, da deteção antecipada e de uma ação rápida e eficaz perante qualquer suspeita. A legislação nacional é variada de forma assegurar o controlo da doença:14

- Segundo o Decreto-Lei n.º 39 209, de 14 de Maio de 1953, a raiva foi incluída num conjunto de doenças dos animais, para os quais estão determinadas medidas sanitárias. A legislação determinou que fosse obrigatória a declaração dos casos suspeitos ou confirmados ao MVM, por parte dos proprietários e dos MV que os presenciassem;14

- O Decreto-Lei n.º 314/2003 de 17 de Dezembro autoriza o PNLVERAZ. Este

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