4. GERAÇÃO DISTRIBUIDA 41
4.4. PROCEDIMENTOS LEGAIS PARA INTEGRALIZAÇÃO COM A
Como a geração distribuída envolve não só o consumidor que gerará energia mas também os consumidores ao redor, o esquema da rede, a logística da concessionária e outros fatores, um processo burocrático deve ser iniciado para a instalação da geração distribuída.
A ANEEL enquadra os sistemas de GD FV no contexto da legislação energética brasileira em função de algumas leis, as quais estão listadas abaixo:
• Lei 8.631/93 dispõe sobre os níveis tarifários e a extinção da remuneração garantida;;
• Lei 8.987/95 dispõe sobre o regime de concessão e permissão de serviço público;;
• Lei 9.074/95 estabelece normas para outorga e prorrogação de concessões e permissões;;
• Decreto 2.003/96 regulamenta a produção de energia elétrica de Produtores Independentes de Energia (produz energia elétrica destinada ao comércio) e Auto Produtores (produz energia elétrica destinada ao seu uso exclusivo);; • Decreto 2.655/98 regulamenta o Mercado Atacadista de Energia elétrica -
MAE e define regras de organização do Operador Nacional do Sistema elétrico - ONS.
A resolução 112/1999, de 18 de maio de 1999, estabelece os requisitos necessários à obtenção de registro ou autorização para a implantação, ampliação ou
repotencialização de centrais geradoras de fontes alternativas de energia, incluindo as centrais geradoras fotovoltaicas. Neste contexto as instalações solares fotovoltaicas integradas a edificações urbanas e interligadas à rede elétrica pública podem ser caracterizadas como Auto Produtores ou como Produtores Independentes de Energia (RUTHER, 2004, p. 18).
O PRODIST - Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional é instrumento da ANEEL que normaliza e padroniza as atividades técnicas relacionadas ao funcionamento e desempenho dos sistemas de distribuição de energia elétrica, aplicando-se à geração distribuída nos sistemas de baixa tensão. Seu conjunto de regras visa subsidiar os agentes e consumidores do sistema elétrico nacional na identificação e classificação de suas necessidades para o acesso ao sistema de distribuição, disciplinando formas, condições, responsabilidades e penalidades relativas à conexão, planejamento e expansão, operação e medição da energia elétrica, sistematizando a troca de informações entre as partes, além de estabelecer critérios e indicadores de qualidade. Devem se submeter às suas regras todas as concessionárias, permissionárias e autorizadas dos serviços de geração distribuída e de distribuição de energia elétrica, consumidores conectados aos sistemas de distribuição em qualquer tensão, cooperativas de eletrificação rural e importador/exportador de energia conectado (PINHO, 2014).
Duas etapas obrigatórias envolvem o processo de acesso para microgeradores e minigeradores compreendendo a conexão e o uso, ao sistema de distribuição: solicitação de acesso e parecer de acesso.
No fluxograma da Figura 19 são apresentadas as etapas e prazos relativos aos procedimentos de acesso à rede de distribuição.
Figura 19 - Etapas de acesso obrigatórias para microgeradores e minigeradores. Fonte: Procedimentos de distribuição de energia elétrica no sistema elétrico nacional, ANEEL, 2012.
4.4.1. Solicitação de Acesso
É o requerimento formulado pelo consumidor que deverá ser entregue à distribuidora / concessionária. A resolução do requerimento é efetuado em ordem cronológica de protocolo.
O documento deve incluir o projeto das instalações de conexão que contém: memorial descritivo, localização, arranjo físico e diagramas, quando couber, Sistema de Medição para Faturamento - SMF.
4.4.2. Parecer de Acesso
Este é um documento formal apresentado pela acessada (sem ônus para o acessante). O mesmo deve conter as condições de acesso que abrangem: a conexão, o uso, requisitos técnicos para a conexão das instalações do acessante e os respectivos prazos. Quando necessário, também é informado:
a. As características do ponto de entrega, com a apresentação das alternativas de conexão que foram avaliadas pela acessada, acompanhadas das estimativas dos respectivos custos, conclusões e justificativas;;
b. As características do sistema de distribuição acessado, incluindo requisitos técnicos, tensão nominal de conexão, e padrões de desempenho;;
c. Os cálculos relativos à participação financeira do consumidor;;
d. A relação das obras de responsabilidade da acessada, com correspondente cronograma de implantação;;
e. As informações gerais relacionadas ao ponto de conexão, como tipo de terreno, faixa de passagem, características mecânicas das instalações, sistemas de proteção, controle e telecomunicações disponíveis;;
f. O modelo de Acordo Operativo ou de Relacionamento Operacional para participantes do sistema de compensação de energia elétrica ou os modelos dos contratos a serem celebrados, quando necessário;; g. As tarifas de uso aplicáveis, quando for o caso;;
h. As responsabilidades do acessante;; e eventuais informações sobre equipamentos ou cargas susceptíveis de provocar distúrbios ou danos no sistema de distribuição acessado ou nas instalações de outros acessantes.
A distribuidora também deve ficar responsável pelos estudos para realizar a integração da mini ou micro geração distribuída, também é responsavel pela transmissão das informações à central geradora. Tais informações são necessárias
para a elaboração dos estudos que devem ser apresentados quando a solicitação de acesso é feita.
O parecer de acesso deve ser encaminhado em até 30 dias após o recebimento da solicitação de acesso.
"Para central geradora classificada como minigeração distribuída, o prazo de até 120 (cento e vinte) dias quando houver necessidade de execução de obras de reforço ou de ampliação no sistema de distribuição acessado”. As etapas assim como os prazos para interligação à rede de distribuição são observadas na Figura 20.
Figura 20 - Procedimento e etapas de acesso.
Fonte: Micro e Minigeração distribuída: sistema de compensação de energia elétrica, ANEEL, 2015.
4.5. PERSPECTIVAS DE CRESCIMENTO
A expectativa da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar) é de que em 2030 estejam instalados no país 25 GWp provenientes de energia solar, sendo 10 GWp de geração distribuída e 15 GWp na geração centralizada. Segundo Rodrigo Sauaia, presidente da ABSolar, as perspectivas levam em consideração as premissas do Plano Decenal de Energia (PDE) 2024 (ABSOLAR, 2015).
Segundo Rodrigo Sauaia, presidente da ABSOLAR, o Brasil tem uma excelente incidência solar, melhor que da Alemanha e da Espanha, onde a fonte tem crescido rapidamente nos últimos anos. Porém, para que as projeções se concretizarem é preciso superar algumas barreiras como a do financiamento do sistema fotovoltaico, questões tributárias, aprimorar a resolução Aneel 482/2012 sobre a micro e minigeração, além de atrair a cadeia produtiva de equipamentos do sistema fotovoltaico para o Brasil.
O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, ressalta que na matriz elétrica tem espaço para todas as fontes. O país terá que dobrar sua capacidade de geração instalada em 20 anos, com a implantação de mais de 140 mil MW de geração fotovoltaica. Segundo Altino, a expansão do setor elétrico era muito calcada na hidroeletricidade, mas agora outras fontes renováveis vão ter o seu espaço. "O Brasil tem que correr atrás das fontes primárias e a solar é uma dessas fontes" (SINDENERGIA, 2015).
Para que tais planejamentos sejam implementados a fabricação dos equipamentos fotovoltaicos no Brasil e a posse de tecnologia para adaptar os painéis as condições da nossa região, é um fato relevante para seu sucesso.
Entre os anos de 2014 e 2015 foram contratados mais de 2 GW de potência instalada provenientes de energia solar fotovoltaica e que a estimativa de investimentos em tecnologia e equipamentos fotovoltaicos até 2017 é de mais de R$ 8,5 bilhões (MME, 2014).
A Energia de Reserva é Destinada a aumentar a segurança no fornecimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional - SIN. Esta energia adicional é contratada por meio de Leilões de Energia de Reserva – LER. O objetivo do LER é elevar o patamar de segurança no fornecimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional (SIN) com energia proveniente de usinas especialmente contratadas para este fim (MME, 2014).
O 6º Leilão de Energia de Reserva (LER), realizado em 31 de outubro de 2014, pode ser considerado um marco histórico para o setor fotovoltaico brasileiro, representando a primeira contratação da fonte em um leilão federal de energia elétrica no Ambiente de Contratação Regulada (ACR). A partir disto, a energia solar fotovoltaica torna-se realidade como uma alternativa energética renovável, limpa e sustentável para o desenvolvimento da matriz elétrica do país. Este foi, portanto, um passo decisivo para o setor fotovoltaico brasileiro.