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Procedimentos metodológicos

No documento ASPOF AN Ana Meira Pires 2013 (páginas 67-70)

IV. METODOLOGIA

4.1. Procedimentos metodológicos

As investigações empíricas, na perspetiva de Hill e Hill (2012: 20), podem ser de três tipos: i) investigação pura, cujo objetivo é a descoberta de novos factos e que contribui, essencialmente, para o acumular do conhecimento e o enriquecimento da literatura, isto é, a transmissão deste conhecimento novo; ii) investigação aplicada, que pretende descobrir novos factos ou dados empíricos que podem ter aplicações práticas a médio prazo e, por último, iii) investigação aplicável, cujo objetivo é a descoberta de novos factos para resolução, a curto prazo, de problemas concretos.

Cooper e Schindler (2003, p. 32) falam em pesquisa pura ou básica e pesquisa aplicada, referindo que aquela «visa resolver questões complicadas (ou seja, problemas), de natureza teórica, que têm pouco impacto direto sobre a ação ou desempenho», enquanto a segunda coloca «ênfase prática na solução de problemas, embora a solução de problemas nem sempre seja gerada por uma circunstância negativa», podendo também ser usada para «avaliar oportunidades».

São ainda Cooper e Schindler (2003) que se referem à classificação dos estudos em função de oito parâmetros, de entre os quais destacaremos três. Assim:

i) Se considerarmos o «grau em que as questões de pesquisa foram cristalizadas», isto é, o grau de estrutura da investigação, encontramos o estudo exploratório e o estudo formal, embora esta dicotomia, considerando que não há tipologias puras, não seja muito precisa. Enquanto o estudo formal «envolve procedimentos precisos e especificação de fontes de dados» (p. 128), na pesquisa exploratória, ao invés, a área de investigação é nova ou ainda pouco estudada, pelo não há uma ideia clara dos problemas a resolver e é apenas ao longo da exploração que «os pesquisadores desenvolvem conceitos de forma mais clara, estabelecem prioridades, desenvolvem definições operacionais e melhoram o planeamento final de pesquisa» (p. 131);

ii) Se classificarmos o estudo em função da «dimensão tempo», teremos a investigação transversal – trabalhos que «são feitos uma vez e representam um instantâneo de um determinado momento» (p. 129) — e a investigação longitudinal que, abrangendo um período de tempo mais lato, pode, por isso, acompanhar mudanças.

68 iii) Se tivermos em conta a amplitude e profundidade da pesquisa, são possíveis duas situações: o estudo estatístico e o caso. O primeiro valoriza a amplitude em detrimento da profundidade, enquanto no segundo acontece a situação inversa.

Na linha destas tipologias, este trabalho pode caraterizar-se como uma investigação ou pesquisa aplicada, dado o teor prático de que se reveste. Do ponto de vista da estrutura, é um misto de estudo formal e exploratório pois se, por um lado, há procedimentos precisos que foram seguidos, por outro lado, o seu campo de aplicação é novo; trata-se ainda de um estudo transversal porque não abrange um largo período temporal; finalmente, do ponto de vista da amplitude e profundidade, classifica-se como caso, no sentido em que se opta pela análise minudente da matéria em questão.

No que concerne à forma de abordagem das problemáticas, Cooper e Schindler (2003, p. 132) consideram que, numa pesquisa qualitativa, são possíveis diversas estratégias que se podem combinar entre si; de entre uma lista de sete sugestões, destacam-se a análise de documentos, os estudos de caso e as entrevistas e inquéritos. Na mesma linha, Ryan, Scapens e Theobald (2004, p. 126) referem que um «enfoque pluralista», com diferentes métodos de investigação e diferentes metodologias é fundamental para que se possam explorar o maior número de aspetos possível (ibid, p. 69).

Neste sentido, o nosso estudo compreende uma dupla abordagem:

i) O estudo de caso: considera-se caso como «uma entidade ou coisa sobre a qual a hipótese discorre» (Cooper e Schindler, 2003, p. 57) e que, nesta situação concreta, é o processo orçamental na Escola Naval. Segundo Ryan, Scapens e Theobald (2004, p. 200), «os estudos de caso são particularmente apropriados em áreas onde a teoria não está ainda bem desenvolvida»22. Ao colocarem «mais ênfase numa análise contextual completa de poucos factos ou condições e suas inter-relações», estes estudos fornecem «informações valiosas para a solução de problemas, avaliação e estratégia» (Cooper e Schindler, 2003,

22 O que parece ser o caso, pois não há, de facto, um método de orçamentação e um modelo orçamental “ótimos”, antes havendo várias teorias (métodos/modelos) que concorrem entre si. Saliente-se que não há, sequer, a certeza de tal modelo existir, sendo mais aceite que poderá haver condições em que determinados modelos deverão ser preferidos a outros mas que, noutras condições, a relação pode ser inversa. Entre estas condições podem apontar-se a cultura e hábitos; a lei, no que determina como autonomia e responsabilidade dos agentes orçamentais; o grau de descentralização da administração, etc.

69 p. 130), podendo ser, assim, «um desafio importante para uma teoria e simultaneamente ser a fonte de novas hipóteses e constructos» (ibid, p.131).

Simultaneamente, este estudo exige, necessariamente, o recurso a uma outra abordagem – a análise de documentos, designadamente de alguns dos normativos da Marinha Portuguesa/ Escola Naval.

ii) O questionário, como abordagem complementar: considerando que a investigação pretende, para além da conceção de um modelo de orçamentação por atividades na Escola Naval, a avaliação da recetividade dos responsáveis à mudança, o questionário foi o instrumento considerado adequado a este objetivo, quer pela facilidade da sua divulgação e preenchimento (via online), quer para «obter evidências de uma série de pessoas, assim como para reunir informação de forma sempre igual e comparável» (Ryan, Scapens e Theobald, 2004, p. 206).

Relativamente à conceção do modelo de orçamentação por atividades adaptado à Escola Naval, e seguindo as boas práticas nesta matéria, optou-se por dividir a sequência processual em duas fases, correspondentes a dois momentos distintos desse processo — o ex-ante e a construção propriamente dita, como mostra a figura:

Etapa I: Preparação do modelo conceptual

1. Definir conceitos;

2. Identificar os objetos de custeio; 3. Elaborar o dicionário de atividades; 4. Identificar recursos

Etapa II: Construção do modelo conceptual

1. Alocar custos diretos; 2. Definir cost drivers;

3. Imputar recursos às atividades.

Figura 9 - Etapas a seguir na preparação e construção do modelo de orçamentação

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