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Expõe-se nesta seção o caminho percorrido na realização da pesquisa. Tais procedimentos metodológicos apontam a natureza qualitativa desse estudo, por envolver opiniões, experiências e questões subjetivas dos entrevistados que levaram a compreensão do fenômeno em estudo.

Partindo desta perspectiva buscou-se compreender como os entrevistados constroem sua própria realidade, o que justifica a escolha ontológica desse trabalho, ao considerar que a realidade pode ser construída e reconstruída. O foco é o entendimento dos egressos do curso de Administração sobre suas trajetórias acadêmicas.

Do ponto de vista epistemológico, esta pesquisa está dentro do escopo do paradigma interpretativista, que possui como finalidade da investigação a compreensão e a interpretação, sabendo que o real não é apreensível, mas sim construído pelos sujeitos que estão inseridos nas relações com o mesmo (FREITAS, 2003). Assim, também existiu uma relação entre a pesquisadora e a realidade estudada, ao analisar os relatos dos egressos e os interpretar com base nos interesses do estudo.

3.1 Tipo de pesquisa

As características do presente estudo apontam para uma pesquisa de natureza qualitativa. A pesquisa qualitativa busca a compreensão dos agentes envolvidos e daquilo que os levou a agir como agiram (GODOI; BALSINI, 2010). Segundo Minayo (2011, p. 07), a avaliação qualitativa visa permitir a compreensão dos processos e resultados ao considerá-los como um sistema de ideias, padrões de comportamento e interações, organizados a partir de interesses em comum e reconhecidos socialmente.

Denzin e Lincoln (2006) conceituam a pesquisa qualitativa como uma atividade situada que localiza o observador no mundo, ou seja, consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo. Para estes autores, a pesquisa qualitativa é em si mesma um campo de investigação, atravessando disciplinas e temas.

Desse modo optou-se pela pesquisa qualitativa a fim de conhecer as trajetórias acadêmicas dos egressos ao longo ao longo do curso de Administração. Vergara (2005) reforça que as pesquisas dessa natureza envolvem a subjetividade, a descoberta e a valorização da visão dos indivíduos.

3.2 Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa foram os egressos do curso de Administração de uma IFES localizada no sul de Minas Gerais. Neste estudo, os egressos podem ser compreendidos como

aqueles indivíduos que passaram pela universidade e concluíram determinado curso, ou seja, que já se formaram. Os egressos são considerados atores fundamentais, pois passaram por toda a trajetória acadêmica no curso de Administração, possuindo visões que contemplam desde os momentos anteriores a escolha do curso e ingresso na universidade até o momento final ao se formar.

A escolha da instituição considerou critérios relacionados à conveniência e acessibilidade, ou seja, pela proximidade e por não demandar recursos financeiros para o deslocamento de cidade. Os sujeitos foram selecionados conforme os critérios de facilidade de acesso, disponibilidade e interesse em participar da pesquisa. Vale ressaltar que todos os entrevistados leram e assinaram anteriormente um termo de compromisso esclarecendo todos os procedimentos das entrevistas. O contato inicial foi feito por meio de redes e pela indicação, ou seja, um egresso indicava outro conhecido.

Foram entrevistados 11 egressos no total. Para caracterizar o perfil1 de cada um, foram levantados alguns dados. Os egressos possuem entre 21 e 27 anos de idade, sendo sete do sexo feminino e quatro do sexo masculino, formados entre 2013 e 2016. Por questões éticas, os nomes foram preservados, enumerados e substituídos pela letra E (Egresso) e um número para cada sujeito.

3.3 Técnicas e instrumentos de coleta de dados

Os dados foram coletados por meio de entrevistas, realizadas através de um roteiro semiestruturado2, a fim de buscar a caracterização geral dos entrevistados e permitir o conhecimento de suas experiências e entendimento acerca da trajetória acadêmica.

As questões envolveram três etapas da trajetória dos egressos, ou seja, o antes do ingresso no curso de Administração, envolvendo aspectos da vida pessoal que os levaram a universidade; o durante, que é a trajetória na universidade, incluindo todas as experiências vivenciadas nessa fase; e após terminar o curso, que engloba o que esse processo significou para eles, o que será levado para a vida e as transformações ocorridas.

Houve um contato prévio com os possíveis entrevistados a fim de verificar a disponibilidade e efetuar o agendamento. As entrevistas foram gravadas e transcritas na

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Apêndice A: Perfil dos egressos

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íntegra e ocorreram nos meses de agosto e setembro do ano de 2016. Das onze entrevistas, três foram realizadas via Skype devido ao fato de que os sujeitos residiam em cidades diferentes e distantes, as demais foram presenciais.

3.4 Análise e interpretação dos dados

A análise dos dados foi realizada por meio da análise de conteúdo, que pode ser definida como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens (BARDIN, 2009). Essa análise ajuda a reinterpretar as mensagens e atingir uma compreensão de seus significados em um nível que vai além de uma leitura comum (MORAES, 1999).

Campos e Turato (2009) ressaltam que a análise de conteúdo abrange um conjunto de técnicas de organização de comunicação e informações, ou seja, é um procedimento que faz emergir temas e conhecimentos a partir de dados qualitativos. Os autores afirmam ainda que o desenvolvimento deste método passa pela criatividade e capacidade do pesquisador em lidar com situações incomuns no estudo do fenômeno humano.

Optou-se pela análise de conteúdo temática (ou categorial) para auxiliar a análise dos relatos dos egressos que podem possuir visões semelhantes ou até mesmo muito diferentes. “Fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado (MINAYO, 2000, p. 209)”. Sendo assim, a investigação baseou-se na presença de determinados temas.

Para Minayo (2000), o tema está relacionado a uma afirmação sobre determinado assunto, podendo ser representado por meio de uma palavra, frase ou resumo e sua presença indica valores de referência e modelos de comportamento presentes no discurso. De acordo com Bardin (2009), o tema é a unidade de significação que surge no texto a ser analisado conforme os critérios relativos à teoria que direciona a leitura.

Foram seguidas as três etapas da análise de conteúdo, propostas por Bardin (2009): pré-análise; exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

Na fase da pré-análise, foi feita a leitura flutuante iniciando o contato com o texto e sistematizando as ideias iniciais. Após isso, realizou-se a organização do material, na qual o primeiro passo foi numerar (codificar) as entrevistas para possibilitar a identificação de cada

entrevistado preservando sua identidade. Em seguida, atribuiu-se número às páginas das entrevistas para permitir a localização de trechos das narrativas quando necessário. A unidade de registro foram os trechos das entrevistas, ou seja, utilizou-se o tema para a elaboração das categorias.

A forma de categorização escolhida foi a grade mista, que integra as grades fechada e aberta. De acordo com Vergara (2005), na grade aberta, as categorias são definidas durante a realização da pesquisa e permite-se alterações até a obtenção do resultado final. Na grade fechada, as categorias são estabelecidas anteriormente conforme a literatura e os objetivos do trabalho. Já na grade mista, as categorias são definidas preliminarmente, porém podem ser inclusas categorias surgidas durante o andamento da análise, verificando a necessidade de subdivisão, inclusão ou exclusão até a obtenção do conjunto final.

Feito isso, procedeu-se a segunda fase, de exploração do material, analisando os dados brutos de forma a compreender o texto. Foram selecionados trechos das entrevistas que tratavam de temas pertinentes aos objetivos da pesquisa. O próximo passo consistiu em agregar os temas para posteriormente construir as categorias específicas.

Inicialmente foram obtidas seis categorias, sendo duas agrupadas em outra por tratarem de temas semelhantes e uma excluída por ser considerada uma categoria fraca, ou seja, temas pouco citados. Assim, restaram três categorias finais, conforme mostra o quadro a seguir:

Quadro 2 – Categorias de análise

Fonte: Da autora (2017).

Com base no roteiro de entrevistas, cada uma dessas categorias engloba uma etapa específica da trajetória acadêmica dos egressos: o antes, o durante e o depois, respectivamente conforme estão enumeradas no quadro acima.

Na terceira fase, as três categorias finais foram analisadas e interpretadas com base na fundamentação teórica proposta e nos dados que surgiram ao longo das entrevistas, conforme será apresentado na seção a seguir.

CATEGORIAS DE ANÁLISE 1 O ensino com foco na empregabilidade 2 O desenvolvimento profissional e pessoal 3 O significado da trajetória acadêmica

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