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5.1 Metodologia da pesquisa

Com esta pesquisa buscamos analisar o Ensino de Ciências Naturais no PNAIC, abordando os aspectos teóricos e proposta pedagógica do programa na prática do docente. Para atender ao objetivo proposto, a pesquisa documental envolvendo os documentos do PNAIC, assume a abordagem qualitativa, a partir da análise do conteúdo apoiada na teoria de Bardin (2000).

Segundo Chizzotti (2003), a pesquisa qualitativa constitui um campo transdisciplinar,

que perpassa as ciências sociais e humanas com diversificados métodos e paradigmas de análise. A pesquisa qualitativa possibilita o estudo dos significados latentes e visíveis que

são vistos a partir de uma atenção sensível do pesquisador, numa partilha dos fatos, pessoas, e locais pesquisados no convívio social. São estudos nos quais se descreve e analisa os fenômenos humanos, que atribuem e criam significados na interação social.

De acordo com Minayo (2013) neste tipo de pesquisa, investigam-se questões essencialmente particulares, estudando a realidade que perpassa os sentidos, compreensões e valores da temática em estudo. Para a autora,

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. [...] universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das

crenças, dos valores e das atitudes (p. 21, grifo nosso).

Nesse sentido, buscamos por meio da pesquisa qualitativa, analisar os significados atribuídos às práticas vinculadas para o Ensino de Ciências da Natureza no PNAIC. Na pesquisa, buscamos responder algumas questões centrais como: o que o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) propõe para o ensino de Ciências da Natureza? Quais as relações entre os direitos de aprendizagem de Ciências e as propostas para a prática docente na área de Ciências apresentadas nos cadernos do PNAIC?

Frente aos questionamentos apresentados, entendemos que a pesquisa qualitativa contribuirá significativamente na compreensão dos significados dos documentos do PNAIC. A pesquisa não propõe a quantificar as experiências de ensino de Ciências no PNAIC, ou mesmo generalizar práticas desenvolvidas diante de contextos e atores sociais tão diversos, mas buscamos com a mesma realizar uma análise sistemática dos documentos.

De acordo com Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998), documento é qualquer registro escrito que pode ser usado como fonte de informação a respeito do que está sendo estudado. Nesse sentido, a pesquisa envolveu os documentos (doravante chamados de cadernos de formação) construídos para o programa do PNAIC.

De acordo com Gil (2008), a pesquisa documental constitui uma fonte estável e rica de dados, bem como caracteriza se diferencia da pesquisa bibliográfica em virtude da natureza das fontes e envolve material que ainda não recebeu tratamento analítico, ou que ainda pode ser reelaborado.

Segundo Marconi e Lakatos (1990, p.57), a pesquisa documental está voltada a documentos oriundos de fontes primárias: “a característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”. Já com base em Pádua (1997, p. 62) a pesquisa documental:

[...] é aquela realizada a partir de documentos, contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente autênticos (não fraudados); tem sido largamente utilizada nas Ciências Sociais, na investigação histórica, afim de descrever/comparar fatos sociais, estabelecendo suas características ou tendências; além das fontes primárias, os documentos propriamente ditos, utilizam-se as fontes chamadas secundárias, como dados estatísticos, elaborados por Institutos especializados e considerados confiáveis para a realização da pesquisa.

Assim, a pesquisa foi documental, pois assumiu a análise sistemática de diferentes documentos, com intuito de descrever, comparar e estabelecer as características dos mesmos, oriundos de diferentes fontes e formatos, com a abordagem baseada na pesquisa qualitativa que visa compreender os significados expressos nos cadernos do PNAIC acerca do Ensino de Ciências.

5.2 Caminho da pesquisa e a análise do corpus empírico

Considerando que temos com o presente estudo o objetivo de analisar como o Ensino de Ciências Naturais se configura no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), é imprescindível verificarmos quais práticas os documentos do PNAIC sugerem ao Ensino de Ciências da Natureza. Além de conhecer como os docentes envolvidos no PNAIC desenvolvem práticas, a fim de proporcionar o Ensino de Ciências da Natureza.

A análise do corpus empírico foi norteada por algumas questões, bem como os objetivos específicos da pesquisa. Para tanto, tivemos como primeiro questionamento “Qual concepção de Ensino de Ciências da Natureza é apresentada pelos relatos de experiência e

planejamentos vinculados no PNAIC?”. Responder a essa questão nos deu elementos para atender ao nosso primeiro objetivo específico: caracterizar o Ensino de Ciências Naturais proposto no PNAIC.

Para o segundo objetivo específico, que consiste em identificar as contribuições e limites da proposta do Ensino de Ciências no PNAIC, buscamos a identificação através de questões norteadoras como, “O PNAIC apresenta características da racionalidade técnica, da racionalidade prática?”, “O PNAIC vai além da racionalidade?” e “Quais são os temas e como os mesmos são propostos?

Para responder as questões norteadoras, e alcançar os objetivos elencados, construímos o corpus empírico com base em todos os Cadernos de Formação do PNAIC publicados em 2012, 2014 e 2015. O estudo dos cadernos foi apoiado na análise de conteúdo de Bardin (2000), e contou com a ficha de análise (ver apêndice A). Para a autora, a análise de conteúdo se caracteriza como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (42).

Nesse sentido, a análise de conteúdo proporciona a descrição dos conteúdos expressos nas mensagens sobre o ensino de Ciências nos Cadernos de Formação do PNAIC.

O caminho para a construção e análise do corpus empírico se deu a partir de três polos, baseados em Bardin (2000): 1) “a pré-análise”, com a escolha inicial dos documentos para o estudo que são os cadernos que apresentam práticas com o ensino de ciências entre os que não apresentam; 2) “a exploração do material”, a partir da exploração dos documentos e Cadernos do PNAIC; 3) “tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação”, que foi o momento da análise do corpus e inferências, considerando o que é proposto nos cadernos de Formação, e quais as tendências de Ensino de Ciências no PNAIC, além da criação de categorias.

A construção do corpus empírico foi sistematizada em três categorias principais. Na primeira categoria foi: (1) O PNAIC e as Áreas do Conhecimento – com a discussão sobre as diversas áreas de conhecimentos reconhecidas e enfatizadas no PNAIC; (2) Aprender Ciências da Natureza como Direito no PNAIC – no qual são apresentados os direitos de aprendizagem e as possíveis relações com o ensino de Ciências; (3) O Ensino de Ciências no PNAIC – com reflexões sobre a proposta de ensino e a articulação com as tendências pedagógicas.

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