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4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DE COLETA E ANÁLISE DE

4.4.2 Procedimentos metodológicos para adaptação e validação do checklist de

Para o alcance do segundo objetivo, emergiu a seguinte questão norteadora: A adaptação e validação de um instrumento de pesquisa em formato de checklist para a cesárea implicam em promoção da segurança da paciente?

Adotou-se um estudo metodológico para adaptar e validar o instrumento de segurança cirúrgica na cesárea, com base no protocolo e no checklist de Segurança cirúrgica da OMS. Desenvolveu-se um estudo metodológico, no qual se utilizaram procedimentos adotados como científicos a fim de se obterem resultados consistentes de uma determinada investigação (DEMO, 2009).

Participaram do estudo 43 profissionais, que compunham a equipe cirúrgica de um centro obstétrico de um hospital público do Distrito Federal, Brasil. A pesquisa ocorreu no período de meados de dezembro de 2014 a início de março de 2015.

Seguiram-se quatro etapas para obter a validação do instrumento. Na primeira etapa, o instrumento foi adaptado com base na revisão da literatura, unindo as diretrizes presentes no protocolo e no checklist da OMS traduzido e divulgado por Brasil (2013a), entre outras evidências científicas.

Chegou-se a uma versão preliminar do instrumento e foram mantidas as dimensões contidas na LVSC da OMS, ou seja, antes da indução anestésica, antes da incisão cirúrgica e antes da paciente sair da sala de operações, representadas, respectivamente, pelas letras A, B e C.

Na segunda etapa, o instrumento foi entregue aos especialistas / juízes para julgamento e análise. Esta consistiu na validação de conteúdo e aparente do instrumento, por meio da técnica Delphi, pela qual se analisa e discute a avaliação de peritos sobre um tópico específico (BELLUCCI e MATSUDA, 2012).

Esta técnica permite obter consenso de um grupo a respeito de um determinado fenômeno. O grupo é composto por juízes, ou seja, profissionais efetivamente engajados na área onde está se desenvolvendo o estudo (FARO, 1997).

Para Willans e Webb (1994), a técnica Delphi requer uma contabilidade de resultados em função de um grupo de juizes, não havendo um número ideal para a composição do grupo e esta varia de acordo com o fenômeno estudado e dos critérios definidos, pelo pesquisador, para a seleção destes especialistas.

Para análise de conteúdo, foram adotados oito critérios, quais sejam: (1) objetividade: o item permite resposta pontual; (2) clareza: o item deve ser inteligível para todos os estratos da população-meta; (3) precisão: o item de avaliação deve ser distinto dos demais; (4) variedade: os itens devem variar de forma a não provocarem monotonia; (5) simplicidade: o item expressa uma única ideia; (6) relevância: deve ser descrito de forma pertinente e consistente; (7) credibilidade: está formulado de modo que não pareça infantil ou despropositado; e (8) comportamental: o item permite uma ação clara e precisa (PASQUALI, 1998).

Para a validade aparente, os especialistas/juízes julgaram se os itens eram apropriados para o alcance do objetivo. Trata-se de uma característica necessária, pois, se o instrumento parece tolo ou inadequado, a falta da validade pode comprometer todo o estudo (PASQUALI, 1998; MEDEIROS et al., 2015).

Os itens foram distribuídos em uma escala Likert com 24 itens. Em seguida, foram julgados conforme a seguinte classificação: o número 4 foi representativo, o número 3 necessitou de pequena revisão para ser representativo, o número 2 necessitou de grande revisão para ser representativo, e o item número 1 não foi representativo.

Um índice de validade de conteúdo de 0,8 foi adotado como critério para permanência do item. Alguns itens tiveram suas redações adequadas quando sugeridas pelos especialistas (PASQUALI, 1998).

Participaram da análise de conteúdo oito especialistas/ juízes, segundo os seguintes critérios de inclusão: profissionais com ensino superior, com experiência relevante e/ou de docência e/ou de pesquisa nas áreas materno-infantil, anestesiologia e segurança do paciente, e com pelo menos dois anos de experiência na área de atuação. Foram excluídos os profissionais com pouca experiência técnico-científica sobre a temática.

Na terceira etapa, conduziu-se a avaliação semântica do instrumento. O instrumento outrora validado pelos juízes e profissionais foi apresentado e discutido entre os componentes da equipe cirúrgica e teve como mediadora a pesquisadora responsável.

Para análise semântica do instrumento, Pasquali (1998) relata que há várias maneiras eficientes para realizar tal análise, como por exemplo, aplicar o instrumento a uma amostra de aproximadamente 30 pessoas da população-meta e em seguida discutir com eles as dúvidas que os itens suscitarem. Entretanto, uma técnica que se tem mostrado mais eficaz na avaliação da compreensão dos itens consiste em checá-los com pequenos grupos de pessoas (3 ou 4) numa situação de brainstorming.

Nesta pesquisa, optou-se por utilizar as duas técnicas com o propósito de inferir maior precisão ao resultado. Em um primeiro momento da avaliação semântica, foi utilizada uma abordagem qualitativa, empregando-se a técnica de brainstorming a cinco integrantes da equipe cirúrgica, do estrato menor ao mais elevado de formação profissional, a saber: um médico obstetra, um médico anestesista, a enfermeira chefe do setor, uma enfermeira assistencial e uma técnica de enfermagem.

Portanto, o critério de inclusão para participação da técnica de brainstorming consistiu em profissionais de todas as categorias que compõem a equipe cirúrgica do centro obstétrico e que fornecessem assistência direta à paciente, excluindo-se todos os demais profissionais e estudantes.

A técnica de brainstorming também conhecida como tempestade de ideias ocorre em grupo e é usada para orientar um fluxo de produção de ideias e soluções. Em uma sessão de brainstorming o grupo poderá ser composto de quatro a doze pessoas e inclui um facilitador que orienta e provoca a participação plena do grupo (PASQUALI, 1998; SHIREY, 2011).

Na quarta etapa, a fim de consolidar e reinterar os resultados da técnica de brainstorming, continuou-se com a avaliação semântica, a partir de uma avaliação complementar utilizando-se a abordagem quantitativa, com uma escala Likert, cuja classificação variou de 1 a 5 com ordem gradativa dos seguintes conceitos atribuídos: 1 para “Nada Importante”; 2 para “Pouco importante”; 3 para “Medianamente importante”; 4 para “extremamente importante” e 5 para “Indispensável.

Esta escala foi aplicada a 30 profissionais que compunham a equipe cirúrgica, entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Foram excluídos profissionais que não atuavam na equipe cirúrgica do serviço estudado e estudantes.

Considerou-se o nível de consenso a partir de 70% das respostas obtidas entre os profissionais que participaram da análise semântica, adotando o somatório das classificações da escala Likert para extremamente importante e indispensável. Alguns estudos recomendam de 50% a 80% de consenso (SALMOND, 1994).

O tratamento dos dados se deu pela análise estatística descritiva, com triangulação dos dados qualitativos e quantitativos. Para os dados numéricos foram utilizados os programas Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 22, e Microsoft Excel 2010, utilizando-se soma, média, porcentagem e desvio padrão.

Calculou-se a correlação de Pearson para os itens das dimensões entre si e o alfa de Cronbach para cada item e posteriormente, estimou-se a confiabilidade do instrumento de pesquisa por meio do coeficiente alfa de Cronbach para o instrumento como um todo.

4.4.3 Procedimentos metodológicos para aplicação do checklist de segurança cirúrgica