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2.1. Método de coleta de dados

O método de coleta de dados adotado nesta pesquisa foi o Estudo de Caso, que é uma das diversas formas de se fazer pesquisa em ciências sociais, conforme apontou Yin (2005).

Para esse autor, toda estratégia de pesquisa apresenta vantagens e desvantagens, que dependem de três condições básicas: do tipo de questão da pesquisa; do controle que o pesquisador possui sobre os eventos comportamentais efetivos; e dos fenômenos que constituem o foco (históricos ou contemporâneos). A questão de pesquisa que orientou este trabalho foi do tipo “como” o PBF contribui para diminuir a pobreza e a exclusão social; não havia pretensão de controle e manipulação de comportamentos, e o foco do estudo era um fenômeno contemporâneo (o PBF como forma de diminuir a pobreza e a exclusão social).

Para Gil (2002), esse método consiste num trabalho profundo e exaustivo, que permite amplo e detalhado conhecimento acerca do objeto de pesquisa; trata-se de uma estratégia de pesquisa abrangente, na qual as condições contextuais são pertinentes ao desenvolvimento do estudo. Diante disso, considerou-se que o referido método seria o mais adequado para uma investigação profunda sobre o Programa Bolsa-Família (PBF), conforme a percepção das mães beneficiárias.

2.2. Definição do campo empírico

O campo empírico da pesquisa foi o Programa Bolsa-Família implementado no Bairro Novo Silvestre, em Viçosa, MG, cidade essa situada na região da Zona da Mata, entre as serras da Mantiqueira, do Caparaó e da Piedade. Limita-se ao norte com os Municípios de Teixeiras e Guaraciaba, ao sul com Paula Cândido e Coimbra, a leste com Cajuri e São Miguel do Anta e a oeste com Porto Firme. O município é servido pelas rodovias BR 12O, MG 280 e MG 356 (PREFEITURA MUNICIPAL DE VIÇOSA, 2007).

O município tem uma população estimada, de acordo com o IBGE (2004), em quase 69.000 habitantes. Quanto aos aspectos geográficos, a área do município corresponde a 300,15 km2,o clima é tropical de altitude, a temperatura média anual é 18,5 ºC e a altitude é 649 m. Quanto aos aspectos demográficos (população por situação domiciliar), a população total corresponde a 64.854, sendo a população urbana de 59.792 e a população rural, 5.062. Quanto aos aspectos socioeconômicos, o indice de Desenvolvimento Humano (IDH) Municipal é de 0,809; o de Educação, de 0,929; o de Longevidade, de 0,756; e o de Renda, de 0,741. No que se refere à renda per capita média, ela é de 329,70. O Índice de Gin do município é de 0,61, e o acesso a serviços básicos corresponde a água encanada: 97,2; energia elétrica: 98,5; e Coleta de Lixo: 96,0.16

O Bairro Novo Silvestre, um dos bairros que possuem grupo de famílias beneficiárias do PBF, está localizado ao norte do Município de Viçosa, às margens da BR 120, sentido Viçosa – Teixeiras. O bairro está muito próximo de localidades rurais, por isso os serviços de saúde (posto de saúde) e de educação oferecidos no bairro são usufruídos pela população residente nas zonas rurais próximas. O bairro possui fornecimento de água tratada, iluminação, captação de esgoto e recolhimento do lixo pela rede pública. Apesar dessa infra-estrutura mínima, o bairro concentra grande número de famílias, as quais vivem em condições de pobreza17. A opção pelo Bairro Novo Silvestre deveu-se ao fato de a pesquisadora ter trabalhado como professora em uma escola municipal, fase na qual despertou interesse por questões

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Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano FJP/PEA/PNUD - Ano 2000. 17

O trabalho no bairro levou a pesquisadora a observar a precariedade das condições de vida dos moradores em relação a vários âmbitos: ao trabalho e renda (muitas pessoas ociosas e desempregadas), às condições habitacionais (grande número de residências inacabadas, falta de reforma); e índices crescentes de violência.

relacionadas aos limites e possibilidades do PBF para o enfrentamento da pobreza e da exclusão social em que as famílias beneficiárias viviam. Foi determinada também pelo fato de que pesquisas com populações carentes no município focalizam, em sua maioria, as famílias do bairro mais carente do município, o Bairro Nova Viçosa. Por isso, optou-se por conhecer a realidade social de outro grupo de famílias pobres, as do Bairro Novo Silvestre.

2.3. Seleção e contato com os sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa foram constituídos por uma amostra composta por 25 mulheres de famílias beneficiárias do PBF, residentes no Bairro Novo Silvestre e em seu entorno (zona urbana e zona rural), no Município de Viçosa, MG, através de um processo aleatório de seleção (sorteio). Os gestores – a coordenadora e a gestora municipal do PBF – foram escolhidos intencionalmente, para representar o grupo de profissionais do PBF no município.

A amostra de 25 famílias é representativa da população de 70 famílias beneficiárias do PBF no Bairro Novo Silvestre, porque obedeceu ao critério de seleção aleatória, de modo que as 70 famílias tiveram a mesma chance de pertencer à amostra, sendo a característica comum observada na população a participação no programa como beneficiários. Não é o critério numérico que expressa a representatividade da amostra e dos dados na pesquisa qualitativa, mas, sim, a capacidade de possibilitar a compreensão do significado e a descrição densa dos fenômenos estudados em seus contextos (GOLDENBERG, 2004). Nesta pesquisa foi possível explorar densamente o fenômeno estudado, através da amostra composta por 25 famílias selecionadas.

A seleção intencional das duas profissionais do programa que atuavam em nível local justifica-se por que a coordenadora e a gestora são as principais responsáveis pela mediação e articulação entre os governos federal, estadual e municipal. Portanto, sendo essas profissionais que coordenam as equipes de trabalho, compostas por vários profissionais, considerou-se que a participação da coordenadora e da gestora na pesquisa seria coerente com os objetivos ligados à

descrição e à caracterização do PBF no Município de Viçosa.18 Ressalta-se que a pesquisadora esteve atenta à questão da “hierarquia de credibilidade dos informantes”, o que indica que geralmente são entrevistados os profissionais que estão nos níveis superiores de uma organização e que parecem saber mais sobre o problema investigado (BECKER, s.d. apud GOLDENBERG, 2004). Não se considerou que essas profissionais sabiam mais sobre o PBF que os outros que atuavam em sua implementação, mas, por participarem com mais freqüência de cursos de capacitação oferecidos pelo MDS, poderiam fornecer informações mais abrangentes sobre o programa, desde as orientações do MDS até a operacionalização do PBF no município. Tais informações atendiam aos objetivos específicos, de traçar o desenho do PBF e de caracterizá-lo em Viçosa. Assim, inicialmente, a diretora da Escola Municipal Arthur Bernardes19 forneceu uma lista (tida como a mais atual) das famílias beneficiárias do PBF. De posse desses nomes, deu-se início às visitas domiciliares. Nas primeiras visitas, percebeu-se, no entanto, que a lista fornecida pela escola não estava atualizada e que, portanto, o sorteio que fora realizado para compor uma amostra aleatória de mães beneficiárias do PBF não era válido. Diante disso, solicitou-se uma nova lista com dados atualizados à coordenadora municipal do PBF em Viçosa. À época, a coordenação do PBF informou que possuía uma lista de famílias requerentes e cadastradas, mas não possuía o controle do número exato de famílias cadastradas e que estavam recebendo o benefício. Assim, foi fornecido, à pesquisadora uma estimativa de que havia em torno de 70 famílias beneficiárias do PBF que moravam no Bairro do Novo Silvestre. Como justificativa para a falta de exatidão nos números, a coordenadora do PBF explicou que o número das famílias beneficiárias variava em função da dinâmica de inclusão e desligamento de famílias que, por sua vez, acontecia em função da idade dos filhos, emprego/desemprego e

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Para atuar na implementação do PBF no município, tanto a coordenadora quanto a gestora, freqüentemente, participavam de cursos de capacitação em Brasília, promovidos pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Após a participação nesses cursos, as duas profissionais tinham que repassar as informações, através de cursos para as equipes que coordenavam. O corpo de profissionais que integrava as equipes do PFB no município era composto por: digitadores que recebiam as famílias, realizavam a primeira entrevista e digitavam as informações. Secretárias, motoristas e psicólogos também atuavam na unidade de atendimento – Casa das Famílias e participavam das visitas domiciliares, preenchiam cadastros e faziam as observações nas moradias visitadas, conforme recomendações do MDS. Além desses profissionais, para acompanhar o cumprimento das condicionalidades por parte das famílias, atuavam também: médicos, agentes de saúde, assistentes sociais, psicólogos, diretores escolares e outros profissionais ligados às Secretarias Municipais de Educação, Saúde e Assistência Social.

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A escola possuía essas informações porque existia comunicação entre a escola e a coordenação do PBF em nível municipal, para atualização de freqüência escolar dos filhos das famílias atendidas pelo

elevação/diminuição da renda da família, desligamento por não cumprimento das exigências acordadas como freqüentar a escola e manter em dia o acompanhamento médico, perda do cartão e não recadastramento.

Diante da falta de informações mais precisas, optamos por enviar bilhetes aos pais dos alunos matriculados na escola do bairro, em cuja correspondência eles informariam sobre o seu cadastramento e recebimento do benefício do Programa Bolsa-Família20. Ainda, solicitou-se o endereço e um telefone para contato, sendo constatado que a maioria das famílias tinha telefone celular, o que facilitou o contato posterior. Em seguida, mapearam-se as famílias que no período do trabalho de campo (ou seja, nos meses de outubro e novembro de 2007) estavam recebendo o benefício.

Finalmente, procedeu-se a um novo sorteio para compor a amostra aleatória das famílias beneficiárias, representadas preferencialmente pelas mães. Na impossibilidade dessa composição, como segunda opção optou-se por entrevistar as avós que cuidavam dos netos e que residiam na mesma casa (que foi o caso de apenas uma família). Para realizar o sorteio das famílias, utilizaram-se os nomes daqueles que responderam e enviaram de volta os bilhetes, que somaram 49 famílias, entendendo que estas estavam dispostas a participar da pesquisa. Sete enviaram os bilhetes em branco, e os demais não devolveram os bilhetes.

Importa destacar que o critério para escolha da amostra foi o fato de a família estar cadastrada no Programa e ser beneficiária, ou seja, que estava recebendo o benefício, não importando o valor recebido, residentes nas zonas urbana e rural, nas mediações do Bairro Novo Silvestre, com filhos matriculados na escola do bairro, no período da coleta de dados, durante os meses de outubro e novembro de 2007. Dessa forma, optamos por um sorteio, para definir a amostra aleatória. Assim, foram colocados todos os nomes das mães que responderam ao bilhete que fora enviado às famílias em um envelope, e retiraram-se desse montante 25 nomes. Retiraram-se mais cinco nomes de mães, a que denominamos “reservas”, caso alguém do grupo constituído pelas 25 mães tivesse que interromper a participação. No entanto, não foi necessário lançar mão das nossas reservas.

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Nesse bilhete, os pais teriam que marcar uma das opções, entre as seguintes: Estou cadastrado e recebendo o benefício do Bolsa-Família; estou cadastrado, mas ainda não recebo o benefício do Bolsa-Família; já recebi, mas agora não recebo mais o benefício do Bolsa-Família e não estou cadastrado.

Quanto às famílias da zona rural, elegeu-se a localidade de Paula, entre as quatro localidades rurais que existiam ao entorno do Bairro Novo Silvestre – Paula, Macena, Córrego Fundo e Santiago, que foi a comunidade de onde foram obtidas mais respostas através dos bilhetes. Dessa forma, a amostra foi constituída por 17 famílias residentes na zona urbana do Bairro Novo Silvestre e por oito famílias residentes na zona rural de Paula, totalizando 25 famílias; e, ainda, por dois profissionais – a coordenadora municipal do PBF e a gestora municipal do PBF.

Após o sorteio e a definição da amostra, confirmaram-se os endereços/casas das mães (famílias) sorteadas na Secretaria da escola do bairro, o que também foi informado às famílias através dos alunos, para iniciar as entrevistas nas casas das famílias.

A escola municipal do bairro funcionou como suporte técnico para a pesquisadora, uma vez que, nos intervalos das entrevistas e das visitas às casas, a pesquisadora permanecia no espaço escolar para fazer anotações no diário de campo, agendar visitas por telefone e enviar recados para as mães através dos alunos.

Num primeiro momento acreditou-se que seria viável realizar as entrevistas na escola, mas após a condução de uma entrevista-piloto, percebeu-se que naquele ambiente havia sempre muito barulho, com grande circulação de pessoas, especialmente vinculadas à escola, o que poderia inibir os entrevistados ou influenciar as respostas e a expressão da percepção das mães. Diante disso, compreendeu-se que seria enriquecedor realizar visitas domiciliares, para observar o contexto familiar dos beneficiários: suas condições materiais (aspectos físicos das moradias, da infra-estrutura de serviços disponíveis etc.), aspectos de sua vida social e afetiva (os conflitos, os hábitos, os relacionamentos entre as pessoas), entre outros aspectos.

Embora Deslandes (2002) tenha apontado que a pesquisa qualitativa não se baseia no critério numérico para garantir sua representatividade, optou-se pelo número de 25 mães/famílias de uma população de 70 famílias do bairro e do seu entorno, representando um porcentual de 35,8% porque foi considerado que as famílias beneficiárias do Programa que residiam no bairro citado não apresentavam as mesmas características e não estavam no mesmo estágio de pobreza e de exclusão social, como se fossem um grupo homogêneo. Embasou-se em Escorel (1999), Castell (1997) e Paugan (2001), que apontaram que esses fenômenos são processos e estados multifacetados, variados e que resultam de trajetórias diferentes, ou seja, a

pobreza e a exclusão social tomam forma em cada arranjo familiar, de acordo com vários aspectos, como: composição da família, chefia da família, ciclo de vida, doenças, desemprego etc.

A participação das mulheres na pesquisa como representante das famílias teve como justificativa o fato de que as mulheres são as representantes de suas famílias junto ao PBF, responsáveis por receber o benefício financeiro. Buscou-se compor o perfil socioeconômico das famílias, bem como identificar o acesso que tinham a serviços de saúde, educação, as suas condições de moradia, dentre outros aspectos. O contexto de cada unidade familiar, com seus inúmeros aspectos, contribuiu para elucidar situações de pobreza e de exclusão social variadas. Posteriormente, buscou-se construir e apreender os significados do PBF para as famílias beneficiárias.

2.4. Operacionalização da pesquisa

A pesquisa de campo foi dividida em etapas, a saber:

1) Pesquisa documental no site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e pesquisa bibliográfica.

2) Entrevistas semi-estruturadas com as duas profissionais – coordenadora e gestora – do PBF em Viçosa, em seus locais de trabalho.

3) Entrevistas semi-estruturadas com as 25 mulheres beneficiárias do PBF nas respectivas moradias.

4) Observação informal das condições de moradia durante o contexto da entrevista, com anotações no diário de campo.

5) Registros fotográficos das condições de moradia das famílias, quando autorizados.

Todas as entrevistas foram gravadas em um aparelho MP4, com a anuência das pessoas entrevistadas. À medida que as entrevistas aconteciam, logo em seguida eram transcritas, assim como as anotações do diário de campo também eram relidas e transcritas. Após essa etapa, foram organizadas e sistematizadas as informações, conforme os objetivos da pesquisa. E, por fim, discutiram-se os resultados, apontando algumas conclusões.

2.5. A construção dos indicadores

As três categorias de análise deste estudo – pobreza, exclusão social e cidadania foram “objetivadas” a partir de indicadores que foram construídos em função dos fundamentos teóricos trazidos, principalmente, por Amartya Sen (2000), Martins (2002, 2007) e DaMatta (1987).

A partir do pressuposto de que não é apenas a transferência de renda às famílias beneficiárias do Programa Bolsa-Família que pode superar as situações de pobreza e de exclusão social, mas o fortalecimento da cidadania, desmembraram-se as categorias analíticas em indicadores e elegeram-se aqueles que julgamos nos dar suporte para avaliar as mudanças nas situações de pobreza e de exclusão vividas pelas famílias, bem como avaliar a prática cidadã destas após o ingresso no Programa.

A construção dos indicadores de pobreza, fundamentada em Sen (2000), baseou-se, assim, em indicadores que possibilitaram avaliar as privações de capacidades e não apenas a pobreza de renda. Nessa lógica de compreensão da pobreza, elegeram-se indicadores que permitissem verificar se o PBF trouxe modificações às situações de pobreza para o grupo beneficiado. Foram eleitos como indicadores os seguintes fatores: pobreza de renda (inexistente, insuficiente ou baixa); fome21 (falta de alimentos, número de refeições por dia); condições de educação (anos de escolaridade, serviços de educação oferecidos); condições de cuidar da saúde (serviços de saúde oferecidos); condições de habitação (situação de acesso, materiais utilizados na construção etc.); e participação em cursos de capacitação.

Para a análise da exclusão, utilizaram-se, basicamente, os mesmos fatores de pobreza, considerando também os vínculos e as redes de parentesco, de amizade, de vizinhança e de religião. A escolha dos indicadores de exclusão social foi ancorada nas contribuições de José de Souza Martins (2002, 2007), que entendeu que há inclusões marginais e não apenas uma única forma de exclusão social, sendo os principais aspectos afetados as condições de trabalho e de consumo e as relações entre as pessoas. Na ótica de Martins (2007), é mais importante focar a discussão

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Não se teve a pretensão de avaliar o indicador fome considerando o aspecto nutricional na perspectiva da Segurança Alimentar, porque se baseou na percepção das famílias, ou seja, na percepção de que elas têm sobre situações de fome e o acesso a alimentos, antes e depois da

sobre a exclusão social pelas formas de inclusão social, que na maioria das vezes são precárias e insuficientes. Os aspectos que ele destacou nessas inclusões marginais são a inferiorização das condições de trabalho, o consumo de bens que funcionam como disfarces para a inclusão e a degradação das relações sociais.

Justificou-se a análise das relações sociais considerando que a exclusão social é um fenômeno mais abrangente, marcado, inclusive, por ruptura de vínculos sociais. Os indicadores selecionados foram: condições de trabalho (tipos de trabalho e atividades desenvolvidas, estratégias de sobrevivência, tempo de desemprego); condições de consumo (tipo de bens consumidos, bens mobiliários e imobiliários, consumo de roupas, remédios e alimentos, formas de pagamento); e relações sociais (vínculos e redes com vizinhos, parentes, amigos e religiosos).

Com relação à categoria cidadania, a pesquisadora apoiu-se nas contribuições de Marshall (1967) e DaMatta (1987) e na Constituição Federal do Brasil de 1988, para verificar o acesso e exercício das práticas cidadãs das famílias beneficiárias. Buscou-se verificar o acesso e o exercício de alguns serviços e direitos por parte das famílias, observando se depois do o ingresso no Programa houve o fortalecimento de práticas cidadãs.

A partir de um conjunto de direitos, elegeram alguns indicadores para verificar se depois do ingresso e participação no PBF houve incentivo a práticas cidadãs. Ou seja, se o PBF reforçou as práticas cidadãs das famílias atendidas. Portanto, os indicadores escolhidos foram: desemprego (tipos de ocupação/trabalho, estratégias de sobrevivência, tempo de desemprego), escolaridade (tempo e nível de escolaridade, matrícula e freqüência escolar), condições de cuidar da saúde (qualidade e freqüência do atendimento médico, satisfação com o atendimento), atividades de lazer (tipos de atividades de lazer no bairro e participação das famílias em atividades de lazer), segurança (preocupações e percepções das famílias ligadas a segurança, violência, circulação e consumo de drogas).

É importante considerar que mesmo indicador está implicado em várias dimensões da vida e, portanto, ligado tanto à pobreza quanto à exclusão e à cidadania. Então, esta análise global visou considerar os indicadores sempre voltados para as três categorias centrais – pobreza, exclusão e cidadania. Além disso, no contorno deste estudo o interesse nas condições de pobreza, exclusão e cidadania das famílias beneficiárias está diretamente ligado às mudanças dessas condições provocadas pelo Programa Bolsa-Família. Portanto, a análise dessas categorias

esteve sempre associada às ações do PBF voltadas para as famílias beneficiárias, em nível local.

2.6. Métodos e técnicas de construção e análise dos dados

Para descrever o desenho do Programa Bolsa-Família, em nível nacional (em

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