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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

No documento RIO DE JANEIRO (páginas 51-55)

Esta é uma pesquisa de caráter qualitativo cujo corpus é constituído por uma entrevista grupal com alguns funcionários da biblioteca, realizada a partir de um roteiro previamente definido, constituído por perguntas abertas que visavam a evocar narrativas que tematizassem as memórias em relação à biblioteca, com o intuito de observar como elas são construídas e como as múltiplas identidades emergem nesses discursos. O roteiro da entrevista e a sua transcrição se encontram, respectivamente, nos apêndices A e B, apresentados ao final deste trabalho.

O grupo focal foi realizado no dia 03 de dezembro de 2010 e contou com a participação de nove funcionários da Biblioteca Central do CCS, de mim, pesquisadora e também funcionária dessa biblioteca, e da Prof. Dra. Diana de Souza Pinto, pesquisadora/orientadora deste estudo. A entrevista foi gravada em áudio, com duração de uma hora e doze minutos. Para evitar interrupções e barulhos externos, o encontro foi realizado na sala de processamento técnico de livros, localizada no conjunto de seções internas da Biblioteca Central do CCS, cujo acesso é restrito, sendo permitida apenas a entrada de funcionários e pessoas autorizadas. O primeiro agendamento, negociado pessoalmente com cada participante para o dia 26 de novembro de 2010 às 10:00 h., foi adiado devido aos intensos episódios de violência ocorridos no Rio de Janeiro, principalmente nas proximidades da Ilha do Fundão, na última semana de novembro. O segundo agendamento, negociado através de e-mail, foi marcado para o dia 03 de dezembro de 2010 no mesmo horário. Foram convidados doze funcionários, dentre estes, nove compareceram, sendo 3 homens e 6 mulheres. O convite foi feito a todos os funcionários que trabalham na Biblioteca Central do CCS há mais dez anos.

Seguem na tabela abaixo dados dos funcionários entrevistados. Tais dados foram gerados através de conversas informais.

QUADRO I - DADOS SOBRE OS FUNCIONÁRIOS ENTREVISTADOS

PSEUDÔNIMO IDADE TEMPO DE

área de atuação)

Selma 57 anos 22 anos 10 anos 1°Grau (incompleto)

Copeira

Quadro 1: Dados sobre os funcionários entrevistados. Mês base: Fev. /2011

A transcrição do grupo focal foi realizada por mim e consta do Apêndice B, onde apresentamos a transcrição das falas. No entanto, apenas nos segmentos analisados no capítulo 4 são usadas as convenções listadas no Anexo A. Cabe destacar que a transcrição é uma interpretação, análise e recriação dos dados, não pretendendo ser definitiva e completa visto que é sempre um processo seletivo.

A seleção dos segmentos analisados do grupo focal deu-se após repetida leitura de toda a transcrição. Em seguida, foi realizada a separação das narrativas de experiências pessoais. Na sequência, selecionamos as narrativas (segmentos) com a maior evidência dos aspectos relacionados na investigação, ou seja, a construção de memórias e configurações identitárias profissionais e pessoais dos funcionários e da observação das identidades projetadas discursivamente entre os participantes do grupo focal. Por último, subcategorizamos as narrativas em tópicos, seguidas da análise de todos os segmentos selecionados com o foco nos objetivos e questões desse estudo.

Algumas observações não verbais observadas no momento da entrevista foram anotadas pelas duas pesquisadoras. Tais anotações integram os segmentos transcritos através de colchetes6 ou são mencionadas no corpo da análise.

Conforme falamos, este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro7. Todos os participantes autorizaram a utilização dos dados da entrevista, a qual foi realizada a partir da assinatura do Termo de Consentimento Informado, de acordo as exigências do mesmo Comitê. Como dito anteriormente, a fim de preservar a identidade e o caráter

6 A lista de símbolos utilizados na transcrição dos segmentos analisados e seus respectivos significados estão descritos no ANEXO A – Convenções de Transcrição.

7 Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIRIO, em 18 de agosto de 2010 e aprovado em 25 de outubro de 2010, através do Protocolo CEP-UNIRIO: 0006/2010, Folha de Rosto 359013 e CAAE 0005.0.313.000-10.

confidencial dos sujeitos envolvidos na pesquisa, todos os nomes dos participantes do grupo focal foram substituídos por pseudônimos no presente estudo.

Nossas investigações baseiam-se na investigação de como as memórias e as configurações identitárias profissionais e pessoais dos funcionários são construídas no discurso. Assim, as abordagens interacional e performática nos apoiaram na perspectiva de que os sentidos são projetados, modificados e ratificados na interação, considerando que o pesquisador também é participante deste processo. Já a perspectiva estrutural nos ajudou a identificar algumas estratégias utilizadas pelos participantes do grupo focal, através da identificação de alguns componentes, como por exemplo, a avaliação, que traz informações sobre o clima emocional da narrativa e também é utilizada para indicar o seu ponto, e a resolução, que corresponde à etapa de finalização da narrativa após a uma sequência de enunciados. Além disso, nossa análise também considerou as informações sócio-históricas e institucionais que ancoram o discurso.

4 ANÁLISE DOS SEGMENTOS E ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS

Neste capítulo será desenvolvida a análise do corpus da pesquisa. Na primeira seção apresentaremos as estratégias discursivas observadas nos segmentos selecionados do grupo focal. Nas seções seguintes analisaremos detalhadamente os segmentos apresentados com foco na investigação sobre a construção da memória dos funcionários através das narrativas e na observação das identidades projetadas discursivamente entre os participantes do grupo focal. A análise dos dados pauta-se na perspectiva interacional para a análise do discurso (GOFFMAN, 1979; GUMPERZ, 1982) e na Análise das Narrativas (RIESSMAN, 2008). Observaremos, na análise dos dados, o compartilhamento de experiências; a alta sintonia conversacional e o emprego de várias estratégias discursivas, tais como o diálogo construído (TANNEN, 1989) na enunciação das narrativas (seção 4.2). Observaremos, também, diferentes alinhamentos (GOFFMAN, 1979) na construção da memória coletiva, os quais oscilam entre identidades pessoais e profissionais, o privilégio e a satisfação dos funcionários por trabalharem na biblioteca e a ressignificação do seu espaço.

No documento RIO DE JANEIRO (páginas 51-55)

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