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CAPÍTULO II SISTEMATIZAÇÃO DO DESENHO DA PESQUISA: DOS

2.1 Procedimentos metodológicos

O referencial metodológico adotado neste estudo se insere em uma abordagem qualitativa com utilização da metodologia de estudo de caso. O estudo de caso uma estratégia de pesquisa de coleta e análise de dados. De acordo com Prodanov e Freitas (2008), o estudo de caso representa a estratégia preferida quando colocamos questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Trata se de um estudo empírico, e tem como uma das fontes de informações mais importantes, a observação e as entrevistas.

Assim, embasados na perspectiva teórico-metodológica apresentada, nosso estudo de caso tem como instrumento mais importante para a obtenção de informações sobre a temática, a observação participante de campo. Além da observação participante, utilizaremos também, para complementar os dados coletados e ampliar a compreensão sobre a realidade escolar, a aplicação de entrevistas semiestruturadas com diferentes atores da comunidade escolar e de questionários contextuais a todos os alunos matriculados, além de uma pesquisa nos documentos da escola.

De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 190), a observação “não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar”. Segundo esses autores, existem várias modalidades de observação que podem ser empregadas

58 na investigação científica que variam de acordo com as circunstâncias, podendo ser caracterizadas conforme: os meios utilizados durante a coleta de dados, podendo ser uma observação não-estruturada ou estruturada; a forma de participação do pesquisador, podendo ser observação não-participante ou participante; o número de pesquisadores observadores envolvidos na pesquisa, podendo ser individual ou uma observação em equipe; e de acordo com o local onde é desenvolvida a pesquisa, podendo ser observações efetuadas em laboratório ou observações efetuadas em um trabalho de campo.

Para desenvolver a pesquisa realizamos uma observação do cotidiano escolar com a utilização de um roteiro de observação. Por se tratar de um estudo de caso, a observação foi realizada durante todo o trabalho de campo, individualmente e de forma participante, incluindo também os momentos de realização das entrevistas e da pesquisa documental. A observação participante auxilia na compreensão de como atuam os sujeitos da pesquisa e como se dá o processo de interação entre eles, pois o pesquisador se insere no campo de pesquisa e interage com a comunidade estudada, observando e participando do cotidiano da escola. Durante a pesquisa, “o observador participante enfrenta grandes dificuldades para manter a objetividade, pelo fato de exercer influência no grupo, ser influenciado por antipatias ou simpatias pessoais, e pelo choque do quadro de referência entre observador e observado” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 194). Na esteira destes autores, nos foi necessário conquistar a confiança dos indivíduos pesquisados, mostrando-lhes os nossos objetivos e fazendo com que o grupo compreendesse a importância da realização da pesquisa. Estamos cientes que observação não é neutra e por isso precisou ser iluminada pela literatura sobre o tema, embasando teoricamente o processo de planejamento da pesquisa a partir de objetivos claros e bem definidos, orientando todas as etapas da coleta de dados.

Como já dito anteriormente, usamos como estratégia para organizar os dados, a elaboração de um roteiro de observação, construído a partir da revisão bibliográfica que compõe o Capítulo I deste trabalho. O intuito do roteiro de observação é o de desenvolver uma rotina de observação, possibilitando um olhar atento e direcionado para os aspectos de interesse da pesquisa, e um diário de campo, para o registro dos dados a serem posteriormente analisados, contendo datas das observações, as categorias construídas, e os locais. É importante ressaltar que, mesmo tendo um roteiro de observação, situações inesperadas surgiram durante a observação por ser um processo dinâmico, sendo que este roteiro previamente definido precisou de ajustes e alterações. Segundo Marques (2016, p. 280), “não se pode perder de vista que a “observação participante” implica em ter a sensibilidade

59 adequada para ver e ouvir. Para se obter a resposta para uma questão, nem sempre será necessário perguntar”.

Entretanto, para maior aprofundamento de determinadas questões, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com atores da comunidade pesquisada (todas as entrevistas foram gravadas). Por meio das entrevistas, os entrevistados puderam expressar suas opiniões sobre determinados assuntos, utilizando suas próprias interpretações. Como todo instrumento de coleta de dados, as entrevistas possuem suas vantagens e limitações. Neste trabalho, uma das vantagens das entrevistas foi a de proporcionar a oportunidade de obtenção de dados que não foram possíveis de adquirir apenas por meio da observação, outra vantagem foi a de obter informações mais precisas em relação a determinados temas. Referente às limitações, a realização das entrevistas não é uma tarefa fácil e demandam tempo, infelizmente, tivemos dificuldades de disponibilidade de tempo de alguns dos entrevistados devido as suas rotinas diárias, e durante as entrevistas, devido ao local onde foram realizadas, houveram algumas interrupções, prolongando ainda mais o tempo das entrevista. Esse processo será detalhado mais adiante.

Por fim, ressalta-se que, além da observação e das entrevistas, utilizamos também como procedimento para coleta de dados, a pesquisa em documentos oficiais do município e nos documentos internos da instituição, tais como projeto político pedagógico, planejamentos didáticos e curriculares, diários de classe, relatórios anuais do desempenho escolar dos alunos, livros de atas, dentre outros. Em suma, para subsidiar a análise teórica do conjunto de dados coletados, realizamos uma cuidadosa revisão bibliográfica sobre a temática estudada.

2.1.1 As etapas da pesquisa de campo

A pesquisa de campo foi dividida em duas etapas. A primeira etapa constituiu-se em observação participante. Esta etapa visou a coleta de dados por meio da realização de visitas observacionais no distrito e na escola pesquisada, com o consentimento da diretora e da pedagoga da instituição, e teve a duração de aproximadamente quatro meses. Para realização da observação participante no cotidiano da escola pesquisada, organizamos um roteiro construído a partir de seis eixos e suas respectivas categorias. Tais eixos e categorias foram elencados a partir de um denso estudo da produção teórica do campo científico sobre a temática eficácia escolar10, e contribuíram para organizar o processo de observação

60 participante e evidenciar elementos da realidade escolar que possam ajudar a explicar as múltiplas facetas da eficácia de uma escola pública, que se expressam não somente de modo estático em seus resultados e índices oficiais positivos, mas que, supostamente, se desenvolvem nas diversas e vívidas dimensões desta realidade, permeada também por tensões, lacunas e conflitos.

Para a realização desta etapa foi elaborado um roteiro de observação dividido em eixos, sendo eles:

a) Ambiente escolar - infraestrutura e fatores externos à organização da escola; b) Gestão e liderança da escola;

c) Características do corpo docente;

d) Relação com as famílias e com a comunidade; e) Características do clima interno da escola; f) Características do ensino e das aprendizagens.

O roteiro de observação em sua integralidade consta no Apêndice 1 deste trabalho. Todas as observações referentes aos eixos do roteiro foram registradas no diário de campo e organizadas mediante a utilização de uma grade de observação que condensa os diversos registros observacionais em cada eixo.

Na segunda etapa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com atores da comunidade escolar, com o objetivo de complementar e cotejar os dados coletados por meio da observação participante. Foram entrevistados: a) uma ex-diretora da escola; b) a diretora; c) o vice-diretor; d) uma das pedagógicas da instituição; e) e uma ex-aluna da escola, totalizando cinco entrevistas.

A escolha de entrevistar os profissionais (gestores) teve como pressuposto o conhecimento amplo sobre a escola, a vivência cotidiana da instituição, e o tempo de inserção no contexto escolar. Em relação à opção de entrevistar também uma ex-aluna, o pressuposto foi o de que fosse possível cotejar as percepções dos entrevistados a partir de pontos de vista externos e internos à escola.

Durante as duas etapas, foram realizadas consultas aos documentos oficiais do município, da secretaria estadual de educação e da escola, para a coleta de dados complementares aos processos de pesquisa realizados.

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