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3 Método

3.4 Procedimentos

3.4.1 Recolha de dados

Os dados foram recolhidos anónima e voluntariamente. O questionário foi inicialmente divulgado através do Google Formulários, sendo encaminhado para os serviços de várias Unidade de Cuidados Paliativos do país (consultadas através da lista online atualizada divulgada através do site do Sistema Nacional de Saúde), pedindo aos profissionais que, quando preenchessem o questionário, e que partilhassem com os seus colegas, desde que estes se enquadrassem nos critérios requeridos. Contudo, devido ao número relativamente reduzido de respostas obtidas resolveu-se, de forma complementar, aplicar os questionários presencialmente na mesma metodologia de constituição de amostra: foram selecionadas algumas Unidades de Cuidados Paliativos próximos da localidade de residência das investigadoras, existindo a necessidade de deslocação até aos profissionais. As respostas ao questionário, foram gravadas e posteriormente transcritas. As respostas à escala foram preenchidas pelo profissional. Findado o período de recolha de respostas obteve-se uma amostra de trinta e dois profissionais de saúde, em que vinte foram recolhidos através do questionário divulgado no sistema Google Formulários e os restantes através do questionário presencial. Todos os participantes foram

informados de que os seus dados seriam utilizados apenas para fins de investigação, ressalvando ainda o seu anonimato e confidencialidade.

Antes do questionário foi apresentada uma ficha sociodemográfica e no final foi apresentada a Escala de Resiliência de Wagnild e Young.

3.4.2 Análise de dados

Os dados recolhidos foram sujeitos a dois tipos de tratamento de natureza diferentes: as respostas aos questionários foram tratadas qualitativamente através da análise de conteúdo e os dados provenientes da Escala de Resiliência de Wagnild e Young foram tratados estatisticamente. Esta última análise servirá essencialmente de complemento à investigação qualitativa, de forma a sustentar de forma mais sólida os dados recolhidos.

3.4.2.1 Análise de conteúdo

A fim de proceder à análise e tratamento dos dados obtidos através das respostas aos questionários, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, com carácter interpretativo e dimensão descritiva. A análise de conteúdo neste caso foi considerada a abordagem mais adequada visto que se apresenta como “um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (Bardin, 1977/2008), com a intenção de efetuar inferências de conhecimento no que respeita às condições de produção e eventual elaboração dessas mensagens. Na presente investigação, os discursos dos profissionais abrem caminho à construção do conhecimento, por parte do investigador, através de vários indicadores identificados como os termos utilizados nas respostas ou na frequência do uso destes. Foi nossa intenção fazer um esforço consciente para que as interpretações obtidas através desta análise não tivessem como impulsionadores as crenças e valores pessoais da investigadora (Quivy, & Campenhoudt, 1995/2008).

Num esforço de objetividade e operacionalização, recorreu-se a um júri e ao programa NVivo, versão 12, auxiliando na organização do material recolhido. Primeiramente, foi efetuada uma pré-análise e identificadas as principais tendências de resposta, após o qual se deu início aos procedimentos de categorização e sintetização do discurso integral de cada participante em cada resposta aberta, sendo que foram definidos critérios de quantificação, por exemplo, a referência do sujeito a uma ideia, utilizada como unidade mínima de significação, sendo cotada o número de vezes que esta foi referida pelo sujeito.

No que respeita ao processo de codificação e de categorização, estes requerem um toque meticuloso, uma vez que, consistem na transposição de todas as unidades mínimas de significação das transcrições das respostas recolhidas para que, posteriormente, lhes seja atribuído um significado e um código correspondente ao sujeito gerador de resposta (Bardin, 2008). Cada questionário recebeu um código, de D1 a D 19 e de P1 a P32, em que D significa que o questionário foi respondido em formato digital e P para aqueles que foram respondidos presencialmente. O mesmo questionário foi proposto de duas formas: presencial e digital. Os questionários que foram aplicados presencialmente foram transcritos em formato de entrevista e analisados de forma individual, uma vez que foi sugerida a gravação em áudio das respostas para que houvesse espaço para a reflexão investigativa.

Foram ordenados em categorias todos os dados recolhidos e analisados, foram também encontrados os números de vezes que a categoria foi referenciada (N), o número de participantes que referenciaram a categoria e/ou subcategoria (n) e a percentagem relativa ao número de participantes que identificaram a categoria e / ou subcategoria (%). As percentagens aqui utilizadas funcionam como forma de referenciar os participantes que nomeiam uma determinada categoria e/ou subcategoria, no sentido de facilitar a articulação entre os dados obtidos na análise quantitativa e, posteriormente, na interpretação dos resultados. Na tentativa de aprofundar os resultados obtidos, foram também efetuadas pesquisas de frequência de palavras relativas a cada dimensão analisada. Foram utilizados critérios de exclusão de palavras que não eram relevantes para a investigação, tais como as palavras “para”, “que”, “de”, “também” e “como”. Quaisquer outras palavras não relevantes não mencionadas aqui, serão mencionadas na respetiva dimensão.

3.4.2.2 Análise estatística

Os dados provenientes das respostas à Escala de Resiliência Wagnild e Young foram tratados quantitativamente através do SPSS, tendo sido utilizadas as estatísticas descritivas, as frequências e as percentagens. Os resultados obtidos especificamente através da análise dos componentes e dos itens desta escala serão utilizados para complementar e corroborar as temáticas levantadas e observadas no decorrer da análise de conteúdo. Este complemento será construído através da análise e discussão das frequências e das estatísticas descritivas efetuadas

Concretamente, os dados quantitativos serão associados com os dados qualitativos na medida em que, serão procurados indícios dos fatores e temáticas que norteiam os itens / componentes constituintes da Escala, nos discursos dos profissionais de saúde. Desta forma, procura-se uma compreensão da temática através da integração e complementação dos dados.