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3. MÉTODOS

3.4. Procedimentos

O estudo foi composto de três fases:

● Fase 1 – Adaptação cultural e linguística do Listening Situations Questionnaire – LSQ (Institute of Hearing Research, Universidade de Manchester, 2000);

● Fase 2 – Seleção dos sujeitos e consulta aos seus prontuários;

● Fase 3 – Coleta dos dados: preenchimento da ficha de perfil da criança; observação do manuseio do AASI; teste dos seis sons de Ling; administração do Questionário de Situações de Escuta (LSQ). Estes procedimentos foram realizados pela pesquisadora e o tempo médio de duração desta fase foi de 45 minutos para cada criança.

3.4.1. Adaptação cultural e linguística do LSQ

O LSQ é caracterizado como um procedimento de avaliação auditiva funcional, ou seja, avalia a dificuldade auditiva como ela ocorre no dia-a-dia. O objetivo de sua adaptação não foi substituir as avaliações de ganho do AASI tradicionais (nas quais a criança e o aparelho são submetidos diretamente à situação de teste), mas complementá-las e possibilitar sua inclusão na bateria de testes infantis.

A pesquisadora, após ter conhecimento do LSQ (Anexo H) e devido à utilidade de sua aplicação em crianças surdas usuárias de AASI, solicitou aos

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45 autores (Jennifer Ann Appleton e John Bamford, Universidade de Manchester) autorização para a adaptação e publicação deste questionário na língua portuguesa brasileira.

Concedida a autorização (Anexo I), o Questionário de Situações de Escuta– LSQ, assim denominado, foi traduzido para o português pela pesquisadora e, em seguida, submetido à revisão por duas fonoaudiólogas bilíngues (português brasileiro/inglês) com vasta experiência na área, as quais não efetuaram alterações relevantes na estrutura do questionário devido à simplicidade das perguntas.

Na sequência, solicitou-se a um professor de inglês, o qual não possuía nenhum envolvimento com a pesquisa, que efetuasse a tradução do material novamente para o inglês.

Utilizou-se três fonoaudiólogos bilíngues (português brasileiro/inglês) como juízes para avaliar a equivalência entre os dois questionários – o original cedido pelos autores e a versão traduzida pela pesquisadora que foi re-traduzida para o inglês. Os três juízes consideraram os dois materiais equivalentes, conferindo validade à versão do questionário produzida pela pesquisadora e aprovaram sua utilização (Scientific Advisory Committee of Medical Outcomes Trust, 2002).

Apenas a pergunta de número 10 do LSQ (escuta do sinal sonoro de trânsito) precisou ser modificada, pois não apresentava equivalentes no Brasil, sendo substituída pela escuta do som de uma ambulância. Tal som foi escolhido pela semelhança de frequência e intensidade com o da versão original.

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46 A idade mínima estabelecida pelos autores para aplicação do LSQ foi de sete anos, para certificar que todas as crianças estivessem inseridas na escola. A idade limite determinada foi 11 anos, pois a partir desta idade considera-se que as crianças já sejam capazes de responder a perguntas mais complexas e abstratas, não havendo a necessidade de utilização do material para medir o nível de dificuldade auditiva vivenciado por tais crianças.

3.4.2. Seleção dos sujeitos e aplicação dos protocolos

A partir da seleção dos sujeitos e da assinatura dos termos de consentimento, foram consultados os prontuários de todas as crianças e anotados os dados referentes aos exames realizados recentemente (avaliação audiológica e do ganho funcional).

Em seguida, foram agendadas visitas às suas residências, a fim de serem aplicados os protocolos da fase 3 da pesquisa. A ordem de administração dos protocolos foi a seguinte: ficha de perfil da criança; observação do manuseio do AASI; teste dos seis sons de Ling; LSQ infantil, LSQ adulto (A1, A2 e A3).

Na observação do manuseio do AASI, o responsável pela criança (ou ela própria, nos casos em que ela era responsável pelo manuseio do aparelho) foi solicitado a realizar os procedimentos indicados no protocolo de observação do manuseio do AASI (Anexo D). Os sujeitos que não souberam realizar os procedimentos receberam as orientações necessárias ao final da observação.

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47 No teste dos seis sons de Ling, os fonemas /a/, /i/, /u/, /s/, /∫/ e /m/ foram apresentados à distância de um metro da criança, que deveria permanecer a 180 graus azimute em relação à pesquisadora, ou seja, de costas para ela. O teste foi realizado em duas etapas consecutivas: sem e com o AASI. Foi escolhido o cômodo mais silencioso das casas para realização do teste.

No LSQ, todas as famílias foram orientadas quanto ao procedimento e solicitadas a descrever o comportamento auditivo da criança perante cada situação proposta pelas questões.

Os questionários foram administrados separadamente com cada membro da família a fim de que as respostas de um não interferissem nas respostas dos demais. Optou-se por separar os adultos em três grupos (A1, A2 e A3) para verificar se o tempo de convívio com a criança interferia nos resultados oferecidos pelos adultos no LSQ, a fim de determinar se estes eram capazes de responder com propriedade às perguntas do questionário colocando-se no lugar da criança.

Como a avaliadora tinha o conhecimento prévio do procedimento e do objetivo de cada questão, o LSQ foi aplicado informalmente para que os sujeitos pudessem ficar à vontade e não se sentissem em uma situação típica de avaliação, o que também poderia interferir nos resultados. As questões não foram lidas para os sujeitos, sendo inseridas em um contexto de diálogo, porém sem perder a coerência, de acordo com as situações e ordem propostas pelo questionário (Castiquini e Bevilacqua, 2000).

Nos casos das crianças surdas cuja modalidade comunicativa preferencial era a língua de sinais, a aplicação do questionário foi feita em LIBRAS. Para

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48 tanto, a pesquisadora recebeu o treinamento de um professor surdo. Para as crianças que se encontravam nos estágios iniciais da língua oral, utilizou-se as figuras do questionário para facilitar sua compreensão, solicitando-se à criança que apontasse a opção escolhida.

Os registros foram feitos por escrito pela pesquisadora em cada um dos

protocolos mediante as respostas dos sujeitos. Após cada visita, eram anotadas as impressões e comentários considerados importantes em um caderno utilizado como “diário de pesquisa”.

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