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CAPÍTULO 2 – A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E A PESQUISA

2.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

2.2.3 PROCEDIMENTOS DE TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados dos professores obtidos com as questões de evocação livre foram tratados de acordo com os procedimentos usuais para a identificação do núcleo central de uma representação social. Para tanto se utilizou a planilha eletrônica Excell® e as orientações descritas em Sá (1996) e Teixeira e Algeri (2011).

Primeiramente foram identificadas todas as palavras evocadas pelos professores participantes da pesquisa mediante o termo indutor Educação

Ambiental. Na sequência, essas palavras foram organizadas em diferentes grupos

de elementos conforme a proximidade semântica entre os vocábulos e as justificativas dadas pelos sujeitos para as menções feitas. Após esse procedimento foi calculada a frequência média de evocação (Fm), a qual foi obtida pela divisão do total de evocações pelo número de grupos de elementos encontrados.

O passo seguinte foi o cálculo da ordem média (ome) de evocação de cada grupo de elementos, a qual foi obtida pelos seguintes passos: 1º passo - determinação da frequência absoluta (fa) de cada grupo de elementos segundo a ordem de evocação. Isto é, a contagem do número de vezes em que determinado grupo de elementos foi evocado pelos participantes da pesquisa em cada uma das quatro possibilidades da ordem de evocação; 2º passo – determinação das frequências ponderadas (fp) de cada grupo de elementos mediante a atribuição de pesos de um a quatro conforme cada ordem de evocação, sendo: fp1 = fa1*1; fp2 = fa2*2; fp3 = fa3*4; fp4 = fa4*4. Onde: fp1 – frequência ponderada 1, e assim sucessivamente até fp4, sendo fa1 – frequência absoluta 1, a qual se refere à frequência absoluta das evocações feitas em 1º lugar, e assim sucessivamente até fa4; 3º passo – determinação da ome segundo o procedimento: ome = Σfp/fae. Onde: Σfp – somatória das frequências ponderadas de cada grupo de elementos, a qual é obtida pela soma de fp1 + fp2 + fp3 + fp4 e fae – frequência absoluta de cada grupo de elementos.

Após a determinação da ordem média de evocação (ome) de cada grupo de elementos calculou-se a Média das ordens médias (M/ome), a qual se obteve mediante a fórmula: M/ome = Σome / n. Onde: M/ome – média das ordens médias de evocação de cada grupo de elementos, Σome – somatória das ordens médias de evocação de cada grupo de elementos e n – número absoluto de grupos de elementos evocados.

Por fim, para a confirmação de pertencimento ao núcleo central os elementos mais evocados e mais prontamente evocados foram submetidos à análise confirmatória pelo procedimento de cálculo das proporções relativas à importância atribuída aos mesmos pelos participantes da pesquisa.

Assim, foram confirmados como pertencentes ao núcleo central os elementos que atenderam a todos os seguintes critérios: 1º) estarem dentre os de frequência superior à frequência média de evocação; 2º) estarem dentre os mais prontamente evocados, isto é, aqueles cuja ordem média de evocação foi inferior a 2,36; 3º) terem sido considerados como mais importantes que os demais em mais de 50,00% das vezes em que foram evocados.

Informou-se na introdução deste relato que a dissertação ora apresentada é parte de uma investigação mais ampla e que, por essa razão, o método e os procedimentos são compartilhados. Contudo, neste momento ressalta-se que a análise das representações sociais sobre meio ambiente e sobre educação ambiental dos estudantes pesquisados servem a propósitos de outros aspectos da pesquisa mais ampla, da qual a investigação ora relatada faz parte, e, por essa, razão, tais dados não serão objeto de análise neste relatório. Assim, tendo-se em vista os objetivos da investigação objeto desta dissertação, foram utilizados apenas os dados obtidos na primeira e na terceira parte do questionário aplicado aos estudantes2.

Todos os demais dados obtidos com as questões dissertativas para docentes e discentes foram submetidos à análise de conteúdo, conforme descrita por Bardin (2000) e Franco (2008). No caso dos discentes, foram excluídos da análise os questionários em que os participantes não responderam à seguinte pergunta: Para você, o que é Educação Ambiental? Desta forma, excluiu-se 10, dos

2 O leitor interessado nesses resultados poderá ler o artigo de Teixeira; Machado; Franceschetto

100 questionários respondidos pelos estudantes. A análise de conteúdo, em ambos os casos, privilegiou a identificação de unidades temáticas.

A utilização desse procedimento na pesquisa sobre representações sociais justifica-se tendo em vista que essa técnica é adequada à análise de produção textual e tem sido bastante utilizada nas pesquisas sobre representações sociais, tais como nos estudos de Cromack; Bursztyn e Tura (2009), POLLI et al. (2009), Machado e Aniceto, (2010), Kus (2012) e Vieira e Resende (2012).

De acordo com Franco (2008, p. 43), “o tema é considerado como a mais útil unidade de registro em análise de conteúdo”, sendo “indispensável em estudos sobre propaganda, representações sociais, opiniões, expectativas, valores, conceitos, atitudes e crenças”. Justifica-se, pois, o procedimento adotado para o tratamento e análise dos dados, pois assim foi possível estabelecer classificações e na sequência agrupar elementos e ideias em função de um conceito comum, no caso referente à educação ambiental, pois “a categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia) com os critérios previamente definidos” (BARDIN, 2000, p.117). O procedimento de categorizar é de extrema utilidade no trabalho com grupos sociais, cujas comunicações individuais realizadas no grupo representam uma teia construída no diálogo dos sujeitos desse grupo (ALÉSSIO; SANTOS, 2005).

Para inferência sobre relações entre as práticas pedagógicas percebidas pelos estudantes e as representações sociais sobre educação ambiental de seus professores, os dados tratados pelo programa Excell® foram cruzados com os dados obtidos pela análise de conteúdo, tal como se observa no estudo de Teixeira e Algeri (2011) realizado com esse mesmo procedimento e ferramenta computacional e nos trabalhos de Cromack; Bursztyn e Tura (2009), POLLI et al. (2009), Machado e Aniceto, (2010), Kus (2012), Vieira e Resende (2012) e Teixeira; Machado e Franceschetto (2014), os quais utilizaram outro programa computacional para a análise dos seus dados.