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3 PRECATÓRIO

3.4 Processamento da Expedição do Precatório

Cabe ao juiz que decidiu a causa em primeiro grau, também, a execução da sentença condenatória, não importando se ao longo do processo este tenha sofrido interferências de outros tribunais em grau de recurso. A verdade é que este ato executivo contra a Fazenda Pública, chamado de precatório, não pode ser remetido diretamente pelo juiz da execução ao órgão do poder executivo que é o responsável pelo cumprimento da condenação.

Nos termos do art. 730 CPC, “O juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do Tribunal competente“.

Obedecidas tais formalidades, esta requisição fornecida pelo juiz a “quo”, através de ofício requisitório à autoridade administrativa, o Presidente do Tribunal, para que ele tome ciência dos valores do numerário para pagamento decorrente de decisões judiciais de primeiro ou segundo graus, transitada em julgado.

De posse destas informações e comprovada a regularidade e de registro dos dados, o Presidente do Tribunal expede o precatório para o órgão da Administração encarregado do cumprimento da sentença, determinando que a verba necessária ao pagamento seja incluída no orçamento e que o respectivo crédito fique à disposição do requerente para satisfazer o direito do exequente.

Temos aí a existência de dois órgãos participando do processo de execução, em primeiro lugar o Presidente do Tribunal encaminhando para o dirigente do órgão responsável pelo cumprimento da obrigação que deverá cumpri- la.

Este ato do Presidente do Tribunal de dar curso ao precatório é vinculado, não existindo, portanto, nenhuma discricionariedade. Se o requisitório estiver correto quanto às exigências formais, o presidente deverá fazer a requisição do juiz da execução chegar ao seu destino final. É necessário, porém, frisar que o princípio básico da demanda seja observado, pois a iniciativa da execução pertence com exclusividade ao credor, sendo o precatório expedido apenas a requerimento da parte interessada, não sendo permitida sua expedição de ofício pelo órgão judicial.

O pagamento da dívida reconhecida deverá submeter-se à nova legislação decorrente da Emenda Constitucional n. 62/2009, leis e decretos que irão nortear a forma que disciplinará o pagamento desta dívida, trazendo inovações da Emenda Constitucional nº 62/2009 transcritas abaixo:

Art. 100, “in verbis”, § 2º - Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.

Este parágrafo da emenda Constitucional possibilita ao credor que tenha mais de sessenta anos na data da expedição do precatório ou que seja portador de doenças graves, a receber parte deste crédito através do valor referente a três vezes a Requisição de Pequeno Valor (RPV) qual seja R$ 15.300,00 (quinze mil e

trezentos reais) já que o valor da RPV é fixado no valor de R$ 5.100,00 (cinco mil e cem reais). Voltando todos estes credores para a fila de espera para o recebimento do restante do precatório.

b) § 5º - É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

A inclusão do credor no orçamento deve ser apresentada até primeiro de julho para que o crédito seja efetuado até o final do exercício seguinte, o que não é garantia absoluta do pagamento do crédito.

§ 9º, “in verbis”, No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.

Isto nos diz que se o credor tiver algum débito com a Fazenda Pública, no momento da expedição do precatório este débito deverá ser compensado no valor correspondente à dívida. Esta inovação favorece à Fazenda Pública, porque obriga ao credor a pagar seu débito. “d) § 11 - É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado.”

O credor da Fazenda Pública neste momento é favorecido, porque terá mais uma opção para receber seu crédito, se optar pela aquisição de imóvel público do ente federado que lhe deve o precatório.

e) § 12 - A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios.

A Emenda Constitucional 62/2009 faculta aos estados, ao Distrito Federal e aos Municípios optarem pelo:

§ 1º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sujeitos ao regime especial de que trata este artigo optarão, por meio de ato do Poder Executivo:

I - pelo depósito em conta especial do valor referido pelo § 2º deste artigo; ou

II - pela adoção do regime especial pelo prazo de até 15 (quinze) anos, caso em que o percentual a ser depositado na conta especial a que se refere o § 2º deste artigo corresponderá, anualmente, ao saldo total dos precatórios devidos, acrescido do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança e de juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança para fins de compensação da mora, excluída a incidência de juros compensatórios, diminuído das amortizações e dividido pelo número de anos restantes no regime especial de pagamento.

§ 2º - Para saldar os precatórios, vencidos e a vencer, pelo regime especial, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devedores depositarão mensalmente, em conta especial criada para tal fim, 1/12 (um doze avos) do valor calculado percentualmente sobre as respectivas receitas correntes líquidas, apuradas no segundo mês anterior ao mês de pagamento, sendo que esse percentual, calculado no momento de opção pelo regime e mantido fixo até o final do prazo a que se refere o § 14 deste artigo, será: I - para os Estados e para o Distrito Federal:

a) de, no mínimo, 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), para os Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal, ou cujo estoque de precatórios pendentes das suas administrações direta e indireta corresponder a até 35% (trinta e cinco por cento) do total da receita corrente líquida;

b) de, no mínimo, 2% (dois por cento), para os Estados das regiões Sul e Sudeste, cujo estoque de precatórios pendentes das suas administrações direta e indireta corresponder a mais de 35% (trinta e cinco por cento) da receita corrente líquida.

Dentre as forma de pagamento previstas na emenda 62/2009, o Estado do Ceará, através do Decreto nº 30.111, de 10 de março de 2010, faz a opção pelo pagamento de seus precatórios judiciários, da Administração Direta e Indireta, pelo inciso II, parágrafo primeiro, artigo 97 do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), pelo prazo de quinze anos, ficando incluídos no regime especial os precatórios que se encontram pendentes de pagamento e aqueles que forem emitidos durante o período de vigência do regime.

O Estado do Ceará depositará mensalmente em conta própria 1/12 (um doze avos) do valor devido anualmente calculado na forma do inciso II do parágrafo primeiro do ato das disposições constitucionais transitórias que assim define:

II - pela adoção do regime especial pelo prazo de até 15 (quinze) anos, caso em que o percentual a ser depositado na conta especial a que se refere o §

2º deste artigo corresponderá, anualmente, ao saldo total dos precatórios devidos, acrescido do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança e de juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança para fins de compensação da mora, excluída a incidência de juros compensatórios, diminuído das amortizações e dividido pelo número de anos restantes no regime especial de pagamento.

3.5 Do Depósito de Recursos em Conta Própria do Estado para Pagamentos de

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