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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.5 Processamento de árvores

O processamento das árvores (desgalhamento, toragem e embandeiramento) é totalmente mecanizado com o uso de processadores (SANTOS et al., 1995).

A ação consiste em atividades de preparo de toretes, tais como desgalhamento, destopo de ponteiras, descascamento, picagem ou desdobro em toretes e eventual rachamento. Esse conjunto de operações, que ocorre após o corte da árvore, pode ser realizado completa ou parcialmente antes ou após a extração (BANTEL, 2009b).

Na etapa de processamento das árvores, devem ser considerados os seguintes parâmetros: topografia, disposição dos feixes à beira do talhão, local de empilhamento, disposição da galhada, capacidade de suporte dos solos e distância de segurança em relação a outras máquinas (MACHADO & LOPES, 2002).

Bramucci e Seixas (2002) e Lopes et al. (2007) descrevem que, em trabalhos desenvolvidos pelo FERIC (Forest Research Institute of Canada) sobre o desempenho de processadores, concluiu-se que o fator mais significativo que afetou a produtividade da máquina foi o volume médio por árvore.

Na Aracruz Celulose (1997) foi encontrada a produtividade do processamento de 28 m³cc/h, contudo o objetivo era obter 33 m³cc/h, com uma eficiência

operacional de 75%.

Santos e Machado (1995) avaliaram um processador trabalhando em florestas de Eucalyptus spp. com diferentes diâmetros, as quais foram derrubadas com motosserra, com comprimento dos toretes de 6 m. Segundo os autores, a maior produtividade do processador ocorreu quando as árvores tinham um volume de 0,34 m³cc, processando 28,50 m³cc/h, com uma eficiência operacional de 56%. Para o volume médio de 0,38 m³cc/árv, a produtividade estimada pelos autores foi de 28,10 m³cc/h.

Winter (1998), por sua vez, estimou a produtividade do processador em 32,3 m³cc/h. O comprimento dos toretes de 6,0 m faz aumentar a produtividade em relação a toretes de comprimento menor, pois diminuem as paradas do cabeçote para o traçamento da madeira (TARNOWSKI et al.,1999).

Salmeron (1980) definiu a operação de desgalhamento como a retirada dos galhos e o ponteiro da árvore, determinando-se, assim, o fuste comercialmente aproveitável. O rendimento do desgalhamento depende de fatores como: diâmetro da árvore; diâmetro e densidade de ramos; comprimento do fuste; ferramenta utilizada; topografia e qualidade do desgalhamento requerida.

A espessura e o comprimento dos galhos determinam a escolha da técnica de trabalho durante o desgalhamento com motosserra. Produção elevada, pouco esforço e trabalho seguro e livre de acidentes são as principais vantagens do uso adequado da

motosserra no desgalhamento (SANT’ANNA, 2002).

O desgalhamento feito com motosserra ocupa 49% do tempo total de uso da máquina nessa operação, substituindo paulatinamente as ferramentas manuais, como machado e facão. A operação de desgalhamento com motosserra, para ser produtiva, necessita de operadores bem treinados em movimentos sequenciais planejados que, às vezes, nosso homem do campo não consegue assimilar (SALMERON, 1980). O desgalhamento realizado com motosserra é considerado uma atividade perigosa, com alto índice de acidentes

(SANT’ANNA, 2002). Por isso é necessário conhecer e adaptar técnica racional que diminua

os acidentes e o consumo de forças (STREIT et al., 1986).

A operação de desgalhamento exige motosserras adequadas quanto à estrutura, peso, comprimento do sabre e velocidade da corrente (SALMERON, 1980), bem como adoção de métodos que podem ser: em sentido de vértice (divisão pelo meio), de

alavanca e de oscilação (STREIT et al., 1986).

Em Eucalyptus spp., o desgalhamento com machado ainda é bastante utilizado, sendo o rendimento 30% inferior quando comparado ao da motosserra (SALMERON, 1980).

A operação de toragem consiste no desdobro do fuste da árvore em peças menores, nos comprimentos próprios para o uso final ou industrial. Essa operação pode ser realizada antes ou após a extração, em atividade manual, semimecanizada ou mecanizada (BANTEL, 2009b).

A produtividade é influenciada pelos seguintes fatores: diâmetros das árvores; comprimento desejado dos toretes; disposição das árvores na queda; topografia; tipo de ferramenta empregada e treinamento do operador (SALMERON, 1980).

O descascamento tem por objetivo separar a casca do tronco, em razão da necessidade do produto final, podendo ser realizado no campo ou na indústria. É uma atividade opcional, podendo ou não fazer parte do corte florestal. As principais vantagens do descascamento no campo são: acelerar a perda da umidade da madeira; reduzir o peso e volume de transporte; reduzir a retirada de nutrientes do solo e favorecer a secagem natural

(SANT’ANNA, 2002).

A madeira a ser utilizada para a produção de celulose geralmente é descascada, pois a casca, além de possuir fibras utilizáveis em quantidades relativamente pequenas, consome maior quantidade de reagentes na polpação e no branqueamento, diminuindo o rendimento em celulose (STEIN, 2003).

Uma parte importante dos nutrientes das árvores se encontra na casca e na folhagem. Portanto, o descasque e a desrama no local do corte fará com que os nutrientes permaneçam no local e favoreçam o crescimento da nova massa florestal. Contudo, nem

sempre é conveniente descascar as árvores “in loco”, dependendo do custo da mão-de-obra e

se o descasque é efetuado facilmente (DYKSTRA & HEINRICH, 1996).

O trabalho manual de descascamento tende a desaparecer, pois a tarefa é pesada e de baixo rendimento. Além disso, o mercado oferece bons descascadores mecânicos (AMBIENTEBRASIL, 2008).

Os princípios de descascamento são: químico, biológico e mecânico. No descascamento mecânico, em ato de cortar, fresar, cepilhar, atritar, friccionar e bater, adotam-se os seguintes sistemas: faca descascadeira e machado, descascador anelar móvel ou fixo, fresa, rotor com facas rotativas móvel ou fixo, tambor rotativo (STREIT et al., 1986) ou conjunto de faca desgalhadora-descascadora e rolos paralelos de avanço acoplados em processador (HYPRO, 2008; A-TECH, 2008; (a)Tech, 2008).

O descascamento mecânico no campo exige que o descascador tenha mobilidade, podendo ser acoplado ao hidráulico de trator agrícola ou adaptado ao cabeçote do

harvester. O rendimento do descascamento mecanizado é bem superior ao descascamento

manual (SANT’ANNA, 2002).

Seixas et al. (2005) calcularam a produtividade do descascador móvel em 25,3 m³.h-1 de madeira descascada de Eucalyptus spp., bem como determinou a percentagem de casca em 14,4% em volume e 9,4% em peso. Em 1 hectare, o mesmo autor calculou o total de 11,8 t de casca, que equivaleu a 4.800 l de óleo diesel em energia.

Miranda (1991) concluiu que o descascamento com equipamento móvel, de rotor com facas rotativas é mais vantajoso economicamente que o descascamento com tambor fixo a partir de 100 km de distância de transporte da madeira.

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