• Nenhum resultado encontrado

O Processo de Alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental, uma breve

3. O ENSINO DA LITERATURA DE CORDEL E DE GÊNERO NOS ANOS

3.1 O Processo de Alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental, uma breve

A temática central desta pesquisa encontra-se no âmbito do uso do cordel no ensino do gênero em salas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, por isto é pertinente abordarmos o processo de alfabetização a qual os alunos estão passando nesta fase da escola básica, pois para que o cordel se mostre útil a aprendizagem dos(as) alunos(as), é preciso considerar os níveis de aprendizagem de cada um a fim de explorar de maneira coerente as características estéticas, lingüísticas e temáticas dos cordéis.

Podemos compreender os anos iniciais do Ensino Fundamental de acordo com Carmo (2016, p. 55) etapa na qual: “[...] os discentes recebem vários tipos de estímulos, através de atividades diversificadas e com fundamentos lúdicos, desenvolvem a leitura, escrita, raciocínio lógico, leitura de imagens e sons.”

Deste modo, segundo Soares (2012), é nesta fase que se dá o processo de alfabetização, que se resume ao processo de desenvolvimento de leitura e escrita, a representação dos fonemas (sons) em grafemas (letras), indo mais adiante, a alfabetização ademais segundo Soares, (2012, p. 16), é “[...] um processo de representação de fonemas em grafemas, e vice-versa, mas é também um processo de compreensão/expressão de significados por meio do código escrito [...]”.

A BNCC, Brasil (2017, p. 59), reconhece em sua área de Linguagens para os anos iniciais do Ensino Fundamental que a alfabetização

[...] deve ser o foco da ação pedagógica. Afinal, aprender a ler e escrever oferece aos estudantes algo novo e surpreendente: amplia suas possibilidades de construir conhecimentos nos diferentes componentes, por sua inserção na cultura letrada, e de participar com maior autonomia e protagonismo na vida social.

Os(as) estudantes nesta fase estão descobrindo um novo mundo através da leitura e da escrita, e para se trabalhar com cordel nesta etapa, é preciso que haja uma escolha criteriosa dos elementos do cordel a serem utilizados, Carmo (2016), pois os cordéis possuem características que quando o(a) estudante já domina a leitura, facilita sua compreensão. No entanto, nas fases de reconhecimento de letras e silabas, os cordéis podem ser utilizados de maneira diferenciada, explanando suas xilogravuras promovendo a imaginação, e também a contação de histórias incentivando a leitura e o reconhecimento cultural.

Ressaltamos que a literatura de cordel pode ser utilizada como meio interdisciplinar12 nos anos iniciais do Ensino Fundamental, divulgando a arte popular e ideias culturais, Carmo (2016). Os cordéis na alfabetização, considerando: “Seus folhetos, com seus versos, rimas e

12 A interdisciplinaridade é entendida aqui de acordo com Fazenda (2011), como uma nova maneira de ser e

temas variados podem ser usados como estratégia para melhorar a leitura e aperfeiçoar a compreensão”, Carmo (2016, p. 58), ou seja, o cordel também pode ser uma estratégia de aperfeiçoamento da leitura e até mesmo de ajudar a interpretar o que se está lendo, não só codificando palavras, mais dando significados a elas.

No Brasil, os PCNs para o ensino da Língua Portuguesa, discutem a necessidade da apropriação da oralidade e da escrita dos(as) estudantes, pois segundo consta neste documento, é através do processo de leitura que o individuo consegue compreender e interpretar textos, de maneira que ele(a) aproprie-se do assunto e objetivos deste texto.

Os PCNs (BRASIL, 1997, p. 23), para Língua Portuguesa expressam que:

[...] o domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação expressa e defende pontos de vista, partilha e constrói visões de mundo, produz conhecimento. Assim, um projeto educativo comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos.

Deste ponto de vista, utilizar o cordel como aliado á alfabetização dos(as) discentes, é garantir o acesso as variadas linguagens, e além disso, é oportunizar o acesso a cultura local, uma vez que estamos a investigar esta possibilidade no Nordeste, região de propagação do cordel brasileiro como nos esclarece Barros (2014), é meio de apropriação cultural e concretização do que nos propõe os PCNs, em sua parte citada.

Nessa mesma direção, Carmo (2016, p. 59) reitera que: “O Cordel pode ser empregado na sala de aula, uma vez que este é um recurso que utiliza a linguagem para construir significados e formar o senso crítico a partir de interpretações sobre o mundo.” Sendo assim, ele pode ser utilizado da maneira que foi proposta (mediando às discussões de gênero através do seu conteúdo), como meio de caucionar o ensino de gênero nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Vale destacar também a importância da relação alfabetização, letramento e cordel, considerando o letramento de acordo com Soares (2003), como o desenvolvimento de habilidades em atividades de leitura e escrita e em práticas sociais, e visto que já evidenciamos como o cordel pode auxiliar na alfabetização das crianças, ressaltamos sua contribuição para o letramento, pois como afirma Freire (1988, p. 11), “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, podemos inferir então, que o cordel para alunos nordestinos, é um meio de letramento, pois ele traz consigo artefatos de sua cultura, além de ser um rico instrumento no incentivo a leitura e o aperfeiçoamento desta.

Adiante, estabeleceremos um breve diálogo com os documentos curriculares nacionais, os PCNs para Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e seu fascículo “orientação sexual” dos seus temas transversais (2000), e a BNCC, com suas competências gerais e para arte e Língua Portuguesa dos anos iniciais do Ensino Fundamental, para examinarmos os possíveis ensejos que possam subsidiar a então pesquisa, analisando as propostas ao uso do cordel e ao ensino de gênero, aliando ambos, procurando ancorar estas propostas aos documentos curriculares.