Segundo a Técnica Delphi, a análise transcorre simultaneamente ao processo de coleta dos dados, visto que a elaboração dos formulários das rodadas subsequentes são fundamentados a partir dos achados das rodadas anteriores. Ao finalizar a etapa de coleta dos dados foi efetuada a análise final de todos os dados em um conjunto único de informações.
Para a análise dos dados qualitativos, presentes na primeira rodada, adotou-se a análise de conteúdo. Este método tem a finalidade de efetuar e gerar deduções lógicas e justificadas, a partir das mensagens tomadas para análise, com o intuito de conhecer o que está além das
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palavras registradas, em busca de outras realidades por meio das mensagens (BARDIN, 2010).
A análise de conteúdo divide-se em três fases (BARDIN, 2010): a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. A pré-análise consiste na organização de todo o material que será submetido à análise. Buscando operacionalizar e sistematizar as idéias iniciais de maneira flexível, conduzindo a um plano de análise. Esta primeira fase tem por objetivo escolher os documentos que serão analisados, formular hipóteses e objetivos e elaborar indicadores que fundamentarão a interpretação final, sendo que estas etapas não seguem obrigatoriamente esta sequência de desenvolvimento.
A exploração do material compreende o desenvolvimento de operações de codificação e decomposição dos dados, através de regras que foram previamente formuladas. Se as atividades de pré-análise forem minuciosamente concluídas esta etapa se constituirá apenas na aplicação sistemáticas das decisões tomadas.
Na etapa de tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação, os dados brutos realizados nas etapas anteriores, passam a ser significativos e válidos, permitindo estabelecer quadros de resultados, diagramas e modelos, que condensam e ressaltam as informações fornecidas pela análise. A partir destes resultados, foi possível realizar inferências e adiantar as interpretações condizentes aos objetivos propostos no início da pesquisa ou ainda inferências a cerca de descobertas inesperadas, subsidiando a elaboração do formulário da segunda rodada.
Para a análise dos dados quantitativos, que correspondeu aos dados da segunda e terceira rodadas, foi empregada a análise estatística descritiva e inferencial, por meio da mediana e do coeficiente de variação.
A estatística descritiva é utilizada para descrever os dados, utilizando-se média, mediana, percentuais, empregando tabelas e gráficos para apresentação dos resultados estatísticos e a estatística inferencial é utilizada para efetuar inferências sobre uma população (CRESWELL, 2010). Este processo foi realizado com o apoio de um estatístico.
Na literatura sobre este método não encontra-se uma orientação específica sobre qual é o nível de consenso que deve ser considerado como satisfatório durante o desenvolvimento da Técnica Delphi
(OLIVEIRA; COSTA; WILLE, 2008; KEENEY; MCKENNA; HASSON, 2011), por isso optamos por utilizar neste estudo a mediana de 5 com coeficiente de variação até 20%, como faixa de corte para assumir o consenso para uma determinada questão.
A figura 3, ilustra o movimento desenvolvido na operacionalização da Técnica Delphi, bem como a articulação das abordagens qualitativa e quantitativa.
FIGURA 03 - Movimento desenvolvido na operacionalização da Técnica Delphi e a articulação das abordagens qualitativa e quantitativa. Brasil, 2016.
Fonte: Elaborado com dados da pesquisa “O ensino do controle de infecções nos cursos de graduação em enfermagem no Brasil”, 2016.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados e as discussões deste estudo são apresentados conforme Instrução Normativa 10/PEN/2011 (Anexo 2) do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, que dispõe sobre a apresentação e formato dos trabalhos de conclusão de mestrado e doutorado em Enfermagem, instituindo a apresentação dos resultados da pesquisa na modalidade de manuscritos.
Inicialmente será apresentado um subcapítulo com a caracterização dos participantes do estudo, seguindo com os manuscritos de resultados e discussões, conforme o quadro 01.
QUADRO 01 – Manuscritos elaborados a partir dos resultados da tese. Brasil, 2016. Man us- crito Título Objetivo 01 Competências para enfermeiros generalistas e especialistas atuarem na prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde no Brasil
Definir as competências para a prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde que devem ser desenvolvidas pelo enfermeiro generalista e pelo enfermeiro especialista em controle de infecções no Brasil.
02 A percepção dos profissionais com expertise em prevenção e controle de infecção sobre o ensino deste tema na graduação
Conhecer a percepção dos profissionais com expertise em prevenção e controle de infecção sobre o ensino das competências profissionais do enfermeiro para a prevenção e controle de IRAS nos cursos de graduação da área da saúde e enfermagem. E ainda, conhecer quais são as possibilidades vislumbradas por eles para o fortalecimento do ensino deste tema na graduação em enfermagem.
ensinar e aprender sobre prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde na formação do enfermeiro generalista
por competências para a prevenção e o controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, nos currículos dos cursos de graduação em enfermagem do Brasil.
Fonte: Elaborado com dados da pesquisa “O ensino do controle de infecções nos cursos de graduação em enfermagem no Brasil”, 2016.
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5. 1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO ESTUDO. Nesta sessão é realizada uma breve apresentação dos participantes do estudo. O corpus constituiu-se de 39 profissionais com expertise na área de controle de IRAS identificados no território nacional, sendo 31 enfermeiros e 8 médicos.
A disparidade entre o número de profissionais, enfermeiros e médicos, ocorreu devido aos critérios de inclusão que definiam um número maior de critérios para que um profissional médico fosse considerado elegível para o estudo.
Os participantes tinham em média 26 anos de graduação, sendo que todos possuíam título de pós-graduação. Na tabela 02 apresenta-se a estratificação do tempo de graduação e da titulação máxima dos participantes.
TABELA 02 – Apresentação dos participantes quanto ao tempo de graduado e titulação máxima. Brasil, 2016.
Enfermeiros Médicos Tempo de graduação 8-10 anos 2 11-20 anos 8 3 21-30 anos 11 4 31-39 anos 10 1 Titulação máxima Especialização 1 Mestrado 10 4 Doutorado 20 4
Fonte: Elaborado com dados da pesquisa “O ensino do controle de infecções nos cursos de graduação em enfermagem no Brasil”, 2016.
Participaram profissionais das regiões Sul, Sudeste, Centro- oeste e Nordeste. Na região Norte foram identificados poucos profissionais que atendiam aos critérios de inclusão na pesquisa, sendo que não houve retorno das tentativas de contato. No gráfico 01 apresenta-se a distribuição dos participantes conforme região do país.
FIGURA 04 - Distribuição dos participantes conforme região do país. Brasil. 2016.
Fonte: Elaborado com dados da pesquisa “O ensino do controle de infecções nos cursos de graduação em enfermagem no Brasil”, 2016.
Na tabela 03 apresentam-se os dados com relação às experiências profissionais dos participantes do estudo, onde se verifica que a maioria deles possuem experiências de atuação nos serviços de saúde e em ensino de graduação na área da saúde.
TABELA 03 – Experiência profissional dos participantes. Brasil, 2016. Experiência
profissional Participantes
Percentual Média
Serviços de saúde 92% 17 anos
Comissões e serviços
de CIRAS 74 % 13 anos
Ensino de graduação
na área da saúde 95% 15 anos
Fonte: Elaborado com dados da pesquisa “O ensino do controle de infecções nos cursos de graduação em enfermagem no Brasil”, 2016.
Os participantes ainda identificaram grupos de pesquisas que integram e abordam o tema da prevenção e controle de IRAS, no quadro 02 estão apresentados estes grupos.
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QUADRO 02 – Grupos de pesquisas dos participantes do estudo. Brasil, 2016.
SIGLA NOME DO GRUPO DE PESQUISA
APARCIH Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar
APECIH Associação Paulista de Epidemiologia e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde
Biossegurança, controle de infecções e risco sanitário hospitalar
Controle de infecção relacionada a procedimentos assistenciais
Epidemiologia e Controle das Infecções Hospitalares Grupo de controle infecção – UEL
Grupo de estudos e pesquisa sobre boas práticas de controle da transmissão de patógenos relacionada à assistência à saúde - UFSCAR
Grupo de Pesquisa em Controle e Prevenção de IRAS da Escola de Enfermagem da USP/SP
GETECS Grupo de Pesquisa de Enfermagem e Tecnologia na Educação e Cuidado em Saúde
IRASPC Infecção relacionada a Assistência à Saúde - Prevenção e Controle - PUC Goiás
NEPIH Núcleo de Estudos de Pesquisa de Enfermagem em Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde - UFG
NEPIRCS Núcleo de Estudos e Pesquisas em Infecções Relacionadas ao Cuidar em Saúde
Fonte: Elaborado com dados da pesquisa “O ensino do controle de infecções nos cursos de graduação em enfermagem no Brasil”, 2016.
Ressalta-se que esta composição do corpus de participantes, com experiência assistencial e acadêmica foi de extrema importância para o debate que se propôs acerca do ensino das competências para a prevenção e controle de IRAS nos cursos de graduação em enfermagem.
5.2 MANUSCRITO 01 - COMPETÊNCIAS PARA ENFERMEIROS