4 PERCURSO METODOLÓGICO
4.5 PROCESSO DE ANÁLISE DE CATEGORIAS IDENTIFICADAS
Atualmente, a “Análise de Conteúdo” é a expressão mais comumente usada para representar o tratamento dos dados de uma pesquisa qualitativa; mais do que um mero procedimento técnico, o termo faz parte de uma busca teórica e prática no campo das investigações sociais.
Para Bardin (apud MINAYO, 1994), a análise de conteúdo pode ser definida como: Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens.
A análise de conteúdo objetiva tornar evidentes e significativamente lógicos os elementos ocultos da linguagem humana, além de organizar e descobrir o significado original dos seus elementos manifestos. O interesse vai além da descrição, mas procura encontrar regularidades ou rupturas na comunicação de modo a obter o conhecimento sobre o assunto estudado. É um meio para acessar a realidade subjetiva das representações simbólicas e, na área da saúde, permite o acesso às dimensões representacionais do processo de viver, adoecer, curar e morrer. (RODRIGUES e LEOPARDI, 1999).
Do ponto de vista operacional, a análise de conteúdo parte do que foi expresso em um primeiro plano para atingir um nível mais aprofundado, ultrapassando os significados manifestos. Por isso, relaciona estruturas semânticas (significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados. (MINAYO, 1994).
Minayo (1994) afirma que na busca de atingir os significados manifestos e latentes no material qualitativo, várias técnicas têm sido desenvolvidas enfatizando aspectos a serem observados nos textos dentro de pressupostos específicos. Apresenta a seguinte classificação:
I - Análise da Expressão II - Análise das Relações
III - Análise de Avaliação ou Representacional IV - Análise da Enunciação
V - Análise Temática
A autora enfatiza que a análise da enunciação e a análise temática são as mais adequadas à investigação qualitativa do material sobre saúde.
Rodrigues e Leopardi (1999) referem que vários são os caminhos a percorrer na análise de conteúdo, variando os procedimentos conforme o objetivo da investigação. É um método de análise versátil e com aplicação diversificada. De forma geral, inicia com uma leitura global sobre o material, passando em seguida por um recorte em suas partes, para serem categorizadas e classificadas com vistas a decodificar o significado das partes em correlação com o todo.
É possível unir esse método de análise com uma das estratégias analíticas do estudo de caso, que segundo Yin (2005) tem como objetivo analisar os dados do estudo construindo
uma explanação sobre o caso. “Explicar” um fenômeno significa estipular um conjunto presumido de elos causais em relação a ele. Em grande parte dos estudos de caso existentes, a construção da explanação ocorreu sob forma de narrativa, e uma vez que as narrativas não podem ser precisas, os melhores estudos de caso são aqueles em que as explanações refletem algumas proposições teoricamente significativas. (YIN, 2005). Segundo o autor, um exemplo seria o estabelecimento de elos causais que podem refletir interpretações importantes sobre o processo de uma política pública. As proposições, se estiverem corretas, podem levar a recomendações sobre essa política ou sobre outras a serem usadas no futuro.
Para auxiliar na análise de conteúdo das entrevistas usou-se o programa de análise de dados qualitativos ATLAS-TI. Colocadas no programa, as entrevistas geraram a pré- categorização dos dados e a organização das categorias de análise.
Apresenta-se a seguir as 4 categorias identificadas para análise, as pré-categorias e a grade de análise que reúne todos os dados. Essa grade tem o objetivo de facilitar o cruzamento das categorias analíticas com a fala dos entrevistados, tornando mais simples a visualização do sentido geral e completo do material empírico.
1ª Categoria
A ODONTOLOGIA NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: O desafio de entender e de assumir novos papéis
Pré-categorias
A motivação para aceitar uma equipe de saúde da família Definição de estratégia de saúde da família
Antes da estratégia de saúde da família X Depois da estratégia de saúde da família Cotidiano das atividades do cirurgião-dentista na estratégia de saúde da família
A pressão da demanda reprimida como entrave para efetivação da ESF A estratégia de saúde da família X Importância das atividades clínicas
Odontologia sempre em segundo plano
O trabalho do cirurgião-dentista inserido em equipe multiprofissional
2ª Categoria
O PROFISSIONAL SOCIALMENTE SENSÍVEL: Formação Acadêmica ou Perfil Individual?
Pré-categorias
Formação profissional influenciando ou não a atuação do cirurgião-dentista na Estratégia de Saúde da Família: percepção do profissional
Formação profissional influenciando ou não a atuação do cirurgião-dentista na Estratégia de Saúde da Família: percepção da gestão
Necessidade de iniciativa do cirurgião-dentista para inserir-se na Equipe de Saúde da Família
Perfil individual favorecendo a inserção profissional na lógica do novo modelo de assistência
3ª Categoria
A BIOÉTICA DE INTERVENÇÃO E O TRABALHO DO CIRURGIÃO- DENTISTA NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA:
A busca pela Integralidade, Justiça Sanitária e Inclusão Social Pré-categorias
Acesso à assistência odontológica
Inserção da assistência odontológica nos diferentes programas de atendimento prioritário
Serviço de referência e contrarreferência na assistência odontológica Estabelecimento de vínculo com a população adscrita
Assistência odontológica durante a visita domiciliar
Participação popular e controle social na estratégia de saúde da família Caráter paternalista da ESF
4ª Categoria
POTENCIAIS E LIMITES DO TRABALHO DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA:
Lutando por um novo Modelo de Assistência Pré-categorias
Potenciais
Qualidade dos profissionais Bom espaço físico
Boa oferta de equipamentos e materiais Coordenação da unidade integrada com a equipe
Trabalho em equipe Trabalho realizado nas escolas Apoio da SMS aos profissionais
Reuniões de equipe
Reunião mensal dos dentistas – rede e regionais Realização profissional
Plano de cargos e salários estruturado Inserção do aluno de graduação na rotina da ESF Compensação financeira em um mercado competitivo
***
Limites
Falta de profissionais Rotatividade de profissionais
Falta de profissional auxiliar (ACD - atendente de consultório dentário e THD - técnico de higiene bucal)
Pouco espaço físico
Problemas cotidianos com materiais e equipamentos Falta de Privacidade devido a problemas estruturais Coordenação da unidade não integrada com a equipe
Dificuldade de inserção do CD na equipe Falta de reuniões de equipe
Demanda da Comunidade para ter CD apenas realizando atividades clínicas Falta de interesse e comprometimento da comunidade com o serviço prestado
Demanda clínica reprimida
Sistema de referência e contrarreferência
Capacitação profissional e educação permanente dos profissionais da ESF Falta do reconhecimento da importância da Odontologia
Desaprovação da saída do CD da unidade para atividades educativas e visitas domiciliares
Falta de planejamento para realizar as visitas Falta de avaliação/parâmetros para planejar atuação
Desilusão com o trabalho no serviço público Estresse físico devido à carga horária
Sobrecarga de trabalho
Falta de apoio da SMS aos profissionais
Marginalização de algumas unidades por parte da SMS Problemas de gestão GRADE DE ANÁLISE Categorias Entrevistados O DESAFIO DE ENTENDER E ASSUMIR NOVOS PAPÉIS FORMAÇÃO ACADÊMICA OU PERFIL INDIVIDUAL? A BUSCA PELA INTEGRALIDADE, JUSTIÇA SANITÁRIA E INCLUSÃO SOCIAL LUTANDO POR UM NOVO MODELO DE ASSISTÊNCIA ÂMBAR ALIZARIM JAMBO RÚTILO CARMESIM CORAL TURQUESA ESCARLATE FÚCSIA GRENÁ ÍNDIGO RUBRO LAVANDA MARFIM MANÁ SÉPIA PÚRPURA DAMASCO