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“A aprendizagem não acorre quando se tem todas as respostas, mas, quando se convive com as perguntas”.

Max Dupree

Neste capítulo será destacado o processo de aprendizagem mostrando, a partir da

idéia de alguns autores (ARGYRIS, 1996; KOLB, 1997; NONAKA, 1997; VILLARDI E

LEITÃO, 2000, SENGE, 1990), como pessoas e organizações aprendem. Também

fazemos uma distinção entre a aprendizagem organizacional e a aprendizagem individual,

bem como a apresentação dos resultados paralelamente a teoria.

O Processo de Aprendizagem

Para Caravantes e Pereira (1981), se aceitarmos os pressupostos de que se vive

numa época em que o próprio contexto onde as organizações se situam sofre modificações

a um ritmo cada vez mais acelerado, que se vive numa sociedade organizacional deve-se,

então, concluir que essa sociedade deverá transformar-se em uma sociedade capaz de

aprender.

Os eventos da mudança têm ressaltado sobre a importância da aprendizagem

individual e organizacional, vista como o processo de adquirir conhecimento e utilizar as

pessoas devem estar comprometidas com a busca contínua de novas idéias e oportunidades

de aperfeiçoamento para poder manter o mesmo ritmo que o meio ambiente dinâmico.

Por conta disso, autores como Senge (1990) e Nonaka (1997) acreditam que as

organizações devem se transformar em organizações de aprendizagem, pois a informação

transformada em conhecimento constitui uma alavanca importante na sociedade pós-

industrial.

Numa primeira formulação referente à aprendizagem partimos da visão de Soto

(2002), que vê a aprendizagem como o resultado da interação contínua do organismo com

o mundo físico e social. Nesta interação, de acordo com o autor, verifica-se que ocorre a

transição do inato ao aprendido, pois, o ser humano quando nasce, além das disposições

inatas, já possui a capacidade de aprender. Esta condição lhe permite receber informações,

modificar a sua conduta, e facilitar o processo de adaptação ao meio ambiente cultural ou

social onde terá lugar a sua maturação biológica.

A aprendizagem é um fator que influi de maneira importante em todos os seres

vivos e permite ao homem adaptar-se às modificações do ambiente para sobreviver, tendo

em conta as limitações do sistema de respostas inatas.

Soto (2002) define aprendizagem como a aquisição de novas formas de

comportamento que se ajusta com comportamentos inatos, que vão surgindo à medida que

o organismo amadurece. A maturação é o aparecimento de pautas de conduta que

dependem do desenvolvimento das estruturas orgânicas do sistema nervoso. A

comportamento, que se produz como conseqüência de uma experiência. Elas,

freqüentemente, ocorrem sem que o indivíduo as procure de forma deliberada e mesmo

sem estar consciente disso.

Dessa forma, o termo aprendizagem engloba mudanças tão diferentes quanto à

resposta diferenciada a um sinal, a aquisição de uma habilidade, a alteração da forma de

perceber alguma coisa, o conhecimento de um fato e o desenvolvimento de uma atitude

ante a determinada situação.

Caravantes e Pereira (1981:24), de forma similar, definem aprendizagem como “o

processo de aquisição da capacidade de se usar o conhecimento, que ocorre como resultado

da prática e da experiência crítica e que produz uma mudança relativamente permanente no

comportamento”.

Alguns aspectos da aprendizagem são explorados pelos autores a partir da

definição aqui apresentada. Um deles é que a aprendizagem, seja ela pessoal,

organizacional ou social, deve ser vista como um processo, um movimento contínuo, com

uma base crítica, com vista a um objetivo específico. Um outro aspecto, é que o

conhecimento é o resultado da interação entre a prática e a teoria. Por conseguinte, deve

considerar a teoria e a prática como intrinsecamente interligados, pois a separação entre o

conhecimento teórico e o conhecimento prático conduz a dicotomias indesejáveis, tais

como o mundo acadêmico e o mundo dos profissionais liberais. E, mais uma vez, ressaltam

uma modificação relativamente permanente no comportamento, como efeito da

Encontramos em Vygotsky (OLIVEIRA, 2000), importante contribuição teórica

sobre a prática pedagógica, a qual, alguns elementos, reportamos para a nossa discussão.

Por estar além das possibilidades do presente estudo uma discussão mais ampla, limitamos

a delimitar, brevemente, a questão da relação entre aprendizagem e desenvolvimento

discutido por este autor.

A questão da relação entre os processos de desenvolvimento e de aprendizagem é

central no pensamento de Vygotsky. O processo de aprendizagem é um aspecto relevante

em sua concepção sobre o homem, na medida em que atribui uma importância crucial à

dimensão sócio-histórica do funcionamento psicológico e à interação social na construção

do ser humano.

Para Vigotsky (OLIVEIRA, 2000), a aprendizagem está relacionada ao

desenvolvimento desde o inicio da vida humana. Ou seja, o desenvolvimento humano

apesar de ser, em parte, definido pelo processo de maturação do organismo, é por meio da

aprendizagem que o indivíduo descobre os processos internos de desenvolvimento. O

homem já nasce com determinadas características próprias da espécie (capacidade de

ouvir, ver), mas, as chamadas funções psicológicas superiores, aquelas que envolvem

consciência, intenção, planejamento, dependem de processos de aprendizagem.

Além disso, Vigotsky vê a aprendizagem como um processo que inclui relações

entre indivíduos. A interação do indivíduo com o mundo se dá pela mediação feita por

outros indivíduos. Contudo, a aprendizagem não é fruto apenas de uma interação entre o

indivíduo e o meio. Essa idéia remete-nos a definição do processo de aprendizagem de

aprende, aquele que ensina e a própria relação ensino-aprendizagem” (OLIVEIRA,

2000:56). A idéia de “alguém que ensina” pode estar concretizada em objetos, eventos,

situações, modos de organização e na própria linguagem, e não, necessariamente, na

presença física de alguém.

Apesar de ocorrer aprendizagem na relação do indivíduo com o meio, quando

existe a intenção deliberada de um outro elemento social nesse processo, o ensino e a

aprendizagem passam a fazer parte de um todo indissociável.

Villardi e Leitão (2000:57) definem aprendizagem como “um processo por meio do

qual as organizações compreendem e administram suas experiências” e deve ser tanto

intencional quanto espontâneo.

Argyris (1969) ressalta que a experiência é irrelevante quando vista de forma

isolada do indivíduo. A experiência só se torna relevante, quando o indivíduo for capaz de

tirar algum proveito daquilo que experimentou. Isso acentua a importância não da

experiência em si, mas da habilidade do indivíduo em dela saber extrair algum

ensinamento.

Verificamos pela análise das respostas dos sujeitos da pesquisa, que a condição

principal que poderá desencadear desvantagens do processo de mentoria/coaching é o não

comprometimento por parte tanto do mentor/coach, quanto do mentorado/coachee. Dois

dos respondentes da pesquisa disseram que não verificaram nenhuma desvantagem,

Assim, no processo de mentoria pressupõe-se que deve existir nas pessoas um

senso de comprometimento e de disponibilidade para aprender. Diríamos que, se a pessoa

não estiver disponível para aprender e com metas definidas, não poderá tirar nenhum

ganho dessa experiência.

Na visão de uma das participantes desta pesquisa, “o processo é vantajoso para

quem recebe e para quem executa. Para quem recebe, a técnica proporciona um

desenvolvimento consistente do profissional, uma vez que assume, de forma clara, a

responsabilidade pelos seus resultados”. Para quem executa, apesar de exigir tempo e

dedicação, “o coach passa a conhecer os pontos fortes e fracos de sua equipe com maior

clareza, tornando sua administração mais eficiente”.

Uma outra participante fez a seguinte afirmação:

- “só percebo desvantagens se ele for usado para uma demanda que não seja

compatível com os objetivos desde processo”.

Mas, mais fundamental nesse processo, é a própria empresa ou organização criar

condições propícias para que a implementação dos programas de mentoria sejam

instituídas de modo que traga resultados efetivos.

Para que haja resultados, um dos participantes apontou que a mentoria/coaching

deve ser conduzida por profissionais isentos, com vista a eliminar o risco de vazamento de

outro participante, “quando feito com superiores hierárquicos, possibilita a geração de

defesas pessoais”.

O fato de o processo ser, eventualmente, encarado como terapia foi indicada pelos

respondentes como uma das desvantagens, pois, o gap que existia continuará, uma vez que

o processo não atua em áreas que envolve algum problema psicológico especifico. O

processo de mentoria/ coaching, como mostra as respostas da nossa pesquisa exige

confiança mútua entre mentor/coach e mentorado e, quando não acontece empatia (e nem

sempre acontece, de acordo com um dos participantes) entre os dois envolvidos, não gera

resultados. Além disso, gera resultados negativos o fato de tomar a visão do mentor/coach

como “única verdade”.

O fator tempo necessário para o processo, também constitui uma desvantagem,

segundo os respondentes. Nas respostas, um dos participantes da pesquisa afirma que as

organizações, de modo geral, “não costumam ter tempo para prescindir com ações que

não tragam efeitos imediatos”. Além disso, quando os valores pessoais estão desalinhados

com a cultura da empresa e o ambiente empresarial não é propício para a implementação

da mentoria, não gera resultados. O processo, também, poderá criar uma relação de

dependência e gerar insegurança no mentorado, segundo uma participante. Por isso, a

afirmação dela é que se deve “estimular a autonomia e a auto-confiança, valorizando cada

passo dado”.

Uma vez que a aprendizagem ocorre no local de trabalho, e também fora dele, os

para beneficiar a organização. Quando tratamos de modelar os indivíduos, guiando sua

aprendizagem a passos graduais, estamos modelando a conduta ou o comportamento.

Partindo da visão da aprendizagem como um processo, a literatura indica a

existência de diferentes correntes teóricas sobre aprendizagem: a behaviorista, a

cognitivista, a construtivista e a aprendizagem social. Isso mostra que a aprendizagem pode

ser entendida de diferentes perspectivas, o que propicia uma visão ampla sobre as

divergências conceituais que existem em relação à aprendizagem.

O behaviorismo é definido como uma teoria da aprendizagem (humana e animal)

que se centra apenas nos comportamentos objetivamente observáveis, negligenciando as

atividades mentais.

Para as teorias cognitivas, o aspecto mais importante da aprendizagem não são as

respostas, mas, a aquisição de fragmentos de conhecimento e formação de estruturas

cognitivas.

O construtivismo é definido como uma teoria da aprendizagem, que parte do

pressuposto de que todos nós construímos a nossa própria concepção do mundo em que

vivemos a partir da reflexão sobre as nossas próprias experiências. A educação

construtivista baseia-se na teoria de Piaget que compreende o aprendizado como um

processo de construção, o qual se origina no interior do indivíduo. O processo de

mentoria/coaching utiliza, além de outras, a metodologia construtivista de educação.

A aprendizagem social é a aprendizagem que envolve aquisição de padrões de

Apesar da enorme ênfase em torno do conceito de aprendizagem, na percepção de

Kolb (1997:321), existe uma espécie de “fatalismo” com relação à aprendizagem: ou a

pessoa aprende ou não aprende.

O motivo desse fatalismo, tanto para Kolb (1997) quanto para Nonaka (1997), se

situa, em parte, na deficiência de entendimento do processo de aprendizagem em si. Se

tivesse um modelo de como indivíduos e organizações aprendem, os gerentes e

administradores estariam mais aptos a aumentar sua própria capacidade de aprender, bem

como a de suas organizações.

Acrescentamos, também, que uma vez que a aprendizagem implica mudança de

comportamento, deve-se partir da hipótese que só aprende aquele que quer aprender. Ou

seja, é preciso estar motivado para aprender e, não se pode motivar as pessoas, mas sim

provocar situações que levam à motivação. Muitas vezes, há necessidade de atingir a área

afetiva do indivíduo, antes de trabalhar o conhecimento.

Para tal, torna-se fundamental analisar teoricamente, como as pessoas e

organizações aprendem, a partir da idéia de alguns autores.

Como as pessoas aprendem

Kolb (1997) descreve um modelo de como as pessoas aprendem, o qual denominou

educacional, como também, para entender o processo gerencial de resolução de problemas

e de adaptação organizacional.

De acordo com o autor, dois aspectos justificam essa denominação “vivencial”. O

primeiro é histórico, pois, está vinculado as suas origens intelectuais na psicologia social

de Kurt Lewin, nos anos 40. O segundo aspecto, por enfatizar a importância do papel da

experiência no processo de aprendizagem. Essa ênfase diferencia essa abordagem de outras

teorias cognitivas do processo de aprendizagem.

O modelo descreve, portanto, o ciclo de aprendizagem, isto é, como a experiência

se traduz em conceitos, os quais, por sua vez, são usados como guias na escolha de novas

experiências. Todavia, segundo Kolb (1997), cada pessoa desenvolve estilos de

aprendizagem diferentes.

Estilos individuais de aprendizagem

Tendo em conta a visão de Kolb (1997), as pessoas desenvolvem estilos de

aprendizagem diferentes, em conseqüência da sua herança hereditária, da experiência de

vida de cada um e das exigências de seu ambiente atual. Essa colocação se relaciona a

idéia anteriormente apresentada a respeito da complexidade humana, como um aspecto que

deve ser levado em conta quando se discute pessoas e organizações.

Ao desenvolver estilos de aprendizagem, as pessoas priorizam determinadas

Para melhor sistematizar a sua teoria, Kolb desenvolveu uma pesquisa que tinha por

objetivo compreender as diferentes maneiras pelas quais as pessoas aprendem e resolvem

problemas, e as conseqüências de seu próprio estilo de aprendizagem.

Criou um inventário auto-descritivo, denominado de Inventário de Estilo de

Aprendizagem (Learning Style Inventary – LSI), desenvolvido com o objetivo de “medir

as forças e fraquezas de cada um como aprendiz” (KOLB, 1997:325).

O LSI mede a ênfase individual relativa em quatro habilidades de aprendizagem:

Experiência Concreta (EC), Observação Reflexiva (OR), Conceituação Abstrata (CA) e a

Experimentação Ativa (EA). Para tal, ele solicitava ao respondente, em diversas ocasiões,

que escrevesse, por ordem, quatro palavras que descrevessem essas diferentes habilidades.

O LSI foi aplicado á gerentes e estudantes, e a partir das informações obtidas,

foram identificados quatro tipos dominantes de estilo de aprendizagem, que acorrem com

mais freqüência, os quais foram denominados de: convergente, divergente, assimilador e

acomodador.

O estilo de aprendizagem denominado de convergente é característico de pessoas

que sabem lidar melhor com situações tais como testes convencionais de inteligência, nos

quais exige uma única resposta para cada pergunta ou problema. Os convergentes preferem

lidar com coisas a lidar com pessoas, tendem a ter interesses técnicos específicos e as

habilidades de aprendizagem predominantes são CA e EA. A pesquisa mostra que esse

Os divergentes são melhores em EC e OR. Sendo o oposto do estilo convergente, é

característico de pessoas que têm um melhor desempenho em situações que exigem a

geração de idéias e possuem a capacidade de analisar uma determinada situação a partir de

várias perspectivas. Ao contrário dos convergentes, os divergentes possuem grande

capacidade de lidar com pessoas, sendo imaginativos e emotivos. È um estilo característico

de gerentes com formação na área de humanas.

Em relação ao estilo de aprendizagem denominado de assimilador, as habilidades

predominantes são CA E OR. Nos assimiladores verifica-se a capacidade de criar modelos

teóricos, isto é, por meio do raciocínio indutivo, conseguem transformar uma observação

desassociada em uma explicação integrada. A semelhança dos convergentes, os

divergentes são pouco interessados nas pessoas, e mais preocupados com conceitos

abstratos. Porém, não se preocupem em como a teoria é usada na prática, desde que seja

lógica e precisa. Esse estilo de aprendizagem é mais encontrado nos departamentos de

pesquisa e planejamento.

Por último, os acomodadores são melhores em EC e EA. Esse estilo de

aprendizagem é característico de pessoas que tendem a se arriscar mais em comparação

com os outros estilos. Possuem grande capacidade de ação, no sentido de execução de

planos e experimentos e em se envolverem em novas experiências. Tendem a sobressair

em situações nas quais é preciso se adaptar a circunstâncias imediatas específicas. Embora,

por vezes, sejam tidos como impacientes, os acomodadores gostam de lidar com pessoas,

Esses estilos de aprendizagem não podem ser tomados como lineares e universais,

como mostra Kolb (1997). Deve ser levar em consideração algumas precauções inerentes a

pesquisa, como por exemplo, a amostra utilizada, bem como os graus de especialização

universitária que são descritos em termos gerais (existem muitas formas de engenharia e

psicologia).

Na seção seguinte mostraremos como as organizações aprendem, tendo em conta a

visão de Kolb.

Como as organizações aprendem

Á semelhança das pessoas, as organizações aprendem e desenvolvem diferentes

estilos de aprendizagem. Essa aprendizagem nas organizações se dá por meio de suas

interações com o ambiente e da maneira como escolhe se relacionar com ele.

Esse processo é conhecido como a visão das organizações como “sistemas

abertos”. Tal como muitas organizações são grandes e complexas, também o ambiente com

que se relacionam torna-se altamente diferenciado e diversificado. Para adaptar-se a esse

ambiente diversificado, a organização tende a se dividir em unidades, e as diferentes

unidades desenvolvem formas de pensamento característico e diferentes estilos decisórios e

de resolução de problemas.

Kolb (1997) afirma que, se a organização é vista como um sistema de

diversidade do seu respectivo ambiente, pode ser concebida como possuidora de um estilo

de aprendizagem que melhor se adapta aos requisitos ambientais.

Mas, para que os conhecimentos do modelo de aprendizagem vivencial e de estilos

de aprendizagem possam ajudar a melhorar a aprendizagem individual e organizacional,

Kolb (1997) faz duas recomendações importantes. A primeira é que a aprendizagem

deveria ser um objetivo explícito, perseguido de tal forma como o lucro e a produtividade,

pois, se constata que os gerentes não se preocupam em aprender com as suas próprias

experiências.

A segunda é que se deveria criar um sistema de aprendizagem capaz de tolerar

diferenças de perspectivas. Entendemos e reafirmamos a colocação de que cada pessoa

possui a sua vivência, os seus valores, a percepção daquilo que lhe rodeia, e não mais

poderá ser visto como uma simples engrenagem de uma máquina.

Organizações que criam conhecimento

Nonaka (1997) define empresa “criadora de conhecimento”, a empresa que, apesar

das mudanças no ambiente, a proliferação da tecnologia a um ritmo acelerado, consegue

criar, sistematicamente, novos conhecimentos, disseminando-os por toda a organização e

rapidamente os incorpora em novas tecnologias e produtos. Por outras palavras, é a

Apesar do reconhecimento da necessidade de valorizar o capital humano, Nonaka

(1997), mostra que poucos gerentes compreendem a natureza da empresa criadora de

conhecimento. Isto porque não possuem, ainda, um entendimento claro do que seja

conhecimento, e como fazer para explorar tal conhecimento dentro da empresa.

Além disso, existe ainda no pensamento Ocidental a idéia herdada de Taylor e

Simon de que a organização é uma máquina de “processamento de informações”, cujo

único conhecimento são os dados concretos, os dados quantificáveis.

Essa postura remete-nos a idéia de Moscovici atrás referida, de que os sistemas de

informação e decisão servem para atender às necessidades gerenciais, mais do que para

apoiar o trabalho principal de todos.

Um exemplo de uma forma de pensar o conhecimento e o seu papel nas

organizações, segundo Nonaka (1997), é encontrada em empresas japonesas como a Honda

e a Canon, cujo sucesso é o seu método particular de gerir a criação de novos

conhecimentos.

A Canon, por exemplo, utilizou uma analogia entre uma lata de cerveja e uma

copiadora pessoal. Essa analogia originou um avanço fundamental no design da

revolucionária minicopiadora da Canon. Este caso, assim como outros, que talvez fossem

mais apropriados a uma campanha publicitária, serviu como ferramenta eficaz para a

Fica claro, como argumenta Nonaka (1997), que a criação de novos conhecimentos

não é, somente, processar informações objetivas. Ao contrário, ele depende dos “insights

silenciosos e, em geral, altamente subjetivos, das intuições dos funcionários

individualmente, e de tornar tais insights disponíveis para o uso da organização como um

todo” (NONAKA, 1997:28).

Assim, a chave do processo é o comprometimento pessoal, o senso de identificação

dos funcionários com a organização e sua missão e, a organização, neste caso, deve ser

vista não como uma máquina, mas como um organismo vivo.

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