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Capítulo IV A Construção de um Percurso Teórico-Metodológico

4.4 Processo de Coleta de Dados

No contato inicial, com as turmas de Pedagogia e Letras expusemos o objeto do estudo, e objetivos, consultamos os alunos(as) sobre sua participação na pesquisa, durante as aulas de Didática, observando o interesse e a disponibilidade dos grupos.

Tivemos um bom acolhimento da professora e alunas do curso de Pedagogia, que manifestaram interesse em responder ao questionário. No entanto, com o grupo de Letras, à tarde, isto não aconteceu. A professora precisou ausentar-se e o grupo não ficou muito à

vontade com a nossa presença. Pareciam surpresos, pensando que iríamos substituir a professora. Falamos então da nossa intenção e pedimos para que eles(as) respondessem ao questionário. As turmas eram formadas por 10 alunos(as) do curso de Letras e 09 alunas do curso de Pedagogia, e, apenas uma aluna não respondeu ao questionário. Nossa grande preocupação foi informar aos alunos(as) o que e por que estávamos fazendo a pesquisa, procurando dissipar qualquer atitude de desconfiança quanto ao uso dos dados.

Com relação ao questionário como instrumento de coleta de dados, Chizzotti (1995, p. 55) nos diz que

O questionário consiste em um conjunto de questões pré-elaboradas, sistemática e seqüencialmente dispostas em itens que constituem o tema da pesquisa, com o objetivo de suscitar dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre assunto que os informantes saibam opinar ou informar.

Como afirma o autor, o questionário é um instrumento de coleta de dados que precisa sistematizar claramente as informações que busca. É uma tarefa que exige preparo e planejamento. Sendo assim, utilizamos o questionário escrito como um recurso de aproximação dos sujeitos conosco. Através desse instrumento, buscamos coletar informações pessoais e profissionais dos alunos(as), suas expectativas em relação ao curso, seu nível de compreensão sobre o conceito de Didática, os motivos que os(as) levaram a fazer esses cursos, as contribuições do conhecimento trabalhado nas aulas de Didática para o fazer pedagógico, suas esperanças de projetos de vida e o estabelecimento também de um vínculo inicial com alunos(as) e professoras conforme consta no anexo - Questionário nº 1.

Ao lado do questionário, fizemos uso de outro instrumento de coleta de dados - a entrevista semi-estruturada anexada ao trabalho. Segundo Ludke e André (1986, p. 33), nesse procedimento “a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência

recíproca entre quem pergunta e quem responde”. Essas autoras mostram a relevância do

“caráter de interação” que perpassa o trabalho com as entrevistas.

Durante o trabalho de campo com as referidas turmas, procuramos ficar atenta às situações de interação nos momentos das entrevistas. De acordo com as autoras, é necessário respeito especial pelos entrevistados(as), cumprimento de acordos conforme a conveniência do entrevistado(a) e, ainda, as opiniões, impressões e pontos de vista devem permanecer no anonimato, como também dar importância a saber escutar. A esse respeito, Freire (1997, p.

128) afirma: “o educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu discurso, às

vezes necessário, ao aluno, em uma fala com ele”. Para esse autor, a prática pedagógica humanizante não pode deixar de estar impregnada da escuta. Nesse processo da fala e da escuta, a disciplina do silêncio há de ser reconhecida com extremo cuidado pelos sujeitos que falam e escutam. Essa é uma condição sem a qual não existirá a comunicação do diálogo.

A entrevista semi-estruturada foi utilizada como instrumento básico da pesquisa, porque, através dela, buscamos obter informações contidas na fala dos sujeitos sobre o conceito de Didática, de Conhecimento, e de Prática Pedagógica.

Para Minayo (1994, p. 57), a entrevista enquanto técnica

não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos atores, enquanto sujeitos- objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que está sendo focalizada.

Desse modo, esse tipo de entrevista foi utilizado através de uma conversa com fins bem definidos. Utilizamos também esse procedimento por se aproximar dos esquemas mais livres, sendo um instrumento de maior flexibilidade. Ludke e André (1986, p.34) afirmam que é permitido, nestes momentos, ao entrevistador, fazer “as necessárias adaptações”.

Esse instrumento viabilizou a apreensão de depoimentos e expressões acerca da concepção da Didática e de conhecimento, dos conteúdos mais significativos vivenciados nas aulas de Didática e apreciações que os sujeitos da pesquisa faziam com relação à forma como era desenvolvida a prática pedagógica nas aulas de Didática. Abordamos, também, as relações entre os alunos(as) e professoras nas aulas de Didática. Essas entrevistas foram realizadas já no final da pesquisa de campo, sempre fora da sala de aula nos jardins da faculdade onde havia silêncio e podíamos ficar à vontade. Esses encontros se realizavam no final das aulas de Didática. Foram todos gravados com a autorização dos alunos(as) e tiveram a duração de 30 a 40 minutos. Participaram da entrevista oito alunas do curso de Pedagogia e 6 alunos(as) do curso de Letras.

A observação participante também ocupou um lugar importante na pesquisa, pois é na sala de aula que se efetiva o ensino e a aprendizagem das concepções de Didática. Através desse procedimento tivemos a oportunidade de coletar informações sobre as atividades docentes/discentes e as interações que caracterizam o dia-a-dia da sala de aula. O trabalho de pesquisa de campo ocorreu no período de agosto a novembro de 2005, perfazendo uma carga

horária de 60 horas-aula, com 04 horas-aula semanais no curso de Letras, no horário da tarde, 60 horas-aula no curso de Pedagogia, com 04 horas-aula semanais no turno noturno.

Vimos em Ludke e André (1986, p. 26) que “na medida em que o observador acompanha in loco as experiências diárias dos sujeitos, pode tentar apreender a sua visão de mundo, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e às suas próprias ações”.Compreendemos, assim, que o pesquisador(a) pode também falar de suas emoções, atitudes, ações e registrar o seu olhar de pesquisador(a). Quem vê um fenômeno o faz à sua maneira, a partir dos seus construtos e conceitos prévios. Assim foi necessário definir os principais focos de observação que derivaram dos propósitos da pesquisa.

Durante o trabalho de pesquisa, participamos da dinâmica da aula, respondendo às solicitações dos alunos(as) e das professoras. Tais solicitações ocorriam mais freqüentemente a partir dos alunos(as), sobretudo daqueles(as) que se sentavam próximos(as) à pesquisadora, ou seja, nas últimas carteiras, observando mais de perto a forma como realizavam as atividades.

Durante o percurso das aulas, gravamos em fitas K-7 algumas falas dos alunos(as) e professoras. Essas gravações não alteraram a rotina de trabalho ou mesmo a forma de relacionamento com as turmas.

Os dados obtidos pela observação em sala de aula foram anotados em um diário de campo, coletando informações sobre as atividades discentes e interação que caracterizam o cotidiano da sala de aula. Ludke e André (1986, p. 32) afirmam que “a decisão sobre o tipo

de material onde serão feitas as anotações vai depender muito do estilo pessoal de cada observador”. Assim, ficamos mais à vontade, usando o nosso diário de campo para arquivar as anotações e fazer, posteriormente, a análise e a interpretação dos dados.

Com relação ao material técnico-pedagógico produzido, analisamos os documentos que descreviam desde a origem da faculdade até os nossos dias. Buscamos informações também nos jornais que circulam e circulavam pela cidade. Para a formação dos quadros resumos de informação do corpo discente e do corpo docente, da titulação do corpo docente, da infra- estrutura dos recursos materiais e cursos oferecidos, buscamos informações nos documentos da secretaria da FAFICA e no Centro de Pesquisa e Documentação – CEPED. Das coordenações de cursos envolvidos no estudo, analisamos os projetos pedagógicos, objetivos,

metas e princípios norteadores dos cursos para o ano de 2005. Fizemos também essa análise junto à coordenação geral da FAFICA.

Confirmando a abordagem qualitativa da pesquisa, pareceu-nos pertinente o recurso voltado à análise de conteúdo que consiste, segundo Bardin (1997, p. 38), explicar esse método,

como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimento sistemáticos e objetivos da descrição do conteúdo das mensagens... A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e de recepção das mensagens.

Essa autora mostra que uma análise consistente dos conteúdos das falas dos sujeitos da pesquisa procura ir além da descrição busca atingir uma compreensão mais profunda do conteúdo das mensagens, dos conceitos que elaboram, mediante a inferência e a interpretação do pesquisador(a). Compreendemos, assim, que a teorização, a interpretação e a compreensão das mensagens constituíram um movimento espiral, em que, a cada retomada do ciclo, essencial a essa metodologia, procurou-se trabalhar em um movimento constante de idas e voltas da teoria ao material de análise, do material de análise à teoria, para atingir mais profundamente a análise de conteúdos.

No próximo capítulo, trataremos de apresentar a análise de dados. Buscamos voltar o olhar para a análise interpretativa dos dados coletados, a fim de atingir uma compreensão de seus significados em um nível que vai além da simples leitura. Essa metodologia fez parte de uma busca teórico-prática, com um significado especial no campo das investigações - A Concepção da Didática sob o olhar dos alunos(as) dos cursos de Letras e Pedagogia.

CAPÍTULO V – A CONCEPÇÃO DA DIDÁTICA SOB O OLHAR DOS ALUNOS(AS)

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