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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3. MATERIAIS COMPÓSITOS

2.3.3. Processamento de compósitos com matriz polimérica

2.3.3.1 Processo de extrusão

Segundo Santana (2012) vários processos de transformação de plásticos têm sido usados na produção de compósitos poliméricos. Em se tratando de compósitos de matriz termoplástica, o processo de extrusão vem sendo o mais reportado em artigos científicos e utilizado industrialmente, destacando-se principalmente o emprego de extrusores de dupla rosca. (Callister, 2013) cita que o processo de extrusão consiste na moldagem de um termoplástico viscoso sob pressão por meio de uma matriz com extremidade aberta, de maneira semelhante à extrusão de metais. Uma rosca ou um parafuso sem fim transporta o material peletizado através de uma câmara, onde ele é sucessivamente compactado, fundido e conformado como uma carga contínua de um fluido viscoso (Figura 2.12). A extrusão ocorre conforme essa massa fundida é forçada através de um orifício na matriz. A solidificação do segmento extrudado é acelerada por sopradores de ar, por um borrifo de água ou por um banho. A técnica é especialmente adaptada para produzir segmentos contínuos com seção transversal de geometria constante - por exemplo, barras, tubos, mangueiras, placas e filamentos.

Figura 2.12 - Diagrama esquemático de uma extrusora

Fonte: MAIA, 2011

Dentre os componentes de uma extrusora, a rosca é um dos mais importantes pelo fato de transportar, fundir ou amolecer, homogeneizar e plastificar o polímero. É devido ao movimento, e consequentemente cisalhamento sobre o material, que a rosca gera cerca de 80% de energia térmica e mecânica necessária para transformar os polímeros. Outra parte da energia térmica é obtida de aquecedores externos. A rosca deve ser projetada de tal maneira que a sua

geometria promova máxima eficiência, vazão constante, plastificação e homogeneização adequada sem danos ao polímero e, por fim, durabilidade (MANRICH, 2005).

Além da rosca, a extrusora possue outros componentes dos quais, têm-se:

 Funil ou moega de alimentação: utilizado para alimentar a extrusora com a matéria prima em pó/grãos ou pellets;

 Tambor: promove a troca térmica entre os aquecedores e a resina;  Aquecedores: servem para aquecer o tambor;

 Matriz de conformação: utilizada para dar forma na resina fundida (tubos, chapas, perfis);

 Termopares: utilizados para medir a temperatura em diversos pontos do sistema;  Motor e redutor: O motor é utilizado para acionar a rosca e o redutor para diminuir a

velocidade do motor.

Ainda na Figura 2.12, pode-se observar que as extrusoras são divididas em três zonas, a zona de alimentação que é uma zona de transporte de material desde a região abaixo do funil de alimentação até o começo da zona de compressão, onde, por diminuição gradual da altura dos filetes, se consegue uma compressão volumétrica dos grãos, à fusão e consequentemente remoção do ar possivelmente preso na massa que é forçado a recuar para a zona de alimentação e sair pelo funil. Isto assegura um produto final livre de porosidade.

De acordo com Cordeiro (2013), outra vantagem da compressão é que há um aumento de esforço cortante sobre a massa em fusão pelo movimento relativo da superfície do parafuso com relação à parede do cilindro. Têm-se assim uma melhoria nas condições de mistura do material junto com a geração de calor por atrito que ajuda a uniformizar a distribuição de temperatura na massa que está sendo extrudada.

Já a zona de regulação tem a função de controlar a vazão do polímero fundido através da matriz, em velocidade constante, e evitar as pulsações de produção.

As extrusoras ainda são dividas em dois grandes grupos, as extrusoras monorosca ou de rosca simples e as extrusoras dupla rosca.

As extrusoras de rosca simples podem ser usadas tanto para produzir compósitos granulados, como para fabricar diretamente o produto final, como perfis ou chapas. Entretanto, esse processo pode levar a geração de bolhas, que se formam na zona de alimentação e estão mais associadas à alimentação da fibra e do polímero na extrusora do que à umidade presente. (SANTOS, 2006).

Para o processamento, a umidade da fibra deve ser removida. Isto pode ser feito num processo anterior de secagem em estufa ou na própria extrusora, se esta dispuser de saída para vácuo no meio do canhão. Outro fator limitante que precisa ser considerado é que, em temperaturas acima de 160 ºC e na presença de oxigênio, as fibras podem sofrer termo-oxidação levando ao escurecimento e, em temperaturas acima de 230 ºC, ocorre degradação das mesmas com consequente perda de propriedades. (FRISK, 2004).

Ainda segundo Frisk (2004) por esses aspectos, a utilização de extrusoras dupla rosca tem sido preferida em função de: possibilidade de controle de energia introduzida via configuração de rosca e parâmetros de processamento, de tal forma que se possam garantir as baixas temperaturas exigidas; tempo de residência curto das fibras na temperatura de fusão do polímero sem a presença de oxigênio; excelente mistura e dispersão das fibras, principalmente com o uso de roscas co-rotantes e inter-penetrantes.

Nas extrusoras dupla rosca, duas roscam giram lado a lado dentro de um barril de furo interno, onde as roscas estão intercaladas. As roscas podem girar no mesmo sentido (co- rotacionais) ou no sentido contrário (contra-rotacionais).

O transporte de um polímero em uma extrusora monorosca é do tipo fluxo induzido por arraste, ou seja, arraste sob fricção de sólidos na zona de alimentação da rosca e arraste viscoso na zona de dosagem do polímero fundido na rosca. Por outro lado, o transporte na extrusora dupla rosca com filetes penetrantes é um tipo de transporte com deslocamento positivo. A eficiência desse transporte positivo depende somente de quão bem o filete de uma rosca fecha o canal da outra rosca. (SANTANA, 2012 apud BLASS, 1988).

Outra diferença principal entre as extrusoras de monorosca e dupla rosca é o perfil de velocidades. O perfil de velocidade na extrusora monorosca é mais simples, ou seja, o polímero fundido faz um movimento em zig-zag dentro do canal da zona de dosagem, em direção à saída da rosca. Na dupla rosca a situação é mais complexa e algumas vezes difícil de ser descrita. Os padrões de fluxo mais complexos que ocorrem nesta apresentam uma série de vantagens, tais como, boa qualidade de mistura, boa transferência de calor, maior capacidade de fusão, boa capacidade de devolatilização e bom controle de temperatura do material dentro da extrusora. (MANRICH, 2005).

A partir do processo de extrusão, obtêm-se o processo de peletização dos compósitos, tal processo consiste basicamente em três fases. A primeira fase direciona a resina, geralmente em forma de pó, adicionada de maneira gradual por dosadores, a passar por um cilindro aquecido por resistência elétricas, onde se fundem. A segunda fase, a resina fundente (massa aquecida), na extremidade da extrusora atravessa os orifícios do cabeçote (matriz), ganhando

forma de "cordões", estes são direcionados para um reservatório com água. Os guias com polias mantêm os "cordões aquecidos" mergulhados, solidificando-os. Na fase final do processamento os "cordões" solidificados e resfriados são arrastados pelo movimento de corte do peletizador (granulador), onde os mesmos são triturados, em forma de pellets. (BISPO, 2011).

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