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3 3 0 Processo de Produção no Futebol Brasileiro

No modo de produção capitalista, a maioria dos setores estmtura-se segundo o princípio da busca incessante do lucro. A circulação e a valorização das mercadorias, do dinheiro e do capital passam a impregnar todos os setores da sociedade. Esta procura pelo lucro penetra todos os setores da sociedade e assim também a totalidade do sistema esportivo do fiitebol, que passa a inserir- se de maneira progressiva nas malhas do sistema capitalista até um ponto de não ser nada mais que ym anexo fiincional deste sistema, um subsistema da sociedade capitalista. Anteriormente já . havíamos assinalado que o esporte modemo diferenciava-se do esporte antigo, pois se constituía como produto de uma mptura história causada pelo processo da revolução industrial. Recém nascida, esta instituição esportiva foi imediatamente cercada pelo mercantilismo capitalista e explorada como fonte de lucro. Sua estmtura institucional totalmente integrada obedece às leis sócio econômicas que regem o modo de produção capitalista, em especial a acumulação, a concentração e a circulação do capital. Assim, desde seu nascimento, o esporte modemo faz parte da rede de relações econômicas, não sendo diferente de qualquer outra atividade mercantil. Existe, portanto, uma ligação estmtural do esporte com o capitalismo que o submete às suas normas gerais.

De maneira geral, o esporte e em nosso caso o futebol como mercadoria, necessita ser produzido para que possa entrar em circulação e dele se retirem vantagens financeiras. A forma como esta mercadoria surge é denominada de processo de produção esportiva. Será através deste processo que poderemos compreender as suas estruturas, seu funcionamento contraditório e a sua inserção no conjunto do modo de produção capitalista industrial que se constitui em sua origem e que lhe dá sustentação. Um dos primeiros problemas teóricos que nos é colocado, e da qual nos é exigida uma explicação, é como localizar o esporte futebol, como um anexo funcional ao sistema e como verificar as suas especificidades.

' Inicialmente verifica-se que o processo de produção esportiva possui particularidades que necessitam serem melhor compreendidas, como por exemplo, os seus estreitos laços com todo o edifício educacional. Seja esta ligação feita através do público ou privado, toda esta rede educacional esta umbilicalmente vinculada à formação de um imenso exército esportivo de reserva. Neste meio, o esporte em nosso país foi colocado como disciplina obrigatória, o que em relação a outros elementos culturais, como a música, a dança ou o teatro não foi feito. Por seu tumó, há que se reconhecer a profunda ligação com o aparelho cultural, assim como também a sua penetração nos meios de comunicação de massa, no aparelho de estado e militar e, sobretudo, no bloco de superestruturas ideológicas e políticas. Toda esta imensa rede de instituições, que não caberia aqui ser especificada detalhadamente, possui vínculos com a atividade esportiva. No Brasil, a atividade esportiva possui uma classificação oficial determinada pelo estado e reconhecida pela constituição de 1988. As atividades esportivas no Brasil, só para que se tenha uma idéia de sua amplitude e, portanto, do alcance que o processo de produção esportiva pode atingir, é classificada, no seu capítulo II, quando fala da natureza e das finalidades do esporte, em seu artigo 2 , da seguinte forma:

' 1. Esporte edticacio?ial, envolvendo toda rede í k instituições educacionais piiblicas e privadas.

2. Esporte de participação, envolvendo toda a rede de instituições organizadas da sociedade civil. 3. Esporte de rendimento, que pode ser profissional e não profissional, sendo que o não profissional, pode ainda subdividir-se em semi profissional e amador.

Este imenso universo esportivo é a sua base de sustentação e de fomento ao esporte de rendimento. O papel de toda esta instituição esportiva é de produzir, em quantidade e qualidade, verdadeiros campeões, competidores com o mais alto grau de rendimento esportivo, destinados ao mercado do grande espetáculo esportivo. De sua imensa base, devem ser filtrados os melhores atletas, os seus mais nobres representantes para a encenação das grandes competições nacionais e intemacionais. Nenhuma indústria possui uma base de sustentação tão grande, tão independente e ao mesmo tempo tão serviçal ao núcleo central do grande espetáculo esportivo.Todos os elementos periféricos de formação esportiva trabalham para o núcleo do processo que é o esporte de

rendimento, é aí que ele atinge o máximo de sua rentabilidade como mercadoria!^

O modo de produção capitalista possui, como algo que lhe é orgânico, a hierarquização de suas estruturas. Dessa forma, assim como possuímos uma hierarquia industrial, comercial e financeira, também possuímos uma hierarquia esportiva. Esta hierarquização entre os esportes é algo normal e existe em rodos os países, sejam eles desenvolvidos ou não. A hierarquia esportiva por sua vez, é representada por uma escala de valores sociais admitidos e reconhecidos; ou seja, constitui-se em um valor público que se defme inteiramente em relação a outros. Este valor público objetiva-se em uma base real, visível, que é determinada pelo nível de organização que cada esporte possui, ou seja, a quantidade e importância de entidades (clubes, federações, confederação) ligadas a determinada prática esportiva,/ps seus resultados esportivos e á respectiva demanda social., Obviamente, também poder-se-ia recorrer a outras formas e objetivos hierárquicos, como por exemplo criar uma escala que enquadrasse os melhores resultados olímpicos, as melhores marcas e recordes, escalas estas feitas de maneira rotineira pelo jomalismo esportivo e que representariam outras formas de hierarquização esportiva, elementos que aqui não nos interessam. A escala hierárquica de que neste momento necessitamos é a que determina o nivel de importância social que cada esporte tem para a sociedade brasileira, tendo em vista o seu nivel organizacional, seus resultados e a demanda social que possui.

O desnível estrutural entre os esportes no Brasil colocaria no senso comum um ordenamento básico da maior ou menor importância destes esportes, que nada mais representa do que a sua hierarquização. Esta heterogeneidade entre os esportes e no próprio desenvolvimento de cada esporte, acaba por determinar a instalação de pólos muito desenvolvidos esportivamente em comparação com pólos muito atrasados. Esportes com amplo desenvolvimento, coexistindo com estruturas obsoletas, atrasadas e com poucas chances de se desenvolver. Esta situação, flagrantemente colocada na comparação do futebol com o handebol, ciclismo e outros esportes mais, e na própria estruturação do futebol como um todo, deve merecer a nossa atenção e a partir deste instante especifica ainda mais o universo de nossa análise .

Como anteriormente pudemos verificar, grandes são os desequilíbrios existentes na estruturação dos esportes no Brasil. Em meio a estes desequilíbrios o futebol destaca-se dos demais esportes como sendo o mais popular e o de maior estrutura organizacional assim como também o de maior projeção intemacional; murto atrás deles vemos surgir outros esportes como o vôlei e o basquete e assim poderíamos seguir em uma listagem hierárquica. É com base em sua importância dentro do processo cultural brasileiro, sua magnitude econômica no processo de produção esportiva e sua projeção intemacional, assim como pelo interesse do mercado extemo nesse nosso produto cultural, que optamos por fazer do futebol a base de nossa análise mais específica.

No estudo do processo de produção do futebol enquanto mercadoria, trataremos de estudá-lo como se procede em outras áreas da produção capitalista e assim, iremos observar as particularidades deste processo produtivo assim como também a sua estruturação no plano setorial

espacial e social. As suas particularidades tomarão a nossa leitura e compreensão mais próxima do

real assim como a compreensão de sua extensão em vários planos, podem nos fornecer uma leitura mais universal de sua produção. No aspecto setorial, poderemos observar a constituição da estrutura clubística nacional, que hierarquiza os clubes em primeira, segunda e terceira divisões, de acordo com os critérios hierárquicos de mercado, No aspecto espacial, poderemos facilmente verificar as causas históricas e estmturais que determinaram a concentração espacial dos grandes clubes em alguns centros privilegiados geograficamente e no aspecto social, poderemos verificar quais os setores sociais atingidos pela magia do futebol, qual a estmturação social do jogador brasileiro, os niveis de distribuição de renda aí existentes e suas desigualdades.

Determinado o estudo específico do fiitebol e os critérios que o justificam, poderemos agora adentrar especificamente no processo de produção esportiva do futebol em nosso país.^^ Há que se salientar que, grande parte das características deste processo, podem ser aplicadas a todos os esportes, como o fez J. Marie Brohm, enquanto que as outras duas foram por mim acrescentadas e servem somente ao nosso estudo sobre futebol. Como já salientamos, a produção esportiva que justifica falar de processo de produção esportiva do futebol, tem as suas próprias leis, que lhes são

originais e específicas e dentre elas salientam-se:

1) Este processo produtivo não produz máquinas, eletrodomésticos, carros ou computadores, mas produz pelo contrário, valores esportivos que têm a propriedade de poder ser explorados e de se potencializar, através deles, enormes benefícios financeiros. Devemos observar o papel social desempenhado pelos campeões na publicidade do espetáculo esportivo, como portavoz do prestígio,' do modelo de comportamento a ser seguido, da personificação do sucesso e do culto ao herói, sendo \ que todos estes valores podem reverter para os ganhos de caráter político/ideológico ou para a ' comercialização de produtos etc. No plano mais comercial, vemos Ronaldinho com a sua imagem dei bom menino participando de um jogo com os bichinhos da Parmalat e vemos Roberto Carlos)

“ J. Marie Brohm em "Sociologia politica dei deporte" ao analisar as categorias esporte e trabalho, salienta que o esporte, em relação à outra categoria, está fora do reino da necessidade, é um luxo e possui algumas características:

a )" 0 processo de produção esportiva não produz um produto material, mas produz elementos que podem ser explorados para a obtenção do lucro.

b) É linearmente cumulativo, não conhee crises e aumenta constantemente em quantidade e qualidade.

c) O processo de reprodução desportivo, produz transfonmações parciais nos agentes desportivos que objetivam-se em cifras, recordes, mas tal produção desportiva é evanescente.

utilizando-se da força de suas pernas e de uma suposta cara de mau vendendo Pepsi e chinelos Reider. Já no plano político ideológico, a utilização de ídolos pelo Estado, já se converteu em grandes benetlcios para Collor utilizando-se de Zico e para FHC utilizando-se de Pelé.

2) O seu processo de produção é linearmente cumulativo. Ele não conhece as crises de produção peculiares ao modo de produção capitalista nem suas regressões. Sua produção aunienta constantemente em volume, quantidade e qualidade (número de campeões produzidos e elevação do seu nível médio). Devemos observar, neste particular, a composição de nossa seleção brasileira. Todos os jornalistas esportivos concordam que o Brasil quase sempre pode estruturar cerca de duas ou três seleções para disputar em pé de igualdade qualquer torneio intemacional. A qualidade e a quantidade de atletas com o nível técnico de que dispomos, toma difícil a escolha da melhor seleção. Toda esta produção não se alterou mesmo diante das conjunturas econômicas mais adversas e, pelo contrário, é em grande medida utilizada como elemento de fuga desta situação.

3) A capacidade de produção esportiva altera-se constantemente, através de modificações implementadas no processo de produção esportiva, estas alterações estão traduzidas em suas cifras e em seus recordes. Neste particular devemos lembrar dois elementos fundamentais. Primeiro é a demanda pelo futebol. Além da paixão que este esporte cria e recria no pensamento de qualquer criança, foija-se através dele a possibilidade de mudar radicalmente a vida do’jogador e de sua família. A ascensão social, através deste mecanismo, leva milhões de crianças a participarem das "peneiradas" realizadas por experientes funcionários dos grandes clubes nacionais, localizados nas grandes capitais do país. Em média, mais de mil crianças passam por mês em cada grande clube. Desta quantia apenas uma dezena são observados mais atentamente e podem chegar a entrar nas categorias de base dos grandes clubes. O Flamengo, por exemplo, possui toda uma estmtura montada, há muitos anos para a realização das "peneiradas." Nas suas estatísticas, de cada 1.000 crianças apenas uma consegue a chance de treinar na Gávea. O segundo elemento importante é a crescente capacitação científica dos clubes, atendendo a parte nutricional, físiológica, médica, além de toda a infi-aestrutura do clube, sua organização administrativa, o seu crescente profissionalismo e a sua crescente capacitação visando á constmção de craques, que além de projetar o nome da sua grife, passam a valer milhões de dólares no mercado nacional e intemacional. Mas, por sua vez, a produção esportiva é evanescente e intransferível. Ela cessa com a saída da cena esportiva de quem a produz, por isso a necessidade de uma grande base trabalhando permanentemente para a reposição destas peças que saem de circulação.

4) A unidade institucional „básica do processo de produção esportiva é o clube. J Assim como no processo de produção industrial capitalista tradicional era a fábrica a sua unidade básica, no esporte esta unidade é representada pelo clube. Existe uma relação entre o modo de produção industrial e o processo de produção esportiva e esta relação encontrará no princípio do rendimento uma ótima base

de sustentação. O esporte integra em seu sistema de ação esquemas de comportamento e de pensamento em conformidade com o mundo do trabalho. Assim como o modo de produção' determina a vida material e é por isto universal, o processo de produção esportiva está determinado por estas marcas essenciais que da mesma forma são universais. O processo de seleção realizado através das "peneiradas" exemplifica de maneira contumaz a busca do rendimento. As crianças são avaliadas em todos os planos e são selecionadas somente aquelas que possam se adequar à linha de produção do clube. Clubes de alta competitividade são mais criteriosos e exigem uma maior rentabilidade dos seus jogadores, evidentemente, na medida em que decresce a importância do clube no mercado, decresce também o seu nível de exigência.

5) O processo de produção esportiva, assim como o processo de produção industrial, acolhe em seu interior setores produtivos modemos, convivendo com setores atrasados. Esta heterogeneidade estrutural esportiva possui como justificativa os mesmos elementos que determinam a sua existência no processo de produção industrial, tão bem demonstrado por Tilman Evers e por nós salientado anteriormente. O grau de penetração destas relações capitalistas não é o mesmo em todos os setores, mostrando uma diferenciação setorial, (o fiitebol em relação a outros setores esportivos e na diferenciação hierárquica entre os muitos clubes do futebol nacional), uma diferenciação espacial (o Sudeste, Sul e Bahia em relação a outras regiões) e, da mesma forma, uma diferenciação social, ou seja, a situação de estratificação entre esporte e classe social pratícante,(envolvendo a questão dos níveis salariais, as condições de saúde, etc).

O elemento chave que produz historicamente tais diferenças estruturais está vinculado a alguns fatores, entre eles; a formação nacional de pólos de crescimento econômico diferenciados, a estrutura de classes da formação social brasileira que se projeta na origem histórica e com o seu desenvolvimento, e a ligação com os setores econômicos dominantes, que realizam a ligação com o mercado mundial e representam a forma concreta que assume a subordinação do pais respectivo à estratégia econômica global dada ao futebol. Como consequencía destes interesses unilaterais dos setores dominantes, o crescimento esportivo se limita a áreas econômicas parciais que se convertem em ilhas de aho desenvolvimento esportivo, como por exemplo o Clube dos 13, que embora receba esta designação é oficialmente composta pelos 16 maiores clubes do futebol ^rasíleíro. Grande parte dos recursos humanos aproveitáveis para estas atividades são explorados de forma sistemática. Os demais recursos humanos de outras zonas do país, que não possuem a qualidade técnica necessária e nem trazem perspectivas de lucro a curto prazo, ficam abandonadas ou cumprem uma função subordinada, trabalhando como fornecedores de matéria prima ou de mão de obra menos qualificada para centros de menor expressão esportiva, tanto no plano nacional como internacional.

esportiva não só não se eliminam, como também se reproduzem permanentemente até nossos dias; os melhores recursos humanos (atletas) aproveitáveis para estas atividades são explorados de forma sistemática por este núcleo produtivo dos clubes nacionais. Os demais recursos humanos de outras zonas do país, que não possuem a qualidade técnica necessária e nem trazem perspectivas de lucro a curto prazo, ficam abandonados ou cumprem uma função subordinada. Os clubes periféricos ao núcleo central vão trabalhando como fornecedores de matéria prima ou de mão de obra menos qualificada para centros de maior expressão esportiva., tanto no plano nacional como intemacional. Neste processo, as formas capitalistas de produção e de distribuição esportiva não somente não se eliminam, mas se reproduzem permanentemente até os dias de hoje.

6) O processo de produção esportiva mundial, em muitos aspectos, pode ser comparado aos monopólios dos países capitalistas altamente desenvolvidos em sua relação com países periféricos. Todo desenvolvimento do processo de produção esportiva local está condicionado por eles. E nos grandes centros do esporte mundial, onde estão localizadas as grandes empresas esportivas nas mais variadas modalidades, é nos grandes centros onde ocorrem as maiores competições mundiais (verificar o planejamento mercadológico dos locais de realização das Olimpíadas e das Copas do mundo de fiitebol) e onde são pagos os melhores prêmios, é também aí onde se pode conseguir a tão falada liberdade econômica e por último, são estes grandes centros que determinam a referência de preços pelos atletas e são eles da mesma forma que os adquirem ,proporcionando aos clubes de nações periféricas o alívio necessário ao seu caixa.

Esta situação determina uma diferença estrutural que possibilita fazer uma diferenciação, também no esporte, entre o centro e a periferia. Diante disto, há que se chegar á conclusão que também o mercado do esporte e em especial do fiitebol, foi estmturado de acordo com as necessidades dos países centrais. Cabe-nos neste momento lembrar que segundo Marx; "a

organização da produção intenia já está modificada pela circulação e pelo valor de troca; mas todavia não está compenetrada por ela nem em toda a sua superficie nem em toda a sua profimdidade. Isto é o que se chama de efeito civilizador do comércio extemo^^. O chamado efeito

civilizador do comércio extemo agora atinge o estágio em que é importante manter o controle administrativo, a posse dos grandes clubes nacionais. A própria lei do passe aprovada no projeto Pelé, garante este vínculo de cima para baixo. Os clubes nacionais podem fazer o primeiro contrato com o atleta, mas só terão o direito de preferência respeitado, caso não apareça uma proposta superior vinda de outro clube. Como os clubes europeus pagam salaries muito maiores que os

^ O banco Inglês Opportunity, que há seis meses negocia à compra ou a parceria com o Flamengo,

tem como proposta básica à montagem de uma grande equipe, constmção de um grande estádio e a venda das ações desse clube nas bolsas de valores inglesa. Gazeta Mercantil de 13/05/98.

MARX, Karl. O Capital. Trad. Por Reginaldo SantÀnna, Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 1968.

nacionais, o direito de preferência não se concretiza e os clubes nacionais acabam por perder seus grandes valores.

Assim, o processo de produção esportivo, consubstanciado pela estrutura social que lhe dá sustentação e pelas especificidades que lhe atribuimos e que estão expressas acima, é característico do esporte capitalista períférico, onde o grau de penetração das relações capitalistas é de intensidade menor da que ocorre no centro, tanto na sua extensão como também em sua profundidade. Esta situação de mercado fica extremamente clara, quando comparamos quanto o esporte nos países centrais representa para o PEB destes países e quanto representa no PIB dos países periféricos. A busca pela intensificação destas relações tem encontrado no discurso da modemidade esportiva uma grande sustentação e tem demarcado presença de maneira mais acintosa na transformação da legislação esportiva brasileira, prímeiro através da Lei Zico e recentemente na elaboração e aprovação da Lei Pelé, com suas conseqüências mais imediatas recaindo na transformação das formas de gestão dos clubes , na perda de controle nacional sobre estas instituições e na lei do passe. A estes elementos de caráter mais global, juntam-se outros elementos não menos