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2 REVISÃO DA LITERATURA

4.3 PROCESSO DE TRATAMENTO DE EFLUENTE INDUSTRIAL

O processo de tratamento de efluentes existente na indústria é voltado apenas para tratamento de efluente industrial, sendo todo o processo de tratamento físico-químico. O efluente doméstico é descartado na rede de esgoto da companhia de saneamento local.

A estação de tratamento de efluentes é localizada em uma área de aproximadamente 100 m2. A Figura 15 apresenta o fluxo simplificado do processo de tratamento de efluentes industriais.

Figura 15 - Fluxo de Tratamento Físico-Químico do Efluente Industrial da indústria gráfica.

Caixa de Recebimento – Elevatória I: Recebe o efluente gerado nas atividades de Impressão. Além do efluente gerado nas atividades industriais, outras atividades também colaboram com a geração de efluente industrial, são elas: lavagem do piso da área industrial; caixas e bacias de contenção localizadas em áreas de armazenagem de insumos químicos; efluente líquido (água e óleo), proveniente dos compressores de ar; higiene pessoal na área de produção e lavagem de peças e componentes de máquina.

Caixa de Recebimento – Elevatória II: Recebe o efluente gerado no processo de Pré-Impressão, o qual é encaminhado diretamente para o Tanque de homogeinização.

Separador de Água/Óleo: O efluente gerado nos processos de impressão possui alta quantidade de tinta e óleos. Sendo assim, este é, primeiramente, direcionado para as caixas separadoras de água/óleo, antes de serem encaminhados para o Tanque de homogeneização.

Figura 17 - Casa de Química e Separadores de Água/Óleo da indústria gráfica.

Tanque de homogeneização: Para homogeneização o tanque conta com um agitador elétrico vertical de baixa rotação.

Floco/Decantador: Após homogeneização, o efluente é encaminhado para os tanques chamados floco/decantadores (Figura 18). Neste tanque inicialmente são adicionados produtos químicos para que ocorram as etapas de alcalinização, coagulação e floculação do processo de tratamento. Este tanque conta com agitadores mecânicos, para coagulação e floculação, que posteriormente são desligados para que ocorra a sedimentação dos flocos. Para o controle do processo, são realizadas medições de pH em cada etapa de tratamento em prol da garantia das condições adequadas para posterior sucesso dos processos de coagulação, floculação e sedimentação. O processo de preparo das soluções ocorre em uma área chamada Casa de Química, apresentada na Figura 17. O Quadro 19 apresenta os insumos químicos utilizados no tratamento de efluentes industriais.

Quadro 19 - Insumos químicos utilizados no tratamento de efluente industrial.

NOME COMERCIAL FUNÇÃO

Cal hidratada Alcalinização

Cloreto Férrico Coagulação

Carvão Ativado Auxiliar de coagulação

Polímero Aniônico Adsorção de compostos

Casa de Química

Separador Água /

Figura 18 - Tanque Pulmão, Decantadores e Tanque de Acúmulo de Lodo.

O efluente tratado é descartado na rede coletora de esgoto e o lodo gerado no processo de tratamento é encaminhado para o Tanque de acúmulo de lodo.

Tanque de acúmulo de Lodo: Após a finalização das etapas de coagulação e floculação, o lodo sedimentado nos decantadores é encaminhado para uma caixa de acúmulo, para posterior bombeamento para o Filtro Prensa.

Figura 19 - Tanque de Acúmulo de Lodo.

Filtro Prensa: Equipamento responsável pela secagem mecânica do lodo. A água, removida durante o processo de secagem, é recirculada para o processo de tratamento, retornando para o

Decantadores Tanque Pulmão Tanque Acúmulo de Lodo

Tanque Pulmão, e o lodo gerado, classificado como resíduo perigoso, devido às suas características físico-químicas, é encaminhado para destinação final adequada.

Figura 20 - Lodo da Estação de Tratamento de Efluentes Industriais.

Descarte do efluente tratado na rede coletora de esgoto: O efluente tratado é descartado na rede de esgoto da companhia de saneamento local. A indústria em estudo possui autorização da companhia de saneamento para lançamento do efluente tratado na rede, desde que atenda a parâmetros físico-químicos definidos pela própria companhia.

O processo de tratamento de efluentes praticado atende à necessidade, no que concerne ao lançamento do efluente tratado na rede coletora de esgoto.

4.4 CARACTERÍSTICAS DO EFLUENTE TRATADO

Quanto ao efluente tratado gerado pela indústria, a frequência de monitoramento foi definida pela própria indústria e as análises, sempre que realizadas, foram apresentadas à Companhia de Saneamento, visando atestar o cumprimento às condicionantes para lançamento do efluente tratado na rede de esgoto. No ano de 2014, a indústria realizou análises do efluente tratado nos meses de março, junho, agosto e novembro.

A Tabela 11 apresenta os valores de concentração dos parâmetros monitorados para verificação do atendimento às condicionantes de lançamento de efluentes na rede de coleta de esgoto, nos anos de 2012, 2013 e 2014.

11/04/12 28/06/12 31/08/12 27/02/13 29/05/13 24/09/13 20/03/14 30/06/14 08/08/14 14/11/14

Cianeto Total mg.L- 1 0,20 <0,05 <0,010 0,012 <0,01 <0,004 <0,004 <0,004 0,0 1 <0,0 04 <0,004 Cromo Hexavalente mg.L- 1 0,50 <0,01 <0,10 <0 ,10 <0,01 <0,10 0,1 <0,010 <0,10 <0,10 <0,1

Demanda Bioquímica de Oxigênio-DBO mg.L- 1 1.000,00 247,00 462 197 556 457 327 80 542 303 151

Demanda Química de Oxigênio-DQO mg.L- 1 2.000,00 660,00 1012 252 664 1030 490 624 1162 448 558

Fenol Total mg.L- 1 0,50 0,04 <0,05 <0 ,25 0,47 <0,25 0,035 0,031 <0,25 <0,25 <0,025 Ferro Dissolvido mg.L- 1 15,00 <10,00 0 ,03 <0,010 1,60 0,16 <0 ,05 <0,0 5 <0,05 0,21 0,07 Fluo reto mg.L- 1 10,00 <2,5 1,6 <1 ,00 8,90 10,00 <1,00 1,6 <1,0 <1,0 <1,0 Fósforo total mg.L- 1 15,00 0,246 <0 ,10 <0 ,02 1,00 <0,20 1,4 <0,1 0 <0,10 1,2 0,37 Nitrogênio Amoniacal mg.L- 1 20,00 0,68 <0,020 0,66 0,94 3,60 1 ,38 0,12 0,3 4 2,14 3,6 Nitrogênio Total mg.L- 1 100,00 1,8 6 <1 ,00 <5,00 11 <10,00 <5,0 6 8 <5,0

Óleos e Graxas Total mg.L- 1 NA <9,00 <10 ,00 <10,00 <10,00 <10,00 <5 ,00 <10,0 <10,0 <10 ,0 <10,0 Óleos e Graxas Mineral mg.L- 1 20,00 _ _ <10 ,00 <10,00 <10,00 <10,00 <5 ,00 <10,0 <10,0 <10 ,0 <10,0 Óleos e Graxas Vegetal/Gordura Animal mg.L- 1 50,00 _ _ <10 ,00 <10,00 <10,00 <10,00 <5 ,00 <10,0 <10,0 <10 ,0 <10,0 pH - - 6,0 - 9,0 7,80 8 ,64 8,25 8,00 8,50 7 ,44 7,32 7,6 5 7,54 6,64 Sólidos Sedimentares mg.L- 1 20,00 <0,3 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 Sulfato mg.L- 1 1.000,00 <12,5 <100,00 <100,00 <100,00 <100,00 <100,00 <100 ,0 <100,0 <100,0 <100,0 Surfactantes (Tensoativos) mg.L- 1 0,50 0,30 <0 ,20 <0,20 <0,5 <0,50 0 ,40 <0,0 5 <0,50 <0,50 <0,5 Sulfeto(*) mg.L- 1 1,00 <1,00 <0,50 <0,50 <1,00 <0,005 <0,005 <0,005 <0,005 <0,0 05 <0,005 Arsênio To tal (*) mg.L- 1 0,50 0,01 <0,01 <0,01 <0,06 <0,06 <0,06 <0,0 6 <0,06 <0,06 <0,056 Cádmio To tal (*) mg.L- 1 0,10 <0,001 <0,001 <0,001 <0,006 0,009 0,02 <0,006 <0.006 <0,0 06 <0,0056 Chumbo Total (*) mg.L- 1 0,50 <0,01 <0,01 <0,01 <0,03 <0,03 <0,03 <0,0 3 <0,03 0,31 <0,031 Cobre Total (*) mg.L- 1 1,00 <0,005 <0,005 <0,005 <0,006 0,05 0,007 <0,006 <0,0056 <0,0056 <0,0056 Cromo Total (*) mg.L- 1 2,50 <0,01 <0,01 <0,01 <0,006 <0,006 0,02 <0,006 <0,0056 <0,0056 <0,0056 Estanho Total (*) mg.L- 1 4,00 <0,01 <0,01 <0,01 <0,03 <0,03 <0,03 <0,0 3 <0,03 <0,03 <0,03 Mercúrio Total (*) mg.L- 1 0,01 <0,00006 <0,00006 <0,00006 <0,0001 <0,0001 0,0001 0,0003 <0,00019 <0,00 019 <0,00019 Níquel Total (*) mg.L- 1 2,00 <0,01 <0,01 <0,01 <0,006 0,01 0,006 <0,006 <0,006 <0,0 06 <0,0056 Prata Total (*) mg.L- 1 0,10 <0,005 <0,005 <0,01 <0,006 <0,006 <0,006 <0,006 <0,0056 <0,0056 <0,0056 Selênio Total (*) mg.L- 1 0,05 <10 0,008 0,008 <0,06 0,05 <0,06 <0,0 6 <0,06 <0,06 <0,056 Zinco Total (*) mg.L- 1 5,00 0,026 0,005 <0,01 0,2 0,23 0,04 0,07 <0,0056 0,023 0,07

PARÂMETRO UNIDADE VMP RESULTADO

Tabela 11 - Análises físico-químicas do efluente tratado realizadas nos anos de 2012, 2013 e 2014.

Nota: *VMP – Valor Máximo Permitido de acordo com a companhia de saneamento local, SANEPAR, para descarte do efluente na rede coletora de esgoto.

Por meio do controle quantitativo de efluente tratado, pode-se dizer que mais de 40% da água consumida pela indústria é utilizada no processo industrial e destinada para tratamento, sendo que, apesar de atender aos limites de lançamento de efluente na rede coletora de esgoto, alguns valores se destacam, visto a dessemelhança com os demais.

Para entendimento desta diferença os resultados das análises foram comparados aos dados que caracterizaram a produção da indústria no período de realização das análises no ano de 2014. Os dados da produção para o mês de março correspondem à amostra coletada no dia 20 do mesmo mês, para os dados do mês de junho a amostra correspondente é a realizada no dia 30 do mesmo mês, os dados de caracterização apresentados para os meses de julho e agosto que correspondem à amostra coleta no dia 08 de agosto e os dados de novembro correspondem à análise coleta no dia 14 de novembro de 2014.

A análise realizada no mês de março foi a que apresentou o melhor resultado quando comparada com as demais análises realizadas em 2014. Isto se deve ao fato de que no mês de março a produção foi voltada, em sua maioria, para impressão de materiais comerciais e o tempo gasto em atividades de limpeza e manutenção foi o mais baixo do ano.

No mês de junho o mix de materiais produzidos foi o mesmo comparado ao mês de março, porém foram realizadas mais limpezas e manutenções, acarretando em altos valores de DBO, DQO e cianeto total.

A análise realizada no mês de agosto foi a que mais apresentou valores dessemelhantes às demais análises com destaque para as concentrações de DQO, Fósforo Total, Nitrogênio Amoniacal, Nitrogênio Total e Chumbo Total. Observa-se que nos meses de julho e agosto houve um mix maior entre a produção de materiais didáticos e comerciais. A carga de tinta utilizada em materiais comerciais é maior quando comparada a carga utilizada em materiais didáticos, além de que a alternância na produção de materiais didáticos e comerciais faz com que o sistema de impressão precise ser limpo com maior freqüência.

Em novembro houve uma redução no mix de produção de materiais didáticos e comerciais, porém as atividades de limpeza e manutenção foram mais intensas.

Por meio dos valores de DBO e DQO, apresentados na Figura 21, observa-se que a variação entre os valores obtidos nas quatro análises realizadas no ano de 2014 possuem resultados variando em proporções semelhantes.

Figura 21 - Variação dos valores de DBO e DQO do efluente tratado na indústria gráfica.

A mesma conjuntura situacional pode ser observada com os parâmetros pH e Nitrogênio Amoniacal, conforme apresenta a Figura 22.

Figura 22 - Variação dos valores de pH e Nitrogênio Amoniacal no ano de 2014.

4.5 CRÍÉRIO DE QUALIDADE DA ÁGUA PARA USO NO PROCESSO INDUSTRIAL

A indústria gráfica em estudo definiu um padrão de qualidade com dois parâmetros para o processo de impressão: condutividade e pH. Entretanto, para o processo de pré-impressão, a indústria, até então, não expunha uma definição de padrão de qualidade. Cabe destacar que, inicialmente, o padrão definido pela indústria não assegurava a total adequação da água utilizada no processo produtivo.

A indústria gráfica possui um departamento responsável pelo controle da água utilizada no processo de impressão. Para o controle do processo, são realizadas medições diárias de condutividade e pH da água bruta. O Quadro 20 apresenta os limites para pH e condutividade definidos pela indústria.

Quadro 20 - Qualidade da água recomendada para preparo da solução de molha (AGFA, 2013; WPS, 2014).

PARÂMETRO LIMITES

pH 7 – 8

Condutividade 300 – 330 µS/cm

No ano de 2014, ocorreram problemas de contaminação do sistema de impressão (‘sujeira’ nas unidades de impressão – rolarias), acarretando em um problema gráfico

chamado ‘velatura’, ou seja, mancha na chapa de impressão, causando, como consequência, mancha no material impresso. Uma das hipóteses consideradas como causa do problema foi à qualidade da água utilizada no processo de impressão.

Inicialmente, foram realizadas consultas aos principais fornecedores da indústria em estudo para refino dos parâmetros de qualidade. No processo industrial gráfico, a água é utilizada como solução e para tanto é misturada a outros insumos químicos. Os dois fornecedores consultados são responsáveis por viabilizar os principais insumos utilizados nas etapas de revelação de chapa (revelador) e impressão (Solução de Fonte / Tensoativa).

A Tabela 12 apresenta todos os parâmetros e seus respectivos limites descritos pelos fornecedores como sendo necessários para alcançar um ambiente de produção estável.

Tabela 12 - Qualidade da água recomendada para preparo da solução de molha (AGFA, 2013; WPS, 2014).

PARÂMETRO UNIDADE LIMITES

pH - - 7 – 8 Condutividade µS/cm 300 – 330 Dureza Total ºdH 8-12 Dureza de Carbono ºdH ≤ 7 Sulfato mg.L-1 50 Cloro mg.L-1 ≤ 25 Nitrato mg.L-1 20 Alcalinidade mg.L-1 200

Além dos parâmetros de qualidade definidos, outras orientações relevantes foram pontuadas pelos fornecedores, mas, com exceção do parâmetro alcalinidade, não foram definidos limites de concentração:

• Cálcio: em excesso pode causar incrustações ou “cegar” as chapas. Acumular nas blanquetas e ou rolaria, interferindo na distribuição da tinta.

• Magnésio: em geral não é um problema; é utilizado, com frequência, como um ingrediente na solução de fonte.

• Ferro: pode causar corrosão ao alumínio.

• Cloro ou compostos clorados: em quantidades altas podem ter efeito corrosivo sobre as partes metálicas (aço).

• Alcalinidade: pode contribui para neutralizar a solução, ocasionando a diminuição de seu desempenho.

O Quadro 21 mostra a relação entre os parâmetros definidos e as fontes de informação.

Quadro 21 - Relação entre os parâmetros de qualidade e as fontes de informação determinadas para definição do padrão de qualidade de uso em indústria gráfica.

PARÂMETRO INDÚSTRIA EM ESTUDO FORNECEDORES INDÚSTRIA EM ESTUDO INDÚSTRIA TÉXTIL FIESP/CIESP (2012) VAJNHANDL E VALH (2014) Alcalinidade X Dureza X X Ferro X X Manganês X Magnésio X pH X X X X Sólidos Suspensos X Condutividade X X Dureza Total X X Sulfato X Cloro X Nitrato X Cor X X DQO X Cloreto X Cobre X Cromo X Alumínio X Zinco X

Para parâmetros mencionados em fontes diferentes, optou-se por escolher o limite mais restritivo. Apenas o pH foi definido por todas as fontes como necessário para estabelecer a qualidade da água. Destacam-se também os parâmetros Condutividade, Ferro, Dureza e Cor, os quais são mencionados por mais de uma fonte de dados. Neste cenário, não há certeza de se o padrão de qualidade definido para indústria têxtil pode ser replicado para indústria gráfica, visto que nenhum dos parâmetros definidos como importantes para a indústria têxtil foi citado como importante para a indústria gráfica, nem pela indústria em estudo tampouco pelos fornecedores consultados. Assim, o não atingimento a um parâmetro de qualidade, tomando como base o padrão da indústria têxtil, não pode ser utilizado como decisório na viabilidade ou não do reúso na indústria gráfica.

A Tabela 13 apresenta a definição dos parâmetros de qualidade da água para reúso em indústria gráfica.

Tabela 13 - Parâmetros selecionados para reúso de efluente industrial gráfico.

PARÂMETRO UNIDADE VALOR MÁXIMO PERMITIDO

Alcalinidade mg.L-1 200 Dureza de Carbono ºdH ≤ 7 Ferro mg.L-1 0,05 Manganês mg.L-1 0,01 Magnésio mg.L-1 0,05 pH - - 7 – 7,5 Sólidos Suspensos mg.L-1 5 Condutividade µS/cm 300 – 330 Dureza Total ºdH 8 – 12 Sulfato mg.L-1 50 Cloro mg.L-1 ≤ 25 Nitrato mg.L-1 20

Cor UN PtCo Sem visualização

DQO mg.L-1 20 – 50 Cloreto mg.L-1 500 Cobre mg.L-1 0,005 Cromo mg.L-1 0,1 Alumínio mg.L-1 0,02 Zn mg.L-1 0,1

* Devido a divergência entre as unidades de cor para as diferentes referências identificadas adotou-se unidade UN PtCo.

4.6 AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE REÚSO

A viabilização do uso do efluente tratado no processo produtivo pode significar até 40 % de redução no consumo de água acarretando em uma economia anual de aproximadamente R$57.000,00 para a indústria.

Para avaliação da possibilidade de uso do efluente industrial tratado, com base nas análises já realizadas pela indústria em 2014, foram comparados os resultados obtidos com os parâmetros de qualidade definidos na Tabela 14 – Parâmetros selecionados para reúso de efluente industrial gráfico. Alguns parâmetros de qualidade ainda não haviam sido monitorados pela indústria para o efluente tratado, sendo assim realizou-se uma análise adicional e o resultado completo é o que está apresentado na Tabela 14.

Tabela 14 - Característica do efluente industrial tratado com base no padrão de qualidade para uso definido para indústria gráfica.

PARÂMETRO UNIDADE

VALOR MÁXIMO PERMITIDO

2014 2015

20/mar 30/jun 08/ago 14/nov 20/jan

Alcalinidade mg.L-1 200 - - - - - - - - 565 Dureza de Carbono ºdH ≤ 7 - - - - - - - - < 2,8 Ferro mg.L-1 0,05 <0,05 <0,05 0,21 0,07 - - Manganês mg.L-1 0,01 - - - - - - - - 0,45 Magnésio mg.L-1 0,05 - - - - - - - - 4,1 pH - - 7 – 7,5 7,32 7,65 7,54 6,64 - - Sólidos Suspensos mg.L-1 5 - - - - - - - - 16 Condutividade µS/cm 300 – 330 - - - - - - - - 4.070,00 Dureza Total ºdH 8 – 12 - - - - - - - - 35,41 Sulfato mg.L-1 50 <100,0 <100,0 <100,0 <100,0 - - Cloro mg.L-1 ≤ 25 - - - - - - - - <0,05 Nitrato mg.L-1 20 - - - - - - - - 16,5

Cor UN PtCo Sem visualização - - - - - - - - Sem visualização

DQO mg.L-1 20 – 50 80 542 303 151 - - Cloreto mg.L-1 500 - - - - - - - - 693 Cobre mg.L-1 0,005 <0,006 <0,0056 <0,0056 <0,0056 - - Cromo mg.L-1 0,1 <0,006 <0,0056 <0,0056 <0,0056 - - Alumínio mg.L-1 0,02 - - - - - - - - 0,08 Zn mg.L-1 0,1 0,07 <0,0056 0,023 0,07 - -

Com base nos valores apresentados na análise do efluente tratado e no padrão para uso definido por esta pesquisa, o uso de efluente tratado não é viável, considerando o processo atual de tratamento de efluentes. Isto também foi observado em outras pesquisas que avaliaram a possibilidade de uso do efluente tratado. Destacam-se os valores para os parâmetros: Alcalinidade, Dureza, Manganês, Magnésio, Sólidos Suspensos, Condutividade, DQO, Cloreto e Alumínio. Os valores para condutividade, por exemplo, apresentam valores doze vezes maiores do que o recomendado para uso no processo industrial. Outros destaques são para os parâmetros Dureza, vinte e cinco vezes maior, e DQO que, em seu melhor resultado, apresentou um valor ainda dez vezes maior do que o necessário para viabilizar o uso do efluente tratado.

Mierzwa (2002) destacou como principais dificuldades a definição e a aceitação do padrão de qualidade pela indústria, assim como as limitações técnicas relacionadas ao uso do efluente tratado em razão do não atendimento ao padrão de qualidade definido. Para Mierzwa, o uso de técnicas avançadas de tratamento pode viabilizar o reúso.

Alves (2009) teve como elemento limitante as legislações ou outras normatizações sobre padrão de qualidade para reúso e, em face de o estudo ter sido desenvolvido em uma indústria de cosméticos, o reúso se mostrou viável apenas em atividades secundárias, tais como: uso em sistema de refrigeração e bombas de vácuo.

Amaral (2008) realizou um estudo para a viabilização do reúso em uma indústria de papel e concluiu que seria necessária a realização de investimentos no processo de tratamento para implantar o reúso, já que o mesmo não garantia as condições de qualidade definidas pela indústria.

Na pesquisa realizada por Lahnsteiner e Klegraf (2005), a maioria das indústrias pesquisadas utiliza processos de tratamento avançados para prática do reúso. A indústria têxtil Drews Meerane utiliza processos de digestão anaeróbia, lodos ativados e oxidação com ozônio para viabilização do reúso. Lahnsteiner e Klegraf (2005) ainda destacaram a melhora na segurança do fornecimento de água para a indústria como benefício do reúso.

Vajnhandl e Valh (2014), em pesquisa que identificou e caracterizou os principais estudos sobre reúso de efluente na indústria têxtil na Europa, destacaram que para a viabilização do reúso no processo industrial têxtil foi necessária a combinação de tecnologias de tratamento avançadas como: ultrafiltração, nanofiltração, biorreator de membrana e processos de oxidação avançada.

Para a indústria em estudo, processos de tratamento biológicos são inviáveis por conta das limitações de espaço e tempo. Assim, os processos mais recomendados, atendendo às características e necessidades da indústria, seriam os processos de filtração e oxidação avançada. No entanto, deve-se verificar a viabilidade financeira de aplicação deste recurso, bem como se os resíduos gerados no tratamento terão sua destinação final viabilizada devido ao risco de grandes concentrações.

5 CONCLUSÃO

A indústria gráfica, objeto de estudo, possui atividades que consomem água e, consequentemente, geram efluente líquido industrial, sendo que, aproximadamente 40% do volume de água consumida pela indústria é utilizada no processo produtivo. Os processos de Pré-Impressão e Impressão são os maiores responsáveis pelo alto volume de efluente gerado, pois utilizam a água em atividades de lavagem e como aditivo na composição de soluções que, além de água, também utilizam produtos químicos.

O efluente industrial gerado é característico pela presença de metais pesados, oriundos da tinta utilizada no processo de impressão, assim como pelas altas concentrações de DQO, DBO, Condutividade e Alcalinidade. O processo de tratamento de efluentes, apesar de poder ser biológico devido a relação DQO/DBO do efluente bruto, é físico-químico devido determinação da própria indústria. Atualmente, o processo de tratamento consiste nas etapas de alcalinização, coagulação, floculação, decantação e adsorção, sendo que o mesmo é suficiente para atendimento às condicionantes de descarte de efluente tratado na rede coletora de esgoto.

Esta pesquisa encontrou como principal dificuldade a definição do padrão de qualidade para uso da água na indústria gráfica. A indústria possui apenas dois parâmetros definidos internamente como importantes para garantia da qualidade. Logo, fez-se necessária a busca por outras fontes de informação. Optou-se por consultar os dois fornecedores responsáveis pela fabricação e fornecimento dos produtos que compõe as duas soluções aquosas utilizadas nos processos de pré-impressão e impressão. Além disso, devido à falta de

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