O processo de desenvolvimento de software seguiu uma metodologia de prototipagem evolu- tiva, um processo iterativo, onde inicialmente os clientes identificam os contornos do que se espera que seja o sistema no final, e a partir daqui são realizadas iterações onde vão sendo acrescentadas funcionalidades até se atingir o sistema final (Figura4.19).
Figura 4.19: Processo de desenvolvimento incremental
Na prototipagem evolutiva é desenvolvido protótipo inicial robusto e estruturado, que é suces- sivamente refinado de acordo com comentários dos diversos stakeholders até se obter o sistema final (Figura4.20). O protótipo começa por ser simples obedecendo aos requisitos fundamentais que estejam completamente definidos e com maior prioridade, deixando para incrementos poste- riores requisitos mais vagos [Som07]. A prototipagem evolutiva produz sinais estáveis e visíveis de progresso e é especialmente útil quando os requisitos mudam rapidamente, quando o cliente não está disposto a comprometer-se a um conjunto de requisitos ou quando a aplicação não está totalmente definida nem o seu âmbito é totalmente dominado [McC96].
Figura 4.20: Prototipagem evolutiva [McC96]
As vantagens da aplicação deste processo são [SS97,McC96]:
• O envolvimento dos clientes no processo de desenvolvimento poderá traduzir-se que o sis- tema vá mais facilmente ao encontro das suas necessidades.
• Os primeiros incrementos podem ser usados como forma de refinar os requisitos do sistema e criar novos.
• A utilização dos protótipos é uma forma de validação de requisitos, possibilitando a de- scoberta de erros ou inconsistências e permitindo que os clientes possam fazer sugestões de melhorias.
• Aumento da moral e das expectativas dos utilizadores finais, clientes e programadores, pois o progresso é visível;
• Diminuição do tamanho geral do código devido a melhor design e mais reutilização. Para que o processo de prototipagem evolutiva origine um sistema robusto é necessário um planeamento e um desenvolvimento cuidado desde o início. Visto o protótipo dar origem ao sis- tema final, o seu desenvolvimento deve-se reger pelos mesmos critérios de qualidade e organização de qualquer outro sistema e que conceitos como manutenção, performance, fiabilidade devem ser uma preocupação desde a a primeira iteracção [Som07].
Resultados
5.1 Validação
5.1.1 Fiabilidade de Dados
A validação das ferramentas desenvolvidas foi feita a partir do estudo de um modelo de um painel de informações de auto-estrada (Figuras5.1e5.2). Foi escolhido este produto porque, não tendo a elevada complexidade de uma quinadora ou outra máquina ferramenta, tem uma diversi- dade de componentes e de particularidades que podem, de forma efectiva, testar as funcionalidades desta aplicação, o seu rigor e utilidade.
Um LCA foi, numa primeira fase, realizado ao produto usando as metodologias convencionais e, posteriormente, foi realizado utilizando estas ferramentas, por forma a poder comparar resulta- dos.
Figura 5.2: Modelo CAD do Painel de informações de auto-estrada
Observando os valores reunidos para a criação do Inventário de Viclo-de-Vida nos dois estu- dos, que podem ser consultados no AnexoB, pode-se concluir que os valores obtidos usando as ferramentas desenvolvidas são, em todos os casos, iguais aos valores obtidos pela forma conven- cional, variando somente em número de casas decimais.
Também de notar que, relativamente a black boxes (ver3.1.3.3), estas são reconhecidos auto- maticamente pelo add-in sendo marcados por defeito como tal (Figura 5.3).
Figura 5.3: Black Box - Ventilador da porta do painel de informações
5.1.2 Utilidade
Além da fiabilidade dos dados, acima referida, é também necessário avaliar a utilidade desta aplicação e que vantagens advêm da sua aplicação em relação ao método convencional de realiza- ção de LCA.
Até agora, no INEGI, a compilação do LCI era realizada manualmente, sendo que, para cada componente do modelo CAD era necessário visualizar a opção mass properties para ter acesso aos valores de volume e área de superfície, era necessário calcular a massa de acordo com a densidade do material escolhido e, para cada um dos processos de fabrico desse componente, calcular o seu valor, cálculo este muitas vezes envolvendo operações repetitivas como, por exemplo, visualizar, um a um, o comprimento de várias arestas, ou a área de várias superfícies para poder calcular os seus somatório. Sendo todos estes valores guardados numa folha de cálculo, para posteriormente serem introduzidos manualmente no software de CAD. Este processo, é demorado, moroso e passível de erro humano.
Com a utilização desta aplicação, minimiza-se o erro humano pois a automatização da maioria das tarefas reduz o âmbito de situações onde possa ser possível cometer erros.
Relativamente ao tempo despendido, o facto dos valores serem extraídos do modelo CAD e processados de forma transparente para o utilizador, de todos os cálculos serem feitos interna- mente, dos dados serem guardados automaticamente já formatados para serem usados no LCA e de serem visualizados e editados de forma simples e rápida na Aplicação Central faz com que a uti- lização desta aplicação seja um factor de aumento de produtividade, baixando consideravelmente o tempo para a realização da fase de inventário de um LCA. Na TabelaB.4, podem ser vistos os dados médios relativos à catalogação e classificação de componentes, os quais compravam esta tendência de uma redução acentuada no tempo, que pode chegar aos 70% por componente caso sejam considerados apenas dados geométricos e cerca de 40% se forem adicionados processos. Além destes ganhos, ainda podem ser consideradas as poupanças relativas ao trabalho manual de introduzir todos estes dados no software de LCA que deixará de ser necessário.