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De acordo com Fajersztajn e Landi (1992, p. 6), no processo de escolha do sistema de fôrmas, é preciso analisar não só fatores intrínsecos ao projeto, mas também condições externas a edificação, como exibido a seguir.

3.4.1 Condicionantes internos

A escolha do sistema de fôrmas mais apropriado está vinculada aos seguintes fatores do projeto:

a) acabamento superficial: a qualidade do acabamento superficial especificada em projeto conduz ao tipo de material que deve ser utilizado como molde do sistema de fôrmas;

b) estrutura de concreto armado: a repetição, os elementos e os detalhes estruturais orientam para o sistema mais eficiente a ser empregado;

c) cronograma da obra: o prazo de execução da obra interfere no número de utilizações que das fôrmas. Quando o prazo total é curto, por exemplo, é necessário usar número maior de conjuntos sem reaproveitamento elevado; d) equipamentos para movimentação: sistemas de fôrmas pesados ou que são

transportados sem a completa desforma necessitam de equipamentos no processo de movimentação dos elementos;

__________________________________________________________________________________________ e) espaço físico no canteiro: fator significativo na escolha devido aos processos de armazenamento e movimentação das peças. A utilização de fôrmas pré- fabricadas, por exemplo, pode ser determinada pelo espaço físico disponível no canteiro.

Além disso, Fajersztajn e Landi (1992, p. 6) também salientam que para o sistema de fôrmas apresentar o ganho pretendido, é necessário considerar a interação do sistema de fôrmas com os demais serviços envolvidos na execução da estrutura em concreto armado, como armação, instalações elétricas e hidráulicas, e concretagem. Todo o fluxo de atividades deve ser analisado para que interferências e conflitos entre demais serviços possam ser identificados e a eficiência de todo o processo seja garantida.

3.4.2 Condicionantes externos

Além dos fatores específicos do projeto, é preciso analisar os fatores externos os quais dependem, por exemplo, das condições locais do terreno, do mercado e da empresa construtora. Nesse contexto, Fajersztajn e Landi (1992, p. 6-7) destacam as seguintes questões:

a) etapa de fabricação: em comparação com a fabricação das fôrmas no canteiro de obra, a alternativa do emprego de fôrmas pré-fabricadas é mais interessante já que reduz a quantidade de mão de obra necessária no processo;

b) meio de fornecimento: a possibilidade de alugar os elementos do sistema de fôrmas deve ser avaliada. Essa escolha, dependendo das condições do mercado e da empresa, pode apresentar vantagens financeiras quando comparado com a alternativa de compra;

c) local da fabricação das fôrmas: nos casos de fabricação das fôrmas na obra, é sempre mais vantajosa a fabricação no solo em vez de no local da concretagem, devido a maior segurança dos serviços realizados no chão.

É válido salientar que os quesitos citados dificilmente são atendidos simultaneamente. Na escolha do sistema de fôrmas, é necessário ponderar e definir quais as vantagens essenciais no sistema de acordo com os recursos e objetivos da empresa construtora.

3.5 TIPOS DE MATERIAIS

A escolha dos materiais para o sistema de fôrmas é uma etapa de extrema importância, já que envolve o desempenho técnico e financeiro do conjunto, devendo ser baseada na economia, na segurança e na qualidade. Por muitos anos a madeira foi o único material utilizado na construção. Entretanto, esse sistema tradicional, com o emprego primordial da madeira, é caracterizado pelo elevado consumo de mão de obra e consideráveis desperdícios. A partir do cenário atual, marcado pelo elevado custo da mão de obra, aumento da necessidade de economia e introdução de princípios de industrialização, novos materiais foram incorporados ao sistema de fôrmas e novas maneiras de utilização de materiais tradicionais foram desenvolvidas (ARAÚJO; FREIRE, 2004, p. 19-20).

Com objetivo de um melhor entendimento a respeito desse assunto, são detalhadas a seguir as características dos principais materiais utilizados no sistema de fôrmas.

3.5.1 Madeira

A madeira pode ser utilizada na forma bruta, serrada ou chapas industrializadas. Como molde do sistema, as peças serradas apresentam seu emprego restrito em razão da falta de padronização e da dificuldade de desforma. Os componentes mais utilizados como molde de fôrmas para edificações são, dentre as chapas industrializadas, as compensadas que podem ter dois tipos de acabamento superficial: resinado e plastificado (ARAÚJO; FREIRE, 2004, p. 20). Os resinados são mais baratos e apresentam menor durabilidade. Já os plastificados são mais caros, entretanto permitem maior número de reutilizações e resultam em superfícies de concreto de melhor acabamento (trabalho não publicado5). A grande utilização desses componentes é devido aos seguintes fatores (ARAÚJO; FREIRE, 2004, p. 20):

a) adequação aos diversos formatos de peças estruturais; b) domínio da mão de obra;

c) facilidade de aquisição; d) facilidade na desforma.

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Apostila de aula do Professor Dr. Ruy Alberto Cremonini, disciplina Edificações I, março 2007, curso de graduação de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS.

__________________________________________________________________________________________ Como escoramento do sistema de fôrmas, a madeira pode ser utilizada tanto serrada como na condição bruta. Seu emprego para essa finalidade é caracterizado por falta de padronização entre as peças, baixa precisão geométrica, e grande volume de entulho gerado. Contudo, ainda é utilizada em algumas construções (ARAÚJO; FREIRE, 2004, p. 25).

Além disso, os mesmos autores destacam a grande utilização da madeira como vigamento e travamento do sistema de fôrmas. É comum o emprego destes elementos associados a outros materiais, como aço e alumínio.

3.5.2 Metálicos

O emprego de aço ou de alumínio para o molde do sistema de fôrmas é caracterizado pela grande capacidade de reutilização e pelo ótimo acabamento superficial. Entretanto, o uso em obras de projetos únicos não é comum devido ao custo elevado e à dificuldade, em relação à madeira, de modificação de seções (trabalho não publicado6).

Os materiais metálicos são bastante utilizados como escoras tubulares ou em elementos de torres. Apresentam uma excelente capacidade de carga, possuem grande durabilidade, são de fácil manuseio e atingem alturas superiores ao escoramento de madeira (ARAÚJO; FREIRE, 2004, p. 25).

Assim como a madeira, estes materiais também são bastante utilizados como elementos de vigamento e de travamento do sistema. Seu emprego proporciona precisão geométrica ao processo e elevada durabilidade das peças.

3.5.3 Sintéticos

Segundo Araújo e Freire (2004, p. 22), por apresentarem boa capacidade de reutilização e serem mais baratos e leves, quando comparados aos materiais metálicos, o plástico e a borracha têm sido utilizados como molde de alguns sistemas de fôrmas. A utilização de plástico é basicamente por meio de elementos pré-fabricados em formato de prismas para a execução de lajes nervuradas. No Brasil, os plásticos mais usados são o polietileno rígido e o poliéster reforçado com fibra de vidro.

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Apostila de aula do Professor Dr. Ruy Alberto Cremonini, disciplina Edificações I, março 2007, curso de graduação de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS.

A borracha, apesar de pouco difundida no Brasil, é utilizada no exterior com a vantagem de proporcionar superfícies do concreto em formatos curvos. Além disso, permite recortes sinuosos e grande variação na textura superficial. Para isso, é necessária uma estrutura de suporte bastante robusta em razão de sua baixa resistência a flexão (ARAÚJO; FREIRE, 2004, p. 23).

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