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Processo de negociação com o Ministério da Educação e a cadeia organizacional da Escola

2.2.Procedimentos Metodológicos

A PRESENTAÇÃO E A NÁLISE DOS R ESULTADOS 4.1 Criação e implementação do projeto TEIP no Agrupamento do Rosário

4.1.2 Processo de negociação com o Ministério da Educação e a cadeia organizacional da Escola

inexistência de acompanhamento e os fracos recursos humanos e materiais.

4.1.2 Processo de negociação com o Ministério da Educação e a cadeia organizacional da Escola

De acordo com o Despacho Normativo nº55/2008 supramencionado, nomeadamente no art.º10, relativo à comissão de avaliação dos TEIP, este apoia a elaboração dos projetos, analisando e selecionando as escolas candidatas. É importante afirmar que o Projeto TEIP para ser implementado num agrupamento, passa por um processo de negociação com a tutela que, não só toma conhecimento da realidade escolar com o projeto em questão, mas também se desloca à própria escola com a finalidade de uma análise da situação mais profunda, como referem alguns dos entrevistados:

“Não foi difícil, porque a equipa que na altura estava no Ministério da Educação (…) tinham exatamente a mesma perspetiva dos problemas e das soluções que nós tínhamos. Portanto, a negociação foi muito simples com os recursos existentes, e eram, sobretudo, recursos humanos que nos faltavam, e alguns recursos materiais também, mas com recursos humanos e com os recursos materiais disponibilizados pelo projeto TEIP, nós conseguimos na altura fazer com que as escolas (…) conseguimos alguma requalificação, sobretudo nas escolas do 2º e 3º ciclos do que nas escolas do 1º ciclo (…) Efetivamente conseguimos que alguns recursos financeiros fossem de forma a valorizar os espaços e a qualidade do espaço (…) Qualidade de espaços é uma coisa que eles não têm nos bairros onde habitam (…) A equipa TEIP, do Ministério da educação, percebeu muito isto e percebeu que se é necessário atuar na comunidade, os recursos que nós tínhamos, nós nunca o conseguiríamos fazer, porque uma assistente social num projeto destes, é absolutamente essencial; os psicólogos, os mediadores são absolutamente essenciais (…) Se nós conseguimos hoje os resultados que conseguimos, (…) foi porque estes recursos eram estritamente necessários e decisivos para chegar ao

63 bairro, para chegar aos pais, para chegar aos alunos em situação fora da escola.” (Entrevista Diretor, 2011).

Pela análise do discurso do Diretor podemos compreender a importância dos “novos” habitantes das escolas, nomeadamente os assistentes sociais, os psicólogos e os mediadores. Sobre estes últimos, Correia (2005) afirma que na viragem do milénio houve um reforço considerável na implementação de mediadores socioeducativos e culturais por várias escolas do país, integrados em projetos diversos, dado que ocorreu um aumento da população estudantil cada vez mais marcada pela diversidade, tentando perceber que tipo de estratégia deve ser considerado, como resposta para cada problemática. O Agrupamento do Rosário não se esquece destes apoios:

“Primeiro elaboramos o projeto, entretanto vão havendo conversas com a equipa que inclusivamente se desloca à escola, e que vai esmiuçando connosco aquilo que foi priorizado por nós (…) e até se chegar a um entendimento, sabemos também que o ministério em termos de verbas é complicado de disponibilizar todas os técnicos e docentes que nós achamos que é positivo para os nossos alunos, depois é chegar-se a um acordo com o que eles podem e com o que nós precisamos.” (Entrevista Coordenadora, 2011).

Refletindo um pouco sobre os que é afirmado nas entrevistas, podemos concluir que o processo de negociação deste projeto não foi difícil, sobretudo pelo conhecimento da realidade do Agrupamento e do contexto onde está inserido. A negociação diz respeito a tudo o que faz falta nas escolas, desde os recursos humanos até à requalificação dos espaços escolares.

“Em reuniões, indo a Alvalade, indo à 24 de julho, e eles também iam à escola. Tivemos primeiramente em 2006, uma equipa negocial muito colaborante e colaboradora (…) para já estavam nessa equipa pessoas que conheciam o mal (…) porque se a equipa não conhecesse as nossas realidades, (…) sabiam que aquilo que nós estávamos a dizer era verdade e também já tínhamos vindo desde 96, tínhamos dado provas de que tínhamos apresentado sempre trabalho (…) No ultimo, neste 2009-2011 (…) mudou um bocadinho a equipa e não é que não fosse colaborante, nem colaboradora, mas não conhecia tão bem a realidade, e isso tornou mais difícil a negociação, mais difícil mesmo (…) até a própria estrutura da apresentação do próprio projeto, foi para trás veio para a frente, voltou, deram- nos um modelo que nós utilizámos, depois afinal não era aquele modelo (…) há 4 grandes parâmetros: indisciplina, insucesso, abertura à comunidade e avaliação de projetos, depois de estar tudo feito, aqui sentiu-se que (…) o desajuste quando há mudanças,” (Entrevista Antiga Coordenadora, 2011).

Numa primeira fase, a negociação com o Ministério da Educação foi fácil de realizar, porque a equipa negocial tinha conhecimento da realidade do Agrupamento, tendo disponibilizado recursos humanos e materiais que tornaram possível melhorar um pouco a

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realidade escolar. Na última fase, a negociação tornou-se mais difícil, porque a equipa alterou-se, o que implicou uma negociação mais demorada, dado que esta não conhecia tão bem a realidade escolar.

Tal como uma organização empresarial, a escola é também uma organização com a identidade própria, articulada num sistema e com uma organização específica. Neste sentido, tentámos compreender as representações dos entrevistados sobre as mudanças na cadeia organizacional do Agrupamento do Rosário. Assim:

“Conselho Geral também está a par de tudo, as reuniões com a Direção, depois passam e são transmitidas no Conselho Geral, por esse mesmo Presidente como também pelo Diretor, que está presente, não é, Conselho Pedagógico, um órgão que mais frequentemente mais se reúne e mais se é discutido e aí estão as cabeças, os coordenadores de departamento, que levam ao resto dos Docentes. Também está presente a Psicóloga, também está presente a Coordenadora do centro de recursos, portanto, a partir daí as coisas vão até aos Docentes.” (Entrevista Coordenadora, 2011).

Como podemos verificar nesta entrevista, o órgão máximo do agrupamento é o Conselho Geral, logo a seguir vem o Diretor, o Conselho Pedagógico, os Coordenadores de departamento, a Psicóloga, a Coordenadora do Cento de Recursos e por último os Professores. Podemos, assim verificar que neste agrupamento a cadeia organizacional apresentada não difere dos outros agrupamentos.

Mas, apesar de existir uma cadeia organizacional, não implica que dentro das escolas não haja trabalho colaborativo. Neste tipo de trabalho os atores, ao trabalharem juntos apoiam-se, visando atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo, estabelecendo relações que tendem à não-hierarquização, liderança compartilhada, confiança mútua e corresponsabilidade pela condução das ações (Damiani, 2008). Este trabalho colaborativo é referido pela Coordenadora do programa TEIP do Agrupamento, quando menciona diversas atividades em que os professores trabalham juntos:

“Horários (…) a elaboração dos horários para se ter o cuidado de encaixar as acessórias, o acolhimento, distribuição de serviço tem a ver com [o trabalho colaborativo], quem são os docentes que vão lecionar ou não essas turmas, não ter ou não essas tutórias, também se teve esse cuidado, e a nível de espaços também, qual o local onde vai funcionar a turma de acolhimento, põe exemplo, a nível das turmas de percursos alternativos.” (Entrevista Coordenadora, 2011).

Por este pequeno excerto, podemos verificar que existe algum trabalho colaborativo que passa por imensas atividades, desde a elaboração dos horários, até aos espaços escolares.

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.2. Desenvolvimento do Projeto TEIP no Agrupamento do Rosário

Neste capítulo vamos proceder à descrição das medidas e estratégias que foram adotadas pelo Agrupamento do Rosário referidas no PE, no PTEIP e nas entrevistas realizadas, de forma a perceber como se tentou colmatar os fatores internos e externos que levaram à implementação do projeto TEIP.